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MAX GEHRINGER APONTA O PRINCIPAL ERRO QUE PODE TRAVAR A CARREIRA.. 15409433072724897

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Publicado por: Thamirys Braga www.estaciocarreiras.com.br/blog 10/2017 
 
MAX GEHRINGER APONTA O 
PRINCIPAL ERRO QUE PODE TRAVAR 
A CARREIRA. 
 
Em entrevista exclusiva, comentarista da CBN e do programa “Fantástico”, da Globo, analisa 
um problema que atrapalha a carreira de muitos brasileiros. 
Se existe uma pessoa que conhece bem as grandes (e pequenas) angústias da vida profissional 
do brasileiro, esse alguém é Max Gehringer. 
Ao longo dos primeiros 13 anos como comentarista da rádio CBN, ele recebeu mais de 30 mil 
dúvidas dos ouvintes sobre gestão de carreira. Organizados em formato de lista, os 
questionamentos deram origem ao livro “Sua carreira direto ao ponto”, lançado este ano pela 
editora Benvirá. 
Em entrevista exclusiva a EXAME, Gehringer diz que a principal dificuldade do brasileiro é 
aceitar o contraste entre a vivência na escola — mais permissiva e menos competitiva do que 
no passado — e a dura realidade do mercado de trabalho, marcada por pressões, hierarquia e 
disputa. 
“A consequência tem sido a mudança constante de emprego, em busca do paraíso perdido”, 
explica o colunista do programa “Fantástico”, transmitido pela TV Globo. 
Em um cenário de insatisfação, volatilidade e crise, construir uma carreira estável parece ser 
uma tarefa impossível — mas não é, segundo Gehringer. 
O segredo está em evitar o pior erro que você pode cometer ao longo da sua vida profissional: 
imaginar que o empregador irá se adaptar às suas necessidades, e não o contrário. “Cada 
empresa tem as suas próprias regras, e entendê-las é o primeiro passo na construção da 
carreira”, diz o autor. 
Outra tendência perigosa é confundir emprego — algo, por definição, temporário — com 
carreira, um bem permanente que pode, sim, ser estável. Na entrevista abaixo, Gehringer 
explica como conquistar equilíbrio sem recair na estagnação, e ensina a navegar de forma 
segura por um mercado de trabalho cada vez mais complexo. Confira: 
EXAME – No seu livro, o senhor responde a centenas de dúvidas reais sobre a vida profissional. 
Qual é a maior dificuldade do brasileiro quando o assunto é carreira? 
Publicado por: Thamirys Braga www.estaciocarreiras.com.br/blog 10/2017 
Max Gehringer – Atualmente, a maior dificuldade é a adaptação a uma nova realidade. De 
duas décadas para cá, as escolas brasileiras se abrandaram bastante em termos de exigências. 
Não há mais competição, notas baixas não são divulgadas e nem impedem a progressão 
acadêmica. Os professores perderam muito da autoridade que tinham sobre os alunos. 
Ao ingressar no mercado, o jovem encontra o avesso de tudo isso. Competitividade, 
hierarquia, pressão por resultados e comparação direta com colegas. A consequência tem sido 
a mudança constante de emprego, em busca do paraíso perdido. 
O senhor já disse em entrevistas que não existe mais plano de carreira. O que aconteceu? As 
empresas não querem mais desenvolver futuros líderes? 
Muitas empresas mantêm o processo de avaliação de desempenho, mas ele passou a ser 
focado no curto prazo. A definição clássica do plano de carreira era a do horizonte mais amplo, 
entre três a cinco anos. Esse modelo é que está em extinção. O desenvolvimento se dá a partir 
dos resultados práticos imediatos, e os futuros líderes se desenvolvem aprendendo e 
executando em tempo real. 
A estabilidade virou algo cada vez mais raro no mercado de trabalho brasileiro. Esse ainda é 
um valor para a maioria dos profissionais? 
Sim, a estabilidade e a segurança continuam a ser valores desejáveis para a maioria. Mas há 
três outros fatores que compõem o perfil do “empregado feliz”: remuneração adequada, 
oportunidades de carreira e bom ambiente de trabalho. 
Se existe alguma empresa no Brasil capaz de oferecer essas quatro coisas ao mesmo tempo, eu 
nunca ouvi falar dela. 
O empregado de empresas privadas do século XX era mais paciente ou mais conformado, e por 
isso arriscava menos. O do século XXI é mais imediatista e mais ambicioso, e por isso muda de 
emprego com mais frequência. 
Qual é a consequência do encurtamento das passagens por cada empresa? 
A rotatividade é o resultado de expectativas não preenchidas. A empresa não é o que o 
funcionário esperava, o chefe não é compreensivo, o ambiente não é bom, as oportunidades 
demoraram demais a surgir. 
Entre continuar insistindo ou procurar outra empresa que possa ser mais adequada, a segunda 
opção parece mais lógica para a maioria. 
Essas transições irão mostrar que não existem empresas perfeitas, algo que os antigos 
funcionários estáveis já desconfiavam, mas que os jovens estão agora preferindo aprender na 
prática. 
Ainda é possível ter uma carreira estável, apesar do mau momento do mercado de trabalho? 
É bom lembrar que a crise não fez o trabalho evaporar. O desempregado é uma exceção. 
Dolorosa, é verdade, mas que atinge a uma minoria. Neste momento, muitas carreiras estão 
em evolução, e futuros presidentes de empresas estão ingressando agora no mercado de 
trabalho. 
Publicado por: Thamirys Braga www.estaciocarreiras.com.br/blog 10/2017 
Como sempre aconteceu e continuará a acontecer, alguns irão se destacar mais que outros, e 
receberão o devido reconhecimento profissional. As crises vão e vêm, mas a carreira continua 
com elas ou sem elas. 
Como construir uma carreira estável, mas não estagnada? 
A tendência a confundir emprego com carreira continua forte. Um emprego é sempre 
temporário, e pode ser encerrado a qualquer momento por uma decisão da empresa. Já uma 
carreira é permanente, e pertence ao profissional, e não à empresa em que ele está 
trabalhando. 
Investir na carreira é fazer por conta própria cursos que o trabalho atual não exige, é criar um 
círculo de contatos que possam ser úteis no futuro, é extrair o melhor do emprego presente 
para ser reconhecido pelo mercado como um profissional competente e desejável. A 
estagnação costuma ocorrer quando alguém acredita que está tranquilo e não precisa mais 
investir em si mesmo. 
Qual é o principal erro estratégico que costuma travar a ascensão profissional? 
Imaginar que a empresa irá se adaptar ao empregado, e não o contrário. Nenhum empregado 
é contratado por uma empresa para ser um sucesso. 
Todos são contratados porque há um trabalho a ser feito, e aqueles que melhor se 
desempenharem irão, no devido tempo, receber trabalhos mais desafiadores e promoções. 
Cada empresa tem suas próprias regras, e entendê-las é o primeiro passo na construção da 
carreira.

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