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Aula 7 Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Compreensão e Interpretação de Texto Professor: Albert Iglésia Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2 2 Olá! Nesta aula de Língua Portuguesa, focalizarei aquilo que é importante você saber para compreender e interpretar um texto em relação à FCC, que é a banca examinadora do concurso. Leitura, Análise e Interpretação de Texto • Texto, textualidade e contexto Você sabe o que realmente é um texto? Bem, a noção de texto recobre sempre a de um instrumento transmissor de mensagens, isto é, uma forma de comunicar uma intenção qualquer, por meio de uma ou mais palavras em sequência. Qualquer usuário de uma língua sabe identificar o que é e o que não é um texto, mas defini-lo torna-se um problema, pois sua realização envolve fatores de vários campos: linguísticos, pragmáticos e comunicativos. E isso envolve o contexto e os usuários da linguagem. Podemos ter uma infinidade de textos, desde uma pequena sequência, na forma de um pedido de socorro, ou um bilhete, por exemplo, ou sequências maiores, como uma notícia jornalística, um relatório, uma ata, um sermão ou um romance de mais de seiscentas páginas, ou ainda uma novela, um conto, uma sentença proferida por um juiz etc. Façamos um pequeno exercício de leitura e resumo da ideia central de cada fragmento abaixo. 1. “O guarda-noturno caminha com delicadeza, para não assustar, para não acordar ninguém. Lá vão seus passos vagarosos, cadenciados, cosendo sua própria sombra com a pedra da calçada [...].” (Crônica de Cecília Meireles intitulada O anjo da noite) 2. “A Polícia militar entrou ontem em choque de manhã com os moradores do bairro de Realengo (zona norte do Rio) que obstruíam, das 9h às 11h, duas pistas da Avenida Brasil, principal via de acesso ao Rio. Eles protestavam contra os atropelamentos perto do CIEP Thomas Jefferson, na Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3 3 margem da Avenida e pediam a construção de uma passarela para pedestres [...].” (Folha de São Paulo) Então, será que você compreendeu a ideia principal do que acabou de ler? Embora incompletos, os fragmentos dão a noção dos textos como um todo significativo e de sua intencionalidade, característica principal de um texto como uma unidade de sentido. O fragmento de Cecília fala da passagem do guarda-noturno pelas ruas desertas; o segundo trata de uma notícia de um confronto entre polícia e a população de um bairro no Rio (Realengo) com protestos por causa de atropelamentos na Avenida Brasil. Pela leitura dos fragmentos anteriores, você observou que todos pertencem a textos, elaborados como partes de uma unidade de comunicação intencional. E para se tornarem uma unidade de sentido, possuem uma característica fundamental, que é a textualidade. Chama-se textualidade ao conjunto de propriedades que uma manifestação verbal deve possuir para construir um texto. Pode-se dizer que é a textualidade que transforma qualquer sequência linguística em uma unidade de sentido; é ela que lhe dá coerência. Que tal examinarmos, por exemplo, a sequência abaixo e vermos se ela constitui um texto? Vamos lá? João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também os mísseis são caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço. Segundo a teoria da relatividade, o espaço é curvo. A geometria Rimaniana dá conta desse fenômeno. Percebeu como a sequência anterior não constitui um texto? E por quê? Porque, embora apareçam nela todos os elementos necessários à ligação entre os termos, não é possível estabelecer entre eles uma continuidade responsável pela unidade de sentido; dizemos, então, que a passagem não é um texto, por lhe faltar textualidade. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4 4 A textualidade atrela-se à noção de contexto ou situação. Qualquer falante sabe que a comunicação verbal não se realiza por meio de palavras ou frases isoladas, desligadas da situação em que são produzidas. Se alguém perguntar a um passante: – Você sabe onde fica a rua X? a pergunta feita naquela situação determinada deve indicar que o interpelante não quer apenas indagar se o outro sabe a localização da rua, mas que ele está lhe pedindo informação sobre como chegar até lá. Nessa situação, a pergunta torna-se um pedido de informação, ou auxílio. Se o inquiridor obtiver do transeunte simplesmente a resposta: – Sei. e este continuar o seu caminho, pode-se dizer que a sequência não constituiu o texto desejado, já que não comunicou a intenção específica. Dizemos que, nesse caso, não houve um texto interativo no sentido que estamos considerando aqui. Compreensão & Interpretação A compreensão (ou intelecção) de texto se realiza no nível do enunciado, isto é, tem a ver com o que está escrito no texto. A abordagem deve se limitar ao que está expresso nele. Não convém ao leitor fazer nenhuma extensão dele. É a forma mais simples e direta de lidar com o texto. Nas provas, a capacidade de compreender um texto é normalmente exigida do candidato por meio de questões que tratam de: – significação contextual de palavras e expressões; – sinônimos; – substituições de termos; – reescritura de frases sem alteração de sentido; – continuação lógica de um trecho; – ordenação da sequência correta dos trechos de um texto; – exame da referência de um termo. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5 5 Enfim, tem a ver com as relações internas. Já a interpretação requer do candidato capacidade de perceber a intencionalidade do texto. Nesse tipo de exercício, o concursando é levado a desenvolver e até a ultrapassar a mensagem literal contida em uma comunicação. Surge geralmente em questões que tratam do(a) – ideia central; – objetivo do texto; – “intenção do autor”; – “inferência” (cuidado com o verbo inferir, pois o que é afirmado não está explícito no texto; nele existem indícios, pistas). 1. (FCC/2013/DPE-SP/Oficial de Defensoria Pública) Sucede que a busca do novo pode conduzir à desintegração da linguagem artística... Mantendo-se a correção e a lógica, sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase, o verbo grifado acima pode ser substituído APENAS por: a) prosseguir. b) dirimir. c) acompanhar. d) levar. e) ocasionar. Comentário – Esta questão trata da compreensão do que lemos. Observe que o examinador diz que a substituição deve ocorrer “sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase”. Nesse caso, devemos considerar também a regência do verbo “conduzir”, que pediu um complemento introduzido pela preposição “a”. Apenas o verbo levar preserva o emprego da preposição “a”: Sucede que a busca do novo pode levar (algo/alguém) à desintegração da linguagem artística... Cuidado especial com o verbo ocasionar, pois outra alteração precisaria ser feita na frase: Sucede que a busca do novo pode ocasionar a Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Albert Iglésia 6 6 desintegração da linguagem artística... Note que agora a preposição desapareceu. O “a” é simplesmente artigo definido. Resposta – D Da utilidade dos prefácios Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres. Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda - o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio – fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto. Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7 7 como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético. (Aderbal Siqueira Justo, inédito) 2. (FCC/2014/TRT-16ª Região (AM)/Analista Judiciário) O primeiro e o segundo parágrafos estabelecem entre si uma relação de a) causa e efeito, uma vez que das convicções expressas no primeiro resultam, como consequência natural, as expostas no segundo. b) de complementaridade, pois o que se afirma no segundo ajuda a compreender a mesma tese defendida e desenvolvida no primeiro. c) inteira independência, pois o tema do primeiro não se espelha no segundo, já que o autor do texto quer apenas enumerar diferentes estilos. d) contraposição, pois a perspectiva de valor adotada no primeiro é confrontada com outra que a relativiza e nega no segundo. e) similitude, pois são ligeiras as variações do argumento central que ambos sustentam em relação à utilidade e à necessidade dos prefácios. Comentário – No primeiro parágrafo, o autor apresenta argumentos alheios desfavoráveis aos prefácios de textos. Já no segundo, ele expõe sua opinião sobre o tema e contradiz a crítica mencionada no parágrafo inicial. Resposta – D 3. (FCC/2014/TRT-16ª Região (AM)/Analista Judiciário) Considere as afirmações abaixo. I. No primeiro parágrafo, a assertiva “o prefácio seria um estraga-prazeres” traduz o efeito imediato da causa indicada na assertiva “os prefácios são textos inúteis”. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 8 8 II. No segundo parágrafo, o autor afirma que vai de encontro à tese defendida no primeiro porque pode ocorrer que um prefácio represente a parte melhor de um livro. III. No terceiro parágrafo, o autor se vale de uma ocorrência real para demonstrar que o gênio inventivo de escritores iniciantes propicia prefácios igualmente criativos. Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. Comentário – Item I: errado. A relação estabelecida entre as sentenças destacadas não é de causa e efeito (ou consequência), mas sim de adição. Em outras palavras, a frase transmite a ideia de que os prefácios acumulam duas características: são inúteis e, além disso, estraga-prazeres. Item II: certo. Não há grandes dificuldades aqui. O cuidado que você deve tomar é com o significado da expressão “de encontro à”, que significa oposição, ressalva, choque, colisão. Não confunda com ao encontro de, que transmite noção de afinidade, posição favorável. Item III: errado. O autor alega que o gênio inventivo de grandes escritores (“um grande poeta, dos maiores do Brasil”) pode propiciar bons prefácios a obras inexpressivas (“um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem”). Resposta – B Os povos indígenas que hoje habitam a faixa de terras que vai do Amapá ao norte do Pará possuem uma história comum de relações comerciais, políticas, matrimoniais e rituais que remonta a pelo menos três séculos. Essas relações até hoje não deixaram de existir nem se Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 9 9 deixaram restringir aos limites das fronteiras nacionais, estendendo-se à Guiana-Francesa e ao Suriname. Essa amplitude das redes de relações regionais faz da história desses povos uma história rica em ganhos e não em perdas culturais, como muitas vezes divulgam os livros didáticos que retratam a história dos índios no Brasil. No caso específico desta região do Amapá e norte do Pará, são séculos de acúmulo de experiências de contato entre si que redundaram em inúmeros processos, ora de separação, ora de fusão grupal, ora de substituição, ora de aquisição de novos itens culturais. Processos estes que se somam às diferentes experiências de contato vividas pelos distintos grupos indígenas com cada um dos agentes e agências que entre eles chegaram, dos quais existem registros a partir do século XVII. É assim que, enquanto pressupomos que nós descobrimos os índios e achamos que, por esse motivo, eles dependem de nosso apoio para sobreviver, com um pouco mais de conhecimento sobre a história da região podemos constatar que os povos indígenas dessa parte da Amazônia nunca viveram isolados entre si. E, também, que o avanço de frentes de colonização em suas terras não resulta necessariamente num processo de submissão crescente aos novos conhecimentos, tecnologias e bens a que passaram a ter acesso, como à primeira vista pode nos parecer. Ao contrário disso, tudo o que esses povos aprenderam e adquiriram em suas novas experiências de relacionamento com os não- índios insere-se num processo de ampliação de suas redes de intercâmbio, que não apaga - apenas redefine - a importância das relações que esses povos mantêm entre si, há muitos séculos, “apesar” de nossa interferência. (Adaptado de: GALLOIS, Dominique Tilkin; GRUPIONI, Denise Fajardo. Povos indígenas no Amapáe Norte do Pará: quem são, onde estão, quantos são, como vivem e o que pensam? São Paulo: Iepé, 2003, p.8-9) 4. (FCC/TJ-AP/Técnico Judiciário/2014) As culturas dos povos indígenas do Amapá e norte do Pará foram enriquecidas devido Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1010 a) ao processo de colonização, que permitiu que a civilização, trazida pelos brancos, substituísse as tradições locais. b) à chegada dos brancos na região, pois, até então, esses povos indígenas viviam afastados, sem interagir entre si. c) ao intenso contato entre esses povos, o que resultou em diferentes processos de adição ou substituição de itens culturais. d) aos acordos políticos e comerciais firmados entre o governo brasileiro e países com os quais faz fronteira. e) à interferência do branco nas relações entre esses povos, que se tornam pacíficas apenas a partir do século XVII. Comentário – O segundo parágrafo do texto é importante para a resposta correta. Nele consta que a imensa rede de relacionamentos desses povos trouxe enriquecimento cultural. Resposta – C 5. (FCC/TJ-AP/Técnico Judiciário/2014) Os povos indígenas do Amapá e norte do Pará a) preservam sua cultura evitando relações comerciais com povos de outros países. b) receberam influência dos não-índios sem se tornar necessariamente submissos a eles. c) vêm se tornando cada vez mais dependentes da tecnologia dos brancos. d) permaneceram alheios à tecnologia que os colonizadores trouxeram consigo três séculos atrás. e) lutam para garantir que suas tradições permaneçam inalteradas ao longo do tempo. Comentário – Agora é o terceiro parágrafo que nos dá a resposta. Nele consta que “o avanço de frentes de colonização em suas terras não resulta necessariamente num processo de submissão crescente aos novos conhecimentos, tecnologias e bens a que passaram a ter acesso”. Além disso, Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1111 lemos que a ampliação dos seus relacionamentos “não apaga - apenas redefine - a importância das relações que esses povos mantêm entre si, há muitos séculos”. Resposta – B Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum*, depois do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar. Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto simbólico. No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado. Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembleia que correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1212 recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo. No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza: – Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que... – Oh! meu senhô! fico. – ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos... – Artura não qué dizê nada, não, senhô... – Pequeno ordenado, repito, uns seis mil réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha. Justamente. Pois seis mil réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete. Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos. Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. [...] *Literalmente, “depois do golpe", “depois do fato". (Adaptado de: ASSIS, Machado de. "Bons dias!", Gazeta de Notícias, 19 de maio de 1888) 6. (FCC/2015/TRT-15ª Região/Analista Judiciário) O diálogo que se desenvolve a partir do 5º parágrafo Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1313 a) contrasta a altura do empregado com a pequenez inicial de seu salário, de maneira que se compreenda a prosperidade da nova condição de assalariado. b) evidencia, em frases como Tu vales muito mais que uma galinha, o valor humano que passam a ter os que eram antes considerados simples mercadoria. c) ilustra, em frases como Artura não qué dizê nada, não, senhô..., a mentalidade a que estava condicionado o escravo, que chega a falar em detrimento de si próprio. d) prevê o novo padrão das relações de trabalho, pautado por diálogo e negociação de direitos, persistente até a atualidade com empregados domésticos. e) demonstra a afeição que ligava senhor e escravo, rompida com o fim do regime de escravidão, como se pode ver nos parágrafos seguintes. Comentário – Alternativa A: errada. A nova condição do empregado não era próspera, pois um ex-escravo não tinha para onde ir logo após sua alforria. Além disso, essa comparação é ilógica, pois o salário de nenhum trabalhador (muito menos de um ex-escravo) costuma crescer proporcionalmente ao seu crescimento físico. Esse argumento é falacioso. Alternativa B: errada. Embora a liberdade do escravo já houvesse sido declarada formalmente, o patrão continuava a compará-lo com uma mercadoria, com um animal. Alternativa C: certa. A fala do empregado revela o seu condicionamento subserviente, capaz de levá-lo a menosprezar a si mesmo em detrimento do patrão. Alternativa D: errada. Não é bem assim. Na continuidade do próprio texto, fica evidenteque o patrão não perdeu velhos hábitos humilhantes de maus tratos. Isso evidencia que, na realidade, as relações de trabalho nunca foram harmônicas, a ponto de os assalariados terem seus direitos reconhecidos e mantidos facilmente por iniciativa da classe patronal. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1414 Alternativa E: errada. Os parágrafos seguintes revelam, como já comentado, o tratamento humilhante dado pelo patrão ao seu empregado. Resposta – C Significação Contextual de Palavras e Expressões É prudente tratar aqui das relações lexicais que podem influenciar a análise de um texto. São elas: a) Sinonímia – Palavras que indicam o mesmo objeto/referente. Exemplo: Longo e comprido era o corredor. As palavras destacadas são termos sinônimos, pois têm o mesmo referente: a dimensão do corredor. É possível, portanto, haver um objeto (referente) com várias denominações: carro, veículo, meio de transporte etc. Ocorre que também é possível que palavras como cara, rosto e face designem, conforme o contexto, referentes distintos. Veja os exemplos abaixo: Tem a cara de pau de sustentar a mentira. Seu rosto se enrubesceu. Cristo deu a outra face. Isso se dá porque sinônimos perfeitos não existem. E Embora se fale em palavras sinônimas, também existem frases sinônimas. Joana é a mulher de Marcelo. Marcelo é o marido de Joana. b) Antonímia – Vocábulos de significados opostos: dizer e desdizer; amar e odiar. Nem sempre é fácil detectar o grau de antonímia. Veja o caso de quente e frio, eles são antônimos? Sim, em princípio, mas o significado depende do contexto. Veja os exemplos: A coca-cola estava quente/fria. A sopa estava quente/fria. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1515 Não se serve coca-cola como sopa; logo coca-cola quente (não gelada) não equivale necessariamente à quentura de uma sopa (a 70 graus, por exemplo). Há gradações entre as características que nem sempre recobrem os mesmos referentes, pois seu emprego depende de um contexto situacional. c) Homonímia – São palavras diferentes no sentido, tendo a mesma escrita ou a mesma pronúncia. É o caso dos: Homônimos perfeitos (mesma grafia e pronúncia) Manga (tecido) Manga (fruta) Banco (móvel para assento de pessoas) Banco (instituição financeira) Homônimos homógrafos (mesma grafia) Esse (pronome) Esse (nome da letra S) Ele (pronome pessoal) Ele (letra do alfabeto) Homônimos homófonos (mesma pronúncia) Cela (aposento; mesmo que cadeia) Sela (arreio acolchoado que se coloca no dorso da cavalgadura e sobre o qual monta o cavaleiro) Os casos de homonímias não devem ser confundidos com os de polissemia semântica. No primeiro caso, há duas entradas distintas no dicionário. No segundo, trata-se de uma entrada apenas no dicionário e várias acepções derivadas, que vão se encaixando nos vários contextos, como os exemplos do uso de linha, a seguir: A linha era azul Dizem que a única mulher que andou na linha o trem matou. Esse ônibus faz a linha Norte-Sul. Pela polissemia, um mesmo vocábulo pode ter seu sentido estendido, por conotação (sentido figurado). Exemplo: Lia o livro de cabo a rabo (expressão que significa do começo ao fim – “cabo” remete a cabeça, a Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1616 parte do alto; “rabo”, ao final do corpo). Essa noção ficou cristalizada na língua, como outras tantas: até aí morreu o Neves; Inês é morta. Novamente o contexto é responsável pela definição do significado, que é atualizado em diferentes situações de uso. d) Paronímia – É a relação entre palavras que têm formas parecidas, mas cujos significados diferem, pois têm origens diferentes, como por exemplo: descrição e discrição; eminente e iminente, tráfico e tráfego, emigrar e imigrar. Apresento-lhe uma singela relação de homônimos e parônimos. Vale a pena conferir. acender = atear fogo ascender = subir acerca de = a respeito de, sobre cerca de = aproximadamente há cerca de = faz aproximadamente afim = semelhante, com afinidade a fim de = com a finalidade de amoral = indiferente à moral imoral = contra a moral, libertino, devasso apreçar = marcar o preço apressar = acelerar arrear = pôr arreios arriar = abaixar bucho = estômago de ruminantes buxo = arbusto ornamental caçar = abater a caça cassar = anular cela = aposento sela = arreio censo = recenseamento senso = juízo cessão = ato de doar seção ou secção = corte, divisão sessão = reunião chá = bebida xá = título de soberano no Oriente chalé = casa campestre xale = cobertura para os ombros cheque = ordem de pagamento xeque = lance do jogo de xadrez coser = costurar cozer = cozinhar deferir = conceder diferir = adiar descrição = representação discrição = ato de ser discreto descriminar = inocentar discriminar = diferençar, distinguir despensa = compartimento dispensa = desobrigação despercebido = sem atenção, desatento desapercebido = desprevenido discente = relativo a alunos docente = relativo a professores emergir = vir à tona imergir = mergulhar emigrante = o que sai imigrante = o que entra eminente = nobre, alto, excelente iminente = prestes a acontecer esperto = ativo, inteligente, vivo experto = perito, entendido espiar = olhar sorrateiramente expiar = sofrer pena ou castigo estada = permanência de pessoa estadia = permanência de veículo flagrante = evidente fragrante = aromático fúsil = que se pode fundir fuzil = carabina Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1717 comprimento = extensão cumprimento = saudação concertar = harmonizar, combinar consertar = remendar, reparar conjetura = suposição, hipótese conjuntura = situação, circunstância infligir = aplicar pena ou castigo infringir = transgredir, violar, desrespeitar intemerato = puro, íntegro, incorrupto intimorato = destemido, valente, corajoso intercessão = súplica, rogo interse(c)ção = ponto de encontro de duas linhas laço = laçada lasso = cansado, frouxo ratificar = confirmar retificar = corrigir soar = produzir som fusível = resistência de fusibilidade calibrada incerto = duvidoso inserto = inserido, incluso incipiente = iniciante insipiente = ignorante indefesso = incansável indefeso = sem defesa suar = transpirar sortir = abastecer surtir = originar sustar = suspender suster = sustentar tacha = brocha, pequeno prego taxa = tributo tachar = censurar, notar defeito em taxar = estabelecer o preço vultoso = volumoso vultuoso = atacado de vultuosidade e) Hiperônimo e Hipônimo – Palavras como “computador”, “monitor”, “impressora” e “teclado” apresentam certa familiaridade de sentido pelo fato de pertencerem ao mesmo campo semântico, ou seja, ao universo da informática. Já a palavra “equipamento” possui um sentido mais amplo, que engloba todas as outras. Nesse caso, dizemos que “computador”, “monitor”, “impressora” e “teclado” são hipônimos de “equipamento”. Por sua vez, “equipamento” é um hiperônimo das outras palavras. f) Denotação – Em semântica, a denotação de um termo é oobjeto ao qual o mesmo se refere. A palavra tem valor referencial ou denotativo quando é tomada no seu sentido usual ou literal, isto é, naquele que lhe atribuem os dicionários; seu sentido é objetivo, explícito, constante. Ela designa ou denota determinado objeto, referindo-se à realidade palpável. Ex.: O papel foi rabiscado por todos. (papel: sentido próprio, literal) A linguagem denotativa é basicamente informativa, ou seja, não produz emoção ao leitor. É informação bruta com o único objetivo de informar. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1818 É a forma de linguagem que lemos em jornais, bulas de remédios, em um manual de instruções etc. g) Conotação – Além do sentido referencial, literal, cada palavra remete a inúmeros outros sentidos, virtuais, conotativos, que são apenas sugeridos, evocando outras ideias associadas, de ordem abstrata, subjetiva. Conotação é, pois, o emprego de uma palavra tomada em um sentido incomum, figurado, circunstancial, que depende sempre de contexto. A linguagem conotativa não é exclusiva da literatura, ela é empregada em letras de música, anúncios publicitários, conversas do dia-a-dia, etc. Ex.: “Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”. (João 6:35) Vamos analisar um texto (um cartum do humorista Feifer) e perceber, por exemplo, como a noção de sinonímia das palavras nem sempre se recobre totalmente. “Eu pensava que era pobre. Aí, disseram que eu não era pobre, eu era necessitado. Aí, disseram que era autodefesa eu me considerar necessitado, eu era deficiente. Aí, disseram que deficiente era uma péssima imagem, eu era carente. Aí, disseram que carente era um termo inadequado. Eu era desprivilegiado. Até hoje eu não tenho um tostão, mas tenho já um grande vocabulário.” (In: SOARES, Magda. Linguagem e escola – uma perspectiva social. São Paulo, Ática, 1986. P. 52) No fragmento dado, podemos ver que o gênero textual já indica uma leitura político-ideológica para o texto. Trata-se de um texto humorístico, com uma finalidade de crítica social: enumerar os vários nomes (só aparentemente sinônimos) com que se costuma definir uma classe social (pobre, necessitado, carente, desprivilegiado etc.) não vai resolver o problema da pobreza no país. O único ganho para o pobre foi o aumento de seu vocabulário, o que não deixa de ser também uma crítica ao palavrório inútil daqueles que tentam resolver o problema das diferenças sociais no país, Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 1919 apenas com denominações eufemísticas; utilizam apenas novos nomes para os processos, que são desacompanhados das ações sociais. O texto humorístico presta-se a uma crítica social sobre o fato de haver “muitas palavras e pouca ação”. 7. (FCC/2013/TRT-18ª Região (GO)/Analista Judiciário) “Vive dentro de mim / uma cabocla velha / de mau olhado, / acocorada ao pé do borralho, / olhando pra o fogo.” [...] “Vive dentro de mim / a mulher proletária. / Bem linguaruda, / desabusada, sem preconceitos.” “Vive dentro de mim / a mulher da vida. / Minha irmãzinha... / tão desprezada, / tão murmurada...” De acordo com o contexto, os elementos sublinhados no trecho acima têm, respectivamente, o sentido de: a) dobrada - malcriada - lastimosa b) encostada - acanhada - renomada c) agachada - avançada - mal amada d) agachada - atrevida - mal falada e) encostada - acanhada - mal falada Comentário – A questão é fácil, mas requer exige do candidato um conhecimento maior sobre os significados de palavras do nosso vocabulário. Esse conhecimento vem naturalmente à medida que você aumenta seu hábito de leitura. Observe: – acocorada: que está de cócoras, agachada; – desabusada: atrevida, confiada, petulante; – murmurada: difamada, desacreditada. Resposta – D Coesão & Coerência Agora, vamos diferenciar os dois conceitos. A coesão refere-se aos vínculos que se estabelecem entre as partes de um enunciado ou de uma Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2020 sequência maior. A noção de coerência, embora muito ligada à de coesão, diz respeito mais ao processo de compreensão e de interpretabilidade de um texto. Podemos nos valer do quadro abaixo para melhor entender esses conceitos: Coesão Coerência Articulação entre palavras e enunciados do texto. Manutenção da sequência lógica de argumentação. Elementos coesivos (advérbios, conjunções, preposições, pronomes etc.). Não deve haver contradições e mudanças bruscas no rumo do pensamento. Relação sintática. Relação semântica. Observe o exemplo abaixo. Comprei três laranjas e coloquei-as no freezer, pois tencionava fazer uma salada de frutas bem geladinha com elas; mas, como fui à rua e me demorei muito, não pude aproveitá-las na salada porque ficaram todas congeladas. Nesse pequeno texto, há vários elementos que estabelecem ligação entre as partes dele, além do jogo verbal e da sequência de ações; enfim, são elementos reconhecíveis e que formam os elos entre os termos. Na próxima passagem, no entanto, há uma carência de elementos sintáticos de ligação entre os períodos que compõem o texto. Olhar fito no horizonte. Apenas o mar imenso. Nenhum sinal de vida humana. Tentava recordar alguma coisa. Nada. Como você pode perceber, o que permite dar um sentido ao texto é a possibilidade de se estabelecer uma relação semântica (SENTIDO) ou pragmática (INTERACIONAL) entre os elementos da sequência. Assim sendo, é possível admitir que a coerência é mais relevante Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2121 do que a coesão para a construção de um texto, embora os dois fatores sejam características importantes de todo bom texto. • Processos de coesão textual Existem determinados vocábulos na língua que não devem ser interpretados semanticamente por seu próprio sentido, mas sim em função da referência que estabelecem com outros itens. Um item referencial tomado isoladamente é vazio e significa apenas: procure a informação em outro lugar. Observem o exemplo seguinte: João é o maior empresário daqui. No Distrito Federal, não há outro que o supere. Repare que “João” é retomado no segundo período pelo pronome “o”; enquanto o advérbio “aqui”, no primeiro período, antecipa a circunstância de lugar indicada por “Distrito Federal”. No caso da retomada, temos uma anáfora. No caso de sucessão, uma catáfora. Observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto. Que tal treinarmos o emprego dos mecanismos de coesão a partir do texto abaixo? Vamos lá? Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por voltadas 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências. Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2222 Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7) Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira. O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara, uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não se conhecem as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a torre de controle também não tem informações. O laudo técnico demora no mínimo 60 dias para ser concluído. Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de Santa Cecília. 1. REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o texto. Observe que o vocábulo “avião” foi muito usado, principalmente por ter sido o veículo envolvido no acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição é um dos principais elementos de coesão do texto jornalístico, que, por sua Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2323 natureza, deve dispensar a releitura por parte do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a mais explícita ferramenta de coesão. 2. REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repetição parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico. Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da vítima de um acidente, como se observa com o elemento (7), na última linha do segundo parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebridades (políticos, artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a nominalização por meio da qual são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes femininos costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos casos em que os sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevantes e as identifiquem com mais propriedade. 3. ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que não foi necessário repetir-se a palavra “avião” logo após as palavras “piloto” e “co- piloto”. Numa matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o piloto será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse de um piloto de automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre outro exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Note que o (10) antes de “Apenas” é uma omissão de um elemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas escoriações e queimaduras. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2424 4. SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é a substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os principais elementos de substituição: 4.1 Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a idéia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome pessoal ela, contraído com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas (10) não sofreram ferimentos graves. Vejamos outros casos de substituições indicadas por pronomes: a) Muitos brasileiros estavam assistindo à corrida, mas isso não bastou para que Rubinho vencesse a prova (o pronome demonstrativo isso retoma a ideia, expressa anteriormente, de que muitos brasileiros estavam assistindo à corrida); b) Em época de fim de ano, as pessoas que trabalham com carteira assinada recebem o 13º salário, o que aquece a economia do país (o pronome demonstrativo o retoma o fato de as pessoas receberem o 13º salário); c) [...] Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira (o pronome relativo que retoma Sérgio Ricardo de Andrade - Sérgio Ricardo de Andrade morreu ao reagir a um assalto...); Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2525 d) A Jonas Ricardo foram atribuídas atitudes violentas. Segundo sua esposa, ele a agrediu na última segunda-feira... (o pronome pessoal ele retoma Jonas Ricardo; o pronome pessoal a retoma sua esposa). 4.2 Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo em que se referem a um elemento do texto, o qualificam. Essa qualificação pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida de modo que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado. a) [...] foram elogiadas por Fernando Henrique Cardoso. O presidente, que voltou hádois dias de Cuba, entregou-lhes um certificado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo); b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por exemplo, usar as formas: jogador do século, número um do mundo). 4.3 Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício, para conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos). 4.4 Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expressa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis, como sinal de protesto contra o aumento dos impostos. A paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que deriva de paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na matéria- exemplo). 4.5 Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um elemento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2626 uma classe ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O protesto foi a maneira encontrada... (protesto retoma toda a idéia anterior - da paralisação -, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações que se podem atribuir a eles). 4.6 Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de lugar. Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderiram... (o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios que comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc. Paráfrase & Paródia E por falar em “reescrever o texto”, esclareço que toda vez que uma obra faz alusão à outra, ocorre a intertextualidade. Isso se concretiza de várias formas. Aqui, abordarei aquela que costuma aparecer em provas e que pode ser cobrada no concurso que você fará, só que com uma outra “roupagem”: a paráfrase. Também farei distinção entre ela e a paródia (outra forma de intertextualidade). Inicialmente, exemplificarei cada uma dessas manifestações. Depois, comentarei as características que as distinguem. Texto Original Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá, As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2727 Paráfrase Meus olhos brasileiros se fecham saudosos Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? Eu tão esquecido de minha terra... Ai terra que tem palmeiras Onde canta o sabiá! (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”). Paródia Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar os passarinhos daqui não cantam como os de lá. (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”). Na paráfrase, as palavras são mudadas, porém a ideia do texto original é confirmada pelo novo texto; a alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. E não apenas com outras palavras, mas também com outra estruturação sintática. Normalmente, as bancas indagam se, nesse processo, a coesão (correção gramatical) e a coerência (significado original do texto) foram mantidas. É muito importante que esses dois aspectos sejam respeitados na hora de parafrasear o texto original. Na primeira reescritura (paráfrase) acima, note que não há mudança do sentido principal do texto, que é a saudade da terra natal. Mas, em relação à paródia, há uma mudança no significado da informação. O nome “palmares”, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras. Há um contexto histórico, social e racial neste texto. Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695. Há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2828 8. (FCC/TJ-AP/Técnico Judiciário/2014) A alternativa que apresenta uma passagem do texto corretamente reescrita, sem alteração de sentido, é: a) ... até hoje não deixaram de existir... (1º parágrafo) = ... permaneceram até os dias atuais... b) ... nem se deixaram restringir... (1º parágrafo) = ... não se permitiram difundir... c) ... dependem de nosso apoio... (3º parágrafo) = ... acatam nossa sugestão... d) ... podemos constatar que os povos... (3º parágrafo) = ... devemos questionar que os povos... e) ... nunca viveram isolados... (3º parágrafo) = ... sempre se esquivaram do convívio... Comentário – Alternativa A: certa. A expressão “até hoje” foi substituída por “até os dias atuais”, que expressa o mesmo sentido. E a expressão “não deixaram de existir” foi reescrita como “permaneceram”. Tudo está correto e preserva o sentido original. Alternativa B: errada. Os vocábulos “restringir” e “difundir” podem ser entendidos como antônimos. Enquanto o primeiro nos comunica a ideia de limitação, o segundo nos transmite a noção de expansão. Alternativa C: errada. Acatar ou admitir algo não significa depender dele. Nem um apoio é necessariamente uma sugestão. Alternativa D: errada. Em “podemos constatar”, emerge certa possibilidade de comprovação. Mas, em “devemos questionar”, o sentido é diverso. Agora, há uma obrigatoriedade de pedir explicações, esclarecimentos. Alternativa E: errada. Mais duas frases antônimas. Quem não vive isolado naturalmente procura conviver com outras pessoas. Porém o trecho reescrito sugere o contrário. Resposta – A Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 2929 Observe outros exemplos: “A mente de Deus é como a Internet: ela pode ser acessada por qualquer um, no mundo todo.” (Américo Barbosa, na Folha de São Paulo) a) No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a internet. (PARÁFRASE) b) Tanto a internet quanto a mente de Deus podem ser acessadas, no mundo todo, por qualquer um. (PARÁFRASE) c) A mente de Deus pode acessar, como qualquer um, no mundo todo, a internet. (NÃO É PARÁFRASE) Outro exemplo de paródia é a propaganda que faz referência à obra prima de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa: Administração da linguagem Nosso grande escritor Graciliano Ramos foi, como se sabe, prefeito da cidade alagoana de Palmeira dos Índios.Sua gestão ficou marcada não exatamente por atos administrativos ou decisões políticas, mas pelo relatório que o prefeito deixou, terminado o mandato. A redação desse relatório é primorosa, pela concisão, objetividade e clareza (hoje diríamos: transparência), qualidades que vêm coerentemente combinadas com a honestidade absoluta dos dados e da autoavaliação – rigorosíssima, sem qualquer complacência – que faz o prefeito. Com toda justiça, esse relatório costuma integrar sucessivas edições da obra de Graciliano. É uma peça de estilo raro e de espírito público incomum. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3030 Tudo isso faz pensar na relação que se costuma promover entre linguagens e ofícios. Diz-se que há o “economês”, jargão misterioso dos economistas, o “politiquês”, estilo evasivo dos políticos, o “acadêmico”, com o cheiro de mofo dos baús da velha retórica etc. etc. E há, por vezes, a linguagem processual, vazada em arcaísmos, latinismos e tecnicalidades que a tornam indevassável para um leigo. Há mesmo casos em que se pode suspeitar de estarem os litigantes praticando – data venia – um vernáculo estrito, reservado aos iniciados, espécie de senha para especialistas. Não se trata de ir contra a necessidade do uso de conceitos específicos, de não reconhecer a vantagem de se empregar um termo técnico em vez de um termo impreciso, de abolir, em suma, o vocabulário especializado; trata-se, sim, de evitar o exagero das linguagens opacas, cifradas, que pedem “tradução” para a própria língua a que presumivelmente pertencem. O exemplo de Graciliano diz tudo: quando o propósito da comunicação é honesto, quando se quer clareza e objetividade no que se escreve, as palavras devem expor à luz, e não mascarar, a mensagem produzida. No caso desse honrado prefeito alagoano, a ética rigorosa do escritor e a ética irrepreensível do administrador eram a mesma ética, assentada sobre os princípios da honestidade e do respeito para com o outro. (Tarcísio Viegas, inédito) 9. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Há mesmo casos em que se pode suspeitar de estarem os litigantes praticando – data venia – um vernáculo estrito [...] Nessa passagem do texto, o autor a) vale-se de uma linguagem que em si mesma ilustra o caso que está condenando. b) mostra-se plenamente eficaz na demonstração do que seja estilo conciso. c) parodia a linguagem dos leigos, quando comentam a dos especialistas. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3131 d) vale-se de um estilo que contradiz a prática habitual dos registros públicos. e) mostra-se contundente na apreciação das vantagens da retórica. Comentário – Ironicamente, o autor se vale de uma linguagem que condena para exemplificar um tipo de comunicação obscura, ineficaz. Resposta – A 10. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) sem qualquer complacência (1º parágrafo) = destituído de intolerância. b) jargão misterioso (2º parágrafo) = regionalismo infuso. c) vazada em arcaísmos (2º parágrafo) = rompida por modismos. d) a que presumivelmente pertencem (3º parágrafo) = que se imagina integrarem. e) assentada sobre os princípios (3º parágrafo) = reprimida com base nos fundamentos. Comentário – Não tente resolver esse tipo de questão, muito comum nas provas da FCC, diretamente nas alternativas. Vá ao texto e veja se a nova expressão é coerente. Alternativa A: são expressões antônimas. Ausência complacência caracteriza um ser intolerante, e não um ser destituído dela. Item errado. Alternativa B: no texto, “jargão misterioso” refere-se ironicamente, pejorativamente à linguagem de uma categoria profissional: economista; nada tem a ver com certa região e muito menos com as qualidades, virtudes ou capacidades adquiridas sem que haja qualquer esforço intencional, geralmente infundidas no ser humano pela graça de Deus (ciência infusa, virtude infusa). Alternativa C: a palavra arcaísmo indica estilo antiquado, antigo, forma em desuso de falar ou de escrever; modismo, ao contrário, serve Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3232 para indicar aquilo que está na moda, modo de falar típico de um grupo, lugar que em dado momento passa a ter grande uso. Alternativa E: o uso do verbo assentar indica que a ética estava firmada, fundamentada, significado bem diferente é o do verbo reprimir: conter, refrear, sujeitar. Resposta – D Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3333 11. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) A afirmativa INCORRETA, considerando-se o que dizem os versos, é: a) As cabras e os peixes são considerados animais benfazejos, por constituírem a base da alimentação dos moradores. b) A velhinha e o pescador oferecem seus produtos ainda bastante cedo aos moradores, recém-acordados. c) O silêncio que impera durante a madrugada pode ser visto como guardião do sono das pessoas aconchegadas em suas camas. d) O último verso deixa evidente o fato de que o pescador trazia peixes que havia acabado de pescar. e) A repetição da palavra orvalho acentua a sensação de frio e de umidade característicos de uma madrugada de inverno. Comentário – Alternativa A: não está clara no texto essa relação de causa e consequência entre as cabras e os peixes, de um lado, e, de outro, a base da alimentação dos moradores da aldeia. Alternativa B: sim, a velhinha e o pescador começam a trabalhar muito cedo. Na última estrofe, os trechos “Antes que um sol luarento dissolva as vidraças” e “recém-acordados” sustentam a ideia contida nesta opção. Alternativa C: sim, na segunda estrofe o “silêncio está...de sentinela”. Alternativa D: sim, no último verso o enunciador diz sobre os peixes: “ainda se movem, procurando o rio”. Alternativa E: sim, a repetição da palavra “orvalho” é intencional e dá-nos uma noção de frio intenso. É comum haver orvalho em noites de muito frio. Observe também a expressão “frias vidraças” na última estrofe. Resposta – A Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3434 12. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) O verso com lembrança das árvores ardendo remete a) ao ambiente natural existente em toda a aldeia. b) à queima da lenha no fogão da casa. c) ao costumeiro hábito de atear fogo às florestas. d) ao nascer do sol, que aquece as frias vidraças. e) à colheita de frutas, no quintal da casa. Comentário – O texto associa a lembrança das árvores ardendo ao calor da cozinha que perfuma a casa. Desconsiderar isso é arriscado e pode facilmente nos fazer extrapolar as ideias contidas no texto. Sustentar, por exemplo, que a referência é feita “ao costumeiro hábito de atear fogo às florestas” (letra C) é inadmissível. De acordo com o texto, a referência é “à queima da lenha no fogão da casa”, facilmente depreendida a partir das expressões “cozinha”e “ardendo” (uma metáfora para queimando). Resposta – B 13. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) Considere as afirmativas seguintes: I. O assunto do poema reflete simplicidade de vida, coerentemente com o título. II. Predominam nos versos elementos descritivos da realidade. III. Há no poema clara oposição entre o frio silencioso da madrugada e o sol que surge e traz o calor do dia. Está correto o que consta em a) I, II e III. b) I, apenas. c) III, apenas. d) II e III, apenas. e) I e II, apenas. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3535 Comentário – O único problema que podemos apontar é o item III, pois não existe essa “clara oposição”. Não há elementos suficientes no texto que sustentem essa ideia. Ao contrário, há uma noção de continuidade das singelas e rotineiras ações das personagens e uma certa combinação temporal entre dia e noite, sol e lua, que se expressa, por exemplo, por meio da expressão “sol luarento”. Resposta – E 1 As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema 5 alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas [...] 14. (FCC/TRE-AP/Analista Judiciário/Análise de Sistemas/2011) Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Na frase acima, o segmento destacado equivale a: a) por conta de ter ficado muito tempo restrito. b) ainda que tenha ficado muito tempo restrito. c) em vez de ter ficado muito tempo restrito. d) ficando há muito tempo restrito. e) conforme tendo ficado muito tempo restrito. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3636 Comentário – O trecho expressa uma ideia de ressalva à expansão progressiva do sistema. Portanto a reescritura adequada encontra-se na segunda opção, já que ela traz uma locução conjuntiva (“ainda que”) que ajuda a preservar o mesmo sentido. Resposta – B 15. (FCC/TRE-AP/Analista Judiciário/Análise de Sistemas/2011) A correlação entre as indústrias culturais e o cinema, tal como instaurada nas linhas 1 e 2, respeita a mesma relação de sentido que se estabelece, na mesma ordem, entre os termos destacados em: a) Esse hospital fica no centro, e é a instituição de saúde mais conceituada da região. b) Ele adora gato, aliás, todos os felinos. c) Sempre cultivou flores, sendo a orquídea uma das suas prediletas. d) Enxugue os pratos, mas seque bem. e) Não se importa de ser chamado de obeso, mas de gordo... Comentário – A grande dica está na expressão “na mesma ordem”. Ela nos obriga a analisar a questão partindo do alcance semântico da expressão “as indústrias culturais”, conforme a seguinte representação: as indústrias culturais � o cinema Assim sendo, temos que o significado da expressão “as indústrias culturais” contém o significado do termo “o cinema”. Em outras palavras, a primeira expressão é mais abrangente; a segunda é um exemplo dela. Essa relação é conhecida na Semântica como hiperonímia. O contrário é a hiponímia: o cinema � as indústrias culturais A abrangência da primeira do primeiro termo é menor e está contido na segunda expressão. Veja outro exemplo. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3737 Comprou um computador, um monitor, um teclado e uma impressora para o escritório; pois, sem esse equipamento, não conseguiria dar conta do trabalho. Nas alternativas A e B, a relação é de hiponímia (do menor para o maior). Nas alternativas D e E, a relação é de sinonímia. Resposta – C A multiplicação de desastres naturais vitimando populações inteiras é inquietante: tsunamis, terremotos, secas e inundações devastadoras, destruição da camada de ozônio, degelo das calotas polares, aumento dos oceanos, aquecimento do planeta, envenenamento de mananciais, desmatamentos, ocupação irresponsável do solo, impermeabilização abusiva nas grandes cidades. Alguns desses fenômenos não estão diretamente vinculados à conduta humana. Outros, porém, são uma consequência direta de nossas maneiras de sentir, pensar e agir. É aqui que avulta o exemplo de Hans Jonas. Em 1979 ele publicou O Princípio Responsabilidade. A obra mostra que as éticas tradicionais – antropocêntricas e baseadas numa concepção instrumental da tecnologia – não estavam à altura das consequências danosas informática computador monitor teclado impressora Campo Semânt ico equipamento computador, monitor, teclado, impressora Hipôni mos Hiperô nimo Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3838 do progresso tecnológico sobre as condições de vida humana na Terra e o futuro das novas gerações. Jonas propõe uma ética para a civilização tecnológica, capaz de reconhecer para a natureza um direito próprio. O filósofo detectou a propensão de nossa civilização para degenerar de maneira desmesurada, em virtude das forças econômicas e de outra índole que aceleram o curso do desenvolvimento tecnológico, subtraindo o processo de nosso controle. Tudo se passa como se a aquisição de novas competências tecnológicas gerasse uma compulsão a seu aproveitamento industrial, de modo que a sobrevivência de nossas sociedades depende da atualização do potencial tecnológico, sendo as tecnociências suas principais forças produtivas. Funcionando de modo autônomo, essa dinâmica tende a se reproduzir coercitivamente e a se impor como único meio de resolução dos problemas sociais surgidos na esteira do desenvolvimento. O paradoxo consiste em que o progresso converte o sonho de felicidade em pesadelo apocalíptico – profecia macabra que tem hoje a figura da catástrofe ecológica. [...] Jonas percebeu o simples: para que um "basta" derradeiro não seja imposto pela catástrofe, é preciso uma nova conscientização, que não advém do saber oficial nem da conduta privada, mas de um novo sentimento coletivo de responsabilidade e temor. Tornar-se inventivo no medo, não só reagir com a esperteza de "poupar a galinha dos ovos de ouro", mas ensaiar novos estilos de vida, comprometidos com o futuro das próximas gerações. (Adaptado de Oswaldo Giacoia Junior. O Estado de S. Paulo, A2 Espaço Aberto, 3 de abril de 2010) 16. (FCC/BB/Escriturário/2010) A conclusão do texto propõe, em outras palavras, a) o respeito aos inúmeros benefícios oferecidos às condições de vida moderna pelos avançados recursos decorrentes da tecnologia. b) uma atitude comunitária voltada para a prevenção e disposta a alterações no modo de vida na Terra para evitar a ocorrência de catástrofes ecológicas. Português para o TRT-23ªRegião (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 3939 c) procedimentos conjuntos entre órgãos oficiais e a sociedade civil como solução para a correta aplicação dos avanços tecnológicos. d) uma preocupação mais ampla com o emprego da tecnologia em algumas áreas do conhecimento humano, para evitar os atuais abusos. e) uma visão otimista centrada na resolução dos problemas oriundos do progresso tecnológico, por serem eles relativamente simples. Comentário – A conclusão do texto encontra-se no último parágrafo. Nele, não se fala nada sobre o emprego da tecnologia ou os avanços dela. Portanto devemos descartar as opções A, C, D e E. Resposta – B 17. (FCC/BB/Escriturário/2010) O paradoxo assinalado no 4º parágrafo se estabelece entre a) o desenvolvimento pleno da tecnologia e as infinitas possibilidades de seu uso na melhoria das condições de vida no planeta. b) o destemor diante do progresso tecnológico e a valorização de suas aplicações na vida humana. c) a ocorrência natural dos fenômenos climáticos habituais e a responsabilidade humana determinante para seu agravamento. d) os direitos humanos apoiados no uso benéfico da tecnologia e as exigências impostas pela natureza, como seu próprio direito. e) a confiança irrestrita nos avanços tecnológicos como solução dos problemas do homem e a tendência para a destruição do ambiente natural. Comentário – Releia este trecho: “O paradoxo consiste em que o progresso converte o sonho de felicidade em pesadelo apocalíptico – profecia macabra que tem hoje a figura da catástrofe ecológica”. O progresso referido está baseado na “aquisição de novas competências tecnológicas”. Porém a compulsão pelo aproveitamento delas desencadeia um desequilíbrio ecológico. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4040 Dessa forma, o que seria um benefício acaba se transformando num grande problema para o homem. Resposta – E 18. (FCC/BB/Escriturário/2010) – antropocêntricas e baseadas numa concepção instrumental da tecnologia – (3º parágrafo) O sentido da afirmativa acima está corretamente reproduzido, com outras palavras, em: a) voltadas para o homem e fundamentadas na tecnologia como meio de atingir determinados fins. b) preocupadas com a relação entre homem e natureza, atualmente imposta pela tecnologia. c) determinadas pelo homem e expostas às comodidades trazidas a todos pelo progresso tecnológico. d) direcionadas para o bem-estar da humanidade e determinadas pelos avanços tecnológicos. e) centralizadas nos avanços tecnológicos, mas preocupadas com a vida humana na Terra. Comentário – O significado da palavra antropocêntricas nos ajuda bastante a entender o sentido expresso por meio do trecho destacado: o homem (antropo-) como o centro (-cêntricas) de todas as coisas, ou todas coisas voltado para o homem, ou todas as coisas ocorrendo em função do homem. Uma concepção instrumental da tecnologia indica que a tecnologia é admitida como meio (ou instrumento) para a busca de um propósito. Resposta – A 19. (FCC/BB/Escriturário/2010) Considerando-se a organização do texto, a afirmativa INCORRETA é: Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4141 a) O autor toma como base os diversos desastres naturais que vêm ocorrendo em todo o planeta para discutir aspectos ligados à questão ambiental. b) A retomada das ideias do filósofo Hans Jonas constitui a base da argumentação necessária para que o autor do texto fundamente suas próprias ideias. c) O título da obra O Princípio Responsabilidade remete à necessária tomada de consciência dos homens sobre os abusos que vêm cometendo contra o meio ambiente. d) A relação de catástrofes ambientais apresentada no 1º parágrafo tem por objetivo demonstrar a impossibilidade de deter o progresso tecnológico, cujos avanços são os principais causadores desses desastres. e) Todo o texto se desenvolve a partir da constatação de que o modo de vida atual, voltado para o uso abusivo da tecnologia, leva o planeta a uma catástrofe ecológica. Comentário – É possível indicar a letra D como resposta a esta questão com fundamento já na primeira alternativa. Resposta – D Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4242 20. (FCC/TRE-PR/Analista Judiciário/Área Judiciária/2012) No texto, o autor a) propõe a reformulação de dois conceitos importantes no pensamento brasileiro – o “centro” e a “periferia” –, tecendo reflexão que admite recuperar as apresentadas nas últimas décadas por teorias sociais, econômicas e políticas. b) reconhece o pioneirismo da teoria do imperialismo no que se refere à análise do diálogo entre “centro” e “periferia”, identificando nela a desejável equanimidade no valor atribuído a cada um dos polos. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4343 c) correlaciona a temática do “centro” à da “periferia”, e, construindo relação homóloga, obriga-se a estabelecer também correlação entre o pensamento brasileiro e o latino-americano. d) está interessado em caracterizar o pensamento brasileiro no que se refere ao exame das relações entre “centro” e “periferia”, o que não o dispensou de citar linhas interpretativas do tema que se aproximam desse pensamento e as restrições que faz a elas. e) historia cronologicamente o caminho percorrido pelo pensamento latino- americano desde o início das discussões sobre “centro” e “periferia” até o momento em que se fixa na determinação das diferenças entre os dois conceitos. Comentário – Alternativa A: errada. Não é proposta uma reformulação desses conceitos; mas, sim, a vinculação deles a um “âmbito mais amplo, latino americano” de pensar, como se depreende logo das primeiras linhas do texto. Alternativa B: errada. O “x” da questão está no sentido da palavra “equanimidade”: imparcialidade, retidão no julgamento e nas ações; neutralidade; equidade. Isso não era desejado: “...preocupava-se principalmente com os países capitalistas avançados...” (l. 10 e 11). Alternativa C: errada. As correlações ocorrem; mas a construção delas (e entre elas) não é “homóloga”. Lendo o segundo, o terceiro e o último parágrafo, percebemos isso. Alternativa D: certa. Vamos por parte: – a banca diz: “...interessado em caracterizar o pensamento brasileiro no que se refere ao exame das relações entre ‘centro’ e ‘periferia’...”; o texto diz: “A discussão sobre centro e periferia no pensamento brasileiro...” (l.1 e 2); – a banca diz: “...o que não o dispensou de citar linhas interpretativas do tema que se aproximam desse pensamento...”; o texto diz: “O primeiro locus importante onde se procura interpretar a relação entre esses dois polos...” (l. 3-5). – a banca diz: “...e as restrições que faz a elas.”; o texto diz: Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4444 “No entanto, a elaboração anterior à CEPALpreocupava-se principalmente...” (l. 9 e 10); “Não chegaram, contudo, a desenvolver...” (l. 19 e 20); “Na verdade, a maior parte das teorias sociais, econômicas e políticas, apesar de...” (l. 24 e 25). Alternativa E: errada. O caminho percorrido não obedece à cronologia. Perceba que o autor começa, no primeiro parágrafo, num ponto adiante (“...depois da Segunda Guerra Mundial, em 1947”) e, no segundo parágrafo, volta a um ponto anterior (“...imperialismo.”). Resposta – D 21. (FCC/TRE-PE/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2011) O par grifado que constitui exemplo de parônimos está em: a) No espaço de uma noite, o rio havia transbordado e inundado o quintal da casa. Pela manhã, foi possível constatar a força destrutiva das águas. b) O rio se convertera em um caudaloso fluxo de águas sujas. O menino se assustou com a violência barrenta das águas. c) Famílias eminentes podiam ir para o campo, fugindo do bulício da cidade. Eram iminentes os riscos causados pela inundação das águas barrentas do rio. d) Era urgente a necessidade de obras para a contenção do rio. Havia heroísmo na concentração dos homens que lutavam contra a corrente. e) No pomar atrás da casa havia frutas, entre elas, mangas e cajus. Em mangas de camisa, homens tentavam salvar o que as águas levavam. Comentário – O par de parônimos é formado pelas palavras “eminentes” (= nobres) e “iminentes” (= prestes a acontecer), na letra C. Alguns detalhes merecem ser comentados. Na letra B, as expressões destacadas são equivalentes (ou sinônimas). Na letra E, temos exemplo de homônimos perfeitos. Resposta – C Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4545 22. (FCC/TRE-TO/Analista Judiciário/Área Judiciária/2011) ...capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. (último parágrafo) Considerando-se o par de palavras eminentes / iminentes, é correto afirmar que se trata de exemplo de a) antonímia. b) sinonímia. c) paronímia. d) homonímia. e) homofonia. Comentário – Então, achou fácil? Pois é, esse assunto surge também em provas de nível superior. E parece que a FCC gosta de explorar a relação de sentidos desse par de palavras. Fique atento! Resposta – C Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4646 23. (FCC/TRT-11ª Região (AM)/Analista Judiciário/Área Judiciária/2012) A afirmação de que os dicionários podem ajudar a incendiar debates confirma-se, no texto, pelo fato de que o verbete discriminar a) padece de um sentido vago e impreciso, gerando por isso inúmeras controvérsias entre os usuários. b) apresenta um sentido secundário, variante de seu sentido principal, que não é reconhecido por todos. c) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo que se costuma atribuir a esse vocábulo. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4747 d) faz pensar nas dificuldades que existem quando se trata de determinar a origem de um vocábulo. e) desdobra-se em acepções contraditórias que correspondem a convicções incompatíveis. Comentário – Alternativa A: errada. Embora permita sentidos diferentes, eles são precisos e no contexto em que são empregados. Alternativa B: errada. Não há entre os diferentes sentidos dessa palavra uma hierarquia entre eles. Alternativa C: errada. Também não há que se falar em legitimidade ou ilegitimidade. Todos os sentidos são igualmente válidos e têm aplicação específica dentro de cada contexto. Alternativa D: errada. Origem de um vocábulo? De onde o examinador tirou essa ideia? As variações de sentido da palavra discriminar não servem para avaliar a dificuldade (ou a facilidade) de determinação da origem de um vocábulo. Resposta – E Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4848 [...] 24. (FCC/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário/2013) No contexto, as frases Meu cabelo está pendoando e pode alcançar-me uma côdea desse pão constituem casos de a) usos opostos de linguagem, já que a completa informalidade da primeira contrasta com a formalidade da segunda. b) usos similares de linguagem, pois em ambas o intento é valorizar o emprego de vocabulário pouco usual. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 4949 c) intenção didática, já que ambas são utilizadas para exemplificar o que seja uma má construção gramatical. d) usos similares de linguagem, pois predomina em ambas o interesse pela exatidão e objetividade da comunicação. e) usos opostos de linguagem, pois a perfeita correção gramatical de uma contrasta com os deslizes da outra. Comentário – No contexto, percebemos a intencionalidade dos enunciadores de empregar palavras pouco usuais, ou desconhecidas por grande parte das pessoas atualmente. Podemos entender pelo contexto que o cabelo de Solange está “quebrando” nas pontas e que D. Glorinha solicita um pedaço de pão. Resposta – B Confiar e desconfiar Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando tanto a cautela como a usura. Mas eu acho que desconfiar custa, sim, e às vezes custa demais. A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo − quem sabe? − uma experiência essencial. [...] (Ascendino Salles, inédito) 25. (FCC/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário/2013) Quanto ao sentimento da desconfiança, o texto manifesta clara divergência do senso comum, pois, para o autor, esse sentimento a) leva, como é sabido, à prática da prudência, que é a chave das grandes criações humanas. b) traz, como poucos sabem, a consequência de esperar que tudo acabe se resolvendo por si mesmo. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5050 c) acaba, como poucos reconhecem, por impedir que se tomem iniciativas audazes e criativas. d) traduz, como poucos sabem, a vantagem de se calcular muito bem cada passo das experiências essenciais. e) importa, como é sabido, em eliminar a dose de irracionalidade que deve acompanhar a prudência conservadora. Comentário – O enunciador divorcia-se do senso comum porque entende que a desconfiança atrapalha a aquisição de experiências importantes para a vida. Resposta – C 26. (FCC/TRT-9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/2013) ... estudou para ser monge beneditino no Colégio São Bento, em São Paulo, onde chegou a escrever um livro sobre a ordem. No entanto, acabou seguindo o caminho da poesia – em meio à agitação cultural e política dos anos 1960 e 1970. (1º parágrafo) Considerado o contexto, o sentido dos elementos grifados acima pode ser adequadamente reproduzido, na ordem dada, por: a) disposição - tumulto b) escola - confronto c) equilíbrio - burburinho d) congregação - efervescência e) prudência - radicalismo Comentário– No contexto, o substantivo ordem significa congregação religiosa que segue certo regulamento comportamental e disciplinar, ao qual seus membros se obrigam em seus votos solenes (ordem dos franciscanos, por exemplo). Já a palavra agitação significa estado de comoção (cultural, política social), espontâneo ou provocado, devido a insatisfação, reivindicação, tentativa de mudanças etc., podendo ser adequadamente substituída por efervescência: estado de excitação, agitação, comoção (efervescência cultural, política etc.) Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5151 Resposta – D Os direitos “nossos” e os “deles” Não é incomum que julguemos o que chamamos “nossos” direitos superiores aos direitos do “outro”. Tanto no nível mais pessoal das relações como nos fatos sociais costuma ocorrer essa discrepância, com as consequências de sempre: soluções injustas. Durante um júri, em que defendia um escravo que havia matado o seu senhor, Luís Gama (1830 - 1882), advogado, jornalista e escritor mestiço, abolicionista que chegou a ser escravo por alguns anos, proferiu uma frase que se tornou célebre, numa sessão de julgamento: "O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa". A frase causou tumulto e acabou por suspender a sessão do júri, despertando tremenda polêmica à época. Na verdade, continua provocando. Dissesse alguém isso hoje, em alguma circunstância análoga, seria aplaudido por uns e acusado por outros de demonizar o “proprietário”. Como se vê, também a demonização tem duas mãos: os partidários de quem subjuga acabam por demonizar a reação do subjugado. Tais fatos e tais polêmicas, sobre tais direitos, nem deveriam existir, mas existem; será que terão fim? O grande pensador e militante italiano Antonio Gramsci (1891-1937), que passou muitos anos na prisão por conta de suas ideias socialistas, propunha, em algum lugar de sua obra, que diante do dilema de uma escolha nossa conduta subsequente deve se reger pela avaliação objetiva das circunstâncias para então responder à seguinte pergunta: “Quem sofre?” Para Gramsci, o sofrimento humano é um parâmetro que não se pode perder de vista na avaliação das decisões pessoais ou políticas. (Abelardo Trancoso, inédito) 27. (FCC/2014/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário) Deve-se considerar que, na estruturação desse texto, Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5252 I. o primeiro parágrafo apresenta uma tese com base numa discrepância de valores, que será ilustrada com o fato polêmico exposto no parágrafo seguinte. II. as controvérsias despertadas pela frase proferida por Luís Gama podem ser explicadas pela contundência de um argumento radicalmente abolicionista acionado em pleno regime escravocrata. III. a referência ao militante Antonio Gramsci, no parágrafo final, propicia um argumento poderoso a favor de quem se pauta pelo cumprimento rigoroso da lei, não importando as circunstâncias. Em relação ao texto, é correto o que se considera em a) II e III, apenas. b) I e III, apenas. c) II, apenas. d) I, II e III. e) I e II, apenas. Comentário – Item I: certo. A tese diz respeito ao fato, comum para o enunciador, de considerarmos nossos direitos superiores aos dos outros. O fato polêmico gira em torno da frase proferida pelo advogado Luís Gama durante a defesa de um escravo que assassinou seu senhor. Item II: certo. Nosso conhecimento de mundo deve nos fazer relacionar o período de vida do ilustre advogado ao período escravocrata no Brasil (meados do século XVI a 13 maio de 1888, com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel). Sem dúvida, o argumento do tal advogado de defesa foi um grande golpe no regime escravocrata da época. Item III: errado. O que o examinador afirma é justamente o contrário do que lemos no texto. De acordo com Antonio Gramsci, nossa conduta deve levar em conta as circunstâncias que fazem o ser humano sofrer. Resposta – E Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5353 28. (FCC/2014/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário) A afirmação de que “a demonização tem duas mãos”, no 3º parágrafo, justifica-se quando a) tanto o subjugado como quem subjuga são censurados por ações dadas como indefensáveis. b) ambos os envolvidos num delito se acusam mutuamente, ainda que não tenham razão para fazê-lo. c) a reação do subjugado é desproporcional em relação ao ato de quem o subjugou. d) a violência de quem subjuga aproveita-se da extrema fragilidade de quem é subjugado. e) nem quem subjuga, nem quem é subjugado é inteiramente culpado pelos excessos de seus atos. Comentário – O terceiro parágrafo exprime a ideia de que há partidários tanto de quem é subjugado quanto de quem subjuga. Os dois grupos, opostos entre si, acabam censurando as ações de quem lhes é contrário. O mais interessante é que mesmo as ações consideradas normalmente sem defesa acabam recebendo justificativas ou atenuações por parte daqueles que são favoráveis a uma das partes envolvidas no litígio. Resposta – A 29. (FCC/2014/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário) No último parágrafo, deve-se entender que a preocupação de Antonio Gramsci implica, na iminência de uma decisão difícil, a) considerar inocente aquele que fez sofrer motivado por uma intenção politicamente justa. b) absolver quem se arrepende de seus atos, tendo já passado pelo sofrimento da culpa e da penitência. c) promover uma análise objetiva que leve em conta o padecimento de quem será afetado pela decisão. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5454 d) aceitar a existência de um fator emocional, mas ainda assim adotar o critério mais pragmático possível. e) suspender a análise objetiva da ocorrência e levar em conta tão somente os impulsos pessoais. Comentário – O pensador italiano não faz alusão à inocência ou absolvição de alguém. Ele muito menos sugere a suspensão de uma análise objetiva dos fatos; isso é exatamente o contrário do que propõe. Para matar a questão, você tem que notar, no texto, os seguintes dizeres: “nossa conduta subsequente deve se reger pela avaliação objetiva das circunstâncias”; “o sofrimento humano é um parâmetro”. Agora, compare essas sentenças com a terceira opção. Resposta – C Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou empalhados nos museus - o que é perfeitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado. Mas ainda há pássaros, sim. Existem tantos, ao redor da minha casa, que até agora não tive (nem creio que venha a ter) tempo de saber seus nomes, conhecer suas cores, entender sua linguagem. Porque evidentemente os pássaros falam. Há muitos, muitos anos, no meu primeiro livro de inglês, se lia: “Dizem que o sultão Mamude entendia a linguagem dos pássaros ...” Quando ouço um gorjeio nestas mangueiras e ciprestes, logo penso no sultão e nessa linguagem que ele entendia. Fico atenta, mas não consigotraduzir nada. No entanto, bem sei que os pássaros estão conversando. O papagaio e a arara, esses aprendem o que lhes ensinam, e falam como doutores. E há o bem-te-vi, que fala português de nascença, mas infelizmente só diz o próprio nome, decerto sem saber que assim se chama. [...] Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5555 Os pais e professores desses passarinhos devem ensinar-lhes muitas coisas: a discernir um homem de uma sombra, as sementes e frutas, os pássaros amigos e inimigos, os gatos - ah! principalmente os gatos ... Mas essa instrução parece que é toda prática e silenciosa, quase sigilosa: uma espécie de iniciação. Quanto a ensino oral, parece que é mesmo só: “Bem-te-vi! Bem-te-vi!”, que uns dizem com voz rouca, outros com voz suave, e os garotinhos ainda meio hesitantes, sem fôlego para as três sílabas. MEIRELES, Cecília. O que se diz e o que se entende. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 95-96 30. (FCC/2015/TRE-RR/Técnico Judiciário) De acordo com o texto, a afirmativa correta é: a) A autora confessa, no 1° parágrafo, que não tem interesse nem tempo suficiente para observar os pássaros que eventualmente aparecem em sua casa, nem saber seus nomes, conhecer suas cores, entender sua linguagem. b) O último parágrafo aborda uma instrução toda prática e silenciosa, de modo semelhante ao que ocorre costumeiramente, ou seja, as gerações mais velhas são incumbidas de transmitir conhecimentos úteis aos mais novos. c) No 3° parágrafo, a referência ao papagaio e à arara, que falam como doutores, vem reforçar a noção de que essas duas espécies, como representantes da fauna brasileira, são superiores aos simples bem-te-vis, pássaros bastante comuns nas cidades. d) A forma como a autora reproduz, no 1° parágrafo, o que constava do livro de inglês - Dizem que o sultão Mamude -, não deixa dúvida de que, segundo a narrativa, esse sultão realmente conseguia entender a linguagem dos pássaros. e) No 2° parágrafo, é possível perceber que a autora também consegue, com atenção e algum esforço, comunicar-se com os pássaros que costuma Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5656 observar, principalmente com os bem-te-vis, porque falam português de nascença. Comentário – Alternativa A: errada. A autora declara que não tem tempo. Ela não diz nada sobre a suposta falta de interesse que o examinador mencionou. Alternativa C: errada. O texto não transite a ideia de que o papagaio e a arara sejam de fato os representantes da fauna brasileira. Também não reforça nenhuma noção de superioridade deles. Alternativa D: errada. A citação feita pela autora não garante que o “sultão realmente conseguia entender a linguagem dos pássaros”. Isso era o que diziam a respeito dele. Não é possível garantir que isso de fato acontecia apenas por meio da reprodução desse trecho. Alternativa E: errada. A própria autora confessa sua incapacidade de entender a conversa. Resposta – B Chegamos ao final da aula de hoje e deste curso também. Que Deus o abençoe e que você tenha êxito no concurso! Albert Iglésia Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5757 Lista das Questões Comentadas 1. (FCC/2013/DPE-SP/Oficial de Defensoria Pública) Sucede que a busca do novo pode conduzir à desintegração da linguagem artística... Mantendo-se a correção e a lógica, sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase, o verbo grifado acima pode ser substituído APENAS por: a) prosseguir. b) dirimir. c) acompanhar. d) levar. e) ocasionar. Da utilidade dos prefácios Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres. Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda - o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio – fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a Lista das Questões Comentadas Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5858 possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto. Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético. (Aderbal Siqueira Justo, inédito) 2. (FCC/2014/TRT-16ª Região (AM)/Analista Judiciário) O primeiro e o segundo parágrafos estabelecem entre si uma relação de a) causa e efeito, uma vez que das convicções expressas no primeiro resultam, como consequência natural, as expostas no segundo. b) de complementaridade, pois o que se afirma no segundo ajuda a compreender a mesma tese defendida e desenvolvida no primeiro. c) inteira independência, pois o tema do primeiro não se espelha no segundo, já que o autor do texto quer apenas enumerar diferentes estilos. d) contraposição, pois a perspectiva de valor adotada no primeiro é confrontada com outra que a relativiza e nega no segundo. e) similitude, pois são ligeiras as variações do argumento central que ambos sustentam em relação à utilidade e à necessidade dos prefácios. 3. (FCC/2014/TRT-16ª Região (AM)/Analista Judiciário) Considere as afirmações abaixo. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 5959 I. No primeiro parágrafo, a assertiva “o prefácio seria um estraga-prazeres” traduz o efeito imediatoda causa indicada na assertiva “os prefácios são textos inúteis”. II. No segundo parágrafo, o autor afirma que vai de encontro à tese defendida no primeiro porque pode ocorrer que um prefácio represente a parte melhor de um livro. III. No terceiro parágrafo, o autor se vale de uma ocorrência real para demonstrar que o gênio inventivo de escritores iniciantes propicia prefácios igualmente criativos. Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. Os povos indígenas que hoje habitam a faixa de terras que vai do Amapá ao norte do Pará possuem uma história comum de relações comerciais, políticas, matrimoniais e rituais que remonta a pelo menos três séculos. Essas relações até hoje não deixaram de existir nem se deixaram restringir aos limites das fronteiras nacionais, estendendo-se à Guiana-Francesa e ao Suriname. Essa amplitude das redes de relações regionais faz da história desses povos uma história rica em ganhos e não em perdas culturais, como muitas vezes divulgam os livros didáticos que retratam a história dos índios no Brasil. No caso específico desta região do Amapá e norte do Pará, são séculos de acúmulo de experiências de contato entre si que redundaram em inúmeros processos, ora de separação, ora de fusão grupal, ora de substituição, ora de aquisição de novos itens culturais. Processos estes que se somam às diferentes experiências de contato vividas pelos distintos grupos indígenas com cada um dos agentes e Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6060 agências que entre eles chegaram, dos quais existem registros a partir do século XVII. É assim que, enquanto pressupomos que nós descobrimos os índios e achamos que, por esse motivo, eles dependem de nosso apoio para sobreviver, com um pouco mais de conhecimento sobre a história da região podemos constatar que os povos indígenas dessa parte da Amazônia nunca viveram isolados entre si. E, também, que o avanço de frentes de colonização em suas terras não resulta necessariamente num processo de submissão crescente aos novos conhecimentos, tecnologias e bens a que passaram a ter acesso, como à primeira vista pode nos parecer. Ao contrário disso, tudo o que esses povos aprenderam e adquiriram em suas novas experiências de relacionamento com os não- índios insere-se num processo de ampliação de suas redes de intercâmbio, que não apaga - apenas redefine - a importância das relações que esses povos mantêm entre si, há muitos séculos, “apesar” de nossa interferência. (Adaptado de: GALLOIS, Dominique Tilkin; GRUPIONI, Denise Fajardo. Povos indígenas no Amapá e Norte do Pará: quem são, onde estão, quantos são, como vivem e o que pensam? São Paulo: Iepé, 2003, p.8-9) 4. (FCC/TJ-AP/Técnico Judiciário/2014) As culturas dos povos indígenas do Amapá e norte do Pará foram enriquecidas devido a) ao processo de colonização, que permitiu que a civilização, trazida pelos brancos, substituísse as tradições locais. b) à chegada dos brancos na região, pois, até então, esses povos indígenas viviam afastados, sem interagir entre si. c) ao intenso contato entre esses povos, o que resultou em diferentes processos de adição ou substituição de itens culturais. d) aos acordos políticos e comerciais firmados entre o governo brasileiro e países com os quais faz fronteira. e) à interferência do branco nas relações entre esses povos, que se tornam pacíficas apenas a partir do século XVII. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6161 5. (FCC/TJ-AP/Técnico Judiciário/2014) Os povos indígenas do Amapá e norte do Pará a) preservam sua cultura evitando relações comerciais com povos de outros países. b) receberam influência dos não-índios sem se tornar necessariamente submissos a eles. c) vêm se tornando cada vez mais dependentes da tecnologia dos brancos. d) permaneceram alheios à tecnologia que os colonizadores trouxeram consigo três séculos atrás. e) lutam para garantir que suas tradições permaneçam inalteradas ao longo do tempo. Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum*, depois do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar. Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto simbólico. No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6262 Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembleia que correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo. No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza: – Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que... – Oh! meu senhô! fico. – ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos... – Artura não qué dizê nada, não, senhô... – Pequeno ordenado, repito, uns seis mil réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha. Justamente. Pois seis mil réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete. Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos. Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof.Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6363 besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. [...] *Literalmente, “depois do golpe", “depois do fato". (Adaptado de: ASSIS, Machado de. "Bons dias!", Gazeta de Notícias, 19 de maio de 1888) 6. (FCC/2015/TRT-15ª Região/Analista Judiciário) O diálogo que se desenvolve a partir do 5º parágrafo a) contrasta a altura do empregado com a pequenez inicial de seu salário, de maneira que se compreenda a prosperidade da nova condição de assalariado. b) evidencia, em frases como Tu vales muito mais que uma galinha, o valor humano que passam a ter os que eram antes considerados simples mercadoria. c) ilustra, em frases como Artura não qué dizê nada, não, senhô..., a mentalidade a que estava condicionado o escravo, que chega a falar em detrimento de si próprio. d) prevê o novo padrão das relações de trabalho, pautado por diálogo e negociação de direitos, persistente até a atualidade com empregados domésticos. e) demonstra a afeição que ligava senhor e escravo, rompida com o fim do regime de escravidão, como se pode ver nos parágrafos seguintes. 7. (FCC/2013/TRT-18ª Região (GO)/Analista Judiciário) “Vive dentro de mim / uma cabocla velha / de mau olhado, / acocorada ao pé do borralho, / olhando pra o fogo.” [...] “Vive dentro de mim / a mulher proletária. / Bem linguaruda, / desabusada, sem preconceitos.” “Vive dentro de mim / a mulher da vida. / Minha irmãzinha... / tão desprezada, / tão murmurada...” De acordo com o contexto, os elementos sublinhados no trecho acima têm, respectivamente, o sentido de: a) dobrada - malcriada - lastimosa Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6464 b) encostada - acanhada - renomada c) agachada - avançada - mal amada d) agachada - atrevida - mal falada e) encostada - acanhada - mal falada 8. (FCC/TJ-AP/Técnico Judiciário/2014) A alternativa que apresenta uma passagem do texto corretamente reescrita, sem alteração de sentido, é: a) ... até hoje não deixaram de existir... (1º parágrafo) = ... permaneceram até os dias atuais... b) ... nem se deixaram restringir... (1º parágrafo) = ... não se permitiram difundir... c) ... dependem de nosso apoio... (3º parágrafo) = ... acatam nossa sugestão... d) ... podemos constatar que os povos... (3º parágrafo) = ... devemos questionar que os povos... e) ... nunca viveram isolados... (3º parágrafo) = ... sempre se esquivaram do convívio... Administração da linguagem Nosso grande escritor Graciliano Ramos foi, como se sabe, prefeito da cidade alagoana de Palmeira dos Índios. Sua gestão ficou marcada não exatamente por atos administrativos ou decisões políticas, mas pelo relatório que o prefeito deixou, terminado o mandato. A redação desse relatório é primorosa, pela concisão, objetividade e clareza (hoje diríamos: transparência), qualidades que vêm coerentemente combinadas com a honestidade absoluta dos dados e da autoavaliação – rigorosíssima, sem qualquer complacência – que faz o prefeito. Com toda justiça, esse relatório costuma integrar sucessivas edições da obra de Graciliano. É uma peça de estilo raro e de espírito público incomum. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6565 Tudo isso faz pensar na relação que se costuma promover entre linguagens e ofícios. Diz-se que há o “economês”, jargão misterioso dos economistas, o “politiquês”, estilo evasivo dos políticos, o “acadêmico”, com o cheiro de mofo dos baús da velha retórica etc. etc. E há, por vezes, a linguagem processual, vazada em arcaísmos, latinismos e tecnicalidades que a tornam indevassável para um leigo. Há mesmo casos em que se pode suspeitar de estarem os litigantes praticando – data venia – um vernáculo estrito, reservado aos iniciados, espécie de senha para especialistas. Não se trata de ir contra a necessidade do uso de conceitos específicos, de não reconhecer a vantagem de se empregar um termo técnico em vez de um termo impreciso, de abolir, em suma, o vocabulário especializado; trata-se, sim, de evitar o exagero das linguagens opacas, cifradas, que pedem “tradução” para a própria língua a que presumivelmente pertencem. O exemplo de Graciliano diz tudo: quando o propósito da comunicação é honesto, quando se quer clareza e objetividade no que se escreve, as palavras devem expor à luz, e não mascarar, a mensagem produzida. No caso desse honrado prefeito alagoano, a ética rigorosa do escritor e a ética irrepreensível do administrador eram a mesma ética, assentada sobre os princípios da honestidade e do respeito para com o outro. (Tarcísio Viegas, inédito) 9. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Há mesmo casos em que se pode suspeitar de estarem os litigantes praticando – data venia – um vernáculo estrito [...] Nessa passagem do texto, o autor a) vale-se de uma linguagem que em si mesma ilustra o caso que está condenando. b) mostra-se plenamente eficaz na demonstração do que seja estilo conciso. c) parodia a linguagem dos leigos, quando comentam a dos especialistas. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6666 d) vale-se de um estilo que contradiz a prática habitual dos registros públicos. e) mostra-se contundente na apreciação das vantagens da retórica. 10. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) sem qualquer complacência (1º parágrafo) = destituído de intolerância. b) jargão misterioso (2º parágrafo) = regionalismo infuso. c) vazada em arcaísmos (2º parágrafo) = rompida por modismos. d) a que presumivelmente pertencem (3º parágrafo) = que se imagina integrarem. e) assentada sobre os princípios (3º parágrafo) = reprimida com base nos fundamentos. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6767 11. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) A afirmativa INCORRETA, considerando-se o que dizem os versos, é: a) As cabras e os peixes são considerados animais benfazejos, por constituírem a base da alimentação dos moradores. b) A velhinha e o pescador oferecem seus produtos ainda bastante cedo aos moradores, recém-acordados. c) O silêncio que impera durante a madrugada pode ser visto como guardião do sono das pessoas aconchegadas em suas camas. d) O último verso deixa evidente o fato de que o pescador trazia peixes que havia acabado de pescar. e) A repetição da palavra orvalho acentua a sensação de frio e de umidade característicos de uma madrugada de inverno. 12. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) O verso com lembrança das árvores ardendo remete a) ao ambiente natural existente em toda a aldeia. b) à queima da lenha no fogão da casa. c) ao costumeiro hábito de atear fogo às florestas. d) ao nascer do sol, que aquece as frias vidraças. e) à colheita de frutas, no quintal da casa. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretaçãode Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6868 13. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) Considere as afirmativas seguintes: I. O assunto do poema reflete simplicidade de vida, coerentemente com o título. II. Predominam nos versos elementos descritivos da realidade. III. Há no poema clara oposição entre o frio silencioso da madrugada e o sol que surge e traz o calor do dia. Está correto o que consta em a) I, II e III. b) I, apenas. c) III, apenas. d) II e III, apenas. e) I e II, apenas. 1 As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema 5 alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas [...] 14. (FCC/TRE-AP/Analista Judiciário/Análise de Sistemas/2011) Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 6969 outros domínios, liga- dos primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Na frase acima, o segmento destacado equivale a: a) por conta de ter ficado muito tempo restrito. b) ainda que tenha ficado muito tempo restrito. c) em vez de ter ficado muito tempo restrito. d) ficando há muito tempo restrito. e) conforme tendo ficado muito tempo restrito. 15. (FCC/TRE-AP/Analista Judiciário/Análise de Sistemas/2011) A correlação entre as indústrias culturais e o cinema, tal como instaurada nas linhas 1 e 2, respeita a mesma relação de sentido que se estabelece, na mesma ordem, entre os termos destacados em: a) Esse hospital fica no centro, e é a instituição de saúde mais conceituada da região. b) Ele adora gato, aliás, todos os felinos. c) Sempre cultivou flores, sendo a orquídea uma das suas prediletas. d) Enxugue os pratos, mas seque bem. e) Não se importa de ser chamado de obeso, mas de gordo... A multiplicação de desastres naturais vitimando populações inteiras é inquietante: tsunamis, terremotos, secas e inundações devastadoras, destruição da camada de ozônio, degelo das calotas polares, aumento dos oceanos, aquecimento do planeta, envenenamento de mananciais, desmatamentos, ocupação irresponsável do solo, impermeabilização abusiva nas grandes cidades. Alguns desses fenômenos não estão diretamente vinculados à conduta humana. Outros, porém, são uma consequência direta de nossas maneiras de sentir, pensar e agir. É aqui que avulta o exemplo de Hans Jonas. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7070 Em 1979 ele publicou O Princípio Responsabilidade. A obra mostra que as éticas tradicionais – antropocêntricas e baseadas numa concepção instrumental da tecnologia – não estavam à altura das consequências danosas do progresso tecnológico sobre as condições de vida humana na Terra e o futuro das novas gerações. Jonas propõe uma ética para a civilização tecnológica, capaz de reconhecer para a natureza um direito próprio. O filósofo detectou a propensão de nossa civilização para degenerar de maneira desmesurada, em virtude das forças econômicas e de outra índole que aceleram o curso do desenvolvimento tecnológico, subtraindo o processo de nosso controle. Tudo se passa como se a aquisição de novas competências tecnológicas gerasse uma compulsão a seu aproveitamento industrial, de modo que a sobrevivência de nossas sociedades depende da atualização do potencial tecnológico, sendo as tecnociências suas principais forças produtivas. Funcionando de modo autônomo, essa dinâmica tende a se reproduzir coercitivamente e a se impor como único meio de resolução dos problemas sociais surgidos na esteira do desenvolvimento. O paradoxo consiste em que o progresso converte o sonho de felicidade em pesadelo apocalíptico – profecia macabra que tem hoje a figura da catástrofe ecológica. [...] Jonas percebeu o simples: para que um "basta" derradeiro não seja imposto pela catástrofe, é preciso uma nova conscientização, que não advém do saber oficial nem da conduta privada, mas de um novo sentimento coletivo de responsabilidade e temor. Tornar-se inventivo no medo, não só reagir com a esperteza de "poupar a galinha dos ovos de ouro", mas ensaiar novos estilos de vida, comprometidos com o futuro das próximas gerações. (Adaptado de Oswaldo Giacoia Junior. O Estado de S. Paulo, A2 Espaço Aberto, 3 de abril de 2010) 16. (FCC/BB/Escriturário/2010) A conclusão do texto propõe, em outras palavras, a) o respeito aos inúmeros benefícios oferecidos às condições de vida moderna pelos avançados recursos decorrentes da tecnologia. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7171 b) uma atitude comunitária voltada para a prevenção e disposta a alterações no modo de vida na Terra para evitar a ocorrência de catástrofes ecológicas. c) procedimentos conjuntos entre órgãos oficiais e a sociedade civil como solução para a correta aplicação dos avanços tecnológicos. d) uma preocupação mais ampla com o emprego da tecnologia em algumas áreas do conhecimento humano, para evitar os atuais abusos. e) uma visão otimista centrada na resolução dos problemas oriundos do progresso tecnológico, por serem eles relativamente simples. 17. (FCC/BB/Escriturário/2010) O paradoxo assinalado no 4º parágrafo se estabelece entre a) o desenvolvimento pleno da tecnologia e as infinitas possibilidades de seu uso na melhoria das condições de vida no planeta. b) o destemor diante do progresso tecnológico e a valorização de suas aplicações na vida humana. c) a ocorrência natural dos fenômenos climáticos habituais e a responsabilidade humana determinante para seu agravamento. d) os direitos humanos apoiados no uso benéfico da tecnologia e as exigências impostas pela natureza, como seu próprio direito. e) a confiança irrestrita nos avanços tecnológicos como solução dos problemas do homem e a tendência para a destruição do ambiente natural. 18. (FCC/BB/Escriturário/2010) – antropocêntricas e baseadas numa concepção instrumental da tecnologia – (3º parágrafo) O sentido da afirmativa acima está corretamente reproduzido, com outras palavras, em: Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7272 a) voltadas para o homem e fundamentadas na tecnologia como meio de atingir determinados fins. b) preocupadas com a relação entre homem e natureza, atualmente imposta pela tecnologia. c) determinadas pelo homem e expostas às comodidades trazidas a todos pelo progresso tecnológico. d) direcionadas para o bem-estar da humanidade e determinadas pelos avanços tecnológicos. e) centralizadas nos avanços tecnológicos, mas preocupadas com a vida humana na Terra. 19. (FCC/BB/Escriturário/2010)Considerando-se a organização do texto, a afirmativa INCORRETA é: a) O autor toma como base os diversos desastres naturais que vêm ocorrendo em todo o planeta para discutir aspectos ligados à questão ambiental. b) A retomada das ideias do filósofo Hans Jonas constitui a base da argumentação necessária para que o autor do texto fundamente suas próprias ideias. c) O título da obra O Princípio Responsabilidade remete à necessária tomada de consciência dos homens sobre os abusos que vêm cometendo contra o meio ambiente. d) A relação de catástrofes ambientais apresentada no 1º parágrafo tem por objetivo demonstrar a impossibilidade de deter o progresso tecnológico, cujos avanços são os principais causadores desses desastres. e) Todo o texto se desenvolve a partir da constatação de que o modo de vida atual, voltado para o uso abusivo da tecnologia, leva o planeta a uma catástrofe ecológica. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7373 20. (FCC/TRE-PR/Analista Judiciário/Área Judiciária/2012) No texto, o autor a) propõe a reformulação de dois conceitos importantes no pensamento brasileiro – o “centro” e a “periferia” –, tecendo reflexão que admite recuperar as apresentadas nas últimas décadas por teorias sociais, econômicas e políticas. b) reconhece o pioneirismo da teoria do imperialismo no que se refere à análise do diálogo entre “centro” e “periferia”, identificando nela a desejável equanimidade no valor atribuído a cada um dos polos. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7474 c) correlaciona a temática do “centro” à da “periferia”, e, construindo relação homóloga, obriga-se a estabelecer também correlação entre o pensamento brasileiro e o latino-americano. d) está interessado em caracterizar o pensamento brasileiro no que se refere ao exame das relações entre “centro” e “periferia”, o que não o dispensou de citar linhas interpretativas do tema que se aproximam desse pensamento e as restrições que faz a elas. e) historia cronologicamente o caminho percorrido pelo pensamento latino- americano desde o início das discussões sobre “centro” e “periferia” até o momento em que se fixa na determinação das diferenças entre os dois conceitos. 21. (FCC/TRE-PE/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2011) O par grifado que constitui exemplo de parônimos está em: a) No espaço de uma noite, o rio havia transbordado e inundado o quintal da casa. Pela manhã, foi possível constatar a força destrutiva das águas. b) O rio se convertera em um caudaloso fluxo de águas sujas. O menino se assustou com a violência barrenta das águas. c) Famílias eminentes podiam ir para o campo, fugindo do bulício da cidade. Eram iminentes os riscos causados pela inundação das águas barrentas do rio. d) Era urgente a necessidade de obras para a contenção do rio. Havia heroísmo na concentração dos homens que lutavam contra a corrente. e) No pomar atrás da casa havia frutas, entre elas, mangas e cajus. Em mangas de camisa, homens tentavam salvar o que as águas levavam. 22. (FCC/TRE-TO/Analista Judiciário/Área Judiciária/2011) ...capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. (último parágrafo) Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7575 Considerando-se o par de palavras eminentes / iminentes, é correto afirmar que se trata de exemplo de a) antonímia. b) sinonímia. c) paronímia. d) homonímia. e) homofonia. 23. (FCC/TRT-11ª Região (AM)/Analista Judiciário/Área Judiciária/2012) A afirmação de que os dicionários podem ajudar a incendiar debates confirma-se, no texto, pelo fato de que o verbete discriminar a) padece de um sentido vago e impreciso, gerando por isso inúmeras controvérsias entre os usuários. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7676 b) apresenta um sentido secundário, variante de seu sentido principal, que não é reconhecido por todos. c) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo que se costuma atribuir a esse vocábulo. d) faz pensar nas dificuldades que existem quando se trata de determinar a origem de um vocábulo. e) desdobra-se em acepções contraditórias que correspondem a convicções incompatíveis. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7777 [...] 24. (FCC/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário/2013) No contexto, as frases Meu cabelo está pendoando e pode alcançar-me uma côdea desse pão constituem casos de a) usos opostos de linguagem, já que a completa informalidade da primeira contrasta com a formalidade da segunda. b) usos similares de linguagem, pois em ambas o intento é valorizar o emprego de vocabulário pouco usual. c) intenção didática, já que ambas são utilizadas para exemplificar o que seja uma má construção gramatical. d) usos similares de linguagem, pois predomina em ambas o interesse pela exatidão e objetividade da comunicação. e) usos opostos de linguagem, pois a perfeita correção gramatical de uma contrasta com os deslizes da outra. Confiar e desconfiar Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando tanto a cautela como a usura. Mas eu acho que desconfiar custa, sim, e às vezes custa demais. A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7878 aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo − quem sabe? − uma experiência essencial. [...] (Ascendino Salles, inédito) 25. (FCC/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário/2013) Quanto ao sentimento da desconfiança, o texto manifesta clara divergência do senso comum, pois, para o autor, esse sentimento a) leva, como é sabido, à prática da prudência, que é a chave das grandes criações humanas. b) traz, como poucos sabem, a consequência de esperar que tudo acabe se resolvendo por si mesmo. c) acaba, como poucos reconhecem, por impedir que se tomem iniciativas audazes e criativas. d) traduz, como poucos sabem, a vantagem de se calcular muito bem cada passo das experiências essenciais. e) importa, como é sabido, em eliminar a dose de irracionalidade que deve acompanhar a prudência conservadora. 26. (FCC/TRT-9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/2013) ... estudou para ser monge beneditino no Colégio São Bento, em São Paulo, onde chegou a escrever um livro sobre a ordem. No entanto, acabou seguindo o caminho da poesia – em meio à agitação cultural e política dos anos 1960 e 1970. (1º parágrafo) Considerado o contexto, o sentido dos elementos grifados acima pode ser adequadamente reproduzido, na ordem dada, por: a) disposição - tumulto b) escola - confronto c) equilíbrio - burburinho d) congregação - efervescência e) prudência - radicalismo Português para o TRT-23ªRegião (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 7979 Os direitos “nossos” e os “deles” Não é incomum que julguemos o que chamamos “nossos” direitos superiores aos direitos do “outro”. Tanto no nível mais pessoal das relações como nos fatos sociais costuma ocorrer essa discrepância, com as consequências de sempre: soluções injustas. Durante um júri, em que defendia um escravo que havia matado o seu senhor, Luís Gama (1830 - 1882), advogado, jornalista e escritor mestiço, abolicionista que chegou a ser escravo por alguns anos, proferiu uma frase que se tornou célebre, numa sessão de julgamento: "O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa". A frase causou tumulto e acabou por suspender a sessão do júri, despertando tremenda polêmica à época. Na verdade, continua provocando. Dissesse alguém isso hoje, em alguma circunstância análoga, seria aplaudido por uns e acusado por outros de demonizar o “proprietário”. Como se vê, também a demonização tem duas mãos: os partidários de quem subjuga acabam por demonizar a reação do subjugado. Tais fatos e tais polêmicas, sobre tais direitos, nem deveriam existir, mas existem; será que terão fim? O grande pensador e militante italiano Antonio Gramsci (1891-1937), que passou muitos anos na prisão por conta de suas ideias socialistas, propunha, em algum lugar de sua obra, que diante do dilema de uma escolha nossa conduta subsequente deve se reger pela avaliação objetiva das circunstâncias para então responder à seguinte pergunta: “Quem sofre?” Para Gramsci, o sofrimento humano é um parâmetro que não se pode perder de vista na avaliação das decisões pessoais ou políticas. (Abelardo Trancoso, inédito) 27. (FCC/2014/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário) Deve-se considerar que, na estruturação desse texto, I. o primeiro parágrafo apresenta uma tese com base numa discrepância de valores, que será ilustrada com o fato polêmico exposto no parágrafo seguinte. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 8080 II. as controvérsias despertadas pela frase proferida por Luís Gama podem ser explicadas pela contundência de um argumento radicalmente abolicionista acionado em pleno regime escravocrata. III. a referência ao militante Antonio Gramsci, no parágrafo final, propicia um argumento poderoso a favor de quem se pauta pelo cumprimento rigoroso da lei, não importando as circunstâncias. Em relação ao texto, é correto o que se considera em a) II e III, apenas. b) I e III, apenas. c) II, apenas. d) I, II e III. e) I e II, apenas. 28. (FCC/2014/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário) A afirmação de que “a demonização tem duas mãos”, no 3º parágrafo, justifica-se quando a) tanto o subjugado como quem subjuga são censurados por ações dadas como indefensáveis. b) ambos os envolvidos num delito se acusam mutuamente, ainda que não tenham razão para fazê-lo. c) a reação do subjugado é desproporcional em relação ao ato de quem o subjugou. d) a violência de quem subjuga aproveita-se da extrema fragilidade de quem é subjugado. e) nem quem subjuga, nem quem é subjugado é inteiramente culpado pelos excessos de seus atos. 29. (FCC/2014/TRT-1ª Região (RJ)/Analista Judiciário) No último parágrafo, deve-se entender que a preocupação de Antonio Gramsci implica, na iminência de uma decisão difícil, Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 8181 a) considerar inocente aquele que fez sofrer motivado por uma intenção politicamente justa. b) absolver quem se arrepende de seus atos, tendo já passado pelo sofrimento da culpa e da penitência. c) promover uma análise objetiva que leve em conta o padecimento de quem será afetado pela decisão. d) aceitar a existência de um fator emocional, mas ainda assim adotar o critério mais pragmático possível. e) suspender a análise objetiva da ocorrência e levar em conta tão somente os impulsos pessoais. Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou empalhados nos museus - o que é perfeitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado. Mas ainda há pássaros, sim. Existem tantos, ao redor da minha casa, que até agora não tive (nem creio que venha a ter) tempo de saber seus nomes, conhecer suas cores, entender sua linguagem. Porque evidentemente os pássaros falam. Há muitos, muitos anos, no meu primeiro livro de inglês, se lia: “Dizem que o sultão Mamude entendia a linguagem dos pássaros ...” Quando ouço um gorjeio nestas mangueiras e ciprestes, logo penso no sultão e nessa linguagem que ele entendia. Fico atenta, mas não consigo traduzir nada. No entanto, bem sei que os pássaros estão conversando. O papagaio e a arara, esses aprendem o que lhes ensinam, e falam como doutores. E há o bem-te-vi, que fala português de nascença, mas infelizmente só diz o próprio nome, decerto sem saber que assim se chama. [...] Os pais e professores desses passarinhos devem ensinar-lhes muitas coisas: a discernir um homem de uma sombra, as sementes e frutas, os pássaros amigos e inimigos, os gatos - ah! principalmente os Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Albert Iglésia 8282 gatos ... Mas essa instrução parece que é toda prática e silenciosa, quase sigilosa: uma espécie de iniciação. Quanto a ensino oral, parece que é mesmo só: “Bem-te-vi! Bem-te-vi!”, que uns dizem com voz rouca, outros com voz suave, e os garotinhos ainda meio hesitantes, sem fôlego para as três sílabas. MEIRELES, Cecília. O que se diz e o que se entende. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 95-96 30. (FCC/2015/TRE-RR/Técnico Judiciário) De acordo com o texto, a afirmativa correta é: a) A autora confessa, no 1° parágrafo, que não tem interesse nem tempo suficiente para observar os pássaros que eventualmente aparecem em sua casa, nem saber seus nomes, conhecer suas cores, entender sua linguagem. b) O último parágrafo aborda uma instrução toda prática e silenciosa, de modo semelhante ao que ocorre costumeiramente, ou seja, as gerações mais velhas são incumbidas de transmitir conhecimentos úteis aos mais novos. c) No 3° parágrafo, a referência ao papagaio e à arara, que falam como doutores, vem reforçar a noção de que essas duas espécies, como representantes da fauna brasileira, são superiores aos simples bem-te-vis, pássaros bastante comuns nas cidades. d) A forma como a autora reproduz, no 1° parágrafo, o que constava do livro de inglês - Dizem que o sultão Mamude -, não deixa dúvida de que, segundo a narrativa, esse sultão realmente conseguia entender a linguagem dos pássaros. e) No 2° parágrafo, é possível perceber que a autora também consegue, com atenção e algum esforço, comunicar-se com os pássaros que costuma observar, principalmente com os bem-te-vis, porque falam português de nascença. Português para o TRT-23ª Região (Teoria e Exercícios) Aula 7 – Compreensão e Interpretação de Texto Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br |Prof. Albert Iglésia 8383 1. D 2. D 3. B 4. C 5. B 6. C 7. D 8. A 9. A 10. D 11. A 12. B 13. E 14. B 15. C 16. B 17. E 18. A 19. D 20. D 21. C 22. C 23. E 24. B 25. C 26. D 27. E 28. A 29. C 30. B Gabarito das Questões Comentadas