Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA QUÍMICA DISCIPLINA: LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE PELA LEI DE STOKES RELATÓRIO Nº 1 Discente: Filipe Samuel Rodrigues Ferraz Matrícula: 115110954 Docente: Eudésio Oliveira Vilar Parte 1: Laboratório de Engenharia Química – CW Parte 2: Laboratório de Engenharia Eletroquímica - CX Data do experimento: Parte 1: 31 de Maio de 2017 Parte 2: 7 de Junho de 2017 Campina Grande – PB 2 Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3 1.1. Objetivos ...................................................................................................................... 3 1.1.1. Objetivos gerais .................................................................................................... 3 1.1.2. Objetivos específicos ............................................................................................ 3 1.2. Abordagem teórica ....................................................................................................... 3 1.2.1. Fluidos .................................................................................................................. 3 1.2.2. Classificação dos fluidos ...................................................................................... 3 1.2.3. Viscosidade ........................................................................................................... 4 1.2.4. Lei de Stokes ........................................................................................................ 5 1.2.4. Viscosímetro Cannon-Fenske ............................................................................... 7 2. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 8 2.1. Materiais necessários ................................................................................................... 8 2.1.1. Parte 1 – Utilização da Lei de Stokes para a determinação do coeficiente de viscosidade .......................................................................................................................... 8 2.1.2. Parte 2 – Utilização do viscosímetro de Ostwald para a determinação do coeficiente de viscosidade ................................................................................................... 8 2.2. Metodologia ................................................................................................................. 8 2.2.1. Aplicação da Lei de Stokes .................................................................................. 8 2.2.2. Uso do viscosímetro de Fenske ............................................................................ 9 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 10 4. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 12 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 13 ANEXOS ........................................................................................................................... 14 3 1. INTRODUÇÃO O estudo da viscosidade é de suma importância na Engenharia Química, sendo este essencial na instrução dos fenômenos de transporte, no dimensionamento de bombas, em análises de vazões de fluxo e regimes de escoamento. 1.1. Objetivos 1.1.1. Objetivos gerais Deseja-se explorar as contribuições de Stokes no estudo da viscosidade por meio de técnicas destinadas às análises de fluídos líquidos e newtonianos. 1.1.2. Objetivos específicos Tem-se como objetivos específicos a determinação da constante de viscosidade do óleo de soja Soya ®, além disso, deseja-se realizar uma melhor distinção entre os conceitos de viscosidade dinâmica e cinemática. 1.2. Abordagem teórica 1.2.1. Fluidos Um fluido é caracterizado como uma substância que se deforma continuamente quando submetida a uma tensão de cisalhamento, não importando a quão pequena possa ser essa tensão. Os fluidos incluem os líquidos, os gases, os plasmas e, de certa maneira, os sólidos plásticos [1]. A principal característica dos fluidos está relacionada a propriedade de não resistir a deformação e apresentam a capacidade de fluir, ou seja, possuem a habilidade de tomar a forma de seus recipientes. Esta propriedade é proveniente da sua incapacidade de suportar uma tensão de cisalhamento em equilíbrio estático [2]. 1.2.2. Classificação dos fluidos Os fluidos podem ser classificados como: Fluido Newtoniano ou Fluido Não Newtoniano, dentre estes, tem-se os plásticos e pseudoplásticos de Bingham, os dilatantes, os Newtonianos e os pseudoplásticos, todos relacionados de acordo com o gráfico apresentado na Figura 1 que relaciona a tensão de cisalhamento com a taxa de deformação [1][2]. 4 FIGURA 1 – Comportamento reológico dos fluidos Esta classificação está associada à caracterização da tensão, como linear ou não-linear no que diz respeito à dependência desta tensão com relação à deformação e à sua derivada. 1.2.3. Viscosidade A viscosidade é uma resistência que o fluido apresenta ao escoamento. Sendo que essa resistência é definida como o atrito interno que é resultante do movimento de uma camada de fluido em relação à outra [3]. FIGURA 2 – Comportamento de um fluido em placas paralelas Tem-se que a força por unidade de área na placa superior da ilustração acima é dada por: 𝐹 𝐴 = 𝜇 𝑉 𝑑 Isto é, a tensão cisalhante é igual ao produto da viscosidade pela taxa de deformação, V/d, sendo d a distância entre as placas. 5 Um fluido que responde à tensão cisalhante (F/A) desta maneira é chamado de fluido Newtoniano, pois o fluido possui viscosidade independente. Muitos dos fluidos nos quais se deseja medir a velocidade são Newtonianos, exemplos disso são água, leite, e os óleos leves. Quando são não-Newtonianos, como as tintas, o ketchup, os fluidos poliméricos, etc[2][3]. A viscosidade é uma propriedade que sofre influencia da temperatura. Sendo que em fluidos líquidos, quando se aumenta a temperatura a viscosidade diminui, e em fluidos gasosos, quando se aumenta a temperatura a viscosidade aumenta. Sendo que essa variação de temperatura pode ser explicada examinando se o mecanismo de viscosidade[2]. Em fluidos com pressões moderadas, a viscosidade é independente da pressão e depende somente da temperatura. Em fluidos com pressões muito altas, a viscosidade dos gases e da maioria dos líquidos não tem lei bem definida de variação com a pressão[4]. A viscosidade dinâmica (μ) é dada em termos de força requerida para mover uma unidade de área a uma unidade de distância. A unidade dessa viscosidade é dada geralmente em Pa∙s, P (Poise), cP, lb/Ft s, onde P = g/cm∙s e 1P = 100 Cp [3]. A Viscosidade Cinemática (ν) é a relação entre a viscosidade dinâmica (μ) pela densidade (ρ), onde a unidade dessa viscosidade dada geralmente em m²/s ,ft2/s, St (Stokes), cSt (CentiStokes). Obs.: cm²/s = St (Stokes), 1 St = 100 cSt [3]. 1.2.4. Lei de Stokes Essa lei relaciona o tamanho de uma esfera e a velocidade de queda dela. Como representado na Figura 3, existem três forças que atuam sobre a esfera: uma força gravitacional descendente (Fg), uma força de flutuação ascendente (Fb) e uma força de arraste de sentido para cima (Fd). A força gravitacional é função da aceleração da gravidade e da massa da partícula e, por consequência, diâmetro e densidade da esfera. A força de flutuação é uma funçãoda massa de fluido deslocada pela esfera e assim, o diâmetro e a densidade do fluido. E a força de arraste é uma função do tamanho da esfera e da viscosidade e assim, do diâmetro e da viscosidade do fluido [5]. 6 FIGURA 3 – Diagrama de forças de uma esfera em queda livre envolvida por um fluido. A Lei de Stokes é geralmente aplicada para o escoamento de um fluido viscoso incompressível em torno de uma esfera para número de Reynolds menor que 1, em que a influência da força viscosa aqui denominada como Farraste sobre o movimento da esfera vale [2][5]: Farraste = 6 ∙ π ∙ r ∙ μ ∙ vesf Onde r é o raio da esfera, μ é a viscosidade dinâmica e vesf a velocidade do escoamento da esfera ao longo do fluido, também conhecida como velocidade terminal. Ademais, é possível encontrar a velocidade de uma esfera caindo em um fluido pelo balanço das forças atuantes nesta. Assim sendo, tem-se a soma do empuxo à força de arraste em reação a força do seu peso [5]: 4 3 ∙ π ∙ r ∙ 3 ∙ γfluido + 6 ∙ π ∙ r ∙ vesf = 43 ∙ π ∙ r ∙ 3 ∙ γesfera Em que: γfluido é o peso específico do fluido e γesf o peso específico da esfera, sendo estes o produto das massas específicas pela gravidade. Resolvendo para descobrir o valor “μ”, chega-se à clássica expressão da Lei de Stokes [5]: μ = 2 9 ∙ r2 ∙ g ∙ ρesfera − ρfluido vesfera A velocidade terminal é então corrigida seguindo o modelo de correção empiríco abaixo[6]: vesfera = vmed ∙ (1 + 2,4 ∙ resfera Rtubo ) Onde Rtubo é o raio do meio de queda da esfera. http://www.engquimicasantossp.com.br/2013/10/numero-de-reynolds.html http://www.engquimicasantossp.com.br/2015/04/viscosidade-dinamica-e-cinematica.html 7 1.2.5. Viscosímetro Cannon-Fenske Esse viscosímetro consiste em um tubo em U, apresentado na Figura 4, onde um dos seus ramos é um tubo capilar fino ligado a um reservatório superior. Sendo que o tubo é mantido na vertical e coloca-se uma quantidade conhecida de um líquido no reservatório, deixando-o escoar sob a ação da gravidade através do capilar [3]. FIGURA 4 – Viscosímetro de Fenske A medida da viscosidade é o tempo que a superfície de líquido no reservatório demora a percorrer o espaço entre duas marcas gravadas sobre o mesmo, esta medição é feita com o cronômetro associado ao viscosímetro, onde este aplica uma diferença de pressão que acarreta uma sucção, elevando o fluido de estudo até pouco acima da marca de aferição do tempo de escoamento, no bulbo de segurança. Em sequência, o equipamento libera o fluido e o tempo entre as marcações é então demarcado [3]. FIGURA 5 – Fotografia do equipamento conjunto utilizado em laboratório 8 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Materiais necessários 2.1.1. Parte 1 – Utilização da Lei de Stokes para a determinação da viscosidade dinâmica • Balança analítica Marte ® modelo AW220; • Cronômetro; • Esferas de Vidro (Densidade 𝜌 = 2,57𝑔/𝑐𝑚3); • Óleo de Soja (Soya®); • Provetas graduada com volume igual a 2L com marcações feitas com fita adesiva colorida; • Régua; • Vidro relógio. 2.1.2. Parte 2 – Utilização do viscosímetro de Fenske para a determinação da viscosidade cinemática • Viscosímetro de Fenske (referência: 520 20 – k = 0, 0,09247); • Água destilada; • ViscoSystem AVS 350 - SCHOTT®. 2.2. Metodologia 2.2.1. Aplicação da Lei de Stokes Primeiramente, foram selecionadas cinco esferas. Em seguida, as esferas foram pesadas na balança analítica e o valor médio das massas foi então calculado. Desta forma o raio da esfera foi calculado por gravimetria. Além disso, foi coletada uma amostra de 25mL do óleo para posterior pesagem e cálculo da sua densidade. O procedimento realizado consiste em soltar as esferas o mais perto possível da superfície do óleo e, com o uso do cronômetro, faz-se a marcação do tempo necessário à passagem destas no espaço delimitado pelas fitas. O tempo médio para a queda foi então calculado. Em sequência, o cálculo de correção da velocidade terminal foi realizado para a posterior aplicação na Lei de Stokes: 9 vterminal = vmed. (1 + 2,4. r R ) sendo r o raio da esfera e R o raio da proveta. Esta, por sua vez, pode ser reavaliada como sendo: vterminal = h tmed . (1 + 2,4. r R ) onde h é altura medida entre as fitas posicionadas na proveta, que possui um valor de 30,5 cm, e 𝑡𝑚é𝑑 é o tempo médio calculado para a queda das esferas no óleo. Tendo determinado a velocidade terminal, o cálculo do coeficiente de viscosidade (𝜇) foi realizado com o uso da equação da Lei de Stokes: μ = 2 9 r2. g. ρesfera − ρlíquido vterminal Os cálculos realizados encontram-se em anexo. 2.2.2. Uso do viscosímetro Nesse método, o objetivo principal é avaliar o tempo de escoamento do fluido entre as marcações do viscosímetro, situadas abaixo do bulbo de segurança. Inicialmente o viscosímetro foi preenchido de modo que o bulbo maior estivesse cheio. Em seguida, com o auxílio do ViscSystem, utilizou-se da sucção para que a água atingisse o bulbo de segurança estando assim o equipamento pronto para o uso. Em seguida, o viscosímetro foi preso ao suporte metálico de modo que os seus dois tubos fossem posicionados de forma paralela. Desta forma, a cronometragem foi iniciada e os tempos de escoamento entre as faixas de aferição foram coletados. Para as três medidas de tempo aferidas, foi calculado o tempo médio do escoamento, sendo este 13,51 segundos. Foi feita a posterior aplicação na equação da viscosidade cinemática: v = k. t Os cálculos se encontram em anexo. 10 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para o estudo da viscosidade dinâmica os valores obtidos para o tempo de queda por bolinha estão contidos na Tabela 1 que se encontra abaixo. A massa média obtida das esferas é de 0,05498 gramas. O valor da densidade do óleo obtida foi de 0,896g/cm3. Tabela 1 – Tempo de queda das esferas Esfera Tempo (segundos) Esfera 1 2,18 Esfera 2 2,19 Esfera 3 2,19 Esfera 4 2,24 Esfera 5 2,17 Fonte: Elaborada pelo autor Os valores foram utilizados para o cálculo do tempo médio de queda, sendo este de aproximadamente 2,194 segundos. Em seguida, o raio das esferas foi calculado com base na massa média obtida, o valor calculado foi de aproximadamente 0,1722 centímetro. Esse valor foi utilizado para a realização da correção da velocidade terminal. O valor obtido para a velocidade média foi de 13,9 cm/s. Para a velocidade terminal, obteve-se 15,33 cm/s. Em sequência, no cálculo da viscosidade dinâmica, o valor obtido foi de 𝜇 = 0,706 g/cm.s. O valor fornecido pela literatura a 20º C [7] é μ = 0,675 g/cm.s , sendo assim, o erro obtido é calculado: 𝐸% = |0,675 − 0,706| 0,675 . 100% = 4,6% valor que encontra-se em um intervalo de tolerância aceitável com base nas condições de realização do experimento. Para o estudo da viscosidade cinemática, realizado em um segundo dia em outro laboratório, utilizou-se de o viscosímetro de número 520 20 que possui uma constante k = 0,09247 mm2/s2 = 0,0009247 cm2/s2. 11 Foi então calculada a viscosidade cinemática, obtendo-se um valor μ = 0,0124 Stokes (cm2/s). Em seguida, com o uso da massa específica da água à 20ºC, fornecida pela literatura [8] sendo assim, o erro obtido é calculado a partir de um dado da viscosidade dinâmica da água fornecida pela mesma fonte: 𝐸% = |0,0102 − 0,0124| 0,01002 . 100% = 14,3% valor que pode-se considerar aceitável, dadas as condições de realização do experimento. 12 4. CONCLUSÕES O experimento foi concluído com acurácia apreciável, sendo possível compreender os conceitos de viscosidade de um fluido e a influência desta no seu comportamento dinâmico. A influência da temperatura, imprecisão da cronometrageme incerteza nos cálculos dos raios das esferas, podem ter influenciado nas medidas aferidas, ocasionando erros percentuais consideráveis em relação aos valores obtidos na literatura. 13 REFERÊNCIAS 1 - WELTY, WILSON e WICKS; Fundamentals of Momentum, Heat and Mass Trasfer. Ed John Wiley & Sons, 1976. 2 - BIRD, STEWART & LIGHTFOOT; Fenômenos de Transporte. Ed. LTC 2ª Ed. 2004 3 - http://www.engquimicasantossp.com.br/2015/04/viscosidade-dinamica-e- cinematica.html Acessado em 09 de Julho de 2017. 4 - http://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/111/arquivos/CAP_1_DEFINI COES.pdf. Acessado em 09 de Julho de 2017. 5 - http://www.engquimicasantossp.com.br/2013/10/lei-de-stokes.html 6 - Apostila de Laboratório de Engenharia Química I. Departamento de Engenharia Química. UFCG. 7 - http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/chemicalengineeringproceedings/ cobeqic2015/195-32767-264130.pdf 8 - http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Agua02.html http://www.engquimicasantossp.com.br/2015/04/viscosidade-dinamica-e-cinematica.html http://www.engquimicasantossp.com.br/2015/04/viscosidade-dinamica-e-cinematica.html http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/chemicalengineeringproceedings/%20co http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/chemicalengineeringproceedings/%20co 14 ANEXOS ANEXO 1 - Cálculos referentes a aplicação da Lei de Stokes Cálculo do tempo médio de queda: tméd = 2,18 + 2,19 + 2,19 + 2,24 + 2,17 5 = 2,194 Cálculo da massa média das esferas: m = mtotal 5 = 0,2749g 5 = 0,05498g Cálculo da densidade do óleo: ρóleo = m V = 22,54g 25mL = 0,896g mL = 0,896g cm3 Cálculo do raio das esferas: ρ = m V → ρ = m 4 3 . π. r 3 r = √ 3 4 . m π. ρ 3 = √ 3 4 . 0,05498g π. 2,57g/cm3 3 r = 0,1722 cm Cálculo da velocidade terminal: vterminal = vméd. (1 + 2,4. r R ) → vterminal = h tméd . (1 + 2,4. r R ) vterminal = 30,5 2,194 . (1 + 2,4. 0,1722 4 ) vterminal = 15,33cm/s Aplicação da Lei de Stokes (medidas em sistema C.G.S) μ = 2 9 r2. g. ρesfera−ρlíquido vterminal μ = 2 9 0,17222. 981. 2,57 − 0,896 15,33 μ = 0,706 g cm. s 15 ANEXO 2 - Cálculos referentes ao uso do viscosímetro de Fenske Cálculo do tempo médio das aferições: tm = 13,48 + 13,52 + 13,55 3 = 13,51s Cálculo da viscosidade cinemática: 𝑣 = 0,0009247cm2 s ∙ 13,51 𝑣 ≈ 0,0125 ( cm2 s ) Cálculo da viscosidade dinâmica: μ = v ∙ ρ μ = 0,0125cm2 s ∙ 0,9982g cm3 = 0,0124g cm ∙ s
Compartilhar