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EMERGÊNCIA COVID MAT 3110 FEA June 2, 2020 PROF. ANTONIO DE PADUA FRANCO FILHO Escolha 5 das 7 Questões como segunda prova, para dia 15 de junho 1. A teoria de limites no cálculo 1 Basicamente, precisamos de saber calcular os limites de algumas funções para obter as suas derivadas, e estabelecer alguns teorema sobre funções cont́ınuas. Definição 1.1. Seja a < b números reais, e f :]a, b[−→ R uma função. Para a < x0 < b, e L ∈ R dizemos que f tende para L quando x tende para x0 e escrevemos L = limx→x0 f(x) se e somente se: Dado � > 0 existe um δ > 0 tal que L− � < f(x) < L+ � sempre que x0 − δ < x < x0 + δ. Em palavras: sempre que x for δ próximo de x0 o valor da função f(x) fica � próximo de L. 1.1. Exemplos. (1) Seja f a função constante f(x) = c ∈ R para cada x ∈ R. Seja L = c. Dado � > 0 como f(x) = c = L tomamos δ = 1, e sempre que x0− 1 < x < x0 + 1 temos que L− � < f(x) < L+ � pois L = c = f(x) e c− � < c < c+ �. Assim temos O limite da constante é a própria constante. limx→x0 c = c. (2) A função identidade: f(x) = x. Dado � > 0 tomamos δ = � e vale: f(x0)− � < f(x) < f(x0) + � sempre que x0 − δ < x < x0 + δ. Logo limx→x0 x = x0. Exerćıcio 1. Seja c 6= 0 e f(x) = cx. Obtenha δ em função de � de modo a provar que limx→x0 cx = cx0. Exerćıcio 2. Mostre que limx→x0 f(x) − L = 0 se e somente se limx→x0 f(x) = L. Conclua que limx→x0 |f(x)| = | limx→x0 f(x)|, sempre que existir o limite de f(x) em x0. 1.2. Alguns teoremas operacionais. Queremos avaliar se existem e seus valores limites de funções que são soma ou produto ou quocientes de duas funções. Então temos o seguinte resultado: 1 2 PROF. ANTONIO DE PADUA FRANCO FILHO Proposição 1.2. Sejam f eg duas funções como o mesmo domı́nio ]a, b[. Suponha que existam os limites L = limx→ x0f(x) e M = limx→x0 g(x). Então: (1) Existe o limite de (f + g)(x) = f(x) + g(x) e vale L+M = limx→ x0(f(x) + g(x)). (2) Existe o limite de (f − g)(x) = f(x)− g(x) e vale L−M = limx→ x0(f(x)− g(x)). (3) Existe o limite de (f.g)(x) = f(x).g(x) e vale L.M = limx→ x0(f(x).g(x)). (4) Se M 6= 0 então, existe o limite de (f/g)(x) = f(x)/g(x) e vale L/M = limx→ x0(f(x)/g(x)). Pode existir o limite da soma f + g sem que existam os limites de cada função f e g. O mesmo vale para produtos. Prova. Considere a seguinte função f(x) = { 1 se x ∈ Q os racionais −1 se x ∈ R \Q os irracionais. Seja g(x) = −f(x). Como f(x) + g(x) = 0 e f(x).g(x) = −1, segue que para a soma e o produto dessas duas funções os respactivos limites existem. Como se existir o limite L em Q para a f esse tem que ser L = 1 e nos irracionais esse limite se existir tem que ser L = −1, em x ∈ R não existe o limite de f . Argumento mais de acordo com a Matemática: Por absurdo suponha que limx→x0 f(x) = L = 1. Tomamos � = 1/2, e qualquer que seja δ > 0 como nos intervalos ]x0 − δ, x0 + δ[ existem números irracionais, digamos p ∈]x0 − δ, x0 + δ[\Q, temos que f(p) = −1 6∈]1− �, 1 + �[= [1/2, 3/2]. Terminem a prova para os casos L = −1 e −1 6= L 6= 1, com argumento análogo. � Exerćıcio 3. Mostre que existem os limites para as funções a seguir: Para n = 1, 2, 3, .... p(x) = xn, q(x) = a0 + a1x+ a2x 2 + ....+ anx n. (Use indução finita, e as regras estabelecidas. Note que xn = x.xn−1). Agora calcule o limite de f(x) = (x5 − 1)/(x− 1) no ponto x0 = 1. 1.3. Um limite especial. Usando a fórmula da soma de uma progressão geométrica 1 + x+ x2 + ...+ xn = xn+1 − 1 x− 1 , que pode ser provada por indução finita, (some ao primeiro membro xn+1), temos limx→ ax n − an x− a = nan−1. Isso é: se f(x) = xn para cada a ∈ R sua derivada em x = a é f ′(a) = nan−1. EMERGÊNCIA COVID MAT 3110 FEA June 2, 2020 3 1.4. Teoremas Importantes. Proposição 1.3. Teorema da conservação do sinal. Seja a < b números reais, e f :]a, b[−→ R uma função. Se existir limx→c f(x) = L > 0, então existe r > 0 tal que para cada x ∈]c− r, c+ r[∩]a, b[ tem-se f(x)− L/2 > 0. Do mesmo modo se L < 0 temse f(x)− L/2 < 0. Solução. Para L > 0 tomamos 0 < � < L/2 e r = δ da definição de limite. Sempre que x ∈]c − r, c + r[∩]a, b[ temos 0 < L/2 = L − L/2 < f(x) < L + L/2 que é o mesmo que 0 < f(x)− L/2 < L. � 1.5. Funçoes cont́ınuas e funções localmente limitadas. Definição 1.4. Seja a < b números reais, e f :]a, b[−→ R uma função. Dizemos que f é localmente limitada ao redor do ponto c ∈]a, b[ se e somente se existir r > 0 e M > 0 tal que |f(x)| < M sempre que c− r < x < c+ r. Dizemos que f é cont́ınua em x = c se existir o limite limx→c f(x) = f(c). Da prova do Teorema da conservação do sinal obtivemos que se existir o limite L então f é r-limitada localmente ao redor de c, com um limitante dado por |f(x)| < 3|L|/2. Corolário 1.5. Toda função f cont́ınua em c é localmente limitada ao redor do ponto c ∈ ]a, b[. Pois tem limite nesse ponto. Proposição 1.6. Importante Suponha que limx→c f(x) = 0 e que g(x) seja uma função localmente limitada ao redor de c ∈]a, b[. Então lim x→c f(x)g(x) = 0. Solução. Seja r > 0 e M > 0 tal que |g(x)| < M semore que x ∈]c − r, c + r[∩]a, b[. Ento temos |f(x)g(x)| < M |f(x)|, assim dado � > 0 para �/M tomamos δ ≤ r e temos que f(x) ∈] − �/M, �/M [ sempre que x ∈]c− δ, c+ δ[. Segue que |f(x)g(x)| < M |f(x)| < M�/M = � sempre que x ∈]c− δ, c+ δ[. � Questão 1. Para x ∈ R definimos a seguinte função: f(x) = sin 1 x se e somente se x 6= 0 e quando x = 0 por definição f(0) = 0. Mostre que f não é cont́ınua em x = 0. Sugesto: tome � = 1/2 e suponha por absurdo que f seja cont́ınua em x = 0. Verifique que não existe δ > 0 de modo a cumprir a definição de limite para essa ecolha de �. 4 PROF. ANTONIO DE PADUA FRANCO FILHO Mostre que limx→0 x sin 1/x = 0. Questão 2. Derivada num ponto. Por definição, se existir o limite f ′(a) = lim x→a f(x)− f(a) x− a , esse número real f ′(a) chama-se derivada da função f no ponto a ∈ dom(f). Mostre que a função f(x) = |x| não é derivável em a = 0. Mostre que a função g(x) = x|x| é derivável em a = 0 e que g′(0) = 0. 1.6. Dois grandes Teoremas. Teorema 1.7 (Bolzano e Weierstrass). Suponha que y = f(x) seja uma função cont́ınua em todo intervalo fechadoI = [a, b]. Então: (1) Existem m ∈ R e M ∈ R tais que m ≤ f(x) ≤ M , isto é: f é limitada superiormente e inferiormente. (2) Para cada y0 tal que m ≤ y0 ≤M existe um x0 ∈ I tal que f(x0) = y0, portanto M é um máximo e m é um mı́nimo para y = f(x). (3) A imagem de f é todo intervalo fechado [m,M ]. Lema 1.8 (Teorema do valor intermediário). Seja y = f(x) uma função cont́ınua em todos os pontos onde ela é definida. Suponha que f(a) < 0 e que f(b) > 0. Então existe um c com a < c < b ou b < c < a tal que f(c) = 0. 1.7. Aplicação. Use o lema acima para mostrar: Exercćio 4. Mostre que toda equação polinomial de grau 3, x3 + ax2 + bx+ c = 0 tem uma raiz real. Exerćıcio 5. Obter os pontos e os valores correspondentes aos máximos e mı́nimos da seguinte função f(x) = (x+ 1)(x− 1)(x− 2) no intervalos dados I = [−1, 0], J = [−2, 3], K = [1, 2]. 1.8. Regras de L’Hospital. Vamos usar o que sabemos de derivadas para calcular alguns limites mais complicados. (E os simples também). Vamos considerar 4 casos, e estudar cada um deles. Para isso vamos definir sḿbolos de indeteminaçoes! EMERGÊNCIA COVID MAT 3110 FEA June 2, 2020 5 1.9. O śımbolo 0/0. Suponha que f e g sejam funções tais que em a temos f(a) = 0 = g(a). Ao tentar obter limx→a f(x)/g(x) diretamente substituindo os valores f(a) e g(a), vamos obter 0/0 que não faz sentido em R. Porém observando que f(x) g(x) = f(x)− f(a) x− a / g(x)− g(a) x− a se existirem as derivadas em x = a para as duas funções com g′(a) 6= 0 então o limite procurado, pela proposição 1.2, item (4) é lim x→a f(x) g(x) = lim x→a f ′(x) g′(x) = f ′(a) g′(a) . Exemplo. Calcular o limite de (sin2 x)/x2 quando x→ 0. Solução. Como sin0 = 0 e x2 = 0 se x = 0 por substituição direta temos a indeterminação0/0. Então fazemos lim x→0 sin2 x x2 = lim x→0 2 sinx cosx 2x continuamos com a indeterminação, assim continuaamos fazendo uso da regra lim x→0 sin2 x x2 = lim x→0 2 sinx cosx 2x = lim x→0 cos2 x− sin2 x 1 = cos2 0 = 1. � Questão 3. Obter os limites das seguintes funções quando x→ 0: f(x) = 1− cosx x , g(x) = ln(1 + x)− ln(1− x) x , h(x)x2 sin 1 x , i(x) = arctan 2x sin 3x . Questão 4. Obter os limites das seguintes funções lim x→0 x cosx− sinx x , lim x→1 1− x 1− sinπx/2 , lim x→0 arcsinx cosx sinx . Nessa regra se acontecer de f ′(a) 6= 0 mas g′(a) = 0 então estariamos obtendo algo como f ′(a)/g′(x) com g′(x)→ 0. Nesse caso temos que o limite é ±∞ o sinal sendo dado pelos sinais de f ′ e de g′. 1.10. O śımbolo ∞/∞. Esses casos ocorrem quando f(x) e g(x) tendem para ±∞. Como limx→a f(x) = ±∞ é o mesmo que limx→a 1/f(x) = 0, o procedimento é igual ao caso anterior. limx→ af(x) g(x) = limx→ af ′(x) g′(x) . Exemplo. Obter o limite lim x→0 lnx ctanx = lim x→0 1/x −1/ sin2 x = − lim x→0 sin2 x x = −2 lim x→0 sinx cosx = 0. 6 PROF. ANTONIO DE PADUA FRANCO FILHO Questão 5. Obter os seguintes limites limx→ π/2 tanx tan 5x , lim x→0+ ln(sinmx) ln sinx para m > 0. 1.11. Para limx→±∞. Totalmente análogo aos casos acima. Vamos derivando em cima e em baixo, e em cada passo verificando que temos um indeterminaão, at que possamos decedir. Exemplo: lim x→±∞ ex x3 = lim x→±∞ ex 3x2 = lim x→±∞ ex 6x = lim x→±∞ ex 6 = +∞ 1.12. A forma indeterminada 0.∞. Temos f(x) → 0 e g(x) → ∞. Nesses casos podemos escolher f(x)g(x) = f(x) 1/g(x) ou f(x)g(x) = g(x) 1/f(x) , como acharmos mais facil. Exemplo: limx→0(sinx)(lnx), sinx→ 0 enquanto lnx→ −∞. Solução. lim x→0 lnx 1 sinx = lim x→0 1 x − cosx sin2 x = lim x→0 − sin2 x x cosx = − lim x→0 sinx x tanx = 0 pois limx→0 sinx x = 1 e limx→0 tanx = tan 0 = 0. � 1.13. Limites com exponenciação. Vamos considerar alguns exemplos: (1) limx→+∞ x 1 x . Temos o tipo indeterminado 0+∞. Para resolver usamos a função exponencial e a identidade: a = eln a y = x 1 x = elnx 1 x = e ln x x . Agora calculamos o limite limx→+∞ fraclnxx = limx→+∞ 1 x = 0 onde aplicamos a regra de L’Hospital nesse limite. Então lim x→+∞ x 1 x = elimx→+∞ ln x x = e0 = 1. (2) limx→0 x sinx. Temos a indeterminada 00. O mesmo procedimento: lim x→0 xsinx = lim x→0 elnx sin x = lim x→0 esinx lnx, e precisamos resolver o limite com a indeterminação tipo 0.(−∞). Como lim x→0 sinx lnx = lnx 1/ sinx = 0 como foi feito na prova acima, temos limx→0 x sinx = e0 = 1. EMERGÊNCIA COVID MAT 3110 FEA June 2, 2020 7 Questão 6. Obter os seguintes limites: lim x→1 (1− x)cos( πx 2 ), lim x→0 (1 + x2) 1 x . Esse último cai no tipo 1∞. 1.14. O caso mais dificil. Para os casos do tipo ∞−∞ temos que ter um certo cuidado. Suponha que f(x) e g(x) tenham limites infinitos de mesmo sinal num ponto a. Escrevemos f(x)− g(x) = g(x) ( f(x) g(x) − 1 ) ou f(x)− g(x) = f(x) ( 1− g(x) f(x) ) . Se o limite limx→a f(x) g(x) = 1 então temos o caso ∞.0 para resolver, e ainda temos o que fazer. Se o limite limx→a f(x) g(x) 6= 1 então obtem-se ∞.b que é infinito, e acabou. Para sorte, esses casos em geral ficam mais simples fazendo transformações algbricas. Um exemplo: Exemplo. Calcular limx→0 ( 1 sin2 − 1 x2 ) . Reduzindo a fração a um denominador comum o que antes era ∞−∞ transfoma-se em 0/0. lim x→0 ( 1 sin2 − 1 x2 ) = lim x→0 x2 − sin2 x x2 sin2 x , e aplicamos a regra de L’ Hospital a esse último limite. Asśıntotas Inclinadas Definição 1.9. Seja y = f(x) uma função definida num intervalo do tipo ]a,+∞[ ou ]−∞, b[ ou ]−∞,+∞[= R. Dizemos que uma reta y = mx+ p é uma asśıntota de f(x), a medida que x→∞ a distância entre a reta e a curva tende para 0. Isto é: m = lim x→∞ f(x) x e p = lim x→∞ −mx. Exemplos: Começamos com um exemplo onde m existe mas falha a existência de p assim não h asśıntotas. (1) f(x) = √ x. Cálculo de m. limx→+∞ √ x x = limx→+∞ 1√ x = 0. Para p temos limx→+∞ f(x)−mx = limx→+∞ √ x− 0.x = +∞ 6∈ R. (2) Um que existe: f(x) = x tanhx. Cálculo de m para x→ +∞. limx→+∞ x tanhx x = limx→+∞ sinhx coshx = 1. 8 PROF. ANTONIO DE PADUA FRANCO FILHO Observe que antes de aplicar a regra de L’Hospital, devemos escrever tanhx = sinhx coshx = ex − e−x ex + e−x = e2x − 1 e2x + 1 → 2e 2x 2e2x = 1. Cálculo de p: limx→+∞ x tanhx− 1.x = limx→+∞ x(tanhx− 1) que é tipo ∞.0 e assim lim x→+∞ tanhx− 1 1/x = 0 sem uso da regra de L’Hospital, porque ficou na forma 0.0 = 0. Obtivemos y = x como asśıntota à direita. Para x→ −∞. Também observe antes que tanhx = sinhx coshx = ex − e−x ex + e−x = 1− e−2x 1 + e−2x → −(−2e −2x) −2e−2x = −1. Assim, m = −1. Agora no cálculo de p tome cuidado com o sinal p = limx→+∞ x tanhx − (−1).x = limx→+∞ x(tanhx + 1) = limx→+∞ tanhx+11/x = 0. Temos a reta asśıntota à esquerda y = −x. Questão 7. Obter as asśıntotas inclinadas e verticais se existirem das curvas y = f(x) onde y = x2√ x2 − 1 , y = x x2 − 4x+ 3 , y = x3 x2 + 9 . 2. Técnicas de Integração
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