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Fim do ciclo menstrual e início da gravidez

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REVISÃO ANATOMOFISIOLOGICA
(como funciona o corpo)
Fim do ciclo menstrual e início da gravidez
Os dois hormônios que dominam no ciclo menstrual são o estrogênio e a progesterona. Ambos têm a função de preparar o corpo feminino para uma possível fertilização. Em geral, antes da ovulação, há a predominância de estrogênio e, após a ovulação, a taxa de estrogênio cai e cede espaço para a progesterona. Após a queda do nível de progesterona, a mulher menstruará e renovará o ciclo. Se a taxa desse hormônio não diminuir, significa que a mulher engravidou. Em um ciclo regular, a ovulação ocorre entre o 12º e o 16º dia, contados a partir do primeiro dia de menstruação.
DEPRESSÃO PÓS-PARTO, GRAVIDEZ E HORMÔNIOS
Publicado: 20 Março 2012
A condição é definida como um grande episódio de depressão que começa nas quatro semanas após o parto e é considerada um grande problema de saúde pública.
O estudo, publicado na revista médica "Archives of General Psychiatry", revela que na mesma proporção em que os níveis de estrógeno caem abruptamente nos três a quatro dias após o nascimento do bebê, existe um aumento da enzima monoamina oxidase A (MAO-A) no cérebro. 
A enzima quebra os neurotransmissores serotonina, dopamina e noradrenalina, que, além de serem responsáveis por transmitir os sinais entre as células nervosas, também influenciam nosso humor.
Se o funcionamento dos neurotransmissores é afetado, a pessoa inicialmente se sente triste e após certo tempo corre o risco de ficar deprimida.
Os níveis mais altos foram registrados no quinto dia após o parto, coincidindo com o dia em que o humor das mães está no ponto mais baixo.
Uma curiosidade: animais ingerem a placenta no pós-parto para que haja uma reposição de nutrientes e de hormônios, já que durante o parto ambos são despendidos
A depressão pós-parto é um transtorno que se caracteriza por sintomas semelhantes aos da depressão comum: estado de humor rebaixado, pouca vontade de sair de casa, isolamento social, tristeza intensa e frequente, apetite e sono alterados. A diferença, no entanto, é que, na depressão pós-parto, esses sintomas aparecem na mãe, entre um mês e um ano após o nascimento da criança. Esse é um distúrbio não só de ordem biológica, mas também psicológica e social.
Não são só os hormônios que influenciam a depressão pós-parto. No plano psicológico, os principais fatores ligados ao desenvolvimento deste mal são:
Pouco suporte do parceiro, geralmente quando é ausente durante a gravidez;
Rejeição do filho, tanto pela mulher quanto pela família, incluindo também o pai da criança;
Pouco apoio da família para a mãe;
Insatisfação da mãe quanto aos cuidados recebidos durante a gestação;
História de algum transtorno psiquiátrico, de ansiedade ou depressão previamente;
Dificuldade de assumir o papel materno (redimensionamento da maternidade), que atinge principalmente as mães adolescentes;
Fatores relacionados à gestação e ao parto também podem servir de gatilho para a depressão pós-parto. Passar por poucas ou nenhuma consulta pré-natal contribui para que a mulher desenvolva essa depressão. O pré-natal bem feito ajuda a mulher a lidar melhor com a gravidez, a iniciar a estruturação de sua identidade de mãe para quando a criança chegar.
Dificuldades no parto, por sua vez – como sentir muita dor, por exemplo – podem tornar o evento traumático, atribuído à criança ou ao estado de gravidez, resultando também em casos de depressão pós-parto. Existem estudos mais recentes mostrando que, quando ocorre nascimento prematuro ou morte do bebê, também há maior risco para a mulher apresentar os sintomas da depressão.
Como é feito o tratamento?
O tratamento do transtorno, por sua vez, não é muito diferente do de outros tipos de depressão, exceto pelo fato de a paciente estar grávida ou em período pós-parto. Entra, então, a responsabilidade do médico que faz o pré-natal e do pediatra que está cuidando da criança, que devem observar os comportamentos da mãe durante a gravidez e até um ano após o nascimento. Nestes casos, a intervenção multiprofissional é ainda mais importante. O tratamento é feito com antidepressivos. Os sintomas podem ser aliviados de um a três meses, dependendo da efetividade do remédio e do suporte da família.
Quanto antes forem detectados os sinais de depressão, enquanto ainda são brandos, melhor o prognóstico. Também é importante a família estar atenta para o comportamento da mãe. Quando os sintomas começarem a aparecer, ela deve receber ajuda logo. Caso o problema seja diagnosticado, a atuação rápida de um psicólogo e/ou de um psiquiatra é fundamental.
A depressão pós-parto traz consequências não só para a mãe, mas também para os filhos. Mães deprimidas tendem a ser um pouco mais negligentes nos cuidados com seus bebês, impactando diretamente na saúde e no desenvolvimento cognitivo da criança. 
HORMÔNIOS DA GRAVIDEZ
             
Gonadotrofina coriônica humana (HCG): é um hormônio glicoproteíco, secretado desde o início da formação da placenta pelas células trofoblásticas, após nidação (implantação) do blastocisto (*). A principal função fisiológica deste hormônio é a de manter o corpo lúteo, de modo que as taxas de progesterona e estrogênio não diminuam, garantindo, assim, a manutenção da gravidez (inibição da menstruação) e a ausência de nova ovulação. Por volta da 15ª semana de gestação, com a placenta já formada e madura produzindo estrógeno e progesterona, ocorre declínio acentuado na concentração de HCG e involução do corpo lúteo.
	
	O HCG também concede uma imunossupressão à mulher, para que ela não rejeite o embrião (inibe a produção de anticorpos pelos linfócitos); tem atividade tireotrófica e também estimula a produção de testosterona pelo testículo fetal (estimula as células de Leydig a produzirem maior quantidade de androgênios), importante para a diferenciação sexual do feto do sexo masculino.
 
(*) O blastocisto é um estágio inicial do desenvolvimento embrionário, formado por uma camada de células denominada trofoblasto ou células trofobláticas que envolve o botão embrionário. Após a nidação o trofoblasto forma projeções na mucosa uterina chamadas vilosidades coriônicas, principais responsáveis pela produção de HCG.
Hormônio lactogênio placentário humano: é um hormônio protéico, de estrutura química semelhante à da prolactina e da somatotrofina hipofisária. É encontrado no plasma da gestante a partir da 4ª semana de gestação. Tem efeito lipolítico, aumenta a resistência materna à ação da insulina e estimula o pâncreas na secreção de insulina, ajudando no crescimento fetal, pois proporciona maior quantidade de glicose e de nutrientes para o feto em desenvolvimento.
Hormônio melanotrófico: atua nos melanócitos para liberação de melanina, aumentando a pigmentação da aréola, abdomên e face.
Aldosterona: mantém o equilíbrio de sódio, pois a progesterona estimula a eliminação do mesmo, e a aldosterona promove sua reabsorção.
Progesterona: relaxa a musculatura lisa, o que diminui a contração uterina, para não ter a expulsão do feto. Aumenta o endométrio, pois se o endométrio não estiver bem desenvolvido, poderá ocorrer um aborto natural ou o blastocisto se implantar (nidação) além do endométrio. Este hormônio é importante para o equilíbrio hidro-eletrolítico, além de estimular o centro respiratório no cérebro, fazendo com que aumente a ventilação, e conseqüentemente, fazendo com que a mãe mande mais oxigênio para o feto. Complementa os efeitos do estrogênio nas mamas, promovendo o crescimento dos elementos glandulares, o desenvolvimento do epitélio secretor e a deposição de nutrientes nas células glandulares, de modo que, quando a produção de leite for solicitada a matéria-prima já esteja presente.
Estrogênio: promove rápida proliferação da musculatura uterina; grande desenvolvimento do sistema vascular do útero; aumento dos órgãos sexuais externos e da abertura vaginal, proporcionando uma via mais ampla para o parto; rápido aumento das mamas; contribui ainda para a manutenção hídrica e aumentaa circulação. Dividido em estradiol e estrona - que estão na corrente materna; e estriol - que está na corrente fetal, é medido para avaliar a função feto-placentária e o bem estar fetal.
HORMÔNIOS DO PARTO
A ocitocina é um hormônio que potencializa as contrações uterinas tornando-as fortes e coordenadas, até completar-se o parto.
Quando inicia a gravidez, não existem receptores no útero para a ocitocina. Estes receptores vão aparecendo gradativamente no decorrer da gravidez. Quando a ocitocina se liga a eles, causa a contração do músculo liso uterino e também, estimulação da produção de prostaglandinas, pelo útero, que ativará o músculo liso uterino.
	
	
	
Imagens: www.embarazada.com
O parto depende tanto da secreção de ocitocina quanto da produção das prostaglandinas, porque sem estas, não haverá a adequada dilatação do colo do útero e conseqüentemente, o parto não irá progredir normalmente.  Não são bem conhecidos os fatores desencadeantes do trabalho de parto, mas sabe-se que, quando o hipotálamo do feto alcança certo grau de maturação, estimula a hipófise fetal a liberar ACTH. Agindo sobre a adrenal do feto, esse hormônio aumenta a secreção de cortisol e outros hormônios, que estimulam a placenta a secretar prostaglandinas. Estas promovem contrações da musculatura lisa do útero. Ainda não se sabe o que impede o parto prematuro, uma vez que nas fases finais da gravidez, há uma elevação do nível de ocitocina e de seus receptores, o que poderia ocasionar o início do trabalho de parto, antes do fim total da gravidez. Existem possíveis fatores inibitórios do trabalho de parto, como a proporção estrogênio/progesterona e o nível de relaxina, hormônio produzido pelo corpo lúteo do ovário e pela placenta. 
A progesterona mantém seus níveis elevados durante toda a gravidez, inibindo o músculo liso uterino e bloqueando sua resposta a ocitocina e as prostaglandinas. O estrogênio aumenta o grau de contratilidade uterina. Na última etapa da gestação, o estrogênio tende a aumentar mais que a progesterona, o que faz com que o útero consiga ter uma contratilidade maior.
A relaxina aumenta o número de receptores para a ocitocina, além de produzir um ligeiro amolecimento das articulações pélvicas (articulações da bacia) e das suas cápsulas articulares, dando-lhes a flexibilidade necessária para o parto (por provocar remodelamento do tecido conjuntivo, afrouxa a união entre os ossos da bacia e alarga o canal de passagem do feto). Tem ação importante no útero para que ele se distenda, a medida em que o bebê cresce. O nível de relaxina aumenta ao máximo antes do parto e depois cai rapidamente.
Ainda não se conhecem os fatores que realmente interferem no trabalho de parto, mas uma vez que ele tenha iniciado, há um aumento no nível de ocitocina, elevando muito sua secreção, o que continua até a expulsão do feto.
OS HORMÔNIOS E OS MECANISMOS DA LACTAÇÃO
	
	O início da lactação se dá com a produção de leite, que ocorre nos alvéolos das glândulas mamárias. O leite sai dos alvéolos e caminha até o mamilo através dos seios lactíferos.
O estrogênio, associado aos hormônios da tireóide, aos corticosteróides adrenais e a insulina, promovem o desenvolvimento das mamas. Este desenvolvimento vai ser acentuado pela ação da progesterona, que também estimula a proliferação dos dutos.
Durante a gravidez, há a necessidade de uma proliferação dos alvéolos e dos dutos para a lactação. Isto ocorre devido à ação dos hormônios progesterona e estrogênio. O lactogênio placentário e a prolactina também são muito importantes na preparação das mamas.
A prolactina começa a ser produzida ainda na puberdade, mas em pequena quantidade. O surto deste hormônio acontece em decorrência da gravidez, e é aumentado, gradativamente, durante a amamentação. Tal hormônio é responsável pelo crescimento e pela atividade secretora dos alvéolos mamários. O lactogênio placentário age como a prolactina, desenvolvendo os alvéolos.
Estes dois hormônios estão presentes durante toda a gravidez, porém suas quantidades não são aumentadas, devido a inibição causada pelos altos níveis de progesterona e estrogênio. Ao final do trabalho de parto, há uma queda nos níveis destes dois últimos hormônios, ocasionando um aumento nas quantidades de prolactina e lactogênio placentário, o que possibilita o início da produção de leite. Enquanto houver a sucção do mamilo pelo bebê, a prolactina continuará produzindo leite. Isto acontece porque quando o bebê faz esta sucção nos mamilos, estimula o hipotálamo a secretar o fator liberador da prolactina, mantendo seus níveis e, conseqüentemente, a produção de leite.  A produção de leite só irá diminuir ou cessar completamente se a mãe não amamentar seu filho, pois neste caso, não haverá mais a estimulação decorrente da sucção do mamilo. A sucção do mamilo também estimulará a hipófise posterior, que irá secretar ocitocina. Este hormônio é o responsável pela ejeção do leite. Tal mecanismo ocorre porque a ocitocina contrai os músculos ao redor dos alvéolos, fazendo com que o leite caminhe até o mamilo. O leite só começa a ser produzido depois do primeiro dia do nascimento. Até este período, haverá a secreção e liberação do colostro, que é um líquido aquoso, de cor amarelada, que contém anticorpos maternos.
	Glândula
	Hormônio
	Órgão-alvo
	Principais ações
	Hipófise
	FSH
	ovário
	estimula o desenvolvimento do folículo, a secreção de estrógeno e a ovulação
	
	LH
	ovário
	estimula a ovulação e o desenvolvimento do corpo amarelo.
	
	Prolactina
	mamas
	estimula a produção de leite (após a estimulação prévia das glândulas mamárias por estrógeno e progesterona).
	
	Ocitocina
	Útero e mamas
	- secretado em quantidades moderadas durante a última fase da gravidez e em grande quantidade durante o parto. Promove a contração do útero para a expulsão da criança.
- promove a ejeção do leite durante a amamentação
	Ovário
	Estrógeno
	diversos
	crescimento do corpo e dos órgãos sexuais; estimula o desenvolvimento das características sexuais secundárias.
	
	
	hipófise
	inibe a produção de FSH e estimula a produção de LH
	
	
	Sistema Reprodutor
	estimula a maturação dos órgãos reprodutores e do endométrio, preparando o útero para a gravidez
	
	Progesterona
	hipófise
	inibe a produção de LH
	
	
	útero
	completa a regeneração da mucosa uterina, estimula a secreção das glândulas endometriais e  mantém o útero preparado para a gravidez.
	
	
	mamas
	estimula o desenvolvimento das glândulas mamárias para secreção láctea.
	Placenta
	HGC
	corpo lúteo
	estimula a produção de progesterona e estrógeno; inibe a menstruação e nova ovulação.
24/6/2015 às 12h12 (Atualizado em 24/6/2015 às 13h33)
Mãe com depressão pós-parto mata filha sufocada depois de ter tratamento negado pelo serviço de saúde
Médicos recusaram ajuda porque bebê já tinha mais que seis meses de idade
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Chloe morreu sufocada; mãe escreveu que pôs filha "para dormir"Reprodução/dailymail.co.uk
Erin Sutherland, de 36 anos, admitiu ter matado sufocada sua filha de dez meses, Chloe, porque estava sofrendo de depressão pós-parto e não conseguiu ajuda para se tratar, já que, na Escócia, onde ela mora, o serviço de saúde só oferece esse tipo de apoio para mães de bebês de até seis meses de idade.
No dia do crime, Erin havia recebido uma carta do ex-parceiro, que comentava sobre seus planos de acertar as visitas à filha. Depois de uma crise de depressão, Erin matou a menina, e mandou uma mensagem para uma amiga dizendo que havia colocado Chloe “para dormir”.
Erin, que já havia sido tratada de depressão pós-parto depois de dar à luz sua filha mais velha, desta vez foi recusada pelo CPN, serviço público de psiquiatria local. A justificativa da negativa, baseada na idade da bebê, revoltou a família, que contratou um advogado para representar o caso.
Iain McSporran argumenta que o sistema deveria ser diferente, para evitar tragédias como esta.
— Eles foram incapazes de oferecer ajuda,apenas porque a menina tinha mais de seis meses. Tudo poderia ter sido muito diferente.
No dia da morte da menina, Erin telefonou às 13h da tarde para um serviço de atendimento a mães com depressão pós-parto, e a atendente conta ter percebido que ela estava “ansiosa e parecendo assustada por causa de uma carta que havia recebido de seu ex a respeito das visitas à filha”.
O advogado explica que a funcionária perguntou ainda se Erin estava sentindo tendências suicidas naquele momento, ao que a mulher respondeu que não faria “nada estúpido”.
Mais tarde, a mãe avisou uma amiga de que Chloe “não estava mais lá”. Ao chegar à casa, a colega se deparou com o serviço de emergência já atendendo o caso.
— O apoio deve estar disponível por quanto tempo as famílias precisarem dele. Os profissionais de saúde devem ser mais bem treinados para aprender a lidar com a situação, priorizando os casos de depressão pós-parto. É preciso prevenir tragédias similares a esta no futuro.
Erin foi presa por homicídio, e agora aguarda julgamento.
Depressão Pós-parto
 
Segundo estudos científicos as mulheres têm uma probabilidade duas vezes maior de terem depressão principalmente durante a vida reprodutiva e nos períodos de oscilações hormonais como o pré-menstrual, o pós-parto e a perimenopausa - período ao redor da menopausa, caracterizado pelas oscilações dos níveis hormonais e sintomas físicos e psíquicos como ondas de calor, insónia, tristeza e irritabilidade.
A depressão pós-parto (DPP) é um quadro clínico que pode surgir nas mulheres na fase puerperal, normalmente nas quatro semanas após o parto e se caracteriza pela presença de um conjunto de sintomas que prejudicam a relação mãe-bebé.
Atinge entre 10 a 20 % das mulheres quando iniciam a relação com os seus filhos recém-nascidos, podendo começar na primeira semana após o parto e durar até 2 anos e apresentam choro, irritabilidade, cansaço e abatimento.
Dentre os sintomas mais comuns destacam-se: humor depressivo com profunda tristeza, um sentimento de vazio, ausência de prazer nas actividades diárias, fadiga, instabilidade emocional e irritabilidade, alterações da concentração e do pensamento, sentimentos e ideias suicidas.
Dentre os eventuais transtornos emocionais do pós-parto podem ser enfatizados: melancolia da maternidade (baby blues), depressão pós parto e psicose puerperal.
A melancolia da maternidade (baby blues), aparece em algumas mulheres, em torno do terceiro dia após o parto e se caracteriza por um estado de fragilidade e hiperemotividade. O choro e a tristeza são acompanhados por sentimentos de falta de confiança e incapacidade para cuidar do bebé. Corresponde a uma etapa de reconhecimento mútuo entre a mãe e o bebé. É o tempo necessário para a mãe compreender que o bebé é um ser separado dela e marca o fim da gravidez psíquica.
A depressão pós-parto ocorre após umas duas semanas quando os sentimentos depressivos persistem. É uma manifestação psicopatológica importante que incide em 10 a 15% das mulheres na fase puerperal e desencadeia um quadro depressivo durante os três primeiros meses após o parto e, geralmente, manifestam-se sentimentos de incapacidade de cuidar do filho e dificuldades para enfrentar a nova configuração sociofamiliar. A sintomatologia típica inclui: sentimentos de culpa, transtornos do sono, flutuações de humor com grande tendência a tristeza e ausência de sintomas psicóticos.
A psicose puerperal é uma síndrome com características de depressão, delírios e pensamentos da mãe sobre ferir o bebé ou a si mesma. Nos casos mais graves ocorrem inclusive fantasias homicidas em relação à criança, as quais, em situação extrema, podem chegar ao infanticídio.
A psicose puerperal incide em 0,1% a 0,2% das mulheres na fase puerperal. Assemelha-se à depressão pós parto, porém faz com que a mulher desenvolva uma certa tendência à agressividade, principalmente em relação à criança. A mãe pode manter delírios de perseguição, medo excessivo de magoar o bebé e sentimentos de estar a enlouquecer. Surge normalmente no primeiro período pós-parto de uma mulher, com duração variável de semanas a meses. A mulher sofre confusão mental, alucinações e mudanças rápidas de humor, passando da euforia para a depressão, podendo chegar a ser bastante agressiva com o filho e cogitar a possibilidade de infanticídio, ou seja, de matar ou facilitar a morte do próprio filho recém-nascido.
Enquanto a depressão pós-parto gera uma sensação de desleixo e apatia, levando a mãe a não ter vontade de cuidar de si e muito menos da criança, a psicose puerperal mantém efeitos que podem se tornar gravíssimos, caso não seja diagnosticada e tratada precocemente.
A mãe portadora deste distúrbio mantém um estado de delírio permanente. Os cuidados com a criança devem ser feitos por alguém da família, que possa estar presente. O marido deve ter atenção redobrada à esposa e estar sempre atento.
A presença de conflitos emocionais está associada a factores fisiológicos e emocionais e à situações de vida da mulher, como stress , dificuldades entre o casal, pouco suporte familiar , gravidez indesejada, etc.
Do ponto de vista psicodinâmico, o nascimento da criança representa o rompimento da relação simbiótica entre o bebé e a mãe. Este processo de separação pode desencadear na mãe vivências depressivas e psicóticas, reativadas por conflitos e lutos mal elaborados da infância. Nesse momento a mãe precisa desenvolver um vínculo afetivo, que lhe permitirá identificar-se com a criança, colocando-se no lugar dela e imaginando as necessidades da criança. O parto envolve a separação de dois organismos que estavam vivendo juntos em uma relação simbiótica de total dependência e permanente contato íntimo.
Ao nascer, a criança encarrega-se de uma variedade de funções fisiológicas que até então eram cumpridas pela mãe, como a respiração, a alimentação e outras. A mãe, que se adaptara ao estado de gravidez e incorporara o feto no seu esquema corporal, deverá passar por um novo processo de ajustamento, retornando a situação de não-gravidez.
No momento do parto há na mulher um sentimento de perda e de esvaziamento de partes importantes de si mesma e medo do desconhecido. Já a etapa do puerpério é caracterizada pela dualidade entre a situação do perdido, gravidez, e do adquirido, o bebé.
O conflito edipiano materno é ativado com o nascimento do bebé. Neste sentido, a maternidade é compreendida como um resgate e conquista da identidade feminina, sendo o bebé considerado um representante do falo paterno. Quando a mãe dá à luz uma criança do sexo feminino, revive sua história em relação à própria mãe de forma mais intensa, ocorrendo sentimentos ambivalentes, resultantes das dificuldades da elaboração da própria identidade feminina materna.
A Perspectiva psicanalítica sugere que após o parto a mulher tem de realizar o luto de uma série de experiências presentes, nomeadamente o luto do filho imaginário, ideal (expectativas) e experiências passadas, como luto de anteriores experiências de separação com a mãe, ela identifica-se com o bebé e revive através dele a relação com a mãe.
Na psicose e na depressão pós-parto a identidade materna é difusa e enfraquecida, devido a dificuldades e conflitos vividos em sua experiência anterior com a própria mãe.
A DPP é um sinal de que a mãe não está a realizar convenientemente o trabalho psicológico do pós parto, que consiste em aceitar que o seu filho não é tão especial como imaginou, tarefa que pode ser dificultada quando as expectativas da mãe são quebradas (ex.: sexo, temperamento do bebé, aparência física).
Principais fatores de risco:
- Pessoas com histórico pessoal ou familiar de transtorno bipolar do humor. 
- Episódio prévio de psicose (por exemplo em uma gestação anterior). 
- Ser primípara (primeiro filho).
- Pessoas com histórico pessoal ou familiar de transtorno bipolar do humor. 
- Episódio prévio de psicose (por exemplo em uma gestação anterior).
Tratamento: é diferenciado e individualizado de acordo com a gravidade clínica.
A pessoaque sofre com essa depressão, geralmente está indecisa, pelo que alguém da família tem que tomar decisões, inclusive para começar o tratamento.
A primeira opção deverá ser a prevenção. É preciso oferecer educação, psicoterapia de apoio e até medicação quando bem indicada e orientada. Qualquer tratamento deve envolver equipe multidisciplinar, com o obstetra, o psiquiatra e o psicólogo. O enfoque é sempre biopsicossocial, como em todos os transtornos mentais. Pais e familiares devem também ser orientados. Nunca devemos nos esquecer dos aspectos da vida do casal e das próprias expectativas de mudanças da vida social que podem intimidar ou assustar algumas futuras mães.
Resumindo:
Antidepressivos. Muitos deles podem ser dados durante a gravidez e a amamentação.
Psicoterapia. A Depressão afeta a pessoa como um todo. Fatores da vida da mulher podem provocar, piorar ou perpetuar a depressão. A culpa por estar deprimida, por sentir-se incapaz de cuidar do bebé, por não conseguir sentir-se feliz podem ser tratadas numa psicoterapia, enquanto que a medicação tratará o metabolismo cerebral.
Tempo para começar a melhorar: quase todos os Antidepressivos precisam de 2 a 6 semanas a agir. Não desista do tratamento se não melhorar nos primeiros dias.
Yoga, meditação, relaxamento, exercício físico, ajudam.
Diminuir consumo de álcool e cafeína (café, chá preto, refrigerantes).
Conclusão: A depressão pós parto deve ser tratada, e, mais do que isso, exige apoio integral da família, especialmente do marido que deve dar atenção redobrada e ter uma dose grande de compreensão. Embora tenha um bom prognóstico, não deve ser descuidada pois poderá agravar-se e prejudicar a vida da mulher, do bebé e de sua família.

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