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Ca´lculo Infinitesimal I - V01.2016- Marco Cabral Graduac¸a˜o em Matema´tica Aplicada - UFRJ Monitor: Lucas Porto de Almeida Lista B - Limites e Continuidade ”Perhaps the only difference between me and other people was that I’ve always demanded more from the sunset; more spectacular colors when the sun hit the horizon. That’s perhaps my only sin.” - Joe, Nymphomaniac: Vol. I (2013) 1. Definic¸a˜o 1. Seja f : X → R uma func¸a˜o real. Seja a ∈ X. Diremos que o nu´mero real L e´ o limite de f(x) quando x tende para a, e escreveremos lim x→a f(x) = L quando ∀� > 0, ∃δ > 0 tal que se 0 < |x− a| < δ enta˜o |f(x)− L| < �. Leia e releia a Definic¸a˜o 1. (a) Prove que o limite da soma de duas func¸o˜es e´ igual a soma dos limites. (b) Mostre que o limite, quando existe, e´ u´nico. Dica: Suponha por contradic¸a˜o que na˜o e´ u´nico, isto e´, existem L1 e L2 diferentes que satisfazem a condic¸a˜o e enta˜o tome � = |L1−L2|2 . Uma figura ajuda. 2. Apresentamos no in´ıcio da lista uma das 15 definic¸o˜es de limite poss´ıveis. De fato, fixado c ∈ R, lim x→A f(x) = B tem sentido com A ∈ {c, c+, c−,∞,−∞} e B ∈ {c,∞,−∞}. A proposta aqui e´ adaptar para cada caso. Vamos pedir somente dois, mas pense nos outros casos . . . (a) Defina lim x→c+ f(x) =∞ (utilizando δ e N). (b) Defina lim x→∞ f(x) = c (utilizando � e N). (c) Prove pela definic¸a˜o que lim x→∞ 1 x = 0. 3. Sejam os polinoˆmios p(x) = n∑ k=0 akx k e q(x) = m∑ k=0 bkx k, onde m,n ∈ N, ai ∈ R para i = 1, ..., n, bi ∈ R para i = 1, ...,m e an, bm 6= 0. Calcule (em func¸a˜o de m,n, an, bm) os limites abaixo: (a) lim x→∞ p(x) q(x) (b) lim x→−∞ p(x) q(x) (c) lim x→0+ p(x) q(x) 4. Definic¸a˜o 2. Seja f : X ∈ R uma func¸a˜o real. Seja a ∈ X. Diremos que f e´ cont´ınua em a se lim x→a f(x) = f(a) ou utilizando definic¸a˜o de limites, se para todo � > 0, existe δ > 0 (que depende de � e de a) tal que para todo ∈ X que satisfac¸a |x− a| < δ, temos que |f(x)− f(a)| < �. (a) Prove que se f, g : X → R sa˜o cont´ınuas no ponto a ∈ X enta˜o i. f + g e´ cont´ınua em a. ii. existe δ > 0 tal que f e´ limitada (ver definic¸a˜o nesta lista) numa vizinhanc¸a δ de a. iii. f · g e´ cont´ınua em a. 5. 1 Definic¸a˜o 3 (Teorema do Valor Intermedia´rio). Seja f : [a, b] → R cont´ınua. Se f(a) < d < f(b), enta˜o existe c ∈ (a, b) tal que f(c) = d. (a) Procure uma boa definic¸a˜o do que e´ uma func¸a˜o ser cont´ınua em um intervalo aberto. Procure tambe´m para um intervalo fechado. Atenc¸a˜o na diferenc¸a. (b) Suponha que f e´ cont´ınua em [a, b] e que f(x) ∈ Q para todo x ∈ [a, b]. Mostre que f e´ constante. 6. Leia essa passagem do romance “A Culpa e´ das Estrelas” de John Green. “Na˜o posso falar da nossa histo´ria de amor, enta˜o vou falar de matema´tica. Na˜o sou formada em matema´tica, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de nu´meros entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milha˜o. Alguns infinitos sa˜o maiores que outros.” Voceˆ acha que as afirmac¸o˜es deste trecho sa˜o verdadeiras? Sera´ que existem mais nu´meros reais no intervalo (0, 2) do que no intervalo (0, 1)? Sera´ que existem infinitos maiores que outros? Comec¸amos com definic¸o˜es. Definic¸a˜o 4. Uma func¸a˜o f : A → B e´ chamada injetiva quando, dados x, y quaisquer em A, se f(x) = f(y), enta˜o x = y. Uma func¸a˜o f : A → B e´ chamada sobrejetiva quando para todo y ∈ B existe pelo menos um x ∈ A tal que f(x) = y. Quando f : A→ B e´ injetiva e sobrejetiva, chamamos f de bijetiva. A medida de quantidade de elementos de um conjunto e´ dita cardinalidade do conjunto. Por exemplo, o conjunto {3, 5, 8} tem cardinalidade 3. Definic¸a˜o 5. Dizemos que um conjunto A tem a mesma cardinalidade um conjunto B se existe uma bijec¸a˜o entre A e B. Exerc´ıcio 6 (a) Prove que f : R → R definida por f(x) = 5x − 2 e´ bijetiva. Prove que a func¸a˜o determinante, definida no conjunto das matrizes 2 × 2 e´ sobrejetiva. Prove que g : N× N→ N definida por g(a, b) = 2a3b e´ injetiva mas na˜o e´ sobrejetiva. Exerc´ıcio 6 (b) Prove que N e Z tem a mesma cardinalidade. Sim, existem tantos naturais quanto inteiros. Exerc´ıcio 6 (c) Prove que existe uma bijec¸a˜o entre N e Q. E´ isso mesmo, N, Z e Q tem o mesmo nu´mero de elementos. Exerc´ıcio 6 (d) Agora, demonstre que na˜o existe bijec¸a˜o entre N e R e conclua que existem sim infinitos maiores que outros. Procure sobre o argumento diagonal de Cantor. 7. Um conjunto X e´ chamado denso em R quando todo intervalo aberto (a, b) ⊂ R possui algum ponto de X. Ou seja, ∀a, b ∈ R com a < b, ∃x ∈ X tal que a < x < b. Intuitivamente isso significa dizer que o conjunto X esta´ bem ’espalhado’ por toda a reta. Exerc´ıcio 7 (a) Mostre que o conjunto Q dos nu´meros racionais e´ denso em R. Dica: se comprimento do intervalo (a, b) e´ maior que 1/N , N ∈ N, enta˜o andando em passos de tamanho 1/N vou cair no intervalo (a, b). Exerc´ıcio 7 (b) Mostre que o conjunto R − Q dos nu´meros irracionais tambe´m e´ denso em R. Dica: ande com passos irracionais. E´ interessante perceber que, um conjunto pode ser denso em outro mesmo tendo cardinalidade dife- rente, como no caso dos racionais. Voceˆ vera´ que, cedo, estes dois resultado sera˜o muito u´teis para voceˆ. 2
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