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BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 1 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br BIZU DO PONTO – AFO Olá, pessoal, tudo OK? Nas próximas páginas, segue nossa colaboração para o Bizu do Ponto para AFC/CGU. Nossa ideia, nessa empreitada, é abordar da forma mais concisa e direta possível, na forma de tópicos frasais, os itens mais comuns em concursos, conforme as provas anteriores, bem como aqueles assuntos que podem se revelar “surpresas” para os candidatos – quer dizer, que poderiam se revelar surpresas, rsrs. Vale ressaltar que, pela proposta do presente curso, os tópicos do edital não são necessariamente abordados com a mesma ênfase. Muito bem, vamos começar os trabalhos. Bons estudos! PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 1. Apesar de os princípios orçamentários em si não representarem dificuldades de entendimento, seu estudo vai “puxando” muitos outros temas correlacionados, que podem, estes sim, aumentar um pouco a complexidade das questões. 2. Quanto ao princípio da legalidade orçamentária, podemos destacar que o orçamento, apesar de ser aprovado como lei, não apresenta diversas características que são próprias das leis ordinárias. Não gera direitos e deveres; não interfere nas relações jurídicas entre o Estado e o cidadão; sua execução não necessita prender-se “a ferro e a fogo” à forma como foi aprovado. O orçamento não é impositivo, mas autorizativo; e pode ser entendido como uma lei em sentido formal. 3. Apesar de positivar o princípio da não vinculação, a Constituição elencou uma série considerável de exceções. É possível vincular parcela da receita de impostos para 3.1. repartição de receitas da União (imposto de renda e IPI) com estados, DF e municípios (fundos de participação); 3.2. ações e serviços públicos de saúde, educação e administração tributária; 3.3. prestar garantia às operações de crédito por antecipação da receita orçamentária; 3.4. prestar garantia ou contragarantia à União (por exemplo, em operações de crédito internacionais tomadas por entes federados menores, nas quais a União avalize o contrato); 3.5. pagar débitos junto à União (por parte dos entes federados menores). 4. Apesar de atualmente a arrecadação das receitas ser totalmente independente de autorização orçamentária, várias questões de concursos ainda consideram verdadeira essa correlação, talvez pela função histórica que a lei orçamentária cumpria, de autorizar a arrecadação dos tributos. Portanto, se uma assertiva afirmar que a LOA é responsável por essa autorização, o mais recomendável é julgá-la CERTA. 5. O princípio da exclusividade 6. A forma mais simples de entender o princípio do equilíbrio é considerar que o total das despesas não deve superar o total das receitas previstas para o período. Na BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 2 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br prática, isso ocorre apenas em parte, porque o governo só consegue cobrir a despesa com o “auxílio” do dinheiro tomado mediante operações de crédito. 7. Como regra, não se permitem dotações globais, sem detalhamento, na lei orçamentária, em obediência ao princípio da discriminação. Por outro lado, há exceções: é possível alocar dotações globais para grandes projetos (chamados de “programas especiais de trabalho”) que ainda não puderam ter seus custos definidos minuciosamente, e para a reserva de contingência. ORÇAMENTO PÚBLICO: CONCEITOS 8. Sobre a evolução do orçamento público, um cuidado que se deve ter diz respeito à troca que, muitas vezes, a banca faz entre os diferentes tipos/estágios da peça orçamentária. Devemos ter em mente que: o orçamento tradicional focava as aquisições/compras pretendidas pelo governo; o orçamento de desempenho já vinculava as despesas a certos objetivos traçados; e o orçamento-programa envolve uma atividade extensa de planejamento antes do processo de alocação orçamentária. 9. Além disso, deve-se ter cuidado com as características da técnica do orçamento base-zero, que também podem ser misturadas às dos demais: a técnica requer a avaliação minuciosa de programas, novos e em execução, antes da elaboração da proposta orçamentária, de modo que o fato de um programa já estar em implementação não garante sua continuidade. LOA, LDO E PPA 10. Detalhando as etapas que compõem o processo orçamentário do governo federal, temos as seguintes: previsão da receita; fixação dos valores para as despesas obrigatórias; elaboração das propostas setoriais com a sua consolidação; processo legislativo; sanção da lei; execução orçamentária; acompanhamento e controle; avaliação. 11. A elaboração do orçamento envolve um conjunto articulado de tarefas complexas, compreendendo a participação dos órgãos central (SOF), órgãos setoriais e das unidades orçamentárias do sistema. 12. A Constituição reservou à lei complementar o tratamento sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do PPA, da LDO e da lei orçamentária anual, mas essa lei ainda não foi editada. Em sua ausência, são seguidas regras transitórias sobre prazos das leis de matéria orçamentária, dispostas no art. 35, § 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da CF/88. 13. Resumindo as datas do calendário orçamentário, temos o seguinte: 13.1. os projetos de PPA e de LOA devem ser encaminhados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional “até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro”, ou seja, 31 de agosto; 13.2. o Congresso deve devolver os projetos de PPA e de LOA, para sanção, “até o encerramento da sessão legislativa” – atualmente, 22 de dezembro; BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 3 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 13.3. o projeto de LDO deve ser enviado pelo Presidente ao Congresso “até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro”, ou seja, 15 de abril; 13.4. o Congresso deve devolver o projeto de LDO para sanção “até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa” – atualmente, 17 de julho. 14. No primeiro ano do mandato, o Presidente governa com base no PPA, na LDO e na LOA aprovados por seu antecessor; os projetos que esse novo chefe do Executivo apresentar só valerão para seu segundo ano de mandato. 15. Todos os projetos de natureza orçamentária seguem o mesmo rito legislativo especial: discussão, apresentação de emendas e aprovação de parecer na Comissão Mista de Orçamento; votação do parecer da CMO no Plenário do Congresso Nacional (mas com os votos contabilizados separadamente entre deputados e senadores). 16. O chefe do Executivo pode propor alterações nos projetos de natureza orçamentária (PPPA, PLDO, PLOA, projetos de créditos adicionais) até o início da votação da parte a ser alterada na CMO. 17. Devemos destacar também algumas ocorrências relativas ao descumprimento desse calendário. Caso o PLDO não seja devolvido para sanção no prazo previsto, os parlamentares não entrarão em recesso até que se dê a aprovação do projeto; se o Executivo não apresentar o PLOA no prazo previsto, o Legislativo considerará como proposta a LOA vigente; caso o Legislativo não vote o PLOA a tempo, de forma que o exercício se inicie sem orçamento aprovado, as LDOs têm autorizado a execução provisória de despesas constantes do próprio PLOA, despesas essas que sejam consideradas mais urgentes. 18. A rejeição do PLOA, por parte dos congressistas, é literalmente prevista na CF/88. Concretizando-se essa hipótese, as receitas previstas para o exercício devem ser atribuídas a despesas veiculadas mediante créditos adicionais especiais. Se, por outro lado, houver emendas supressivas de dotações, deixando parcela dos recursos previstos sem despesas correspondentes,tais recursos podem ser também atribuídos a despesas veiculadas mediante créditos suplementares. 19. O PPA é criação da CF/88, constituído como o maior instrumento de planejamento da esfera pública, e seu foco está nas despesas de capital, ou seja, despesas que normalmente estão relacionadas ao aumento do patrimônio público, embora destaque as despesas de manutenção que decorrem dos investimentos. 20. Como a CF/88 só exige a inclusão, no PPA, de investimentos de duração superior a um exercício financeiro, os projetos que possam ser concluídos dentro do ano só precisam de previsão orçamentária na LOA. Atenção: não é possível a realização de despesas sem essa previsão orçamentária. 21. A LDO tem atribuições dadas pela própria CF/88 e pela LRF. Algumas vezes, provas têm exigido do candidato a distinção entre essas matérias. Para contrastar, vamos destacar aqui as atribuições constitucionais da LDO: BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 4 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 21.1. estabelecer metas e prioridades da Administração, incluindo as despesas de capital para o exercício subsequente; 21.2. orientar a elaboração da LOA; 21.3. dispor sobre alterações na legislação tributária; 21.4. estabelecer a política de aplicação das agências de fomento; 21.5. autorizar (exceto para empresas públicas e sociedades de economia mista) o aumento de remuneração, a concessão de vantagens, a criação de cargos/empregos/funções, a alteração de carreiras e a admissão/contratação de pessoal. 22. A evidenciação da “política econômica e financeira” e do “programa de trabalho do governo” é feita pela LOA, apesar de não serem estabelecidos por ela, mas pelo PPA. 23. O orçamento fiscal abrange os gastos gerais e as receitas sem arrecadação vinculada com as quais o governo conta. A maior parte dos programas instituídos pela LOA encontra-se nesse item. 24. O orçamento da seguridade social, como indica seu nome, é restrito a receitas e despesas relativas à área da seguridade social. Conforme a Constituição, essa denominação abrange a saúde, a previdência social e a assistência social. Todas as despesas dos órgãos abrangidos por essas áreas estão incluídas no orçamento da seguridade. 25. O orçamento de investimento das estatais, como é conhecido, diz respeito às aplicações de recursos no capital social de empresas das quais a União, direta ou indiretamente, detenha maioria do capital social com direito a voto – ou seja, são empresas em que a União tem supremacia no tocante a decisões sobre sua atuação. 26. Dos orçamentos que compõem a LOA, o da seguridade não tem como função a redução de desigualdades interregionais, já que as ações da seguridade tem como princípio a universalidade do atendimento. 27. A LOA deve demonstrar, de forma regionalizada, o efeito decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. 28. A CF/88 traz algumas vedações em matéria orçamentária, para as quais, entretanto, a autorização legislativa específica permite o procedimento ou situação respectiva. Entre os itens absolutamente vedados, sem possibilidade de autorização legislativa que os excepcione, destacam-se: o início de programas/projetos não incluídos na LOA; a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários/adicionais; a concessão/utilização de créditos ilimitados. Com autorização legislativa prévia, é possível suplantar as seguintes vedações constitucionais: 28.1. a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital (nesse caso, a autorização deve dar-se pela maioria absoluta dos parlamentares) – a chamada “regra de ouro”; BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 5 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 28.2. realização de transposição, remanejamento ou transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro; 28.3. a utilização de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos; 28.4. a instituição de fundos de qualquer natureza. CRÉDITOS ADICIONAIS 29. Os atos que autorizem créditos adicionais devem trazer informações mínimas sobre o crédito respectivo: o montante financeiro atribuído, a espécie do crédito (suplementar/especial/extraordinário), e a classificação da despesa veiculada. 30. Vale ressaltar que, como cobrado em algumas provas de concursos federais, a medida provisória é o instituto próprio para abertura de créditos extraordinários, e ponto final. Não tem sido levada em consideração a situação de estados e municípios que não previram a MP em suas constituições/leis orgânicas, e que, portanto, continuam abrindo créditos extraordinários mediante decreto executivo, consoante determina a Lei 4.320/64. 31. Atualmente, na esfera federal, as leis que autorizam créditos adicionais já ordenam também sua abertura, ou seja, tornam desnecessário o decreto de abertura previsto na Lei 4.320/64. 32. As fontes de recursos para abertura de créditos adicionais são: superávit financeiro, excesso de arrecadação, operações de crédito, cancelamento de dotações e reserva de contingência. 33. Na utilização do superávit financeiro como fonte de recursos para créditos adicionais, devem ser considerados os saldos dos créditos adicionais do exercício anterior e as operações de crédito a eles vinculadas. 34. Excesso de arrecadação é o saldo positivo das diferenças entre a arrecadação prevista e a realizada, observadas mensalmente, levando-se em conta também a tendência do exercício. RECEITA PÚBLICA 35. Mesmo receitas não previstas no Orçamento, se arrecadadas, serão consideradas orçamentárias, e, dessa forma, poderão ser utilizadas para aplicação em ações governamentais. 36. Receitas de direito privado são receitas originárias: os recursos são provenientes de “esforços próprios” dos entes públicos, em suas atividades comerciais, empresariais, etc. Por outro lado, quando as rendas são obtidas a partir das atribuições coercitivas do Estado, que obrigam os particulares, estão caracterizadas as receitas derivadas. 37. Via de regra, as receitas correntes são receitas efetivas; elas aumentam o patrimônio público. Ora são resultado da atividade arrecadatória do Estado, ora da atividade empresarial/comercial pública. As receitas de capital, também via de regra, são receitas por mutação, não efetivas, e, por isso, não afetam o patrimônio. Envolvem registros contábeis que se anulam. BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 6 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 38. Receitas primárias representam todas as receitas orçamentárias que não têm interface financeira (obtenção de empréstimos, venda de títulos, recebimento de operações de crédito etc.). São receitas sem relação com o endividamento público. 39. As receitas intraorçamentárias estão relacionadas à realização de despesas dentro da mesma esfera de governo. Nesse caso, ocorre apenas uma “circulação interna” de recursos, que não saem do caixa do Tesouro Nacional. 40. A classificação econômica da receita traz os seguintes níveis: categoria econômica; origem; espécie; rubrica; alínea; subalínea. 41. As receitas correntes são, tipicamente, receitas de custeio: servem para suportar a manutenção e o funcionamento de atividades administrativas. Por sua vez, receitas de capital servem à aquisição ou formação de bens de capital. Bens de capital, segundo a teoria econômica, seriam aqueles capazes de gerar novos bens ou serviços, produzindo riqueza. 42. O superávit do orçamento corrente representa a diferença positiva entreo total da arrecadação de receitas correntes e o total da execução das despesas correntes em um exercício. Significa que o governo tem recursos de custeio mais que suficientes para sustentar sua máquina administrativa. Essa sobra financeira deverá ser aplicada em favor do patrimônio duradouro do Estado. 43. A dívida ativa constitui um direito a receber por parte do ente público, e pode ser classificada como tributária ou não tributária, a depender do tipo de obrigação que lhe deu origem. Ela abrange a obrigação principal e os valores correspondentes à respectiva atualização monetária, à multa e juros de mora. 44. A Lei 4.320/64 estabelece três estágios percorridos pela receita orçamentária em sua execução, mas a doutrina e as provas entendem existir mais um, que antecede todos eles: a previsão, que se caracteriza como um estágio de planejamento. DESPESA PÚBLICA 45. Na contabilidade geral, a despesa representa uma baixa no patrimônio, que pode envolver ou não a saída de recursos do caixa. No setor público, ao se falar de despesa, consideraremos sempre fluxos de recursos saindo do caixa (embora o registro da despesa seja anterior à saída financeira). 46. Atualmente, na lei orçamentária, a despesa, quanto à classificação econômica, é classificada no mínimo em categoria econômica, grupo de natureza da despesa e modalidade de aplicação. O elemento de despesa pode surgir também na LOA, mas não obrigatoriamente. Além disso, se for necessário, a unidade executora da despesa poderá desdobrar, facultativamente, o elemento de despesa, para tornar a classificação ainda mais fiel ao gasto realizado. 47. Simplificadamente, investimentos significam injeção de recursos em bens de capital novos, ou criação de bens de capital, que aumentam o produto interno bruto; BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 7 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br inversões financeiras implicam a aquisição de bens de capital já existentes, sem alteração do PIB. 48. A classificação por esfera indica qual dos três orçamentos instituídos pela CF/88 (fiscal, da seguridade e de investimento das estatais) abrange a despesa a se classificar. 49. A classificação institucional identifica quem são as estruturas responsáveis pela execução da despesa. Nessa classificação, apontam-se o órgão orçamentário e a unidade orçamentária, subordinada àquele. Entretanto, “órgão orçamentário” não corresponde sempre a “órgão” no sentido dado pelo Direito Administrativo. 50. A classificação funcional, obrigatória para todos os entes, é composta de dois níveis: funções e subfunções. Entende-se por função “o maior nível de agregação das diversas áreas de despesa que competem ao setor público”. A subfunção é “uma partição da função, visando a agregar determinado subconjunto de despesa do setor público”. 51. Subfunções podem ser cruzadas com funções diferentes da sua função “matriz”. A exceção ocorre quanto às subfunções pertencentes à função Encargos Especiais, que só podem ser combinadas com esta última. 52. Os estágios da despesa relacionados na Lei 4.320/64 são o empenho, a liquidação e o pagamento, mas é pacífica a existência do estágio da fixação, anterior a todos eles. A fixação representa a definição das ações para serem executadas durante o exercício, com a quantificação dos recursos necessários para atender às realizações programadas. 53. Detalhes sobre os tipos de empenho: o empenho ordinário se destina a despesas de valor determinado, para pronto pagamento; o empenho por estimativa é empregado para processamento de despesas sem valor conhecido previamente (normalmente, despesas recorrentes, de prestação variável, como contas de telefone, água e luz); e o empenho global tem características dos dois outros: o pagamento é feito em parcelas, assim como ocorre com o empenho por estimativa, mas o valor da despesa é determinado, tal qual na hipótese de empenho ordinário. 54. Com a nova regulamentação na esfera federal, restos a pagar não processados têm validade até 30 de junho do segundo ano posterior a sua inscrição. Não sendo liquidados até essa data, são bloqueados pela STN, que, perdurando a situação de não liquidação, os cancelará, a menos que eles se encaixem nas hipóteses do § 3º do art. 68 do Decreto 93.872/86 (despesas com execução já iniciada, despesas do PAC, do Ministério da Saúde ou da Educação). 55. Apesar da regra firmada pelo Decreto nº 93.872/86, de que os restos a pagar não processados devem ser cancelados – em algum momento –, caso não ocorra sua liquidação, o Poder Executivo não raramente têm editado outros decretos, “esticando” a validade dos restos a pagar não processados de alguns órgãos. 56. Restos a pagar afetam a programação financeira dos exercícios seguintes, competindo pelos recursos com as despesas do orçamento atual. BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 8 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 57. As quatro hipóteses de emprego das despesas de exercícios anteriores são: pagamento de obrigação cujo empenho foi cancelado; pagamento de obrigação cujos restos a pagar foram cancelados; pagamento de compromissos ou direitos de credores referentes a exercícios anteriores, mas reconhecidos após seu término; complementação, em outro exercício, de restos a pagar cujos empenhos estimativos foram insuficientes para cobrir o montante devido. 58. As hipóteses de utilização do suprimento de fundos são: para atender despesas eventuais que exijam pronto pagamento; quando a despesa seja revestida de caráter sigiloso, conforme disposto em regulamento; e para atender despesas de pequeno vulto, também conforme regulamentado em normativo próprio. 59. Na modalidade de suprimento de fundos, registram-se, antecipadamente, o empenho, a liquidação e o pagamento da despesa, sem importar que o suprido ainda não tenha empregado os recursos. 60. As hipóteses de impedimento à concessão de suprimento de fundos são: existência de dois suprimentos de fundos confiados ao servidor; não apresentação, ou não aprovação, da prestação de contas de suprimento antes concedido; o fato de o servidor ser responsável pela guarda ou pela utilização do material a ser adquirido por meio do suprimento, a não ser que não exista, na repartição, outro servidor. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL 61. São instrumentos da gestão fiscal responsável: o cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições quanto a renúncia de receita; geração de despesas com pessoal; geração de despesas da seguridade social e outras; dívidas consolidada e mobiliária; operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; concessão de garantia; inscrição de despesas em restos a pagar. 62. Todos os órgãos de todos os Poderes, fundações, autarquias, fundos, empresas estatais dependentes, de todos os entes da Federação, devem observar as normas estabelecidas na LRF. Apenas as chamadas “empresas estatais independentes” estão fora da abrangência da Lei. 63. As empresas estatais dependentes recebem recursos para cobertura de suas despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e de custeio geral, bem como para suas despesas com investimentos. Ou seja, as estatais dependentes não conseguem se manter sem a transferência de recursos do ente controlador. 64. A receita corrente líquida representa o montante de recursos próprios em que o ente governamental pode “confiar” para realizar seus programas. Na esfera federal, do total de receitas correntes arrecadadas, a União desconta os recursos obrigatoriamente transferidos aos outros entes federados (ou fundos) e aqueles vinculados a ações da seguridade social. 65. A LRF determinou que a LDO tratasse dos seguintes assuntos: equilíbrio entre receitase despesas; critérios e forma de limitação de empenho; normas relativas ao BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 9 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos; demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas. 66. O Anexo de Metas Fiscais da LDO, criado por ordem da LRF, traz metas que os entes públicos devem perseguir nos três exercícios seguintes, relativas a receita, despesa, resultado nominal, resultado primário e montante da dívida. Já o Anexo de Riscos Fiscais discrimina os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas. Esses riscos se classificam em riscos orçamentários e riscos de dívida. 67. Os recursos legalmente vinculados a certa finalidade só podem ser utilizados para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. 68. A LRF determina que a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não deve exceder os seguintes percentuais da receita corrente líquida (RCL): União – 50%; Estados, DF e Municípios – 60%. 69. A despesa com pessoal envolve a fixação de sublimites para acompanhamento de sua evolução, a saber: limite de alerta de 90% do limite máximo (alerta pelo Tribunal de Contas respectivo); limite prudencial de 95% do limite máximo (vedação a atos que gerem aumento de despesas); e o próprio limite máximo (necessidade de recondução ao limite). Se a despesa total com pessoal de algum Poder ou órgão ultrapassar os limites máximos, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro. 70. Para poder receber recursos de transferências voluntárias, o ente público beneficiado deverá comprovar, junto ao ente transferidor, requisitos de credibilidade e saúde financeira (pagamento de tributos, empréstimos, financiamentos, prestação de contas de recursos antes recebidos, cumprimento de limites constitucionais quanto a saúde e educação, observância dos limites da LRF, previsão de contrapartida). 71. No tocante à destinação de recursos para o setor privado, cada liberação financeira de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade que tenha por objetivo “suprir necessidade ou cobrir déficit” de empresas, fundações e fundos, precisará de uma lei específica que autorize a operação. 72. São condições para que seja concedida ajuda financeira a pessoas físicas ou jurídicas (abrangendo as pertencentes e as alheias à Administração): autorização em lei específica; previsão orçamentária; atendimento às exigências da LDO; vedação a investimentos destinados ao patrimônio de empresas privadas com fins lucrativos. 73. O tratamento alargado que a LRF deu ao conceito de operação de crédito abrange “compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros”, além da assunção, reconhecimento ou confissão de dívidas. BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 10 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 74. Operações de crédito celebradas em desacordo com a LRF devem ser consideradas nulas, procedendo-se ao seu cancelamento e à devolução de recursos (embora sem o pagamento de juros e encargos). 75. No caso da dívida fundada que tiver “estourado”, o ente público terá três quadrimestres para reconduzi-la aos limites, sendo que pelo menos 25% dessa eliminação do excedente deverá ocorrer logo no primeiro quadrimestre. 76. As principais exigências para a contratação de ARO são: autorização na LOA para a operação (exceção ao princípio da exclusividade orçamentária); realização a partir do décimo dia do início do exercício; liquidação, com juros e encargos, até o dia 10/12; é proibida enquanto houver operação semelhante não quitada; proibida no último ano de mandato do Chefe do Executivo. 77. Enquanto perdurar o excesso de dívida, o ente não poderá contratar nova operação de crédito (exceto o refinanciamento do principal da dívida mobiliária), e deverá obter resultado primário para recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho (contingenciamento de despesas). 78. Apenas instituições financeiras de um ente público (não dependentes do orçamento) podem emprestar recursos a outro – e, ainda assim, observando-se as vedações de não se poder financiar despesas correntes nem dívidas contraídas junto ao mesmo concedente. 79. Segundo a LRF, são instrumentos de transparência da gestão fiscal: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. 80. O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) é um demonstrativo da execução das receitas e das despesas constantes da LOA e dos créditos adicionais, bimestral, editado pelo Poder Executivo, mas abrangendo todos os Poderes e o MP, e que serve para demonstrar o quanto a execução orçamentária corresponde ao planejamento realizado durante o processo de elaboração do orçamento, atualizando as informações conforme o andamento do exercício. 81. O Relatório de Gestão Fiscal (RGF), diferentemente do RREO, é editado descentralizadamente: cada órgão e Poder referidos no art. 20 da LRF deve publicar o seu próprio relatório, ao final de cada quadrimestre. O RGF reproduz informações sobre os principais temas tratados na LRF, como se fosse um demonstrativo quadrimestral do atendimento às regras e limites da Lei. 82. O Poder Legislativo, que titulariza o controle externo, bem como o sistema de controle interno de cada Poder, e mais o Ministério Público, devem fiscalizar o cumprimento das normas da LRF, com prioridade aos temas dos incisos do art. 59. Bom, pessoal, finalizamos aqui o nosso Bizu. Que seja certeiro e fácil de memorizar. Bons estudos, e boa sorte! BIZU DO PONTO – AFO PARA AFC/CGU PROF. GRACIANO ROCHA 11 Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br GRACIANO ROCHA
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