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PRÁTICA 01: DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE DE FLUIDOS NEWTONIANOS Gabriela Eliza Wagner, João Pedro Reinaldim Resumo: Neste experimento o principal objetivo é determinar como a viscosidade varia com o tempo, usando uma mistura de glicerina em álcool 30%, através de dois equipamentos: um viscosímetro de esfera e um viscosímetro capilar. Ao fim do experimento foi concluído que os resultados dos dois equipamentos se aproximam muito. 1. Introdução Definição de fluido: São substâncias que escoam e tomam a forma do recipiente quando passam por ele. Quando em equilíbrio, os fluidos não suportam forças tangenciais ou cisalhantes. Os fluidos apresentam graus de compressibilidade e pode-se notar certa resistência a deformações. São eles líquidos e gases. • Líquidos: quase totalmente incompressíveis e ocupam volumes definidos, possuem superfícies livres. • Gases: compressíveis e, dada uma massa de gás, esse expande-se até ocupar todo o recipiente. Aplicada uma força tangencial, chamada de tensão de cisalhamento, num fluido, esse se deforma continuamente, sendo essa tensão proporcional a taxa com que o fluido é deformado. A lei de Newton explica isso por meio da seguinte equação, definida para fluidos então chamados de newtonianos: Nessa equação, µ representa a viscosidade do fluido, que é uma medida de resistência a deformação. Na figura abaixo podemos observar como o fluido se comporta quando uma placa (nesse caso inferior) entra em movimento em determinada variação de tempo: 𝜏𝑦𝑥 = −𝜇 𝑑𝑣𝑥 𝑑𝑦 (1) Figura 1: Exemplos de perfis de velocidade. FONTE: BIRD, 2006. Já a viscosidade de um líquido depende muito da temperatura com que ele é trabalhado. O aumento da temperatura causa uma diminuição expressiva da viscosidade devido a redução das forças intermoleculares e o consequente aumento da velocidade individual das moléculas presentes no fluido. Existem muitos modelos para descrever esse aumento. Nessa prática, o adotado foi o seguinte: 2. Objetivos Ao realizar o experimento os principais objetivos são: calcular os valores de μ0 e E na equação 1 e determinar como a viscosidade de um fluido varia ao analisar como o tempo de escoamento dentro dos equipamentos muda com o aumento da temperatura, estabelecendo uma relação para estes dois acontecimentos. 3. Metodologia O primeiro passo para a realização do experimento foi usar um picnômetro para determinar a temperatura inicial do fluido, a massa e o volume deste. Assim é possível calcular a densidade inicial e como esta varia com o aumento da temperatura através da equação 3: 𝜇(𝑇) = 𝜇0𝑒 𝐸 𝑅𝑇 (2) 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝜌0(1 − 𝛽(𝑇 − 𝑇0)) (3) Neste experimento foram usados dois viscosímetros, como citado acima, um de esfera e outro capilar. Primeiramente usou-se o viscosímetro capilar, ao analisar este equipamento observa-se dois tubos parcialmente submersos em água, esta que é responsável pelo aquecimento do fluido ao aumentar a temperatura dela no painel de controle do viscosímetro. Para iniciar as medições utiliza-se um pipetador para subir o fluido até a marca superior do tubo da direita, ao tirar o pipetador da boca do tubo o líquido no seu interior começa a sofrer ação da gravidade, sendo escoado para baixo. Assim que o fluido passa a primeira marca o cronometro é disparado, parando somente quando o líquido passa na marca inferior. Depois que a primeira medida foi realizada, a temperatura do equipamento deve ser aumentada de 10 em 10ºC, aproximadamente, e a cada nova temperatura realizar o mesmo procedimento para determinar quanto tempo o líquido demora para escoar entre as duas marcas. Ao todo foram feitas 5 medidas. Em seguida, usou-se o viscosímetro de esfera, este equipamento funciona de maneira diferente ao capilar, porém seguindo o mesmo princípio de medir quanto tempo a esfera demora para escoar dentro do líquido. No tubo interior, onde se encontra a esfera, existem duas marcações, que serviram como referência para medir o tempo. Para efetuar a medida, bastou virar o viscosímetro de cabeça para baixo que a esfera, também pela ação da gravidade, escoou pelo fluido, o processo foi feito 3 vezes para cada temperatura, obtendo no fim uma média dos três tempos, o que deixa a medida mais exata e confiável. Depois da primeira medida, a temperatura era aumentada de 5 em 5ºC aproximadamente, foram feitas 9 medidas. Para realizar os cálculos dos resultados obtidos, usamos uma fórmula diferente para cada um dos equipamentos. Primeiro utiliza-se equações para calcular a viscosidade em cada temperatura, para ambos os viscosímetros. E depois usa-se a equação da melhor reta para determinar os valores desejados (μ0 e E). Como será discutido nos resultados. 4. Resultados Agrupando os dados obtidos dos experimentos e realizando os devidos cálculos que serão explicados abaixo obtém-se as seguintes tabelas: TABELA 1 – RESULTADOS PARA VISCOSÍMETRO CAPILAR T (ºC) t (s) ρfluido (g/cm3) μ (g/cm.s) 20,4 257 1,232 0,04794 30,13 160 1,228 0,029472 40,06 105 1,22 0,019215 50,01 72,94 1,212 0,01326 55,03 62,22 1,208 0,011274 Neste equipamento os cálculos foram realizados utilizando os dados do roteiro do experimento, a equação 2 para cálculo da densidade do fluido (ρfluido) e a equação 4 para calcular o valor de μ: Onde k é uma constante do equipamento fornecida no roteiro, k=0.00015 cm2/s2. 𝜇 = 𝑘𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜𝑡 (4) TABELA 2 – RESULTADOS PARA VISCOSÍMETRO DE ESFERA T (ºC) t1 (s) t2 (s) t3 (s) tmed (s) ρfluido (g/cm3) μ (g/cm.s) 11,1 4,63 4,71 4,59 4,64 1,243 0,038907 15,0 4,03 3,85 3,97 3,95 1,24 0,033135 20,0 3,29 3,28 3,44 3,34 1,236 0,027951 24,0 2,97 2,84 2,81 2,87 1,233 0,0241 28,0 2,56 2,47 2,37 2,47 1,229 0,020666 32,3 2,10 2,20 2,25 2,18 1,226 0,018323 36,5 2,06 2,19 2,03 2,09 1,223 0,017575 40,4 2,00 2,00 1,97 1,99 1,22 0,016742 44,6 1,69 1,72 1,75 1,72 1,216 0,014478 No viscosímetro de esfera o cálculo para determinar a densidade do fluido de acordo com a temperatura continua sendo o mesmo, usando a equação 3. Porém para encontrar o valor de μ será utilizada a equação 5: Onde k (constante do equipamento) e ρsol (densidade da esfera) possuem os seguintes valores: k=0.00122 cm2/s2 e ρsol=8.116g/cm3. Depois de calculados os resultados necessários, lineariza-se a equação 2 na forma Sabendo que ln μ representa y e 1/T representa x. Utilizamos os dados de ambas as tabelas, realizando as devidas conversões de unidades para que haja coerência nos resultados (transformar de ºC para K) para aplicação na equação 5, obtendo o seguinte gráfico: y = 3895,9x - 16,378 y = 2600,1x - 12,45 -5 -4,5 -4 -3,5 -3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,003 0,0031 0,0032 0,0033 0,0034 0,0035 0,0036 ln μ (g /c m .s ) 1/T (K-1) Resultados Linearizados CAPILAR ESFERA Linear (CAPILAR) Linear (ESFERA) 𝜇 = 𝑘(𝜌𝑠𝑜𝑙 − 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜)𝑡 (5) ln 𝜇 = ln 𝜇0 + 𝐸 𝑅𝑇 (6) Analisando esse gráfico algumas conclusões podem ser tiradas de antemão, que serão explicadas na seção de conclusão, como a clara diferença entre as duas curvas. Em teoria os dois equipamentos deveriam resultar em um mesmo valor para a viscosidade em uma certa temperatura. Com base nas equações obtidas pela linearização dos gráficos, pode-se calcular a viscosidade inicial (µ0) e a constante E. A partir da equação 6, pode-se compara-la a equação obtida com a equação da reta linearizada (y=ax+b), concluindo que: • O coeficiente angular da reta (a) pode ser igualado a 1/T; • O coeficiente linear da reta (b) podeser igualado a ln µ0. Assim, sendo a=3895,9 e b=-16,378 para o viscosímetro capilar e a=2600,1 e b=12,45 para viscosímetro de esfera, utilizando esses dados coletados dos gráficos, chega-se em: Viscosímetro capilar: µ0= 7,7.10 -9 g/cm.s e E=32,39.103 J/mol. Viscosímetro de esfera: µ0=3,9.10 -6 g/cm.s e E=21,61.103 J/mol. Obtendo os valores requeridos no objetivo do experimento. 5. Conclusões Observa-se que foi possível fazer o cálculo das constantes μ0 e E almejadas no começo do experimento, porém, com baixa precisão em relação às viscosidades medidas anteriormente. Isso se dá principalmente por falhas humanas, como por exemplo: montagem dos aparelhos, calibragem do picnômetro e medida dos tempos com o cronômetro. Também é possível que arredondamentos nos cálculos tenham influenciado no resultado do experimento. Também se conclui que ao aumentar a temperatura deste fluido a viscosidade do mesmo diminui, fato que esta diretamente relacionado ao menor tempo de escoamento observado. 6. Referências Bibliográficas PORDEUS, Roberto Vieira. Fenômenos de Transporte - Mecânica dos Fluidos: Considerações e propriedades dos fluidos. Disponível em: <http://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/111/arquivos/CAP_1_DEFINI COES.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2018. BIRD, Robert Byron; LIGHTFOOT, Edwin N.; STEWART, Warren E.. Fenômenos de Transporte. 2. ed. Ltc, 2004.
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