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51 UNIDADE 2 A ESTRUTURA TEXTUAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • compreender os conceitos de coesão e coerência; • identificar os mecanismos de coesão no texto; • conhecer a estruturação de um parágrafo e diferenciar as partes que o compõem; • refletir sobre a estrutura textual; • caracterizar a narração, a descrição e a dissertação; • aprimorar a interpretação textual; • identificar as características dos textos, aperfeiçoar sua escrita no que se refere às regras gramaticais, à clareza, à impessoalidade e à objetividade; • adequar a linguagem de acordo com a situação escrita; • identificar e destacar alguns documentos oficiais utilizados no dia a dia das empresas e/ou instituições; • aprimorar as habilidades necessárias à redação do texto/documento ofi- cial, que vai além do simples uso de modelos prontos. Esta unidade está dividida em três tópicos que visam auxiliar você na com- preensão da origem e importância da linguagem e da comunicação. Ao final de cada tópico apresentamos atividades a fim de consolidar seus conheci- mentos sobre a temática. TÓPICO 1 – O TEXTO E SUA INTENÇÃO TÓPICO 2 – OS DIVERSOS TEXTOS TÓPICO 3 – O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS 52 53 TÓPICO 1 O TEXTO E SUA INTENÇÃO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Quando nos comunicamos, seja por escrito ou oralmente, temos em mente repassar uma mensagem. Então, podemos dizer que todo texto tem uma intenção. Para isso, existem componentes básicos que devem ser levados em consideração: quem fala, para quem, como e com que intenção. Sendo assim, sempre que escrevemos ou nos comunicamos oralmente organizamos toda uma estrutura para sermos entendidos. Que estrutura é essa? É a organização dos parágrafos, a seleção das palavras, a extensão do texto ou da fala. Em outras palavras, a linguagem difere quando você se comunica com a família, com o superior, com uma pessoa desconhecida ou muito conhecida, ou ainda em uma entrevista de emprego. Diante disso, responda: sua linguagem se diferencia, dependendo da situação? Provavelmente sua resposta foi positiva. Então veja: é correto dizer que para cada situação adequamos nossa linguagem, seja ela oral ou escrita, porque temos uma intenção e queremos ser compreendidos. Sobre a adequação da linguagem, Infante (1998, p. 66) diz que: O nível do vocabulário utilizado decorre dos fatores que condicionam a elaboração do texto: o tema tratado, a finalidade a que se propõe, o receptor a que se dirige, o meio de divulgação utilizado. Um comunicado oficial a ser lido na ONU ou uma carta aberta à população de uma pequena vila ameaçada pela devastação da natureza podem tratar do mesmo assunto, mas a seleção vocabular deve ser apropriada a cada caso... Dessa forma, as melhores palavras são as mais eficazes e não as mais pomposas... Muitas vezes, na oralidade, fazemos a seleção das palavras de maneira natural, pois podemos nos certificar se estamos sendo entendidos, pela reação do receptor. Mas, e na escrita? Durante a redação de relatórios, e-mails e outros documentos, o texto tem que estar claro para que a mensagem não seja prejudicada. Convido você, acadêmico(a), a conhecer mais sobre a estrutura do texto, de modo a tornar sua comunicação cada vez mais coerente e coesa. UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 54 2 A CONSTRUÇÃO DO TEXTO: COESÃO E COERÊNCIA Um texto deve apresentar textualidade, ou seja, um conjunto de características que fazem com que seja um texto e não uma sequência de frases (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981 apud VAL, 2004). Ainda segundo estes autores, são sete os aspectos responsáveis pela textualidade: coesão, coerência, intertextualidade, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade. Veremos a seguir a coerência e a coesão textual. 2.1 COESÃO Segundo Infante (1998, p. 66), “Dominar um bom vocabulário é requisito para a elaboração eficiente de textos escritos”. Contudo, não são apenas palavras rebuscadas que permitem coesão ao texto. A coesão, de acordo com o Dicionário Michaelis, é a união entre as partes formando um todo. Coeso, por sua vez, segundo Koch e Travaglia (2002), significa quando a interpretação de algum elemento no discurso é dependente da de outro. Desta forma, podemos concluir que, para um texto ser coeso, ele precisa de elementos que liguem suas partes de modo a transmitir claramente a mensagem que deseja. Sobre o texto escrito, Infante (1998, p. 66) acrescenta que: [...] dentre as características específicas da modalidade escrita da língua, destaca-se a necessidade de um vocabulário preciso e criterioso, capaz de suprir a ausência dos recursos mímicos e dos matizes da entonação da língua falada. Manejar um bom vocabulário não significa impressionar os outros com um punhado de palavras difíceis e desconhecidas. O que importa é conhecer e utilizar as palavras necessárias para a produção de textos claros e enxutos. Perceba que, segundo Infante, o mais importante para tornar um texto coeso é usar as palavras apropriadas para cada situação. Agora que você já conhece o conceito e a importância da coesão, vamos estudar como ela acontece na prática? Vejamos a seguir. 2.1.1 Mecanismos de coesão Como uma das marcas essenciais da textualidade, a coesão pode ocorrer por meio de diferentes mecanismos. Entre eles citamos: a coesão sequencial, a coesão referencial e a coesão recorrencial. Vejamos cada uma delas: Coesão sequencial: refere-se ao desenvolvimento textual, seja por procedimentos de manutenção do assunto, empregando os termos pertencentes ao mesmo campo semântico, seja por meio de processos de progressão temática. Dito de outra maneira, é o que empregamos para relacionar o já dito ao que irá ser dito, à medida que progredimos com o texto. TÓPICO 1 | O TEXTO E SUA INTENÇÃO 55 Os elementos que marcam a coesão sequencial estabelecem algumas relações, dentre as quais destacamos: a) adversidade: marca oposição (ainda que, mas, no entanto, porém, contudo); b) acréscimo ou progressão: acrescenta dado novo ao discurso, amplificação (aliás, também, além disso, e, bem como, também, ainda); c) explicação: a sequência introduzida por eles serve, normalmente, para explicitar ou confirmar algo (pois, porque assim, desse modo); d) alternativa (ou); e) condição (se); f) esclarecer o que foi dito (quer dizer, ou seja); g) temporalidade: usados para indicar tempo anterior e tempo posterior (antes que, depois que) e tempo simultâneo (quando, mal, nem bem, assim que, logo que, no momento que). Coesão referencial: esta ocorre quando um elemento da sequência do texto se remete a outro do mesmo texto, substituindo-o. Quando esta referência se faz do depois para o antes, dizemos que ocorre a anáfora. E quando ocorre a referência do antes para o depois é um caso de catáfora. Para você entender melhor sobre anáfora e catáfora, segue um exemplo de cada, respectivamente: a) Encontrei o atleta na concentração, porém não conversei com ele. Note que, neste caso, ocorre a anáfora, pois o elemento ele relaciona-se com o elemento anterior o atleta. b) Ele estava lá, na concentração, o atleta. Neste exemplo, temos um caso de catáfora, sendo que o primeiro elemento relaciona-se com o segundo. Coesão recorrencial: esta se caracteriza pela repetição de algum tipo de elemento anterior que não funciona como alusão ao mesmo referente, e sim como uma recordação de um mesmo padrão. Observe o exemplo: A criança chorava, chorava, chorava, enquanto os colegas a olhavam tristes. Note que ocorre a repetição do termo chorava. Para complementar, podemos dizer queneste tipo de coesão pode ocorrer a elipse. Veja: UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 56 O maior objetivo da vida não é o conhecimento, mas [...] a ação. Percebe-se aqui que se omite a estrutura “maior objetivo da vida é”. 2.2 COERÊNCIA A coerência textual é a organização lógica das ideias, havendo assim continuidade entre as frases e/ou sequências, produzindo um sentido único para o todo. Segundo o Dicionário Michaelis, é a ligação, harmonia, conexão ou nexo entre os fatos, ou as ideias. Na construção do texto, portanto, ela é fundamental para que se entenda a mensagem. Para explicitar na prática, leiamos o texto que segue, Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Nele o autor narra a viagem de Fabiano e sua mulher com a cadelinha Baleia, que fogem da seca no Nordeste. Na sequência, apresentamos algumas considerações. BALEIA A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde as manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida. Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel. Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito. Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta: - Vão bulir com a Baleia? Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam- nos, davam-lhes a suspeita de que Baleia corria perigo. [...] FONTE: RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 85 [Fragmento]. TÓPICO 1 | O TEXTO E SUA INTENÇÃO 57 Vejamos então alguns elementos que, neste texto, auxiliam na sua coerência: Por isso: este conectivo estabelece uma relação de causa e consequência: a aparência da boca da Baleia era tal que, consequentemente, Fabiano pensou que ela estivesse com hidrofobia. Mas: esta conjunção introduz uma situação contrária à tentativa de Fabiano salvar a Baleia. Então: esta palavra expressa a ideia de causa e consequência, sendo que Baleia não melhora, continua muito mal. La: este pronome (a na forma la), substitui a palavra Baleia. Podemos perceber, então, a importância que tais elementos adquirem na construção do texto: sem eles a mensagem ficaria prejudicada. Sabemos que o assunto é complexo e impossível de esgotá-lo neste estudo. Entretanto, enfatizamos que o uso correto dos conectores facilita a interpretação do texto e a construção da coerência pelo leitor. Caro(a) acadêmico(a)! Você deve habituar-se, sempre que estiver em uma situação de escritura de qualquer modelo textual, a consultar um dicionário. Seja durante uma leitura ou redação, como afirma Infante (1998, p. 67), “[...] consultá-lo contribui de forma decisiva para a perfeita compreensão e expressão de ideias, opiniões e sentimentos.” NOTA Para aprofundar os estudos, sugerimos a leitura do seguinte texto: A REFERENCIAÇÃO/OS REFERENTES, COERÊNCIA E COESÃO A fala e também o texto escrito constituem-se não apenas numa sequência de palavras ou de frases. A sucessão de coisas ditas ou escritas forma uma cadeia que vai muito além da simples sequencialidade: há um entrelaçamento significativo que aproxima as partes formadoras do texto falado ou escrito. Os mecanismos linguísticos que estabelecem a conectividade e a retomada e garantem a coesão são os referentes textuais. Cada uma das coisas ditas estabelece relações de sentido e significado tanto com os elementos que a antecedem como com os que a sucedem, construindo uma cadeia textual significativa. Essa coesão, que dá unidade ao texto, vai sendo construída e se evidencia pelo emprego de diferentes procedimentos, tanto no campo do UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 58 léxico, como no da gramática. (Não esqueçamos que, num texto, não existem ou não deveriam existir elementos dispensáveis. Os elementos constitutivos vão construindo o texto, e são as articulações entre vocábulos, entre as partes de uma oração, entre as orações e entre os parágrafos que determinam a referenciação, os contatos e conexões e estabelecem sentido ao todo.) Atenção especial concentram os procedimentos que garantem ao texto coesão e coerência. São esses procedimentos que desenvolvem a dinâmica articuladora e garantem a progressão textual. A coesão é a manifestação linguística da coerência e se realiza nas relações entre elementos sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjetivos em relação aos substantivos; formas verbais em relação aos sujeitos; tempos verbais nas relações espaço-temporais constitutivas do texto etc.), na organização de períodos, de parágrafos, das partes do todo, como formadoras de uma cadeia de sentido capaz de apresentar e desenvolver um tema ou as unidades de um texto. Construída com os mecanismos gramaticais e lexicais, confere unidade formal ao texto. 1. Considere-se, inicialmente, a coesão apoiada no léxico. Ela pode dar-se pela reiteração, pela substituição e pela associação. É garantida com o emprego de: • enlaces semânticos de frases por meio da repetição. A mensagem-tema do texto apoiada na conexão de elementos léxicos sucessivos pode dar-se por simples iteração (repetição). Cabe, nesse caso, fazer-se a diferenciação entre a simples redundância resultado da pobreza de vocabulário e o emprego de repetições como recurso estilístico, com intenção articulatória. Ex.: “As contas do patrão eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patrão queria enganá-lo. Enganava.” (Vidas Secas, p. 143); • substituição léxica, que se dá tanto pelo emprego de sinônimos como de palavras quase sinônimas. Considerem-se aqui, além das palavras sinônimas, aquelas resultantes de famílias ideológicas e do campo associativo, como, por exemplo, esvoaçar, revoar, voar; • hipônimos (relações de um termo específico com um termo de sentido geral, ex.: gato, felino) e hiperônimos (relações de um termo de sentido mais amplo com outros de sentido mais específico, ex.: felino, gato); • nominalizações (quando um fato, uma ocorrência, aparece em forma de verbo e, mais adiante, reaparece como substantivo, ex.: consertar, o conserto; viajar, a viagem). É preciso distinguir-se entre nominalização estrita e generalizações (ex.: o cão < o animal) e especificações (ex.: planta > árvore > palmeira); TÓPICO 1 | O TEXTO E SUA INTENÇÃO 59 • substitutos universais (ex.: João trabalha muito. Também o faço. O verbo fazer em substituição ao verbo trabalhar); • enunciados que estabelecem a recapitulação da ideia global. Ex.: O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono (Vidas Secas, p. 11). Esse enunciado é chamado de anáfora conceptual. Todo um enunciado anterior e a ideia global a que ele se refere são retomados por outro enunciado que os resume e/ou interpreta. Com esse recurso, evitam-se as repetições e faz-se o discurso avançar, mantendo-se sua unidade. 2. A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de: • certos pronomes(pessoais, adjetivos ou substantivos). Destacam-se aqui os pronomes pessoais de terceira pessoa, empregados como substitutos de elementos anteriormente presentes no texto, diferentemente dos pronomes de 1ª e 2ª pessoa, que se referem à pessoa que fala e com quem esta fala; • certos advérbios e expressões adverbiais; • artigos; • conjunções; • numerais; • elipses. A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a relação entre as duas orações.). É a própria ausência do termo que marca a inter-relação. A identificação pode dar-se com o próprio enunciado, como no exemplo anterior, ou com elementos extraverbais, exteriores ao enunciado. Vejam-se os avisos em lugares públicos (ex.: Perigo!) e as frases exclamativas, que remetem a uma situação não verbal. Nesse caso, a articulação se dá entre texto e contexto (extratextual); • as concordâncias; • a correlação entre os tempos verbais. Os dêiticos exercem, por excelência, essa função de progressão textual, dada sua característica: são elementos que não significam, apenas indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa. Já os componentes concentram em si a significação. Referem os participantes do ato de comunicação, o momento e o lugar da enunciação. UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 60 Elisa Guimarães ensina a respeito dos dêiticos: os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo ano, depois de (futuro). Maria da Graça Costa Val lembra que “esses recursos expressam relações não só entre os elementos no interior de uma frase, mas também entre frases e sequências de frases dentro de um texto”. Não só a coesão explícita possibilita a compreensão de um texto. Muitas vezes a comunicação se faz por meio de uma coesão implícita, apoiada no conhecimento mútuo anterior que os participantes do processo comunicativo têm da língua. FONTE: Disponível em: <http://www.cce.ufsc.br/~nupill/ensino/a_referenciacao.htm>. Acesso em: 24 fev. 2009. 3 PARÁGRAFO Costumamos chamar de parágrafo o espaço em branco num trecho escrito, que geralmente corresponde a seis ou sete caracteres de afastamento da margem esquerda. Entretanto, nosso foco é destacar que o parágrafo é uma unidade do discurso formada por um ou mais períodos, ou seja, é parte de uma redação. Segundo Medeiros (2004), utilizamos o parágrafo para dividir o texto em partes menores, já que um texto possui diferentes enfoques. Quando se muda o parágrafo, não se muda o assunto. Este deve ser o mesmo do princípio ao fim da redação. A abordagem, porém, pode mudar. E é aqui que o parágrafo entra em ação. A cada novo ponto de vista, a cada nova abordagem, haverá um novo parágrafo. O entendimento da estrutura do parágrafo é o melhor caminho para a segura compreensão do texto. No caso de diálogos, percebemos o uso de parágrafos, quando a abertura deste indica a mudança de interlocutor. Agora que já sabemos quando usamos um parágrafo, vamos estudar como este está estruturado. TÓPICO 1 | O TEXTO E SUA INTENÇÃO 61 O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois esses (ss) entrelaçados, iniciais das palavras latinas “signum sectionis”, que significam sinal de secção, de corte. Num ditado, quando queremos dizer que o período seguinte deve começar em outra linha, falamos parágrafo ou alínea. A palavra alínea (vem do latim a + lines) significa distanciado da linha, isto é, fora da margem em que começam as linhas do texto. NOTA 3.1 A ESTRUTURAÇÃO DO PARÁGRAFO Ao escrever não devemos iniciar sem abrir parágrafo. Uma vez aberto, a leitura deve merecer pausa maior que a sinalizada pelo ponto final. Durante a escrita, devemos observar com atenção o momento oportuno de abrir parágrafos, a troca de abordagem ou ponto de vista, assim o escrito não se tornará cansativo e desinteressante. Você deve estar se perguntando: mas quando devo então, efetivamente, iniciar novo parágrafo? A resposta é que não existe uma regra que o escritor deva seguir. A prática da escrita nos proporciona o equilíbrio nesse momento, fazendo com que não escrevamos parágrafos compostos de frases muito curtas nem parágrafos muito densos de informações. Dito de outra maneira, quando concluímos a enunciação de diversos conceitos para dar continuidade a outros relacionados ao mesmo discurso, porém sob aspecto diverso, é que sentimos a necessidade de abertura de um novo parágrafo. Na escritura de um texto faz-se necessário estruturá-lo bem a partir dos parágrafos, que podem variar de extensão de acordo com o tema que se escreve. O parágrafo pode ser estruturado em partes bem distintas. Vamos estudá-las? São elas: a) Tópico frasal O tópico frasal é a ideia-núcleo que se encontra no interior do parágrafo, pode ser denominado também como período tópico ou frase síntese. É através deste que o escritor desenvolve o pensamento. b) Desenvolvimento O desenvolvimento é onde se agregam ideias secundárias ao tópico frasal. UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 62 c) Conclusão A conclusão nem sempre está presente; serve para resumir o conteúdo do parágrafo e localiza-se ao final do mesmo. d) Elemento relacionador Este item poderia estar presente a partir do segundo parágrafo, estabelecendo um encadeamento lógico entre as ideias, ou seja, serve de elo entre o parágrafo em si e o tópico que o antecede. Quando refletimos sobre parágrafo, estamos direta ou indiretamente aprimorando a organização das ideias e o seu encadeamento lógico. Ao redigir um texto, esta habilidade está sempre em prática, fazendo com que esta capacidade seja cada vez mais aperfeiçoada. ATENCAO O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis por indicar os parágrafos únicos. Exemplo: § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). 63 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico abordamos que: • Todo texto tem uma intenção. • Devemos organizar a linguagem, seja ela escrita ou oral, de acordo com a situação comunicativa. • Um texto tem coesão quando há concatenação entre seus vários elementos. • Coerência é a organização lógica das ideias. • A coerência é fundamental para o entendimento do texto. • O parágrafo é parte de uma redação. • Na escrita, o parágrafo é um espaço em branco no início da linha. • Quando iniciamos um novo parágrafo mudamos o enfoque do texto. • A prática da escrita nos proporciona a compreensão sobre quando iniciar novo parágrafo. • O símbolo do parágrafo é representado por “§” que equivale a dois esses (SS) entrelaçados. 64 AUTOATIVIDADE 1 Todo texto escrito ou falado, como vimos, possui uma intenção. Escreva qual a intenção ou intenções do texto abaixo. QUEM TEM MEDO DO ABSINTO Em outras eras, o absinto era considerado um demônio verde das artes, capaz de levar ao delírio escritores e artistas em geral. Mas sabe qual é a base do absinto? Pois é losna, aquela mesma das nossas melhores hortas. Claro que, para chegar ao absinto de antigamente, a nossa boa e velha losna,na espécie chamada Artemísia absinthum, tinha que passar por misturas e formulações com outras ervas. O resultado era uma bebida de altíssimo teor alcoólico, chegando a uns incendiários 75 graus. Tudo isso para dizer que a Dubar elaborou e está lançando no Brasil um aperitivo de absinto, o Lautrec, igualmente expressivo, mas bem mais maneiro (53,5 graus) que o seu controvertido avô. Na nova composição, os vegetais aromáticos que se unem à nossa losna passam por uma destilação cuidadosa e, posteriormente, por uma retificação dos elementos indesejáveis. No mais, é o lendário, carregado de história e de um verde sonhador. FONTE: ÍCARO, abril de 2011. Disponível em:<http://www.algosobre.com.br/redacao/o-texto- e-sua-intencao.html>. Acesso em: 12 nov. 2011. 2 Sobre os mecanismos de coesão estudados, aprendemos que eles servem para apresentar uma leitura mais clara e eficiente. Sendo assim, encontre sinônimos para substituir a expressão “O papa João Paulo II”. TEXTO O papa João Paulo II disse ontem, dia de seu 77º aniversário, que seu desejo é “ser melhor”. __________ reuniu-se na igreja romana de Ant’Attanasio com um grupo de crianças, sendo que uma delas disse: “No dia do meu aniversário minha mãe sempre pergunta o que eu quero. E você, o que quer?” 65 __________ respondeu: “Ser melhor”. Outro menino perguntou a __________ que presente gostaria de ganhar neste dia especial. “A presença das crianças me basta”, respondeu __________. Em seus aniversários, __________ costuma compartilhar um grande bolo, preparado por irmã Germana, sua cozinheira polonesa, com seus maiores amigos, mas não sopra as velinhas, pois este gesto não faz parte das tradições de seu país, a Polônia. Os convidados mais frequentes a compartilhar nesse dia a mesa com __________ no Vaticano são o cardeal polonês André Marie Deskur e o engenheiro Jerzy Kluger, um amigo judeu polonês de colégio. Com a chegada da primavera, __________ parece mais disposto. __________ deve visitar o Brasil na primeira quinzena de outubro. FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/gpt/coesao.php>. Acesso em: 12 nov. 2011. 66 67 TÓPICO 2 OS DIVERSOS TEXTOS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Antes de partirmos para a caracterização dos textos, é importante saber o que significa a palavra texto, não é mesmo? Você, acadêmico(a), consegue conceituá-la? Uma análise etimológica é bastante esclarecedora. A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento”. Dito em outras palavras, um texto se desenvolve linearmente, pois a cada parte agrega-se outra relacionando o que já foi dito com o que ainda se pretende dizer. Segundo Koch (2008, p. 201-213), O processamento de um texto, portanto, depende não só de características textuais, como também de características sociocognitivas dos usuários da língua. Ele pressupõe um conjunto de atividades do ouvinte/leitor, de modo que se caracteriza como um processo ativo e contínuo de construção de sentidos, que se realiza na interação entre os interlocutores. Dentro dessa concepção, considera-se o texto o próprio lugar da interação e os interlocutores como sujeitos ativos que – dialogicamente – nele se constroem e por ele são construídos. A produção de linguagem constitui atividade cognitivo-interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer não apenas a mobilização de um vasto conjunto de saberes, como também, sobretudo, a sua reconstrução no momento da interação verbal. Para nós, no momento, basta termos em mente que a palavra texto deriva da ação de tecer ou de entrelaçar algumas partes com a finalidade de tornar um todo coeso e coerente. Partimos, então, para as características textuais. 2 CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS Vimos que, ao escrevermos um texto, este sempre possui uma intenção. Para conseguirmos transmitir a mensagem de maneira correta, faz-se necessário que sigamos alguns passos de modo a caracterizar os textos. UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 68 A seguir, apresentamos um quadro no qual é possível perceber diferenças marcantes entre os textos – modo descritivo, narrativo e dissertativo. MODO DESCRITIVO NARRATIVO DISSERTATIVO Agente Observador Narrador Argumentador Conteúdo Seres, objetos, cenas, processos Ações ou sentimentos Opiniões, argumentos Tempo Momento único Sucessão Ausência Objetivo Identificar Relatar Discutir, informar ou expor Classes de palavras Substantivos e adjetivos Verbos, advérbios e conjunções temporais Conectores Tempos verbais Presente ou imperfeito do indicativo Presente ou perfeito do indicativo Presente do indicativo QUADRO 1 – SEQUÊNCIAS TEXTUAIS FONTE: CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2001. p. 29. Marcuschi adota a terminologia tipologia textual, isto é, segundo esse autor, narração, descrição, argumentação, injunção e exposição são tipologias textuais. UNI Vale lembrar que dificilmente um texto pertencerá exclusivamente a um modo de organização, ou seja, um texto raramente será somente descritivo, dissertativo ou narrativo. Geralmente sua classificação ocorre levando em conta a predominância de sequências de um tipo sobre as demais. A seguir veremos como se desenvolvem os textos narrativos. Este momento de seu estudo é muito importante, pois o conhecimento das sequências textuais o auxiliará na interpretação dos diversos modelos textuais. 3 A NARRAÇÃO Diariamente ouvimos, contamos, lemos ou redigimos histórias, não é mesmo? Algumas pessoas com mais frequência, outras com menos, porém podemos dizer que todos saberiam contar, recontar ou inventar uma história. TÓPICO 2 | OS DIVERSOS TEXTOS 69 O contato com histórias auxilia no desenvolvimento da nossa imaginação. Através delas podemos inventar, criar e nessa produção acabamos por buscar palavras para exprimir o que pretendemos, resultando em aprimoramento da fala e da escrita, do vocabulário e da comunicação. Antes de entrarmos mais detidamente nas particularidades das narrativas, leia o texto que segue de Samira Nahid de Mesquita. CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS Contar e ouvir histórias são atividades das mais antigas do homem. Pessoas de todas as condições socioculturais têm o prazer de ouvir e de contar histórias. Um romancista e ensaísta inglês, E. M. Forster, chama esta atividade de atávica, isto é, transmitida desde a idade mais remota da humanidade, ligada aos rituais pré-históricos do Homem de Neanderthal, força de vida e de morte, conforme sua capacidade de manter acordados ou de adormecer os membros de um grupo, nas noites dos primeiros dias... O mesmo autor cita ainda a protagonista de As Mil e Uma Noites, Xerazade, que se salvou da morte contando histórias que, a cada noite, eram interrompidas em momentos de calculado suspense, a fim de motivar a curiosidade do sultão. Interessamo-nos intensamente pelo desenrolar de uma história bem contada. (Estão aí as novelas de TV, impondo a milhares de pessoas em todo o país, e até no exterior, um tipo massificante de lazer, num horário igualmente imposto). Todas as atividades que o inventar/narrar, ouvir/ler histórias envolvem podem ser associadas também à natureza lúdica do homem. O jogo é uma atividade muito presente em todas as situações do homem em sociedade. Sob as mais diversas formas, o fenômeno lúdico mantém um significado essencial. É um recorte na vida cotidiana, tem função compensatória, substitui os objetosde conflito por objetos de prazer, obedece a regras, tem sentido simbólico, de representação. Como a realização, supõe agenciamentos, manipulações, mecanismos, movimentos, estratégias. Construir um enredo é começar um jogo. O narrador é um jogador, e forma, com o leitor e o próprio texto, o que pode chamar uma comunidade lúdica. No ritual de se pegar um livro para ler ou de sentar à volta ou diante de um narrador, uma tela de cinema ou de TV, para ler/ver/ouvir, contar-se uma história, desenrolar-se um enredo, tal como no exercício do jogo, há a busca do prazer, há tensão, competição, há a máscara, a simulação, pode haver até a vertigem. FONTE: MESQUITA, Samira Nahid de. O enredo. São Paulo: Ática, 1986. p. 7-8. UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 70 A partir da leitura do texto de Mesquita, evidencia-se a importância de ler, ouvir ou contar uma história. Vamos nos deter agora na redação desses textos. O fato de escrever uma narração nos obriga a assumir uma determinada sequência a fim de que o texto adquira essa estrutura. O texto narrativo é composto por: apresentação, complicação, clímax e desfecho. Vamos estudar cada parte separadamente. Apresentação: nesse momento identificam-se os personagens, lugares e momentos da história. De acordo com Infante (1998 p. 114), é na apresentação que: Cria-se, assim, um cenário e uma marcação de tempo para os personagens iniciarem suas ações. Atente para o fato de que nem todo texto narrativo tem esta primeira parte: há casos em que já de início se mostra a ação em pleno desenvolvimento. Complicação: momento em que se iniciam as ações, dando origem às transformações dos fatos iniciais podendo acontecer em um ou mais episódios ou parágrafos. Clímax: este é o momento em que a narrativa exige um desfecho, pois a história atinge um momento de tensão onde é inevitável a resolução dos fatos. Desfecho: nesta parte apresenta-se a solução dos conflitos gerados pelos personagens, reestabelecendo assim o equilíbrio. Além dessa estrutura, Infante (1998) aborda que a narrativa pode seguir: uma sequência cronológica; conter um protagonista (personagem principal); um antagonista (personagem que tenta evitar as ações do protagonista); os coadjuvantes (personagens secundários) e o narrador (elemento fundamental para o sucesso da narrativa). Estes são recursos de que dispomos para a redação de uma narrativa. Da próxima vez em que você se deparar com um texto, observe quais desses recursos estão presentes. Este exercício fará com que você perceba que a narrativa se estrutura dentro de uma gama de possibilidades e estas são escolhidas pelo escritor. Ainda sobre as narrativas, vale ressaltar que existem diferenciadas formas de apresentar as falas dos personagens (INFANTE, 1998). Vamos conhecê-las? Discurso direto: este tipo de discurso nos permite reproduzir diretamente a fala dos personagens, imprimindo assim maior agilidade ao texto. Vamos conhecer um exemplo: TÓPICO 2 | OS DIVERSOS TEXTOS 71 FIGURA 25 – MAFALDA FONTE: Disponível em: <http://diversita.blog.br/blog/2008/10/21/tirinhas- para-comecar-o-dia-garfild-dilbert-mafalda/>. Acesso em: 20 dez. 2011. Perceba, acadêmico(a), que nesta tirinha não há a presença de um narrador, ou seja, as falas das personagens são reproduzidas diretamente. Discurso indireto: é onde as falas dos personagens são incorporadas pelo narrador. Observe um pequeno exemplo do romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos: "Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.” Note que as falas das personagens não estão reproduzidas diretamente, e sim através do narrador. Em outras palavras, podemos dizer que o narrador conta o que a personagem diz. Discurso indireto livre: é uma maneira de unir os dois tipos já mencionados, com a intenção de mostrar e contar os fatos ao mesmo tempo. Veja, através de um trecho de “Vidas Secas”: "Seu Tomé da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia. Esquisitice de um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?" Neste exemplo, notamos a mescla entre a fala do narrador e da personagem. UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 72 4 A DESCRIÇÃO Pode-se dizer que o ato de descrever é empregar os sentidos a fim de captar uma realidade e exemplificá-la no texto. Então, para elaborar um texto descritivo, faz-se necessário utilizar os conhecimentos linguísticos na construção de imagens. Segundo Infante (1998, p. 136), “Elaborar um texto descritivo é apresentar um ser, um objeto, um recorte da realidade a partir de um determinado ponto de vista, ou seja, o objeto da descrição deve ser observado a partir de uma determinada posição física”. Leia o texto que segue de Cecília Meireles, ele servirá de exemplo sobre as sequências descritivas. SE EU FOSSE PINTOR... Se eu fosse pintor começaria a delinear este primeiro plano de trepadeiras entrelaçadas, com pequenos jasmins e grandes campânulas roxas, por onde flutua uma borboleta de cor marfim, com um pouco de ouro nas pontas das asas. Mas logo depois, entre o primeiro plano e a casa fechada, há pombos de cintilante alvura, e pássaros azuis tão rápidos e certeiros que seria impossível deixar de fixá-los, para dar alegria aos olhos dos que jamais os viram ou verão. Mas o quintal da casa abandonada ostenta uma delicada mangueira, ainda com moles folhas cor de bronze sobre a cerrada fronde sombria, uma delicada mangueira repleta de pequenos frutos, de um verde tenro, que se destacam do verde-escuro como se estivessem ali apenas para tornar a árvore um ornamento vivo, entre os muros brancos, os pisos vermelhos, o jogo das escadas e dos telhados em redor. E que faria eu, pintor, dos inúmeros pardais que pousam nesses muros e nesses telhados, e aí conversam, namoram-se, amam-se, e dizem adeus, cada um com seu destino, entre a floresta e os jardins, o vento e a névoa? Mas por detrás estão as velhas casas, pequenas e tortas, pintadas de cores vivas, como desenhos infantis, com seus varais carregados de toalhas de mesa, saias floridas, panos vermelhos e amarelos, combinados harmoniosamente pela lavadeira que ali os colocou. Se eu fosse pintor, como poderia perder esse arranjo, tão simples e natural, e ao mesmo tempo de tão admirável efeito? Mas, depois disso, aparecem várias fachadas, que se vão sobrepondo umas às outras, dispostas entre palmeiras e arbustos vários, pela encosta do morro. Aparecem mesmo dois ou três castelos, azuis e brancos, e um deles tem até, na ponta da torre, um galo de metal verde. Eu, pintor, como deixaria de pintar tão graciosos motivos? TÓPICO 2 | OS DIVERSOS TEXTOS 73 Sinto, porém, que tudo isso por onde vão meus olhos, ao subirem do vale à montanha, possui uma riqueza invisível, que a distância abafa e desfaz: por detrás dessas paredes, desses muros, dentro dessas casas pobres e desses castelinhos de brinquedo, há criaturas que falam, discutem, entendem-se e não se entendem, amam, odeiam, desejam, acordam todos os dias com mil perguntas e não sei se chegam à noite com alguma resposta. Se eu fosse pintor, gostaria de pintar esse último plano, esse último recesso da paisagem. Mas houve jamais algum pintor que pudesse fixar esse móvel oceano, inquieto, incerto, constantemente variável que é o pensamento humano? FONTE: MEIRELES, Cecília. Ilusões do mundo. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976. p. 17-18. Percebem-se, ao final da leitura, várias sequências descritivas, não é? O modo como foram escolhidas as palavras, estabelecidaa ordem, revela que a autora elaborou um plano para desenvolver a descrição. No primeiro parágrafo descreve o que acontece na casa, primeiro plano. No segundo, apresenta-nos o que acontece entre o primeiro plano e a casa fechada, existem aves... No terceiro parágrafo nos revela, através da descrição, as aves e a vegetação existente. Perceba que o esquema segue uma dimensão que nos desvenda um olhar do perto para o longe. Resquícios dessa descrição podem ser retirados do trecho “as asas das borboletas”, no qual diz: “uma borboleta de cor marfim, com um pouco de ouro nas pontas das asas”. Você poderá continuar fazendo este exercício de observação, que ajudará a estabelecer a sequência adotada, ou melhor, escolhida por Cecília. Além disso, reforçará o seu entendimento sobre parágrafo estudado anteriormente. Lembre-se de que cada parágrafo representa não a mudança de assunto, mas outro enfoque. Pensamos que esse texto exemplifica bem a questão. Muito raramente um texto pertencerá somente a uma sequência. No entanto, analisamos a predominância delas durante a leitura. 5 A ARGUMENTAÇÃO Em nosso dia a dia é muito comum termos que expor nossas opiniões ou até mesmo convencer as pessoas sobre as diversas temáticas. Pense em várias situações nas quais utilizamos uma linguagem argumentativa e/ou persuasiva, seja em um relacionamento amoroso, na vida profissional, na venda de um produto, em uma reunião de negócios e, também, ao nos relacionarmos com os professores, vizinhos ou amigos. UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 74 Ao analisarmos por outro viés, percebemos que muitas mensagens nos chegam através de jornais, televisão, e-mail, celular, cujo fim é conquistar a nossa adesão, seja a uma ideia ou produto, seja para escolha de um candidato, um carro ou mudança na maneira de conduzir nossa vida. O texto argumentativo, no entanto, nos permite utilizar a linguagem de modo a expressar nossas ideias, articular argumentos e conclusões. Outro aspecto importante é conhecer o assunto a ser comunicado, pois na dissertação nosso posicionamento crítico é fator decisivo. Vamos conhecer mais sobre essa temática? Leia o texto que segue. ATENCAO Você já refletiu sobre o poder de persuasão das pessoas? É inevitável que tenhamos domínio do funcionamento da língua escrita para aprimorar esta habilidade. COESÃO E ARGUMENTAÇÃO Regina H. de Almeida Durigan e outros O fato de o ato de escrever ser um momento em que aquele que escreve se vê sozinho frente ao papel, tendo em mente apenas uma imagem de um possível interlocutor, faz com que haja necessidade de uma maior preocupação em relação à coesão. Em geral, o aluno não sabe até que ponto deve explicitar o que tenta dizer para que se faça compreender. Entretanto, o “fazer-se compreender” é um ponto central em qualquer texto escrito; a coesão deve colaborar nesse sentido, facilitando o estabelecimento de uma relação entre os interlocutores do texto. O que se busca não é um texto fechado em si mesmo, impenetrável a qualquer leitura, e sim algo que possa servir como veículo de interação entre os interlocutores. Há ainda mais uma questão em que se deve pensar na consideração das especificidades da modalidade escrita – a argumentação. É através dela que o locutor defende seu ponto de vista. A argumentação contribui na criação de um jogo entre quem escreve o texto e um possível leitor, já que aquele discute com este, procurando mostrar-lhe que tipo de ideias o levou a determinado posicionamento. Dito de outra maneira, ao escrever um texto, o locutor estabelece relações a partir do tema a que se propôs discutir e tira conclusões, procurando convencer o receptor ou conseguir adesão ao texto. TÓPICO 2 | OS DIVERSOS TEXTOS 75 Não se pode traçar uma distinção absoluta entre coesão e argumentação: a coesão garante a existência de uma relação entre as partes do texto que tomadas como um todo devem constituir um ato de argumentação. As duas noções contribuem para a constituição de um conjunto significativo capaz de estabelecer uma relação entre o sujeito que escreve e seu virtual interlocutor. É próprio da linguagem seu caráter de interlocução. A escrita não foge a esse princípio, ela também busca estabelecer uma relação entre sujeitos. O texto deve ser suficiente para caracterizar seu produtor enquanto um agente, um sujeito daquela produção, ao mesmo tempo em que confere identidade ao seu interlocutor. O texto, enquanto uma totalidade revestida de significados, acaba sendo um jogo entre sujeitos, entre locutor e interlocutor. FONTE: DURIGAN, Regina H. de Almeida et al. A dissertação no vestibular. In: A magia da mudança -vestibular Unicamp: língua e literatura. Campinas: Unicamp, 1987. p. 14-15. Agora, vamos conhecer a estrutura de um texto argumentativo? Como já foi dito, a argumentação requer do escritor o seu posicionamento crítico. Além disso, é preciso conhecimento sobre o assunto. Adequar a linguagem aos interlocutores também é muito importante, pois queremos ser compreendidos. Sobre a estrutura, podemos afirmar que existe uma maneira muito usada para a organização desses textos. Basicamente, precisamos dispor as informações que obtemos em três momentos: introdução, desenvolvimento e conclusão. Introdução: é o momento de apresentar de maneira clara o assunto que se pretende abordar. Ela deve atuar como um roteiro, que norteará o leitor para o desenvolvimento da temática. Uma introdução bem construída ajuda quem escreve a controlar a coesão e a coerência do texto. Desenvolvimento: como o nome diz, nessa parte do texto é que se desenvolve o assunto apresentado na introdução. Faz-se necessário ampliar a explicação retomando o que foi explicitado de forma sucinta na introdução. Conclusão: é a parte que finaliza o texto. Dessa forma, deve conter um resumo de tudo que foi dito, de modo a reafirmar seu posicionamento. Poderá também trazer propostas de ações sobre o tema discutido. Você observou que cada parte de um texto relaciona-se com as demais, ou retomando ou preparando para o que é ou foi dito? Tecemos um texto à medida que acrescentamos ao que foi dito o que ainda temos por dizer. No momento de redigir um texto, há que se considerar aquele para quem escrevemos e quais são nossos objetivos com o texto. Dessa maneira, adequamos a linguagem à situação e nos fazemos entender, atingindo assim nosso propósito. UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 76 ATENCAO A persuasão é utilizada pela propaganda, que visa convencer o consumidor sobre o que pretende vender. Busca-se empregar a linguagem de maneira inteligente com a finalidade de chamar a atenção do interlocutor. Nos textos publicitários, outra ferramenta está presente: é a ambiguidade. Você sabe o que ela significa? Estudaremos na próxima unidade! 77 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico estudamos que: • A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento”. • O texto desenvolve-se de maneira linear. • A classificação de um texto se faz através da predominância de uma das características com relação às demais. • Na narrativa o tempo é marcado pela sucessão dos fatos. O agente é o narrador. • Na descrição o tempo é um momento único. O agente é observador. • Na argumentação não há marcação do tempo. O agente é argumentador. • Apresentação, complicação, clímax e desfecho são partes estruturantes da narrativa. • Nos textos argumentativos a ideia central é a argumentação. • Adequar a linguagem aos interlocutores é muito importante, pois esse cuidado auxilia a compreensão. • A argumentação é que nos permite utilizar a linguagem de modo a expressarnossas ideias, articular argumentos e conclusões. • Descrever é empregar os sentidos a fim de captar uma realidade e exemplificá-la no texto. • Discurso direto: é reproduzir diretamente a fala dos personagens. • Discurso indireto: é quando o narrador adapta as falas das personagens. • Discurso indireto livre: é a intenção de mostrar e contar os fatos ao mesmo tempo. • A persuasão é muito utilizada nos textos publicitários. 78 AUTOATIVIDADE 1 Classifique as sequências textuais predominantes nos textos abaixo em sequência descritiva (SD), sequência narrativa (SN) ou sequência dissertativa (SDI): a) ( ) Uma vez, dois homens saíram na Semana Santa para caçar tatu. Quando eles estavam cavando o buraco, o tatu saiu para fora e falou para eles: - Isso tudo é vontade de comer carne? (Antonio Henrique Weitzel) b) ( ) A aventura pode ser louca, mas o aventureiro tem que ser lúcido! (Chesterton) c) ( ) De repente entrou aquele bruto crioulo. Tinha quase dois metros de altura, era forte como um touro, e caminhava no mais autêntico estilo da malandragem carioca. Ladeado por duas mulheres imobilizadas por uma chave de braço cada uma, caminhou calmamente até o centro da sala, enquanto as duas faziam o maior banzé, sem que ele tomasse o menor conhecimento. d) ( ) Um homem estava contando que tinha ido pescar no rio Paraibuna e matou uma traíra tão grande, que quase não coube dentro do barco. Aí o outro falou: - Na minha fazenda tem um tacho tão grande que quando alguém, que está mexendo o tacho, fala, do outro lado nem dá para escutar. Aí o pescador perguntou: - Mas, para que serve um tacho tão grande assim? O homem respondeu: - É para fritar a traíra que você pescou! e) ( ) Só há dois minutos importantes no destino de um homem: o minuto em que nasce e aquele em que morre. O resto são horas perdidas na vida. f) ( ) É necessário que se ensine às crianças o que seja moral; contudo, é dispensável que lhes ensine o que seja imoral. 79 TÓPICO 3 O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO As habilidades de leitura e escrita são muito mais que uma necessidade. Saber ler e interpretar diferentes textos em diferentes linguagens, avaliar e comentar informações ou ideias, além de estabelecer relações e formular perguntas, são competências primordiais básicas para que uma organização empresarial ou para que qualquer instituição possa oferecer ao seu público o retorno e/ou atendimento que merecem. Neste sentido, caro(a) acadêmico(a), queremos dizer que conseguir dominar a leitura e a escrita num determinado campo não significa saber ler e escrever em outro. A compreensão dos textos nas diversas áreas depende necessariamente do conhecimento anterior que o receptor tem sobre o assunto e da familiaridade que tiver construído com a leitura de textos de diferentes gêneros. Para ilustrar a importância dos gêneros textuais, Bakhtin explica: Gêneros são tipos de enunciados relativamente estáveis e normativos, que se constituem historicamente, elaborados pelas esferas de utilização da língua. Esses enunciados se relacionam diretamente a diferentes situações sociais, que geram, por sua vez, um determinado gênero com características temáticas, composicionais e estilísticas próprias (BAKHTIN, 1988, p. 71). Nesta linha de raciocínio, aliadas à leitura, estão a compreensão e a interpretação dos gêneros textuais. À medida que eles focalizam discussões para determinadas estratégias de escrita, ampliam o conhecimento linguístico e também o textual. Diante disto, conforme Geraldi (2001), produzir esquemas, sínteses que norteiem o processo de compreensão dos textos, bem como criar roteiros que indiquem os objetivos e expectativas que cercam o texto que se espera produzir não pode mais ser uma tarefa alheia ao seu dia a dia no trabalho. Caro(a) acadêmico(a), diante desta reflexão, a partir de hoje, preste atenção na hora da leitura e da escritura de um texto. Ter uma boa escrita e ainda conseguir ler e entender textos ou documentos é um diferencial positivo na sua área de atuação. Convido você a ler e aprender mais sobre este interessante assunto. Continue atento(a)! 80 UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL DICAS Se você quiser saber mais sobre gêneros textuais, visite o site: <http://www. portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Linguagem_Discurso/article/view/347/368> e leia na íntegra “O ENSINO DE PRODUÇÃO TEXTUAL COM BASE EM ATIVIDADES SOCIAIS E GÊNEROS TEXTUAIS”, da professora Désirée Motta-Roth. 2 A LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL A leitura é uma atividade que requer, além do prazer, concentração. A importância do ato de ler é incontestável, pois, além de abrir caminhos para o conhecimento, exige uma visão perceptível do leitor para com os textos e linguagens. Cabe lembrar que a tecnologia facilitou e muito a comunicação entre as empresas e/ou instituições. Todavia, ao mesmo tempo, incutiu nos usuários uma habilidade que limita o ato da leitura ou até no escrever um texto ou documento na sua íntegra. A rapidez e a agilidade que esta ferramenta nos trouxe deixam-nos tão seguros que esquecemos a produção com qualidade, apenas priorizamos a quantidade. E amenizar esta crise da leitura e da interpretação textual correta merece interação e compromisso, pois estes são pontos decisivos para a mudança desse quadro. As pessoas que têm o hábito de ler têm mais facilidade para interpretar textos e, obviamente, os que não possuem esse hábito encontram mais dificuldade. Fique esperto(a), acadêmico(a), através da leitura você se familiariza com as normas gramaticais e pode expandir seu vocabulário. Dessa forma, a leitura é uma construção que leva você, gradativamente, a interagir com o autor em um determinado momento no texto e, consequentemente, você também interage com o mundo, ampliando sua competência discursiva tanto na língua escrita como na oral. 2.1 O MAIOR DESAFIO DAS INSTITUIÇÕES: A COMUNICAÇÃO INTERNA Diante do cenário exposto, vamos encaminhar nosso estudo para um ponto relevante, pois, nas dificuldades que existem em qualquer empresa ou instituição, pode-se dizer que uma causa muitas outras. Então, já tem em mente do que estamos falando? TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS 81 Como você já deve ter percebido, toda empresa e/ou instituição é única, como todo ser humano também o é. Cada um tem sua história, sua cultura, seus valores, sua missão ou metas, perfil de funcionários, de clientela, entre outros. A comparação com o ser humano fez-se necessária, pois as empresas/instituições são compostas, fundamentalmente, de pessoas. E, pasme! sofrem do mesmo mal. Mas, afinal, que mal é este? Hum, o mal da ausência ou da má comunicação. A comunicação, em especial a interna, envolve procedimentos comunicacionais que reúnem papéis, cartas internas, memorandos, entre outros. E este tipo de comunicação se desenvolve paralelamente à comunicação administrativa que visa proporcionar meios para promover maior integração dentro da organização mediante o diálogo, a troca de informações, experiências e a participação de todos os níveis (TORQUATO, 2003). Para Kunsch (1999), a comunicação interna é planejada em torno de propósitos claramente definidos que viabilizam toda a interação possível entre a organização e seus colaboradores, lançando mão de metodologias e técnicas de comunicação institucional e até da comunicação mercadológica.Bem, como você pode perceber, apesar de Torquato e Kunsh utilizarem terminologia e até conceitos distintos sobre o que é e qual o papel da comunicação, ambos enfatizam a necessidade de a comunicação ser pensada de forma integrada e como uma ferramenta estratégica. Assim, podemos concluir que não há modelos, teorias ou modalidades que redimensionem a comunicação interna, pois ela se evidencia em inúmeras diferentes oportunidades de interpretação, o que implica o entendimento do seu papel na e para a empresa e/ou instituição. O que pode ser feito é pautar ações comunicacionais utilizando-se da transferência de informações de modo claro, curto e rápido. O gestor pode ainda tornar habitual a frequência de encontros, tornando assim as informações mais objetivas. Mas, lembre-se, devemos começar levando em consideração os aspectos humanos e gerenciais: avalie a cultura participativa do seu grupo, faça uma autoavaliação e identifique como a comunicação na instituição ou empresa em que você trabalha acontece nos diversos setores e, a partir desta imagem, crie estratégias simples, porém eficazes. 82 UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 3 OS MODELOS TEXTUAIS A correspondência de uma empresa e/ou instituição é vista hoje como um importante instrumento de boa organização e até de marketing. Assim, a comunicação feita através da correspondência interna ou externa é a responsável pela representação da instituição ou empresa perante os seus diferentes públicos. A eficiência e a clareza são importantes itens exigidos quanto ao teor da mensagem que se quer transmitir. Tal elegância e clareza devem estar explícitas na forma e na língua utilizadas. Na forma quanto à disposição dos elementos na correspondência, e na língua, quanto ao estilo de linguagem utilizada. Neste sentido, a noção de gêneros textuais como sistemas discursivos complexos, socialmente construídos pela linguagem, com padrões de organização facilmente identificáveis e configurados pelo contexto sócio-histórico produtor das atividades comunicativas, é bastante esclarecedora para os nossos propósitos neste Caderno de Estudos (MARCUSCHI, 2002). O que toda empresa e /ou instituição, inclusive o público externo, deseja é que, além da clareza e da eficiência, a correspondência ou a comunicação seja rápida e objetiva, e isso não se consegue com um texto desorganizado e mal escrito. Portanto, caro(a) acadêmico(a), há alguns pontos que devemos levar em conta quando o assunto é a produção textual. Comece prestando atenção no estilo, na língua e na forma. Quanto ao estilo, podemos dizer que é conversão da linguagem escrita na imagem que queremos passar. É como se você soubesse dosar a formalidade e a informalidade, já que ambas são exigidas num texto profissional para atingir muitos objetivos, dentre eles o de conquistar clientela ou até mesmo motivar colaboradores. A língua é responsável pela comunicação com e entre seus diversos públicos. Assim, devemos ter o cuidado para que nossa correspondência chegue aos receptores sem falhas gramaticais, pois isso pode gerar uma incontornável má impressão de qualquer natureza. Já a forma é a embalagem do documento profissional. Assim, o que se quer comunicar deve estar disposto de forma prática e atraente. As informações que constam no texto, como a data, o assunto, o destinatário, os endereços, entre outros aspectos, não podem estar obscuros. Agora vamos conhecer algumas correspondências oficiais e perceber como cada uma tem particularidades na sua forma, conteúdo e linguagem. TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS 83 Os conceitos das correspondências aqui apresentados foram extraídos de manuais de redação, tais como: Redação Científica, O texto oficial: aspectos gerais e interpretações e Manual de modelos de cartas comerciais. UNI 3.1 RELATÓRIOS O relatório é um documento no qual se apresenta uma descrição de um acontecimento, ou a forma como um serviço foi executado. Ele pode ser também um relato das ocorrências administrativas, de uma apresentação de resultado de uma pesquisa ou até de uma investigação. Preste atenção, acadêmico(a), pois um bom relatório apresenta os dados necessários que abrangem sua finalidade, como: a quem ele se destina, qual periodicidade e o que quer comunicar. E para que isso aconteça, gráficos, ilustrações, mapas, entre outros, devem acompanhá-lo. Cabe lembrar que um relatório pode ser desenvolvido em tópicos ou em forma de texto discursivo. Se você quiser visualizar dois tipos de relatório, visite os sites da Petrobras e do Ministério da Justiça e observe os exemplos: <http://www.portacurtas.com.br/ relatorios/2007%5F1/ e http://portal.mj.gov.br/main.asp?View={75C57BF8-CF6B-43A3-BEF1- 930669A37DDD}>. UNI Assim, antes de iniciar a elaboração de um relatório, pense: • Para quem vou escrever? • Com qual objetivo? • Qual canal de comunicação vou utilizar? • Qual a melhor forma de dizer o que realmente quero apresentar? 84 UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL Agora mãos à obra, escreva seu texto, relate tudo o que for necessário e lembre-se de reler e revisar o que escreveu. 3.1.1 Partes do relatório Geralmente, nas empresas ou nas instituições, os relatórios já estão preestabelecidos no formato de formulários e estes apenas necessitam do simples preenchimento dos setores ou órgãos competentes. Assim, o que você, acadêmico(a), deve fazer é preencher os espaços em branco, observando o tipo de relatório que lhe é requerido, seja em tópicos ou em texto discursivo, como já foi mencionado. No entanto, podemos citar seis principais partes integrantes de um relatório, segundo as normas técnicas. Vamos conhecê-las? a) TÍTULO: com ele você identificará claramente o tema do relatório. b) VOCATIVO: você escreverá aqui a quem se dirige o relato. c) TEXTO: quando você relatar, preste atenção na introdução, que deve indicar o motivo ou, ainda, lembrar quem determinou a execução do relatório. No desenvolvimento, você expõe o assunto cronologicamente, em parágrafos ou em tópicos, e no encerramento deve haver as considerações finais, ou sugestões, bem como os agradecimentos. d) LOCAL e DATA. e) ASSINATURA. f) ANEXOS, quando necessários. 3.1.2 Aplicação Antes de você visualizar e analisar o relatório a seguir, cabe salientar que escrever serve para comunicar nossas ideias e, para dominar a habilidade da escrita, ela deve ser exercitada. Considere especialmente importante no ato da escritura de um relatório a clareza, a coesão e a exatidão. Não esqueça que, quando não houver normas para a escritura do relatório, você deve seguir o seu bom senso. TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS 85 RELATÓRIO DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS E O LUCRO TOTAL DA EMPRESA XXXX S/A À Gerente Administrativa XXXX Como solicitado por V.Sa., um levantamento da empresa XXXX S/A fora feito. Este levantamento realizou-se no período de 20/08/2003, com o objetivo de demonstrar as despesas e o lucro total da empresa, no período de 01/01/2003 a 30/06/2003. Os procedimentos que foram utilizados estão descritos abaixo: 1. levantamento contábil da empresa durante o período indicado; 2. levantamento das vendas; 3. outros métodos em que confio mais. A empresa em questão demonstra que obtém uma grande margem de lucro, apesar de ser uma empresa multinacional, e retém mais de 70% do lucro no Brasil. Existe em seus registros que, durante o ano de 2002, obteve um alto volume de vendas, em torno de US$ 50.000.000,00, e durante o período avaliado o volume de vendas já era de 65% sobre o valor do anopassado. Para o ano de 2003, a empresa espera que suas vendas aumentem e os lucros também. Espera também que consiga uma maior participação no mercado nacional para o ano de 2003 e 2004. Este ano há um planejamento de entrada em uma nova divisão do mercado, o ramo de Administração de Empresas, e também aumentar o seu nível tecnológico com relação ao seu maquinário e computadores. A empresa está em crescimento, já podendo competir com as grandes corporações. Depois de feita a atualização de tecnologia, espera-se a possibilidade de domínio do mercado e o crescimento em outras áreas; este foi o único problema encontrado na empresa XXXX S/A. XXXXX, 24 de agosto de 2003. Atenciosamente XXXX XXXX MM Business FONTE: Adaptado de: <http://www.coladaweb.com/administracao/relatorio-administrativo>. Acesso em: 12 out. 2011. 86 UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL 3.2 MEMORANDO É um documento escrito de caráter rotineiro e empregado, exclusivamente, nos setores internos nas instituições ou nas empresas. Ele aborda assuntos diversos do ambiente profissional, ou seja, tem como função principal comunicar decisões, políticas ou apenas instruções, convites, entre outros. O memorando, modernamente utilizado no lugar da CI (Comunicação Interna), pode ser apresentado no formato de correio eletrônico. Muitas organizações já têm um modelo próprio de memorando. O que não se pode esquecer é que ao redigir um memorando a linguagem utilizada deve ser simples, objetiva e direta, sem floreios. É geralmente encaminhado a funcionários para solicitar providências ou transmitir informações. Este documento interno deve ser feito, sempre, em duas vias, pois uma delas precisa ser arquivada, com data e assinatura, para que desta forma possa ser indicada a ciência do fato. 3.2.1 Estrutura do memorando Como já sabemos, o memorando é um texto que se caracteriza pela sua forma simples e pela sua agilidade. Partindo do já mencionado princípio de que este documento é endereçado a funcionários, a estrutura se compõe dos seguintes elementos: • timbre da instituição; • número do memorando; • local e data; • remetente; • destinatário, sendo este mencionado pelo cargo que ocupa; • indicação do assunto; • corpo da mensagem, ou seja, o próprio texto; • despedida; • assinatura e cargo. TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS 87 Timbre da Instituição (4 cm) Memorando nº*************** Local,*******, de ******* de ******. De: Setor emitente Para: Setor e nome do destinatário Assunto: **************** Pronome de tratamento e cargo do destinatário (2 cm) Corpo do texto (margens de 3 cm à esquerda e 2 cm à direita) Despedida ************************************ Assinatura e cargo FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/memorando.htm>. Acesso em: 12 out. 2011. Mediante o exposto, veja um modelo, que permitirá conferir mais de perto os comentários aqui firmados: 88 UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL Veja outros modelos: EXEMPLO 1 TIMBRE DA EMPRESA MEMO nº 46/03 Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2006. De: FEDER Para: Senhores funcionários Assunto: O uso do crachá Fica estabelecida a partir de hoje a obrigatoriedade do uso do crachá de identificação em todos os setores da empresa, por todos os funcionários de qualquer função, em qualquer situação. Esclarecemos que a medida é uma solicitação do setor de segurança da organização, em virtude do acúmulo de pessoas não autorizadas que circulam por nossas dependências e os riscos e constrangimentos que isso tem nos trazido. Informamos que a não utilização do crachá impedirá o acesso à empresa ou a setores dela e será considerada falta grave, passível das punições cabíveis. Agradecemos a compreensão de todos. Atenciosamente, Tarcísio de Hollanda Supervisor de Pessoal FONTE: Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/6701829/Apostila-Comunicacao-e-Expressao>. Acesso em: 2 out. 2011. EXEMPLO 2 De: Hildebrando Nunes Para: Antônio Manuel, Marcos Brasil e Saulo Soprano Assunto: Reunião Pessoal, nossa reunião semanal das sextas-feiras será realizada excepcionalmente amanhã, quinta-feira, dia 9, às 17h, por conta da visita de nosso supervisor regional, Renato Alvim, que ocorrerá no dia seguinte. Tragam os assuntos já estudados e sugestões para o encontro que teremos com ele. Um abraço, Hildebrando. FONTE: Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/6701829/Apostila-Comunicacao-e-Expressao>. Acesso em: 2 out. 2011. TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS 89 Você observou, caro(a) acadêmico(a), que o primeiro memorando foi escrito configurando a forma tradicional e impressa. O outro modelo, mais arrojado, foi enviado por correio eletrônico. 3.3 ATA É o registro escrito, objetivo, claro e confiável, com valor administrativo ou legal dos acontecimentos de uma reunião, assembleia ou convenção. Se for um documento tão valorativo, ela deve ser redigida de forma a não permitir qualquer modificação posterior. Logo, caro(a) acadêmico(a), é preciso tomar alguns cuidados ao escrever uma ata, preste atenção nas orientações a seguir descritas: a) Atas manuscritas: elas são registradas num livro específico para esse fim, o qual deve ter um termo de abertura e as páginas devem estar numeradas. Se a ata for digitada, precisa ser arquivada em uma pasta e deve ser organizada levando em conta a data de sua escritura. b) Escreva em linhas corridas: sem os parágrafos e evite espaços, pois estes elementos podem ser utilizados no intuito de garantir que acréscimos ou alterações aconteçam. c) Rasuras: não podem aparecer, nem emendas ou uso de corretivos. Para retificar um erro, utilize palavras como “digo”. Se o erro for notado após a redação da ata, recorre-se à expressão “em tempo”, ou apresente uma errata, que será colocada sempre após o texto. d) Abreviaturas ou expressões: não podem ser utilizadas. e) Os números devem ser escritos por extenso. 3.3.1 Escritura e modelo Observe alguns elementos básicos na escritura de uma ata e, em seguida, visualize um exemplo: 1. título: identifique a reunião; 2. data: escreva por extenso: dia, mês, ano e hora da reunião; 3. local: não se esqueça de indicar o local onde está sendo realizada a reunião; 4. finalidade ou ordem do dia: aqui você escreve o objetivo da reunião; 5. identificação da Presidência e do Secretário: indique quem está presidindo a reunião; 6. discussão/votação e deliberações: neste tópico você escreve o que foi discutido, votado e aprovado; 7. encerramento: neste momento finalize a ata; 8. assinatura: todos os presentes assinam. Agora observe o exemplo e verifique os elementos apontados: 90 UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL ATA DA ASSEMBLEIA GERAL DE CONSTITUIÇÃO DE ASSOCIAÇÃO OU SOCIEDADE CIVIL Ao(s)......... dia(s) do mês de...........do ano de........., às..........horas, reuniram-se, em Assembleia Geral, no endereço da.............. as pessoas a seguir relacionadas: (nominar as pessoas, profissão, estado civil, endereço residencial e número do CPF). Os membros presentes escolheram, por aclamação, para presidir os trabalhos (nome de membro), e para secretariar (nome de membro). Em seguida, o Presidente declarou abertos os trabalhos e apresentou a pauta de reunião, contendo os seguintes assuntos: 1º) discussão e aprovação do Estatuto da associação; 2º) escolha dos associados ou sócios que integrarão os órgãos internos da associação; e 3º) designação de sede provisória da associação. Em seguida, começou-se a discussão do estatuto apresentado e, após ter sido colocado em votação, foi aprovadopor unanimidade, com a seguinte redação: (transcrever redação do estatuto aprovado). Passou-se, em seguida, ao item “2” da pauta, em que foram escolhidos os seguintes membros para comporem os órgãos internos: DIRETORIA EXECUTIVA: (nominar os membros, estado civil, profissão, endereço residencial, número do CPF e cargo). Por fim, passou- se à discussão do item “3” da pauta e foi deliberado que a sede provisória da associação será no seguinte endereço: (discriminar o endereço completo). Nada mais havendo, o Presidente fez um resumo dos trabalhos do dia, bem como das deliberações, agradeceu a participação de todos os presentes e deu por encerrada a reunião, da qual eu, (nome do secretário da reunião), secretário ad hoc reunião, lavrei a presente ata, que foi lida, achada conforme e firmada por todos os presentes abaixo relacionados. FONTE: Disponível em: <http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/caocif/fundacoes/pecas/modelo_ata. pdf>. Acesso em: 12 out. 2011. 3.4 OFÍCIO O ofício, dentre os tipos de comunicação, é um dos mais utilizados tanto no setor público como privado. Sua utilidade é das mais variadas, ora como troca de informações administrativas, solicitações, agradecimentos, ora como estabelecimento de uma ordem, entre outras. Segundo Campos Mello (1978, p. 122), o ofício serve para: [...] informar, encaminhar documentos importantes, solicitar providências ou informações, propor convênios, ajustes, acordos etc., convidar alguém com distinção para a participação em certos eventos, enfim, tratar o destinatário com especial fineza e consideração. É uma correspondência oficial, podendo ser usada também por clubes, associações e, ainda, como correspondência protocolar. A linguagem utilizada é formal e, sendo uma correspondência dirigida a autoridades, devemos prestar atenção ao tratamento exigido para cada cargo. TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS 91 ATENCAO Se quiser saber mais sobre as normas que regulamentam uma redação de atos e comunicações oficiais, entre no site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ ManualRedPR2aEd.PDF> e visualize o Manual de Redação da Presidência da República, que mostra as regras que a linguagem deve ter nas correspondências. 3.4.1 Elaboração e modelo Um modelo moderno de estruturação de ofício contém: • cabeçalho e/ou papel timbrado; • o número de ordem fica na margem superior esquerda; • local e data ficam na mesma linha do número de ordem, do lado direito, o mês vem escrito por extenso; • um resumo e/ou referência sobre o assunto é escrito abaixo do número; • vocativo (observar o pronome de tratamento adequado); • o texto pode ser dividido em parágrafos; • deve ser concluído com cortesia; • assinatura, com nome completo e cargo do emissor; • endereçamento na parte inferior esquerda na primeira página, mesmo que haja páginas seguintes (nome, cargo, local). Conheça algumas observações pertinentes à elaboração de um ofício: A epígrafe é uma palavra ou expressão que resume o assunto de que o texto trata. Ela não é obrigatória, mas conveniente, pois torna a tramitação do documento no ambiente de destino mais rápida. O recebedor, ao ver a epígrafe, encaminha imediatamente o ofício ao setor competente. Ela costuma aparecer à esquerda, entre a data e o vocativo. Os parágrafos do corpo do texto podem ser numerados. Neste caso, o primeiro parágrafo e o fecho não recebem número. Se houver anexos, será indicado seu número (Anexo 1, Anexo 3) entre a assinatura e o endereçamento. Às vezes, o anexo é volume composto de diversas folhas, o que é indicado pelo número de volumes e o total de folhas de que se compõem: Anexos: 1/10, 2/15. Visualize um exemplo de ofício: 92 UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RADIOEXPEDICIONÁRIOS (ABRA) Of. nº 15/02 Brasília (DF), 25 de março de 2002. Ref.: Expedição à ilha da Coroa Vermelha Excelentíssimo Senhor Comandante, Tendo em vista que nossa associação pretende realizar expedição rádio amadorística à ilha da Coroa Vermelha, da jurisdição desse distrito naval, solicitamos-lhe a especial fineza de autorizar nosso desembarque e permanência naquela ilha. Seguem os dados do empreendimento: • Período: de 17 a 19 de maio de 2002. • Número de operadores: três. • Transporte: traineira "Teixeira de Freitas", baseada no porto de Caravelas (BA). • Estações a serem instaladas: duas. • Abrigo: - das estações - barraca militar cedida pelo Comando Militar do Planalto, do Exército Brasileiro. - dos operadores - três barracas do tipo canadense. 2. Informamos-lhe ainda que os indicativos de chamada das estações já foram requeridos com a ANATEL. Estamos a seu dispor para mais informações, se necessárias. Na expectativa de resposta favorável, subscrevemo-nos. Atenciosamente, PAULO ANTONIO OUTEIRO HERNANDES Secretário Ex.mo Sr. Vice-Almirante JOSÉ DA SILVA PEREIRA DD. Comandante do 2º Distrito Naval Rua Conceição da Praia, 335 40015-250 - Salvador (BA) FONTE: Disponível em: <http://www.paulohernandes.pro.br/dicas/001/dica082.html>. Acesso em: 13 out. 2011. TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS 93 3.5 REQUERIMENTO O requerimento é um documento utilizado para solicitar informações ou para fazer pedidos a um organismo público, a uma instituição ou ainda a uma autoridade. Ele possui características próprias e pode ser tanto manuscrito como digitado. Ele deve ser entregue pessoalmente, em duas vias: uma das vias protocoladas é sua, ou deve ser enviado pelos correios com Aviso de Recebimento (AR). 3.5.1 Escritura e modelo Um requerimento bem estruturado e escrito ajuda a autoridade competente a melhor compreender aquilo que lhe é pedido. Geralmente, após o vocativo, dez espaços são deixados destinados ao despacho da autoridade competente e sempre se finaliza com o pedido. Observe as partes de um requerimento: • identificação (a quem o requerimento é dirigido); • introdução (que contém os dados pessoais do requerente: nome, naturalidade, idade, profissão etc.); • mensagem e/ou exposição (que manifesta o pedido e as razões que justificam o motivo do pedido enumerando, de forma ordenada, os argumentos e as causas); • petição: espaço onde se expressa o que se solicita à pessoa ou entidade a que é dirigido o requerimento (pode-se utilizar: SOLICITO a V. Ex.ª que...); • fecho: consta de três elementos (expressão da conclusão: Pede deferimento; data: escrita por extenso, antecedida da indicação do lugar e assinatura do requerente). Quanto à apresentação, deve-se utilizar uma folha branca; separar os diferentes pontos do requerimento; adequar as formas de tratamento à entidade a que se destina. Se você não recorda os pronomes de tratamento que se utilizam para determinada autoridade, não se preocupe! Na Unidade 3: A Gramática e suas partes, deste caderno, no Tópico 1, item 3: As características de cada classe, você vai encontrar: PRONOMES e OS PRONOMES DE TRATAMENTO. UNI 94 UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL SENHOR DIRETOR (OU PRESIDENTE) DA (EMPRESA, OU ÓRGÃO) (seu nome), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº (informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado à rua (informar endereço), nesta cidade, vem respeitosamente à presença de Vossa Senhoria informar que (expor aqui as razões que o levam a formular o pedido). Dessa forma, requer (colocar aqui o seu requerimento). NestesTermos, Pede Deferimento. Localidade, dia, mês e ano. FONTE: Adaptado de: <http://www.tudobox.com/72/modelo_de_requerimento.html>. Acesso em: 16 out. 2011. 3.6 E-MAIL O
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