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MEDICINA LEGAL – AULA 09 – SEXOLOGIA FORENSE Sexologia criminal/ Forense: É a parte da Medicina Legal que trata das questões médico-biológicas e periciais ligadas aos delitos contra a dignidade e a liberdade sexual. Antigamente sexologia forense era mais usada para pensar em agressão sexual. Existem dois aspectos que são protegidos: CONJUNÇÃO CARNAL e ATOS DE LIBIDINAGEM 1. CONJUNÇÃO CARNAL Também chamada de cópula / coito Relação entre homem e mulher caracterizada pela penetração do pênis na vagina, com ou sem ejaculação. É somente isso, todo o resto é considerado ato de libidinagem. 2. ATOS DE LIBIDINAGEM Além da conjunção carnal, também chamada de “ato libidinoso por excelência”, a libido pode ser satisfeita por outros atos sexuais denominados atos libidinosos diversos da conjunção carnal ou atos de libidinagem que são: coito ectópico, masturbação, toques e apalpadelas de mamas, coxas e vagina, na palpação de nádegas, na contemplação lasciva, nos contatos voluptuosos de forma constrangedora. Cópulas ectópica/cópulas fora da vagina Cópula anal, retal e vulvar Cópula oral ou felação, entre as coxas, etc. Atos orais Felação Sexo oral na genitália feminina (cunilíngua) Beijos e sucções nas mamas, coxas ou outras regiões de conotação sexual Até “chupões no pescoço”. Atos manuais Masturbação e manipulações eróticas de todos os tipos É ato libidinoso porque não está ferindo o corpo, mas está afrontando a sua dignidade. 3. LEI 12.015/2009 Visou: Proteger a dignidade humana Conceito - Crimes contra dignidade sexual (agora)/antes crimes contra os costumes (antes) Proteção: A dignidade sexual A liberdade de autodeterminação do indivíduo de manter uma vida sexual conforme seus desígnios e livre de qualquer coação Tudo que tirar a autodeterminação de alguém passa a ser crime EX: Dar bebida alcoólica para uma mulher ou dar boa noite cinderela e depois fazer sexo com ela, é tirar a sua autodeterminação; OBS: Uma menor de idade, mesmo querendo fazer sexo não tem autodeterminação. Punição com maior rigor quando há envolvimento de menores de idade. A modificação da tipificação penal Revogação do crime de atentado violento ao pudor/ passando ser disciplinada juntamente com o delito de estupro Antigamente “passar a mão na bunda” de alguém era considerado atentado ao pudor, e hoje dependendo da situação é considerado estupro. Homem/Mulher podem ser vítimas ou autores detima de estupro Antigamente somente a mulher era vítima EX: Uma professora com um aluno; Uma médica com um enfermeiro; Uma chefe com um funcionário. 3.1. ESTUPRO Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal (penetração do pênis na vagina) ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso (qualquer dos atos citados anteriormente) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos § 2o Se da conduta resulta morte Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos 3.2. VIOLÊNCIA SEXUAL MEDIANTE FRAUDE Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. EX: Se você engana uma moça dizendo que vai casar com ela, apresenta ela para a família, etc, e ela faz sexo com você, e depois você largar ela, se ela puder provar que fez isso com você mediante fraude sua, cai nesse crime. 3.3. ASSÉDIO SEXUAL Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos EX: Médicos e médicas NÃO podem se relacionar sexualmente com seus subordinados Porque em uma possível briga, o subordinado pode ir a polícia e dizer que fazia sexo com o médico/médica porque precisava do emprego se não seria despedido. Se o subordinado levar a prova que realmente fazia isso, se enquadra nesse artigo. 3.4. ESTUPRO DE VULNERÁVEL Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave Se após realizar a conjunção carnal com a vítima ou qualquer ato libidinoso, ela acabar caindo e se machucando, ou sofrendo acidente, entra em lesão corporal de natureza grave. Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos § 4º Se da conduta resulta morte Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos Situações consideradas estupro de vulnerável (exemplos da professora): Quando um homem mais velho vê em uma festa, por exemplo, uma menina de 13 anos que não aparenta ter 13, e passa a mão nela, dá chupões ou faz conjunção carnal, no outro dia se ela ou os responsáveis decidirem ir na polícia e puderem provar que foi você, é enquadrado nesse artigo. Uma menina que toma medicações e frequenta psiquiatra toda semana, e faz sexo com alguém porque o homem disse que casaria com ela. Se ela for na justiça e provar isso, se enquadra aqui no estupro de vulnerável. Menina que estava bebada e faz sexo com o homem e depois fala que estava bebada e não sabia o que fazia, ou que foi somente apalpada, ou outro ato libidinoso Estupro de vulnerável. OBS: Pode ocorrer que muitas vezes o delegado diz “mas é só um chupão”, porém se o IML avaliar e escrever que é equimose compatível com boca, vai ser caracterizado como ato libidinoso, e mesmo que o delegado não queira, vai ser enquadrado em estupro de vulnerável e a pessoa vai sofrer processo. 4. EXAME DE CONJUNÇÃO CARNAL Subjetivo: Identificação e histórico EX: Menina chega e fala que era namorado, que ela estava apaixonada, que ele deu bebida para ela, e ela só lembra de acordar nua. Objetivo: Exame físico completo Primeiro faz esse exame físico completo (moça nua) para verificar se não há nenhum tipo de lesão corporal. Depois faz um exame da vagina e ânua. Mulher virgem: Procura rotura himenal Faz isso para verificar se houve ruptura do hímen recente ou não. Mulher com vida sexual pregressa: A Perícia deve buscar provas de ejaculação (sêmen) na vagina. Exames complementares: Pesquisa de espermatozóides Exame de DNA Beta HCG (gravidez) Outros Fosfatase ácida ou glicoproteína P30 – líquido prostátIco DST EX: A mulher pode dizer que já tinha vida sexual pregressa, porém com aquele homem ela não queria ter, e ele bateu nela e depois a penetrou Nesse caso busca evidência de ejaculação, e outros exames complementares descritos abaixo. 5. QUESITOS – SEXOLOGIA FORENSE Assim como na traumatologia forense, na sexologia forense também existem perguntas ou quesitos a serem respondidos. Primeiro: Houve conjunção carnal ou prática de outro ato libidinoso? Segundo: Qual a data provável da conjunção carnal ou do ato libidinoso? Terceiro: Sendo positivo o 1ºquesito, em que consistiu? EX: Se foi conjuncão carnal ou ato libidinoso. Quarto: Apresenta, a vítima, lesão corporal? Quinto: Qual o agente ou meio que a produziu? EX: Uma menina que estava namorando, o homem termina, e ela era virgem. E ele diz que nunca fez sexo com ela, mas então ao examinar é verificado que houve rotura himinal recente. Nesse caso existe uma pergunta que deve ser pensada: E se ela colocou um cabo de vassoura ou outro objeto? O IML descreve que foi um objeto contundente que fez a rotura himinal (pode ser o pênis ou cabo de vassoura); Para saber se foi o pênis, faz aqueles demais exames complementares. Sexto: Da violência resultou: incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade permanente de membro, sentido ou função; aceleração do parto; incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização de membro, sentido ou função; deformidade permanente ou aborto? Sétimo: É a examinada enferma ou deficiente mental? Para verificar se é enquadrado em estupro de vulnerável. Houve qualquer outra causa que tivesse impossibilitado a periciada de reagir? Se estava bêbada, drogada, amarrada.. Deve verificar o ânus para ver se há equimose, alargamento.. Observa o hímen para verificar se não há rotura Observa a região vaginal para verificar se há equimose ou outra lesão corporal. 6. HÍMEN É uma estrutura mucosa que separa a vulva da vagina. Para falar da rotura, utilizamos as horas do relógio, como rotura as 3h, rotura as 6h, rotura as 9h, etc. 6.1. EXAME DO HÍMEN Tipos de hímens: Íntegro Com rotura completa Com rotura incompleta Com agenesia Complacente Reduzido a carúnculas mitriformes A mulher que tem relação sexual há muito tempo não possui mais hímen, porque ele já foi totalmente rompido. Ficam apenas carúnculas mitriformes. Quais as diferenças entre os hímens? Hímen carnoso (adultas) ou hímen membranoso fino (crianças) Orla alta ou orla baixa Hímens rotos quanto à cicatrização: IMPORTANTE!!! Rotura de data recente (até cerca de 20 dias) Não está totalmente cicatrizado. Rotura não recente ou cicatrizada (mais de 20 dias) Toda vez que vê um hímen que está com rotura, mas está totalmente cicatrizado, sabe-se que esse processo demora mais de 20 dias, e por isso não é uma rotura recente. Podemos ainda dividir o hímen em quadrantes, para assim dizermos onde está localizada a rotura: Hímen membranoso (criança), sem rotura. Hímen com rotura as quase 3h e 6h, recente (menos de 20 dias porque ainda possui tecido inflamatório). Hímen com carúnculas mirtiformes (já tem conjunção sexual há mais tempo). Ânus após ato de instrumento contundente (pode ter sido pênis ou outro objeto). 7. CASAMENTO matrim nio implica a união moral de duas pessoas de sexo diferente, na regulamentação moral e social do ins nto de reprodução e no intuito social e moral da criação da prole Hoje a lei mudou. s impedimentos matrimoniais são, portanto, “circunst ncias ou aus ncia de requisitos essenciais e igidos pela lei, que impossibilitam a realização de determinado casamento”. Resolução n. 175/2013 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - obrigou os cartórios a realizarem casamento entre casais do mesmo sexo - 15 mil casamentos homoafetivos no Brasil Ao proibir que autoridades competentes se recusem a habilitar ou celebrar casamento civil ou, até mesmo, a converter união estável em casamento, a norma contribuiu para derrubar barreiras administrativas e jurídicas que dificultavam as uniões homoafetivas no país. 7.1. IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS ABSOLUTOS Parentesco (CC, art. 1.521, I a VII) – Ascendentes com os descendentes, seja parentesco natural ou civil; Os afins de linha reta Mãe apaixonada pelo filho querendo casar com ele. O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi do adotante; Os irmãos uni ou bilaterais e demais colaterais até terceiro grau Irmãos ou meio irmãos O adotado com o filho do adotante; As pessoas casadas; O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra seu consorte. Mulher e seu amante matam o marido, depois o amante é condenado. Nesse caso a mulher não pode casar com ele. Bigamia – crime art. 235 CP Crime – dita anteriormente 7.2. IMPEDIMENTOS PROIBITIVOS Art. 1523 (I ao IV) - Ex. viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido enquanto não fizer o inventário e partilha dos bens Mulher era casada e ficou viúva. Ela só pode casar depois da partilha dos bens com os filhos. 7.3. OUTROS ASPECTOS SOBRE CASAMENTO - Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015 Insuficiência de idade Precisa ter 21 anos para casar. Erro essencial Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I. O que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado EX: Pessoa casa com a outra achando que ela era médica, e depois descobre que na verdade ela era esterionatária, assassina.. II. A ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal EX: Descobre que o cônjuge era o assassino de seu filho. III. A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; EX: Casar com uma pessoa HIV positiva sem saber. 7.4. DEVERES DO CASAMENTO Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I. Fidelidade recíproca; II. Vida em comum, no domicílio conjugal; III. Mútua assistência; IV. Sustento, guarda e educação dos filhos; V. Respeito e consideração mútuos. 7.5. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum. § 1o A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar ruptura da vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição. § 2o O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável. § 3o No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a separação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento, e se o regime dos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal. Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se forem casados por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada a convenção. Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se apurar que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges. OBS: O juiz sempre vai pensar nos filhos primeiro e depois nos interesses do casal. 7.6. IMPOSSIBILIDADE DA COMUNHÃO DE VIDA Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum dos seguintes motivos: I. Adultério; II. Tentativa de morte; III. Sevícia ou injúriagrave; IV. Abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo; V. Condenação por crime infamante; VI. Conduta desonrosa. Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em comum.
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