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16/03/2014 1 Conceitos em pesquisa experimental Ana Paula Goulart 1.1.INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO Reagentes Biológicos → Resultados Fidedignos Evolução do conhecimento → Criação e Experimentação Animal Animais de Laboratório → Avanço na Ciência e Tecnologia Anteriormente → Simples instrumentos de trabalho (mal necessário) AnimaisAnimais DefinidosDefinidos:: � Criados e produzidos sob condições ideais. � Mantidos em ambientes controlados. � Acompanhamento microbiológico e genético. ____________________________________________________________________________________________________________________________ 2 ____________________________________________________________________________________________________________________________ 2. HISTÓRICO2. HISTÓRICO � Início da utilização de animais → Aristóteles, Galeno e Hipócrates � Séc. XVIII: Animais de laboratório Verdadeiras ferramentas de trabalho ↓ � No Brasil (até a déc. 70): Situação Precária, principalmente por: � Falta de pessoal treinado; � Falta de controle de doenças; � Desorganização no fornecimento de animais; � Falta de informação dos pesquisadores; � Falta de dietas bem formuladas e � Falta de proteção legal dos animais. 3 3. IMPORTÂNCIA3. IMPORTÂNCIA ____________________________________________________________________________________________________________________________ • Prevenção, Tratamento e Cura de doenças. • Controle de produtos farmacêuticos. • Produção e desenvolvimento de vacinas. Bem-estar do homem 4 Animais Silvestres Animais Domésticos Animais de Laboratório O emprego de várias espécies para fins exploratórios e experimentais, permitiu o estabelecimento de diferenças entre os animais , classificando-os em três grandes grupos, de acordo com vantagens e desvantagens de sua utilização ↓ 4. TIPOS DE POPULAÇÕES DE ANIMAIS4. TIPOS DE POPULAÇÕES DE ANIMAIS ____________________________________________________________________________________________________________________________ 5 ANIMAIS SILVESTRESANIMAIS SILVESTRES Vantagens:Vantagens: - Avaliação da frequência de uma doença na natureza. - Animais expostos ao ciclo natural da doença. - Avaliação da patogenicidade de um agente no seu ambiente natural. DesvantagensDesvantagens:: -- Informações escassas sobre várias espécies. - Dificuldade de manutenção em laboratório. - Portadores potenciais de agentes patogênicos. - Comportamento agressivo. - Risco de extinção da espécie. 6 16/03/2014 2 ANIMAIS DOMÉSTICOSANIMAIS DOMÉSTICOS VantagensVantagens:: - Vivem em ambiente semelhante ao do homem. - Muitas informações sobre as espécies. - Controle sobre o animal. - Animais dóceis. DesvantagensDesvantagens:: - Difícil manutenção em virtude do alto custo. - A utilização para outras finalidades inviabiliza o emprego em experimentação. 7 ANIMAIS DE LABORATÓRIOSANIMAIS DE LABORATÓRIOS ESPÉCIES UTILIZADASESPÉCIES UTILIZADAS � CÃES � GATOS � PRIMATAS � AVES � RATOS � CAMUNDONGOS � COBAIAS � INSETOS ESPÉCIES CONVENCIONAISESPÉCIES CONVENCIONAIS � RATOS � CAMUNDONGOS � HAMSTER � COBAIAS � COELHOS 8 ESPÉCIES CONVENCIONAISESPÉCIES CONVENCIONAIS (Modelos Ideais)(Modelos Ideais) Vantagens:Vantagens: - Fácil manutenção, manejo e observação. - Padronização do ambiente. - Pequeno porte. - Docilidade. - Grande amostragem. - Ciclo reprodutivo curto. - Fisiologia conhecida. - Padronização genética. Desvantagens:Desvantagens: - Vivem em ambiente totalmente artificial. - Dieta padronizada. - As doenças são artificialmente induzidas na grande maioria dos experimentos. 9 5. BIOTÉRIO5. BIOTÉRIO____________________________________________________________________________________________________________________________ Conceito:Conceito: Instalação dotada de características próprias, que atendam às exigências dos animais, proporcionando bem estar e saúde, para que possam responder satisfatoriamente aos testes neles realizados. Necessidades Básicas de um Biotério:Necessidades Básicas de um Biotério: 1. Instalações 2. Equipamentos, Materiais e Insumos 2.1 - Equipamentos: - Autoclave - Isoladores - Forno de esterilização - Máquina de lavar roupas - Balança Eletrônica de precisão 10 2.2 - Materiais: - Gaiolas de plásticos (polipropileno/policarbonato) - Tampa de aço inox, na forma de grade - Frasco de plástico (policarbonato) → bebedouro - Rolhas de borracha → tampas dos bebedouros - Bicos de aço inox → tampas das rolhas - Estantes para a acomodação das gaiolas - Mesa para manuseio dos animais 2.3 – Insumos: - Ração - Água - Maravalha 11 3. Modelo Animal 4. Rotinas e Procedimentos 5. Pessoal → Requisitos de um bioterista: - Saúde - Disciplina - Temperamento calmo - Responsabilidade - Respeito com o animal - Cuidado com o material - Gostar do que faz 12 16/03/2014 3 Componentes Ambientais do Biotério:Componentes Ambientais do Biotério: “ Tudo que circunda ou exerce efeito sobre o animal “ Tudo que circunda ou exerce efeito sobre o animal compõe seu ambiente.”compõe seu ambiente.” MICRO AMBIENTEMICRO AMBIENTE • Cama • Água • Ração • Odores MACRO AMBIENTEMACRO AMBIENTE • Instalações • Equipamentos • Temperatura • Umidade relativa do ar • Luminosidade • Ventilação • Ar • Ruídos 13 CAMACAMA Finalidade:Finalidade: - Absorver água e urina - Isolante térmico - Construção dos ninhos Características de uma boa Características de uma boa cama:cama: - Não ser oriunda de madeiras resinosas - Alto poder de absorção - Isolante térmico - Confortável - Desprovido de cheiro - Facilmente descartável, transportado, manuseado e estocado Tipos:Tipos: - Maravalha - Casca de arroz - Bagaço de cana-de-açúcar desidratado - Sabugo de milho triturado Tratamento:Tratamento: - Autoclavação (121°C/30min.) 14 ÁGUAÁGUA Qualidade:Qualidade: - Água potável para humanos ODORESODORES Tratamento:Tratamento: - Esterilização e acidificação → Impedir a veiculação de substâncias nocivas que podem comprometer a qualidade sanitária dos animais Oferta:Oferta: - ad libitum (livre acesso) Deve-se evitar odores indesejáveis: amônia e uréia ↓ Higienização adequada das gaiolas e ambiente 15 RAÇÃORAÇÃO Nutrição adequada:Nutrição adequada: Ração ideal: Industrializada � Verificar se é produzida com ingredientes de boa qualidade � Empresa possui condições de fabricação que atendam as exigências nutricionais e microbiológicas � Condições de atingir seu potencial genético, de crescimento, reprodução, longevidade e resposta ao estímulo. Ao escolher uma ração deve-se: 16 TEMPERATURATEMPERATURA Faixa ideal: 21°C – 24°C Controle: Termostato Mudanças bruscas: stress com queda da resistência ↑TEMP: queda na reprodução ↓TEMP: problemas respiratórios UMIDADE RELATIVA DO ARUMIDADE RELATIVA DO AR Faixa ideal: 45% – 55% Umidade alta: problemas respiratórios Ambiente seco: problemas respiratórios ressecamento de pele e mucosas 17 VENTILAÇÃO E ARVENTILAÇÃO E AR Sistema de ventilação adequado Controlar a temperatura e a umidade Diluir os possíveis poluentes químicos (resíduos de desinfetantes) Evitar a concentração de gases residuais e deficiência de oxigênio ↓ Trocas regulares do ar ↓ LUMINOSIDADELUMINOSIDADE Fotoperíodo: (ciclo luz/escuro) → 12 horas Afeta o comportamento e reprodução dos animais 18 16/03/2014 4 RUÍDOSRUÍDOS Produzem stress nos animais → Convulsões e até morte Medidas preventivas para controle: • Separação física dos animais • Pisos forrados • Gaiolas plásticas • Carrinhos com rodas de borracha • Sapatos com solados de borracha Aceitável: até 85 decibéis 19 66. . CRIAÇÃOE MANEJO DE RATOSCRIAÇÃO E MANEJO DE RATOS Taxonomia • Classe: Mamalia • Ordem: Rodentia • Família: Muridae • Gênero: Rattus • Espécies: Rattus norvegicus (Rato Wistar) Rattus rattus (Rato Preto) � Utilizado na maioria dos biotérios � Primeira espécie de mamífero domesticada para fins científicos 20 Dados Fisiológicos Ciclo estral: 4-5 dias Período de gestação: 19-22 dias N° de filhotes/parto: ~ 8 Aleitamento: ~ 21 dias Puberdade: ~ 30 dias Maturidade sexual: Macho → 70 dias (250-300g) Fêmea → 80 dias (150-200g) Vida reprodutiva: até 9 meses de idade Tempo de vida: 2 anos 21 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL 22 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL HISTÓRICO NO BRASIL � 1934: Decreto Federal 24.645 determina a proteção a todos os animais sem exceção (mas não especifica os de laboratório). � 1979: Lei Federal n° 6.638: prevê algumas normas para o uso de animais na experimentação, mas não foi sancionada até o momento. � 1997: projeto de lei n° 03964-1997: proposto por várias entidades brasileiras envolvidas com a experimentação animal, a fim de finalmente regulamentar esta atividade no Brasil. 23 • � Muitas instituições, por iniciativa independente, já criaram Comitês de Ética em Pesquisa Animal, com base nos Princípios Internacionais para a Pesquisa Biomédica Envolvendo Animais, instituído em Genebra em 1985. 24 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL 16/03/2014 5 Princípio dos “3 RS” (RUSSEL E BURCH, 1959) Refinement (refinamento), Reduction (redução), Replacement (substituição). 1. Refinamento: � Modificações nos procedimentos experimentais visando à diminuição do estresse e dor e aumento do bem-estar do animal. Exemplos: condições sanitárias adequadas; uso de analgésicos eficientes sempre que houver dor; fim antecipado do experimento quando não são obtidos os resultados esperados. 25 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL 2. Redução: � Diminuição do número de animais usados ou a máxima utilização possível de cada animal. Exemplos: uso de delineamento estatístico adequado; uso de animais em mais de um experimento sempre que possível; estudos- piloto in vitro. 26 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL 3. Substituição: � Substituição relativa: uso de métodos científicos alternativos com animais, mas que não causem desconforto. Substituição absoluta: uso de métodos científicos alternativos sem o uso de animais. 27 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL SEMPRE QUE POSSÍVEL DEVE-SE PROCURAR REALIZAR A SUBSTITUIÇÃO ABSOLUTA Princípio dos “15 Rs” (David Morton) � Considera não só os aspectos éticos, mas também o bem-estar animal (ampliação do Princípio “3 Rs”). 1 Reduza o número usado. 2 Refine as finalidades e procedimentos. 3 Substitua (Replace) por métodos in vitro sempre que possível. 4 Respeite todos os animais, independente da espécie. 5 Reconheça qualquer efeito adverso do experimento. 6 Alivie (Relieve) a dor e a ansiedade com medicação adequada. 28 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL 7 Recuse levar adiante qualquer experimento, se este o preocupa. 8 Reconsidere o protocolo experimental se há insegurança em fazê-lo. 9 Leia (Read) sobre conteúdos de ciência e ética. 10 Reflita sobre os trabalhos que você já fez. 11 Realize a pesquisa apenas com um objetivo claro. 12 Registre todas as suas observações cuidadosamente. 13 Reavalie sempre a relação custo-benefício. 14 Reavalie sempre a técnica, para torná-la eficiente. 15 Dedique-se (Resolve) a aprender novas técnicas. 29 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL Postula-se: ARTIGO I – Todas as pessoas que pratiquem a experimentação biológica devem tomar consciência de que o animal é dotado de sensibilidade, de memória e que sofre sem poder escapar à dor; ARTIGO II - O experimentador é, moralmente, responsável por suas escolhas e por seus atos na experimentação animal; 30 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL 16/03/2014 6 Artigo III - É de responsabilidade moral do experimentador a escolha de métodos e ações de experimentação animal. Artigo IV - É relevante considerar a importância dos estudos realizados através de experimentação animal quanto a sua contribuição para a saúde humana em animal, o desenvolvimento do conhecimento e o bem da sociedade. Artigo V - Utilizar apenas animais em bom estado de saúde. 31 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL Artigo VI - Considerar a possibilidade de desenvolvimento de métodos alternativos, como modelos matemáticos, simulações computadorizadas, sistemas biológicos "in vitro", utilizando-se o menor número possível de espécimes animais, se caracterizada como única alternativa plausível. Artigo VII - Utilizar animais através de métodos que previnam desconforto, angústia e dor, considerando que determinariam os mesmos quadros em seres humanos, salvo se demonstrados, cientificamente, resultados contrários. 32 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL Artigo VIII - Desenvolver procedimentos com animais, assegurando-lhes sedação, analgesia ou anestesia quando se configurar o desencadeamento de dor ou angústia, rejeitando, sob qualquer argumento ou justificativa, o uso de agentes químicos e/ou físicos paralisantes e não anestésicos. Artigo IX - Se os procedimentos experimentais determinarem dor ou angústia nos animais, após o uso da pesquisa desenvolvida, aplicar método indolor para sacrifício imediato. 33 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL Artigo X - Dispor de alojamentos que propiciem condições adequadas de saúde e conforto, conforme as necessidades das espécies animais mantidas para experimentação ou docência. Artigo XI - Oferecer assistência de profissional qualificado para orientar e desenvolver atividades de transportes, acomodação, alimentação e atendimento de animais destinados a fins biomédicos. 34 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL Artigo XII - Desenvolver trabalhos de capacitação específica de pesquisadores e funcionários envolvidos nos procedimentos com animais de experimentação, salientando aspectos de trato e uso humanitário com animais de laboratório. 35 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL CONCLUSÕES � A visão do passado na qual o animal era mera ferramenta de trabalho evoluiu e atualmente entende-se o animal experimental como um ser vivo que merece respeito. � Para que seja justificado eticamente, um experimento com animais só deverá ser realizado quando gerar um conhecimento novo, que não possa ser obtido por método científico alternativo e que beneficiará de forma imediata ou eventual a sociedade humana ou os outros animais. 36 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL 16/03/2014 7 � A tendência é que experimentos com animais sejam substituídos gradativamente por métodos científicos alternativos (pesquisa e ensino), sem prejuízo dos resultados demonstrativos e das pesquisas: testes in vitro, modelos de computador, filmes e outros recursos áudio-visuais. � Sempre que for justificado o uso de animais, é preciso seguir critérios que proporcionem bem-estar e minimizem ou anulem o sofrimento e, principalmente, evitar o uso desnecessário de animais. 37 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL � Em muitas áreas científicas ainda se faz necessário o uso de animais experimentais e cabe ao pesquisador ter conhecimentoético suficiente para definir quando os animais devem ou não ser usados. 38 7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL7. ÉTICA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL
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