Buscar

Aula 09 Afo BIZU

Prévia do material em texto

BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
1
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
BIZU DO PONTO – AFO 
Olá, pessoal, tudo OK? Nas próximas páginas, segue nossa colaboração para o Bizu do 
Ponto para AFC/CGU. 
Nossa ideia, nessa empreitada, é abordar da forma mais concisa e direta possível, na 
forma de tópicos frasais, os itens mais comuns em concursos, conforme as provas 
anteriores, bem como aqueles assuntos que podem se revelar “surpresas” para os 
candidatos – quer dizer, que poderiam se revelar surpresas, rsrs. Vale ressaltar que, pela 
proposta do presente curso, os tópicos do edital não são necessariamente 
abordados com a mesma ênfase. 
Muito bem, vamos começar os trabalhos. Bons estudos! 
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 
1. Apesar de os princípios orçamentários em si não representarem dificuldades de 
entendimento, seu estudo vai “puxando” muitos outros temas correlacionados, que 
podem, estes sim, aumentar um pouco a complexidade das questões. 
2. Quanto ao princípio da legalidade orçamentária, podemos destacar que o 
orçamento, apesar de ser aprovado como lei, não apresenta diversas características 
que são próprias das leis ordinárias. Não gera direitos e deveres; não interfere nas 
relações jurídicas entre o Estado e o cidadão; sua execução não necessita prender-se “a 
ferro e a fogo” à forma como foi aprovado. O orçamento não é impositivo, mas 
autorizativo; e pode ser entendido como uma lei em sentido formal. 
3. Apesar de positivar o princípio da não vinculação, a Constituição elencou uma 
série considerável de exceções. É possível vincular parcela da receita de impostos para 
3.1. repartição de receitas da União (imposto de renda e IPI) com estados, DF e 
municípios (fundos de participação); 
3.2. ações e serviços públicos de saúde, educação e administração tributária; 
3.3. prestar garantia às operações de crédito por antecipação da receita 
orçamentária; 
3.4. prestar garantia ou contragarantia à União (por exemplo, em operações de 
crédito internacionais tomadas por entes federados menores, nas quais a 
União avalize o contrato); 
3.5. pagar débitos junto à União (por parte dos entes federados menores). 
4. Apesar de atualmente a arrecadação das receitas ser totalmente independente de 
autorização orçamentária, várias questões de concursos ainda consideram 
verdadeira essa correlação, talvez pela função histórica que a lei orçamentária cumpria, 
de autorizar a arrecadação dos tributos. Portanto, se uma assertiva afirmar que a LOA é 
responsável por essa autorização, o mais recomendável é julgá-la CERTA. 
5. O princípio da exclusividade 
6. A forma mais simples de entender o princípio do equilíbrio é considerar que o total 
das despesas não deve superar o total das receitas previstas para o período. Na 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
2
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
prática, isso ocorre apenas em parte, porque o governo só consegue cobrir a despesa com 
o “auxílio” do dinheiro tomado mediante operações de crédito. 
7. Como regra, não se permitem dotações globais, sem detalhamento, na lei 
orçamentária, em obediência ao princípio da discriminação. Por outro lado, há exceções: é 
possível alocar dotações globais para grandes projetos (chamados de “programas especiais 
de trabalho”) que ainda não puderam ter seus custos definidos minuciosamente, e para a 
reserva de contingência. 
ORÇAMENTO PÚBLICO: CONCEITOS 
8. Sobre a evolução do orçamento público, um cuidado que se deve ter diz respeito à 
troca que, muitas vezes, a banca faz entre os diferentes tipos/estágios da peça 
orçamentária. Devemos ter em mente que: o orçamento tradicional focava as 
aquisições/compras pretendidas pelo governo; o orçamento de desempenho já 
vinculava as despesas a certos objetivos traçados; e o orçamento-programa envolve 
uma atividade extensa de planejamento antes do processo de alocação orçamentária. 
9. Além disso, deve-se ter cuidado com as características da técnica do orçamento 
base-zero, que também podem ser misturadas às dos demais: a técnica requer a 
avaliação minuciosa de programas, novos e em execução, antes da elaboração da 
proposta orçamentária, de modo que o fato de um programa já estar em implementação 
não garante sua continuidade. 
LOA, LDO E PPA 
10. Detalhando as etapas que compõem o processo orçamentário do governo 
federal, temos as seguintes: previsão da receita; fixação dos valores para as despesas 
obrigatórias; elaboração das propostas setoriais com a sua consolidação; processo 
legislativo; sanção da lei; execução orçamentária; acompanhamento e controle; avaliação. 
11. A elaboração do orçamento envolve um conjunto articulado de tarefas 
complexas, compreendendo a participação dos órgãos central (SOF), órgãos 
setoriais e das unidades orçamentárias do sistema. 
12. A Constituição reservou à lei complementar o tratamento sobre o exercício 
financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do PPA, da LDO e da 
lei orçamentária anual, mas essa lei ainda não foi editada. Em sua ausência, são 
seguidas regras transitórias sobre prazos das leis de matéria orçamentária, 
dispostas no art. 35, § 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da 
CF/88. 
13. Resumindo as datas do calendário orçamentário, temos o seguinte: 
13.1. os projetos de PPA e de LOA devem ser encaminhados pelo Presidente da 
República ao Congresso Nacional “até quatro meses antes do 
encerramento do exercício financeiro”, ou seja, 31 de agosto; 
13.2. o Congresso deve devolver os projetos de PPA e de LOA, para sanção, “até o 
encerramento da sessão legislativa” – atualmente, 22 de dezembro; 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
3
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
13.3. o projeto de LDO deve ser enviado pelo Presidente ao Congresso “até oito 
meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro”, ou seja, 
15 de abril; 
13.4. o Congresso deve devolver o projeto de LDO para sanção “até o 
encerramento do primeiro período da sessão legislativa” – atualmente, 
17 de julho. 
14. No primeiro ano do mandato, o Presidente governa com base no PPA, na LDO 
e na LOA aprovados por seu antecessor; os projetos que esse novo chefe do 
Executivo apresentar só valerão para seu segundo ano de mandato. 
15. Todos os projetos de natureza orçamentária seguem o mesmo rito legislativo 
especial: discussão, apresentação de emendas e aprovação de parecer na Comissão 
Mista de Orçamento; votação do parecer da CMO no Plenário do Congresso Nacional
(mas com os votos contabilizados separadamente entre deputados e senadores). 
16. O chefe do Executivo pode propor alterações nos projetos de natureza orçamentária 
(PPPA, PLDO, PLOA, projetos de créditos adicionais) até o início da votação da parte a 
ser alterada na CMO. 
17. Devemos destacar também algumas ocorrências relativas ao descumprimento desse 
calendário. Caso o PLDO não seja devolvido para sanção no prazo previsto, os 
parlamentares não entrarão em recesso até que se dê a aprovação do projeto; se o 
Executivo não apresentar o PLOA no prazo previsto, o Legislativo considerará como 
proposta a LOA vigente; caso o Legislativo não vote o PLOA a tempo, de forma que o 
exercício se inicie sem orçamento aprovado, as LDOs têm autorizado a execução 
provisória de despesas constantes do próprio PLOA, despesas essas que sejam 
consideradas mais urgentes. 
18. A rejeição do PLOA, por parte dos congressistas, é literalmente prevista na 
CF/88. Concretizando-se essa hipótese, as receitas previstas para o exercício devem ser 
atribuídas a despesas veiculadas mediante créditos adicionais especiais. Se, por outro 
lado, houver emendas supressivas de dotações, deixando parcela dos recursos previstos 
sem despesas correspondentes,tais recursos podem ser também atribuídos a despesas 
veiculadas mediante créditos suplementares. 
19. O PPA é criação da CF/88, constituído como o maior instrumento de 
planejamento da esfera pública, e seu foco está nas despesas de capital, ou seja, 
despesas que normalmente estão relacionadas ao aumento do patrimônio público, 
embora destaque as despesas de manutenção que decorrem dos investimentos. 
20. Como a CF/88 só exige a inclusão, no PPA, de investimentos de duração superior a 
um exercício financeiro, os projetos que possam ser concluídos dentro do ano só 
precisam de previsão orçamentária na LOA. Atenção: não é possível a realização de 
despesas sem essa previsão orçamentária. 
21. A LDO tem atribuições dadas pela própria CF/88 e pela LRF. Algumas vezes, provas 
têm exigido do candidato a distinção entre essas matérias. Para contrastar, vamos 
destacar aqui as atribuições constitucionais da LDO: 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
4
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
21.1. estabelecer metas e prioridades da Administração, incluindo as despesas de 
capital para o exercício subsequente; 
21.2. orientar a elaboração da LOA; 
21.3. dispor sobre alterações na legislação tributária; 
21.4. estabelecer a política de aplicação das agências de fomento; 
21.5. autorizar (exceto para empresas públicas e sociedades de economia 
mista) o aumento de remuneração, a concessão de vantagens, a criação de 
cargos/empregos/funções, a alteração de carreiras e a admissão/contratação 
de pessoal. 
22. A evidenciação da “política econômica e financeira” e do “programa de trabalho 
do governo” é feita pela LOA, apesar de não serem estabelecidos por ela, mas 
pelo PPA. 
23. O orçamento fiscal abrange os gastos gerais e as receitas sem arrecadação 
vinculada com as quais o governo conta. A maior parte dos programas instituídos pela 
LOA encontra-se nesse item. 
24. O orçamento da seguridade social, como indica seu nome, é restrito a receitas e 
despesas relativas à área da seguridade social. Conforme a Constituição, essa 
denominação abrange a saúde, a previdência social e a assistência social. Todas as 
despesas dos órgãos abrangidos por essas áreas estão incluídas no orçamento 
da seguridade. 
25. O orçamento de investimento das estatais, como é conhecido, diz respeito às 
aplicações de recursos no capital social de empresas das quais a União, direta ou 
indiretamente, detenha maioria do capital social com direito a voto – ou seja, são 
empresas em que a União tem supremacia no tocante a decisões sobre sua atuação. 
26. Dos orçamentos que compõem a LOA, o da seguridade não tem como função a 
redução de desigualdades interregionais, já que as ações da seguridade tem como 
princípio a universalidade do atendimento. 
27. A LOA deve demonstrar, de forma regionalizada, o efeito decorrente de 
isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária 
e creditícia. 
28. A CF/88 traz algumas vedações em matéria orçamentária, para as quais, 
entretanto, a autorização legislativa específica permite o procedimento ou situação 
respectiva. Entre os itens absolutamente vedados, sem possibilidade de autorização 
legislativa que os excepcione, destacam-se: o início de programas/projetos não 
incluídos na LOA; a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que 
excedam os créditos orçamentários/adicionais; a concessão/utilização de créditos 
ilimitados. Com autorização legislativa prévia, é possível suplantar as seguintes 
vedações constitucionais: 
28.1. a realização de operações de créditos que excedam o montante das 
despesas de capital (nesse caso, a autorização deve dar-se pela maioria 
absoluta dos parlamentares) – a chamada “regra de ouro”; 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
5
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
28.2. realização de transposição, remanejamento ou transferência de recursos 
de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro; 
28.3. a utilização de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para 
suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos; 
28.4. a instituição de fundos de qualquer natureza. 
CRÉDITOS ADICIONAIS 
29. Os atos que autorizem créditos adicionais devem trazer informações mínimas
sobre o crédito respectivo: o montante financeiro atribuído, a espécie do crédito 
(suplementar/especial/extraordinário), e a classificação da despesa veiculada. 
30. Vale ressaltar que, como cobrado em algumas provas de concursos federais, a 
medida provisória é o instituto próprio para abertura de créditos extraordinários, 
e ponto final. Não tem sido levada em consideração a situação de estados e 
municípios que não previram a MP em suas constituições/leis orgânicas, e que, portanto, 
continuam abrindo créditos extraordinários mediante decreto executivo, 
consoante determina a Lei 4.320/64. 
31. Atualmente, na esfera federal, as leis que autorizam créditos adicionais já ordenam 
também sua abertura, ou seja, tornam desnecessário o decreto de abertura previsto na 
Lei 4.320/64. 
32. As fontes de recursos para abertura de créditos adicionais são: superávit 
financeiro, excesso de arrecadação, operações de crédito, cancelamento de dotações 
e reserva de contingência. 
33. Na utilização do superávit financeiro como fonte de recursos para créditos 
adicionais, devem ser considerados os saldos dos créditos adicionais do exercício 
anterior e as operações de crédito a eles vinculadas. 
34. Excesso de arrecadação é o saldo positivo das diferenças entre a arrecadação 
prevista e a realizada, observadas mensalmente, levando-se em conta também a 
tendência do exercício. 
RECEITA PÚBLICA 
35. Mesmo receitas não previstas no Orçamento, se arrecadadas, serão 
consideradas orçamentárias, e, dessa forma, poderão ser utilizadas para aplicação em 
ações governamentais. 
36. Receitas de direito privado são receitas originárias: os recursos são provenientes 
de “esforços próprios” dos entes públicos, em suas atividades comerciais, empresariais, 
etc. Por outro lado, quando as rendas são obtidas a partir das atribuições coercitivas do 
Estado, que obrigam os particulares, estão caracterizadas as receitas derivadas. 
37. Via de regra, as receitas correntes são receitas efetivas; elas aumentam o 
patrimônio público. Ora são resultado da atividade arrecadatória do Estado, ora da 
atividade empresarial/comercial pública. As receitas de capital, também via de regra, são 
receitas por mutação, não efetivas, e, por isso, não afetam o patrimônio. Envolvem 
registros contábeis que se anulam. 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
6
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
38. Receitas primárias representam todas as receitas orçamentárias que não têm 
interface financeira (obtenção de empréstimos, venda de títulos, recebimento de 
operações de crédito etc.). São receitas sem relação com o endividamento público. 
39. As receitas intraorçamentárias estão relacionadas à realização de despesas 
dentro da mesma esfera de governo. Nesse caso, ocorre apenas uma “circulação interna” 
de recursos, que não saem do caixa do Tesouro Nacional. 
40. A classificação econômica da receita traz os seguintes níveis: categoria 
econômica; origem; espécie; rubrica; alínea; subalínea. 
41. As receitas correntes são, tipicamente, receitas de custeio: servem para 
suportar a manutenção e o funcionamento de atividades administrativas. Por sua vez, 
receitas de capital servem à aquisição ou formação de bens de capital. Bens 
de capital, segundo a teoria econômica, seriam aqueles capazes de gerar novos bens 
ou serviços, produzindo riqueza. 
42. O superávit do orçamento corrente representa a diferença positiva entreo 
total da arrecadação de receitas correntes e o total da execução das despesas 
correntes em um exercício. Significa que o governo tem recursos de custeio mais que 
suficientes para sustentar sua máquina administrativa. Essa sobra financeira deverá 
ser aplicada em favor do patrimônio duradouro do Estado. 
43. A dívida ativa constitui um direito a receber por parte do ente público, e pode 
ser classificada como tributária ou não tributária, a depender do tipo de obrigação que lhe 
deu origem. Ela abrange a obrigação principal e os valores correspondentes à 
respectiva atualização monetária, à multa e juros de mora. 
44. A Lei 4.320/64 estabelece três estágios percorridos pela receita orçamentária 
em sua execução, mas a doutrina e as provas entendem existir mais um, que 
antecede todos eles: a previsão, que se caracteriza como um estágio de 
planejamento. 
DESPESA PÚBLICA 
45. Na contabilidade geral, a despesa representa uma baixa no patrimônio, que pode 
envolver ou não a saída de recursos do caixa. No setor público, ao se falar de despesa, 
consideraremos sempre fluxos de recursos saindo do caixa (embora o registro da 
despesa seja anterior à saída financeira). 
46. Atualmente, na lei orçamentária, a despesa, quanto à classificação econômica, 
é classificada no mínimo em categoria econômica, grupo de natureza da 
despesa e modalidade de aplicação. O elemento de despesa pode surgir também 
na LOA, mas não obrigatoriamente. Além disso, se for necessário, a unidade 
executora da despesa poderá desdobrar, facultativamente, o elemento de despesa, 
para tornar a classificação ainda mais fiel ao gasto realizado. 
47. Simplificadamente, investimentos significam injeção de recursos em bens de 
capital novos, ou criação de bens de capital, que aumentam o produto interno bruto; 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
7
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
inversões financeiras implicam a aquisição de bens de capital já existentes, sem 
alteração do PIB. 
48. A classificação por esfera indica qual dos três orçamentos instituídos pela CF/88 
(fiscal, da seguridade e de investimento das estatais) abrange a despesa a se 
classificar. 
49. A classificação institucional identifica quem são as estruturas responsáveis pela 
execução da despesa. Nessa classificação, apontam-se o órgão orçamentário e a unidade 
orçamentária, subordinada àquele. Entretanto, “órgão orçamentário” não corresponde 
sempre a “órgão” no sentido dado pelo Direito Administrativo. 
50. A classificação funcional, obrigatória para todos os entes, é composta de 
dois níveis: funções e subfunções. Entende-se por função “o maior nível de agregação 
das diversas áreas de despesa que competem ao setor público”. A subfunção é “uma 
partição da função, visando a agregar determinado subconjunto de despesa do setor 
público”. 
51. Subfunções podem ser cruzadas com funções diferentes da sua função 
“matriz”. A exceção ocorre quanto às subfunções pertencentes à função Encargos 
Especiais, que só podem ser combinadas com esta última. 
52. Os estágios da despesa relacionados na Lei 4.320/64 são o empenho, a liquidação e 
o pagamento, mas é pacífica a existência do estágio da fixação, anterior a todos eles. 
A fixação representa a definição das ações para serem executadas durante o exercício, 
com a quantificação dos recursos necessários para atender às realizações 
programadas. 
53. Detalhes sobre os tipos de empenho: o empenho ordinário se destina a 
despesas de valor determinado, para pronto pagamento; o empenho por 
estimativa é empregado para processamento de despesas sem valor conhecido 
previamente (normalmente, despesas recorrentes, de prestação variável, como 
contas de telefone, água e luz); e o empenho global tem características dos dois 
outros: o pagamento é feito em parcelas, assim como ocorre com o empenho por 
estimativa, mas o valor da despesa é determinado, tal qual na hipótese de empenho 
ordinário. 
54. Com a nova regulamentação na esfera federal, restos a pagar não processados têm 
validade até 30 de junho do segundo ano posterior a sua inscrição. Não sendo 
liquidados até essa data, são bloqueados pela STN, que, perdurando a situação de não 
liquidação, os cancelará, a menos que eles se encaixem nas hipóteses do § 3º do 
art. 68 do Decreto 93.872/86 (despesas com execução já iniciada, despesas do PAC, do 
Ministério da Saúde ou da Educação). 
55. Apesar da regra firmada pelo Decreto nº 93.872/86, de que os restos a pagar não 
processados devem ser cancelados – em algum momento –, caso não ocorra sua 
liquidação, o Poder Executivo não raramente têm editado outros decretos, “esticando” a 
validade dos restos a pagar não processados de alguns órgãos. 
56. Restos a pagar afetam a programação financeira dos exercícios seguintes, 
competindo pelos recursos com as despesas do orçamento atual. 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
8
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
57. As quatro hipóteses de emprego das despesas de exercícios anteriores são: 
pagamento de obrigação cujo empenho foi cancelado; pagamento de obrigação cujos 
restos a pagar foram cancelados; pagamento de compromissos ou direitos de credores 
referentes a exercícios anteriores, mas reconhecidos após seu término; complementação, 
em outro exercício, de restos a pagar cujos empenhos estimativos foram insuficientes para 
cobrir o montante devido. 
58. As hipóteses de utilização do suprimento de fundos são: para atender 
despesas eventuais que exijam pronto pagamento; quando a despesa seja revestida de 
caráter sigiloso, conforme disposto em regulamento; e para atender despesas de pequeno 
vulto, também conforme regulamentado em normativo próprio. 
59. Na modalidade de suprimento de fundos, registram-se, antecipadamente, o 
empenho, a liquidação e o pagamento da despesa, sem importar que o suprido ainda 
não tenha empregado os recursos. 
60. As hipóteses de impedimento à concessão de suprimento de fundos são: 
existência de dois suprimentos de fundos confiados ao servidor; não apresentação, ou não 
aprovação, da prestação de contas de suprimento antes concedido; o fato de o servidor ser 
responsável pela guarda ou pela utilização do material a ser adquirido por meio do 
suprimento, a não ser que não exista, na repartição, outro servidor. 
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL 
61. São instrumentos da gestão fiscal responsável: o cumprimento de metas 
de resultado entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições quanto a 
renúncia de receita; geração de despesas com pessoal; geração de despesas da 
seguridade social e outras; dívidas consolidada e mobiliária; operações de crédito, 
inclusive por antecipação de receita; concessão de garantia; inscrição de despesas em 
restos a pagar. 
62. Todos os órgãos de todos os Poderes, fundações, autarquias, fundos, empresas 
estatais dependentes, de todos os entes da Federação, devem observar as normas 
estabelecidas na LRF. Apenas as chamadas “empresas estatais independentes” estão 
fora da abrangência da Lei. 
63. As empresas estatais dependentes recebem recursos para cobertura de suas 
despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e de custeio geral, bem 
como para suas despesas com investimentos. Ou seja, as estatais dependentes não 
conseguem se manter sem a transferência de recursos do ente controlador. 
64. A receita corrente líquida representa o montante de recursos próprios em que o ente 
governamental pode “confiar” para realizar seus programas. Na esfera federal, do total de 
receitas correntes arrecadadas, a União desconta os recursos obrigatoriamente 
transferidos aos outros entes federados (ou fundos) e aqueles vinculados a ações 
da seguridade social. 
65. A LRF determinou que a LDO tratasse dos seguintes assuntos: equilíbrio entre 
receitase despesas; critérios e forma de limitação de empenho; normas relativas ao 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
9
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com 
recursos dos orçamentos; demais condições e exigências para transferências de 
recursos a entidades públicas e privadas. 
66. O Anexo de Metas Fiscais da LDO, criado por ordem da LRF, traz metas que os entes 
públicos devem perseguir nos três exercícios seguintes, relativas a receita, despesa, 
resultado nominal, resultado primário e montante da dívida. Já o Anexo de Riscos 
Fiscais discrimina os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas 
públicas. Esses riscos se classificam em riscos orçamentários e riscos de dívida. 
67. Os recursos legalmente vinculados a certa finalidade só podem ser utilizados 
para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso 
daquele em que ocorrer o ingresso. 
68. A LRF determina que a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e 
em cada ente da Federação, não deve exceder os seguintes percentuais da receita 
corrente líquida (RCL): União – 50%; Estados, DF e Municípios – 60%. 
69. A despesa com pessoal envolve a fixação de sublimites para acompanhamento de 
sua evolução, a saber: limite de alerta de 90% do limite máximo (alerta pelo Tribunal 
de Contas respectivo); limite prudencial de 95% do limite máximo (vedação a atos que 
gerem aumento de despesas); e o próprio limite máximo (necessidade de recondução ao 
limite). Se a despesa total com pessoal de algum Poder ou órgão ultrapassar os limites 
máximos, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, 
sendo pelo menos um terço no primeiro. 
70. Para poder receber recursos de transferências voluntárias, o ente público 
beneficiado deverá comprovar, junto ao ente transferidor, requisitos de credibilidade e 
saúde financeira (pagamento de tributos, empréstimos, financiamentos, prestação de 
contas de recursos antes recebidos, cumprimento de limites constitucionais quanto a saúde 
e educação, observância dos limites da LRF, previsão de contrapartida). 
71. No tocante à destinação de recursos para o setor privado, cada liberação 
financeira de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade que tenha por objetivo “suprir 
necessidade ou cobrir déficit” de empresas, fundações e fundos, precisará de uma lei 
específica que autorize a operação. 
72. São condições para que seja concedida ajuda financeira a pessoas físicas ou 
jurídicas (abrangendo as pertencentes e as alheias à Administração): autorização em lei 
específica; previsão orçamentária; atendimento às exigências da LDO; vedação a 
investimentos destinados ao patrimônio de empresas privadas com fins lucrativos. 
73. O tratamento alargado que a LRF deu ao conceito de operação de crédito
abrange “compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, 
emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de 
valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e 
outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros”, além da 
assunção, reconhecimento ou confissão de dívidas. 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
10
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
74. Operações de crédito celebradas em desacordo com a LRF devem ser consideradas 
nulas, procedendo-se ao seu cancelamento e à devolução de recursos (embora sem o 
pagamento de juros e encargos). 
75. No caso da dívida fundada que tiver “estourado”, o ente público terá três 
quadrimestres para reconduzi-la aos limites, sendo que pelo menos 25% dessa 
eliminação do excedente deverá ocorrer logo no primeiro quadrimestre. 
76. As principais exigências para a contratação de ARO são: autorização na LOA para 
a operação (exceção ao princípio da exclusividade orçamentária); realização a partir do 
décimo dia do início do exercício; liquidação, com juros e encargos, até o dia 10/12; 
é proibida enquanto houver operação semelhante não quitada; proibida no último 
ano de mandato do Chefe do Executivo. 
77. Enquanto perdurar o excesso de dívida, o ente não poderá contratar nova 
operação de crédito (exceto o refinanciamento do principal da dívida mobiliária), e 
deverá obter resultado primário para recondução da dívida ao limite, promovendo, entre 
outras medidas, limitação de empenho (contingenciamento de despesas). 
78. Apenas instituições financeiras de um ente público (não dependentes do 
orçamento) podem emprestar recursos a outro – e, ainda assim, observando-se as 
vedações de não se poder financiar despesas correntes nem dívidas contraídas junto ao 
mesmo concedente. 
79. Segundo a LRF, são instrumentos de transparência da gestão fiscal: os planos, 
orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo 
parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão 
Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. 
80. O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) é um demonstrativo da 
execução das receitas e das despesas constantes da LOA e dos créditos adicionais, 
bimestral, editado pelo Poder Executivo, mas abrangendo todos os Poderes e o MP, e que 
serve para demonstrar o quanto a execução orçamentária corresponde ao 
planejamento realizado durante o processo de elaboração do orçamento, atualizando as 
informações conforme o andamento do exercício. 
81. O Relatório de Gestão Fiscal (RGF), diferentemente do RREO, é editado 
descentralizadamente: cada órgão e Poder referidos no art. 20 da LRF deve publicar o 
seu próprio relatório, ao final de cada quadrimestre. O RGF reproduz informações sobre os 
principais temas tratados na LRF, como se fosse um demonstrativo quadrimestral do 
atendimento às regras e limites da Lei. 
82. O Poder Legislativo, que titulariza o controle externo, bem como o sistema de 
controle interno de cada Poder, e mais o Ministério Público, devem fiscalizar o 
cumprimento das normas da LRF, com prioridade aos temas dos incisos do art. 59. 
Bom, pessoal, finalizamos aqui o nosso Bizu. Que seja certeiro e fácil de memorizar. Bons 
estudos, e boa sorte! 
BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU 
PROF. GRACIANO ROCHA 
11
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 
GRACIANO ROCHA

Continue navegando