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Saúde da Mulher - SP 3 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS E SINAIS E SINTOMAS Há alterações fisiológicas que ocorrem em todas as gestações, acometem a maioria dos sistemas do organismo e podem gerar sintomas desconfortáveis para a gestante, tornando-se queixas muito frequentes nas consultas de pré-natal. ● Essas alterações precisam ser conhecidas pelo pré-natalista a fim de que ele possa diferenciar as alterações patológicas das fisiológicas. PELE E ANEXOS Estrias Ruptura de fibras elásticas da pele. ➔ Não há tratamento específico. Linha nigra Hiperpigmentação cutânea na linha média no abdome. ➔ Não há tratamento específico. ➔ Costuma desaparecer após o parto. SISTEMA MUSCULESQUELÉTICO Dores lombares Mudança no eixo gravitacional do corpo, relaxamento ligamentar e fadiga muscular. ➔ Melhora sintomática com medidas gerais (repouso relativo, alongamento, calor local, analgésicos, postura adequada). ➔ Evitar o uso de salto alto. Dores hipogástricas Pressão do útero sobre a musculatura abdominal, pelve e bexiga, associada ao relaxamento ligamentar. ➔ Melhora sintomática com repouso. ➔ É importante diferenciar de contrações uterinas. Cãibras Causa desconhecida. Ocorre em 30% das gestações, mais à noite. ➔ Associada à presença de varizes. ➔ Repouso, aumento da ingesta hídrica e de cálcio. SISTEMA DIGESTIVO Náuseas e vômitos Matinais, não persistem além do 2o trimestre. Relacionados a fatores hormonais (HCG) e psicogênicos. ➔ Tranquilização, eventualmente medicação antiemética. ➔ Afastar hiperêmese gravídica e causas secundárias nos casos refratários. Sialorreia Pode acompanhar náuseas no 1o trimestre. ➔ Não há tratamento específico. Pirose Compressão gástrica pelo útero, com aumento do refluxo gastresofágico. ➔ Fracionamento das refeições, uso de cabeceira elevada. ➔ Evitar a posição supina após as refeições e a ingestão de alimentos agravantes. ➔ Uso de substâncias antiácidas nos casos refratários. Constipação Redução da motilidade intestinal, pela ação hormonal e pela compressão exercida pelo útero sobre as porções terminais do intestino. ➔ Aumento da ingesta hídrica e de Larissa Moitinho gestação fibras alimentares. SISTEMA CIRCULATÓRIO Síncope e tonturas Hipotensão ou hipoglicemia. ➔ Repouso, alimentação adequada. Varizes e edema em membros inferiores Compressão venosa pelo útero gravídico, dificultando o retorno venoso. ➔ Elevação de membros inferiores e uso de meias elásticas. Hemorroidas Compressão do útero sobre o plexo hemorroidário, mais sintomáticas na presença de constipação. ➔ Normalização do hábito intestinal com fibras e hidratação adequada. ➔ Uso de banhos de assento e anestésicos locais. ➔ Regridem após o parto. SISTEMA GENITURINÁRIO Polaciúria Compressão do útero sobre a bexiga, com redução da capacidade vesical. ➔ Afastar infecção urinária. Leucorreia Aumento das secreções vaginais por ação hormonal. Secreção esbranquiçada, sem irritação da mucosa vulvar e vaginal. ➔ Afastar vaginite. (Referência: FREITAS) A Resposta do Corpo Materno à Gravidez A mais aparente dentre as diversas reações da mãe ao feto e os altos níveis de hormônios da gravidez é o aumento de tamanho dos vários órgãos sexuais. ● Por exemplo, o útero aumenta de aproximadamente 50 gramas para 1.100 gramas, e as mamas quase dobram de tamanho. ● Ao mesmo tempo, a vagina aumenta, e o introito se expande mais. ● Além disso, os diversos hormônios podem causar mudanças acentuadas na aparência da gestante, às vezes resultando no desenvolvimento de edema, acne e traços masculinos ou acromegálicos. O Ganho de Peso na Gestante Em média, a gestante engorda durante a gravidez cerca de 11 kg a 15 kg, e grande parte desse ganho de peso ocorre nos últimos dois trimestres. ● Desse peso adicional, cerca de 3,5 kg são do feto e 2 kg do líquido amniótico da placenta e das membranas fetais. ● O útero aumenta perto de 1,3 kg, e as mamas outro 1 kg, ainda restando aumento médio de peso de 3,4 kg a 7,8 kg. ● Cerca de 2 kg são líquido extra no sangue e no líquido extracelular, e geralmente o restante 1,3 kg a 5,6 kg é acúmulo de gordura. ● O líquido extra é eliminado na urina, nos primeiros dias após o parto, ou seja, depois da perda dos hormônios retentores de líquido da placenta. Durante a gravidez, a mulher normalmente sente mais vontade de comer, em parte como consequência da remoção de substratos alimentares do sangue materno pelo feto e em parte devido a fatores hormonais. Larissa Moitinho Sem o controle pré-natal apropriado da dieta, o ganho de peso da mulher pode ser tão grande quanto 34 kg, em vez dos usuais 11 kg a 15 kg. O Metabolismo Durante a Gravidez Como consequência de maior secreção de muitos hormônios durante a gravidez, incluindo a tiroxina, hormônios adrenocorticais e hormônios sexuais, o metabolismo basal da gestante aumenta cerca de 15% na última metade da gravidez. ● Por conseguinte, frequentemente ela tem sensações de calor excessivo. Além disso, devido à carga extra que ela está carregando, precisa despender mais energia do que o normal na atividade muscular. A Nutrição Durante a Gravidez Sem dúvida, o maior crescimento do feto ocorre durante o último trimestre de gestação; seu peso quase duplica nos últimos dois meses da gestação. ● Comumente, a mãe não absorve proteínas, cálcio, fosfato e ferro suficientes de sua dieta, nos últimos meses de gestação, para suprir essas necessidades extras do feto. Entretanto, antecipando tais necessidades extras, o corpo da mãe já trata de armazenar essas substâncias — parte na placenta, mas a maioria nos depósitos normais da mulher. ● Se os elementos nutricionais apropriados não estiverem presentes na dieta da gestante, pode ocorrer uma série de deficiências maternas, especialmente de cálcio, fosfatos, ferro e vitaminas. Por exemplo, o feto precisa de cerca de 375 miligramas de ferro para formar seu sangue, e a mãe precisa de outros 600 miligramas para formar seu próprio sangue extra. ● A reserva normal de ferro não ligado à hemoglobina na mulher, no início da gravidez, geralmente fica em torno de 100 miligramas e quase nunca acima de 700 miligramas. ● Por isso, sem ferro suficiente na dieta, a gestante, muitas vezes, desenvolve anemia hipocrômica. Além disso, é particularmente importante que ela receba vitamina D porque, embora a quantidade total de cálcio usada pelo feto seja pequena, o cálcio normalmente é mal absorvido pelo trato gastrointestinal materno, sem vitamina D. Por fim, pouco antes de o bebê nascer, geralmente acrescenta-se vitamina K à dieta materna, de maneira que o bebê tenha protrombina suficiente para evitar hemorragia, particularmentehemorragia cerebral causada pelo processo do parto. As Mudanças no Sistema Circulatório Materno Durante a Gravidez O Fluxo de Sangue Através da Placenta e o Débito Cardíaco Materno Aumentam Durante a Gravidez. ● Cerca de 625 mililitros de sangue fluem através da circulação materna da placenta a cada minuto, no último mês de gravidez. Larissa Moitinho ● Esse fluxo, mais o aumento geral do metabolismo materno, aumenta o débito cardíaco materno de 30% a 40% acima do normal, na 27ª semana de gestação; então, por razões inexplicadas, o débito cardíaco diminui até pouco acima do normal durante as últimas oito semanas de gravidez, independentemente do elevado fluxo sanguíneo uterino, indicando que o fluxo sanguíneo noutros tecidos possa ser reduzido. O Volume de Sangue Materno Aumenta Durante a Gravidez O volume de sangue materno pouco antes do termo é cerca de 30% acima do normal. ● Esse aumento ocorre, principalmente, durante a última metade da gravidez. A causa desse aumento de volume, provavelmente, é devido, pelo menos em parte, à aldosterona e aos estrogênios, que elevam muito durante a gravidez, e à maior retenção de líquido pelos rins. Além disso, a medula óssea fica cada vez mais ativa e produz hemácias extras circulantes no excesso de volume de líquido. ● Portanto, na época do nascimento do bebê, a mãe tem por volta de 1 a 2 litros de sangue extra no seu sistema circulatório. ● Cerca de apenas um quarto desse montante é, normalmente, perdido através de sangramento, durante o trabalho de parto do bebê, sendo assim um fator de segurança considerável para a mãe. A Respiração Materna Aumenta Durante a Gravidez. Devido ao aumento do metabolismo basal da gestante e por causa do aumento de tamanho da mãe, a quantidade total de oxigênio usado por ela, pouco antes do nascimento do bebê, é de aproximadamente 20% acima do normal, e uma quantidade proporcional de dióxido de carbono é formada. ● Esses efeitos fazem com que a ventilação minuto da mãe aumente. ● Acredita-se também que os altos níveis de progesterona durante a gravidez elevem a ventilação minuto ainda mais, já que a progesterona aumenta a sensibilidade do centro respiratório ao dióxido de carbono. O resultado efetivo é o aumento da ventilação minuto de cerca de 50% e queda na PCO2 arterial de vários milímetros de mercúrio, abaixo do que seria em uma mulher não grávida. ● Simultaneamente, o útero em crescimento pressiona os conteúdos abdominais para cima, fazendo pressão ascendente contra o diafragma; assim, a excursão total do diafragma diminui. Larissa Moitinho ● Por conseguinte, a frequência respiratória aumenta para manter a ventilação extra. A Função Renal Materna Durante a Gravidez A formação de urina na gestante geralmente é maior, devido ao aumento da ingestão de líquido e à maior carga de produtos excretores. Mas, além disso, várias alterações especiais ocorrem na função renal. 1. Primeiro, a capacidade reabsortiva dos túbulos renais de sódio, cloreto e água aumenta até 50% em decorrência do aumento da produção de sal e água, que retêm hormônios, especialmente hormônios esteroides pela placenta e pelo córtex adrenal. 2. Em segundo lugar, a filtração glomerular e o fluxo sanguíneo renal aumentam até 50% durante a gravidez normal devido à vasodilatação renal. Embora os mecanismos que causem essa vasodilatação renal na gravidez ainda não sejam claros, alguns estudos sugerem que os níveis elevados de óxido nítrico ou do hormônio ovariano relaxina podem contribuir para essas alterações. ● A filtração glomerular aumentada provavelmente ocorre, pelo menos em parte, como compensação pela maior reabsorção tubular de sal e água. Assim, a gestante normal acumula, em geral, apenas 2,2 kg de água e sal extras. Líquido Amniótico e sua Formação Normalmente, o volume de líquido amniótico (o líquido dentro do útero no qual o feto flutua) fica entre 500 mililitros e 1 litro, mas pode ser de até poucos milímetros ou vários litros. Estudos com isótopos sobre a formação do líquido amniótico mostram que, em média, a água no líquido amniótico é substituída a cada 3 horas, e os eletrólitos sódio e potássio são repostos em média uma vez a cada 15 horas. ● Grande porção do líquido deriva da excreção renal do feto. ● Da mesma maneira, determinada quantidade de absorção ocorre por meio do trato gastrointestinal e dos pulmões do feto. ● Entretanto, mesmo depois da morte intrauterina do feto, ainda se observa a presença de renovação de líquido amniótico, indicando que parte do líquido é formada e absorvida diretamente através das membranas amnióticas. Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia Cerca de 5% de todas as gestantes apresentam hipertensão induzida pela gravidez, que é um rápido aumento da pressão arterial em níveis hipertensivos nos últimos meses de gravidez. ● Isso também está associado à perda de grande quantidade de proteína na urina. Essa condição é denominada pré-eclâmpsia ou toxemia gravídica e se caracteriza por retenção excessiva de sal e água pelos rins maternos e pelo ganho Larissa Moitinho de peso e desenvolvimento de edema e hipertensão na mãe. ● Além disso, há comprometimento da função do endotélio vascular, ocorrendo espasmo arterial em muitas partes do organismo materno, mais particularmente nos rins, cérebro e fígado. ● Tanto o fluxo sanguíneo renal quanto a filtração glomerular são menores, exatamente em oposição às mudanças que ocorrem nas gestantes normais. Esses efeitos renais incluem ainda espessamento dos tufos glomerulares, contendo depósito proteico nas membranas basais. ● Várias tentativas já foram feitas para provar que a pré- eclâmpsia é causada pela secreção excessiva de hormônios placentários ou adrenais, mas ainda não há provas de base hormonal. ● Outra teoria é que a préeclâmpsia resulta de algum tipo de autoimunidade ou alergia na mulher causada pela presença do feto. ○ Em apoio a essa hipótese, os sintomas agudos normalmente desaparecem poucos dias depois do nascimento do bebê. Há ainda evidências de que a pré-eclâmpsia seja desencadeada por suprimento insuficiente de sangue à placenta, resultando na liberação pela placenta de substâncias que causam disfunção difusa do endotélio vascular materno. ● Durante o desenvolvimento placentário normal, os trofoblastos invadem as arteríolas do endométrio uterino e remodelam inteiramente as arteríolas maternas em grandes vasos sanguíneos combaixa resistência ao fluxo de sangue. ● Em mulheres com pré-eclâmpsia, as arteríolas maternas não apresentam essas alterações adaptativas, por razões que ainda não estão claras, e não ocorre fornecimento de sangue suficiente à placenta. ● Isso, por sua vez, faz com que a placenta libere diversas substâncias que entram na circulação materna e comprometem a função endotelial vascular, causam menor fluxo de sangue aos rins, excesso de retenção de sal e água e aumento da pressão sanguínea. Muito embora os fatores que ligam o menor fornecimento sanguíneo placentário à disfunção do endotélio materno ainda sejam incertos, alguns estudos experimentais sugerem um papel para os níveis elevados de citocinas inflamatórias como o fator de necrose tumoral a e a interleucina 6. ● Os fatores placentários que impedem a angiogênese (crescimento de vasos sanguíneos) também têm mostrado contribuição no aumento de citocinas inflamatórias e pré-eclâmpsia. Larissa Moitinho ● Por exemplo, as proteínas antiangiogênicas tirosina cinases relacionadas a fms solúvel 1 (s-Flt-1) e endoglina solúvel estão aumentadas no sangue de mulheres com pré-eclâmpsia. ● Essas substâncias são liberadas pela placenta para a circulação materna em resposta à isquemia e hipoxia da placenta. ● A endoglina solúvel e as s-Flt-1 têm efeitos múltiplos que podem comprometer a função do endotélio vascular materno e resultam em hipertensão, proteinúria e as outras manifestações sistêmicas da pré-eclâmpsia. Porém, o papel preciso de vários fatores liberados pela placenta isquêmica que causam as múltiplas anormalidades nas mulheres com pré-eclâmpsia ainda é incerto. Eclâmpsia é um grau extremo de pré-eclâmpsia, caracterizada por espasmo vascular por todo o corpo; convulsões clônicas na mãe, às vezes seguidas por coma; grande redução do débito renal; disfunção hepática; geralmente hipertensão grave; e toxemia generalizada. ● Geralmente, ocorre pouco antes do nascimento do bebê. ● Sem tratamento, uma grande porcentagem de gestantes eclâmpticas falece. Entretanto, com o uso imediato e adequado de agentes vasodilatadores de ação rápida para reduzir a pressão arterial aos níveis normais, seguido pela interrupção imediata da gravidez — por cesariana, se necessário —, a mortalidade, mesmo em gestantes eclâmpticas, tem sido reduzida a 1% ou menos. (Referência: GUYTON) ALTERAÇÕES EMOCIONAIS Durante a fase da gravidez para Camacho, Vargens, Progianti e Spíndola (2010), “pode ser considerada então como uma fase marcada por um estado de tensão, devido à expectativa das grandes mudanças que estão e continuarão a acontecer, principalmente para a mulher, (...) formando-se um novo papel: o de ser mãe” (p. 116). Então, a gestação é um momento que muda a mulher e a mesma está sujeita a diversas mudanças tanto externas como internas, sendo assim, algumas dessas mudanças que são a mudança do corpo no aspecto biológico e físico, um desequilíbrio emocional, mudança de humor, e consequentemente seus comportamentos habituais sofrem mudanças, gerando assim diversos conflitos emocionais e internos. Baorolli, Pacheco, Ceretta, Birollo, Amboni & Gomes, (n.d) destacam que “durante o período gestacional (...), ocorrem muitas alterações no comportamento e nos sentimentos da gestante, (...). É importante verificar se ocorrem sintomas depressivos, ansiosos ou estressantes, que são detalhes fundamentais para a saúde não apenas da mãe, mas do bebê que está por vir” (par.1). ➔ Uma das grandes ansiedades neste tempo está ligada à lactação, se terá ou não leite materno. ➔ A tranquilidade, segurança e equilíbrio ajudam no aleitamento, já o pavor, depressão, angústia, Larissa Moitinho exaustão e ansiedade consegue gerar a frustação. ➔ Um espaço promissor que passe proteção e incentivo é importante à esta nova mãe (Rato, 1998). Segundo Costa e Colaboradores (2010) “as alterações fisiológicas ocorridas durante a gravidez sejam elas sutis ou marcantes, estão entre as mais acentuadas que o corpo humano pode sofrer, gerando medos, dúvidas, angústias, fantasias ou simplesmente curiosidade em relação as transformações ocorridas no corpo” (p.87). ➔ Como também, Rato (1998) destaca que, “durante o segundo e terceiro mês dá-se a formação da placenta que também gera algumas ansiedades (...). A ansiedade perante a percepção dos movimentos aparece conscientemente de várias maneiras: temor ao filho disforme, medo de morrer no parto (...)”. Durante a gravidez, 10% a 15% de todas as mulheres vivenciam sintomas de ansiedade e depressão leves a moderados. ● Os sintomas, em geral, são semelhantes aos que ocorrem na depressão em qualquer outro período da vida da mulher, tais como falta de apetite e de energia e sentimentos de culpa. ● Além do sofrimento para a própria mulher, essas manifestações podem interferir no processo adequado de desenvolvimento fetal, aumentam o risco de eventos adversos na gestação para mãe e o feto como pré-eclâmpsia, podendo associar se a resultados obstétricos desfavoráveis como parto prematuro e baixo peso ao nascer. ● A depressão pode persistir no período pós-parto comprometendo o comportamento parental, o relacionamento com o parceiro e familiares, o processo de formação do vínculo entre mãe e filho, o desenvolvimento cognitivo, motor e psicossocial da criança. ALTERAÇÕES HORMONAIS A gravidez gera uma série de mudanças endócrinas no organismo. O elemento básico que provoca tais mudanças é a implantação da placenta e sua ação de sustentação da vida do feto. ➔ A placenta sintetiza dois tipos diferentes de hormônios, os peptídicos e os esteróides. ◆ Dentre os peptídicos estão o hormônio gonadotropina coriônica (HCG), o hormônio somatotropina placentária e a tireotropina placentária. ◆ Os esteróides produzidos são o estrógeno, a progesterona e os andrógenos. O HCG estimula o corpo lúteo, responsável pela produção de estrógeno e progesterona. Além disto, impede a rejeição do tecido fetal. A somatotropina placentária possui propriedades lactogênicas. Larissa Moitinho ➔ Juntamente com o HCG, auxilia na manutenção da integridade anátomo-funcional do corpo lúteo. ➔ Promove o crescimento fetal e age sobre o metabolismo de glicose e gordura da mãe, diminuindo a utilização materna da glicose para desviar essa substância para o feto, e aumentando a mobilização de ácidos graxos maternos, para que a mãe possa utilizá-los como forma de energia ao invés da glicose. Durante a gestação, a progesterona inibea musculatura uterina, impedindo a expulsão do feto, inibe respostas de linfócitos T (impedindo a rejeição tissular), além de promover depósito de nutrientes nas mamas para a formação do leite. ➔ Como ela promove a redução do tônus de músculos lisos, pode ocorrer diminuição do peristaltismo, náuseas, constipação, dilatação de veias, estase de urina, diminuição da pressão diastólica e redução da tensão na pressão intra-alveolar e arterial (causando hiperventilação). Os estrógenos são responsáveis pelo crescimento da musculatura e aumento da vascularização uterina, pelo relaxamento dos ligamentos pélvicos e dilatação dos órgãos sexuais externos, pelo aumento no tamanho das glândulas mamárias e pelo aumento nos níveis de prolactina. Os andrógenos são hormônios ligados à steroid-binding-globulin não tendo, portanto, ação metabólica. O cortisol produzido pela supra-renal é o glicocorticóide mais importante. A aldosterona é um hormônio hipertensor secretado pelo córtex supra-renal sob ação da angiotensina II. O aumento de aldosterona pode ocorrer para contrabalancear o efeito natriurético da progesterona, ajudando a eliminar sódio e água, aumentando a oferta destes para o feto. Durante a gravidez há aumento no processo de formação de glicose, o que faz o pâncreas produzir mais insulina, e assim manter o metabolismo dos carboidratos normal. ➔ Apesar do aumento da insulina, não há aumento de receptores, o que provoca uma resistência periférica, ou seja, diminui seu aproveitamento. LIBIDO DURANTE A GESTAÇÃO Um estudo sobre a sexualidade mostrou que durante a gestação a disposição e o bem-estar da gestante estão diretamente ligados com a vida sexual ativa durante este período. ● O estudo também mostrou que fatores, como sonolência, tristeza, culpa e medo em relação ao sexo, correlacionam-se negativamente na vida sexual do casal. Outros estudos sobre a sexualidade durante a gestação mostram que a vida sexual pode ser mais ativa nesta fase se os desconfortos corporais e sintomas físicos não estiverem presentes. ● Entretanto, existem evidências que o interesse pela atividade sexual apresenta leve declínio no primeiro Larissa Moitinho trimestre, porém acentua-se no último trimestre de gestação. ● Estes dados, no entanto, são variáveis entre as gestantes. Isso revela que cada mulher tem uma forma diferente de lidar com seu corpo, controlá-lo e percebê-lo durante a gestação, e podem apresentar dificuldades nesse processo trazendo implicações negativas para a sua vida sexual. AS INDICAÇÕES DE SEXO SEGURO Outro fato importante nesse momento é o aconselhamento do obstetra ou enfermeira responsável pelo pré-natal quanto aos cuidados no ato sexual, aconselhando as posições sexuais mais adequadas ao período gestacional, para proporcionar conforto a gestante. ● A penetração profunda do pênis deve ser cuidadosa a fim de evitar desconforto, um fato positivo é relatado pelas gestantes no segundo período gestacional, em sua maioria conseguem atingir o orgasmo facilmente, com o estimulo dos seios, a penetração e o orgasmo embora possam provocar contrações uterinas. ● Mas não há relato científico que prejudique o feto ou acelere o parto (VIEIRA et al., 2012). O ato sexual nesse período provoca insegurança para algumas gestantes por medo do aborto ou de prejudicar o bebê, desconhecem que se a gravidez estiver evoluindo normalmente o sexo não é perigoso, ao contrário, o orgasmo mexe e acalma o bebê, e o feto está perfeitamente protegido pelo líquido amniótico e o útero fortemente selado. ● Esse momento é espontâneo e relaxado, especialmente para os casais que planejaram, e que passaram por tratamentos de fertilidade. É o momento certo para desfrutar da sexualidade de forma espontânea, sem preocupações para evitar ou engravidar já que a gravidez é fato (VIEIRA et al., 2012). Ainda, segundo Caderno de AB nº 32, a restrição à atividade sexual deve ser feita apenas a critério médico, por causa de patologias como placenta prévia ou alto risco de prematuridade. POLÍTICAS PÚBLICAS ➔ A Lei Nº 11.634, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre o direito da gestante ao conhecimento e a vinculação à maternidade onde receberá assistência no âmbito do Sistema Único de Saúde mais a Portaria Nº 569, de 01 de junho de 2000 que considera que o acesso das gestantes e recém-nascidos a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto, puerpério e período neonatal são direitos inalienáveis da cidadania. ➔ Há, ainda, vários programas que atendem a gestante e um dos principais é o PIM - Primeira Infância Melhor que acompanha, através de visitadoras a futura mãe dando orientações e incentivando a participar do pré-natal e principalmente atuando na área de emocional e social da mulher, Larissa Moitinho também pode-se considerar a Infância Saudável que também mobiliza ações em prol da gestante orientando e abrindo portas para o desenvolvimento da gestação sadia bem como após o nascimento do bebê. ➔ A Rede Cegonha, lançada em março de 2011 pelo Governo Federal, a Rede Cegonha é um programa que visa garantir atendimento de qualidade a todas as brasileiras pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde a confirmação da gestação até os dois primeiros anos de vida do bebê. Ela terá atuação integrada às demais iniciativas do SUS para a saúde da mulher. ➔ PNAISM. COMO DEVE SER REALIZADO 10 Passos para o Pré-Natal de Qualidade na Atenção Básica 1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação precoce). 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal. 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal. 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus (suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: "rodas de gestantes". 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando necessário. 6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a) parceiro(a)". 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário. 8° PASSO: Estimular einformar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do "Plano de Parto". 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação). 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-puerperal. Para uma assistência pré-natal efetiva, deve-se procurar garantir: 1. Discussão permanente com a população da área (em especial com as mulheres) sobre a importância da assistência Larissa Moitinho pré-natal pré-natal na unidade de saúde e nas diversas ações comunitárias; 2. Identificação precoce de todas as gestantes na comunidade e o pronto início do acompanhamento pré-natal, para que tal início se dê ainda no 1º trimestre da gravidez, objetivando intervenções oportunas em todo o período gestacional, sejam elas preventivas e/ou terapêuticas. 3. Deve-se garantir a possibilidade de que as mulheres realizem o teste de gravidez na unidade de saúde sempre que necessário. a. O início precoce da assistência pré-natal e sua continuidade requerem preocupação permanente com o vínculo entre os profissionais e a gestante, assim como com a qualidade técnica da atenção; 4. Acolhimento imediato e garantia de atendimento a todos os recém-natos e à totalidade das gestantes e puérperas que procurarem a unidade de saúde; 5. Realização do cadastro da gestante, após confirmada a gravidez, por intermédio do preenchimento da ficha de cadastramento do SisPreNatal ou diretamente no sistema para os serviços de saúde informatizados, fornecendo e preenchendo o Cartão da Gestante; 6. Classificação do risco gestacional (em toda consulta) e encaminhamento, quando necessário, ao pré-natal de alto risco ou à urgência/emergência obstétrica; 7. Acompanhamento periódico e contínuo de todas as gestantes, para assegurar seu seguimento durante toda a gestação, em intervalos preestabelecidos (mensalmente, até a 28ª semana; quinzenalmente, da 28ª até a 36ª semana; semanalmente, no termo), acompanhando-as tanto nas unidades de saúde quanto em seus domicílios, bem como em reuniões comunitárias, até o momento do pré-parto/parto, objetivando seu encaminhamento oportuno ao centro obstétrico, a fim de evitar sofrimento fetal por pós-datismo. 8. Toda gestante com 41 semanas deve ser encaminhada para a avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal; 9. Incentivo ao parto normal e à redução da cesárea; 10.Realização de anamnese, exame físico e exames complementares indicados; 11. Imunização antitetânica e para hepatite B; 12. Oferta de medicamentos necessários (inclusive sulfato ferroso, para tratamento e profilaxia de anemia, e ácido fólico, com uso recomendado desde o período pré-concepcional e durante o primeiro trimestre de gestação); Larissa Moitinho 13. Diagnóstico e prevenção do câncer de colo de útero e de mama; 14. Avaliação do estado nutricional e acompanhamento do ganho de peso no decorrer da gestação; 15. Atenção à adolescente conforme suas especificidades; 16. Realização de práticas educativas, abordando principalmente: a. O incentivo ao aleitamento materno, ao parto normal e aos hábitos saudáveis de vida; b. A identificação de sinais de alarme na gravidez e o reconhecimento do trabalho de parto; c. Os cuidados com o recém-nascido; d. A importância do acompanhamento pré-natal, da consulta de puerpério e do planejamento familiar; e. Os direitos da gestante e do pai; f. Os riscos do tabagismo, do uso de álcool e de outras drogas; g. O uso de medicações na gestação. h. Tais práticas podem ser realizadas de forma individual ou coletiva, por meio de grupos de gestantes, sala de espera, intervenções comunitárias etc.; 17. Identificação do risco de abandono da amamentação e encaminhamento da gestante aos grupos de apoio ao aleitamento materno e/ou ao banco de leite humano (BLH) de referência; 18. Oferta de atendimento clínico e psicológico à gestante vítima de violência, seja esta de qualquer tipo (doméstica, física, sexual, psicológica etc.), seja àquela em risco de depressão pós-parto, referenciando-a para equipes especializadas e/ou encaminhamento para serviços específicos, conforme fluxograma local; 19. Visita domiciliar às gestantes e puérperas, principalmente no último mês de gestação e na primeira semana após o parto, com o objetivo de monitorar a mulher e a criança, orientar cuidados adequados, identificar possíveis fatores de risco e realizar os encaminhamentos necessários; 20. Busca ativa das gestantes faltosas ao pré-natal e à consulta na primeira semana após o parto; 21. Sistema eficiente de referência e contrarreferência, objetivando garantir a continuidade da assistência pré-natal (em todos os níveis do sistema de saúde) para todas as gestantes, conforme a exigência de cada caso. 22. Toda gestante encaminhada para um diferente serviço de saúde deverá levar consigo o Cartão da Gestante, bem como informações sobre o motivo do encaminhamento e os dados clínicos de interesse. Da mesma forma, deve-se assegurar o retorno Larissa Moitinho da gestante à unidade básica de origem, que está de posse de todas as informações necessárias para o seu seguimento; 23. Vinculação das unidades básicas de saúde (UBS) aos hospitais, às maternidades, às casas de parto, às residências de parto domiciliar (feito por parteira) de referência e aos serviços diagnósticos, conforme definição do gestor local, além do registro do nome do hospital ou da maternidade ou da casa de parto ou das residências de parto domiciliar no Cartão da Gestante. 24. Deve-se informar à gestante a possibilidade de realizar uma visita ao serviço de saúde onde provavelmente se realizará o parto e, caso seja de seu interesse, agendar a visita por volta do sexto mês de gestação. Toda gestante deve ser orientada a procurar o referido serviço quando apresentar intercorrências clínicas/obstétricas ou quando estiver em trabalho de parto; 25. Vinculação à central de regulação obstétrica e neonatal, quando existente, de modo a garantir a internação da parturiente e do recém-nascido nos casos de demanda excedente; 26. Transferência da gestante e/ou do neonato em transporte adequado (Samu), mediante vaga assegurada em outra unidade, quando necessário; 27.Atendimento às intercorrências obstétricas e neonatais, assim como controle de doenças crônicas e profilaxia de doenças infecciosas; o Registro das informações em prontuário,no Cartão da Gestante e no SisPreNatal, inclusive com preenchimento da Ficha Perinatal, abordando a história clínica perinatal, as intercorrências e as urgências/emergências que requeiram avaliação hospitalar; o Atenção à puérpera e ao recém-nascido na primeira semana após o parto e na consulta puerperal (até o 42º dia após o parto). Para que tais práticas sejam desenvolvidas, faz-se necessário haver: 1. Recursos humanos que possam acompanhar a gestante no seu contexto familiar e social e segundo os princípios técnicos e filosóficos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher; 2. Área física adequada para o atendimento da gestante e dos familiares nos serviços de saúde com condições adequadas de higiene e ventilação. a. A privacidade é um fator essencial nas consultas e nos exames clínicos e/ou ginecológicos; 3. Equipamento e instrumental mínimo, devendo ser garantida a existência de: Larissa Moitinho a. mesa e cadeiras para acolhimento e escuta qualificada; b. mesa de exame ginecológico; c. escada de dois degraus; d. foco de luz; e. balança para adultos (peso/altura) com capacidade para até 300kg; f. esfigmomanômetro; g. estetoscópio clínico; h. estetoscópio de Pinard; i. fita métrica flexível e inelástica; j. espéculos; k. pinças de Cheron; l. material para realização do exame colpocitológico; m. sonar doppler (se possível); e n. gestograma ou disco obstétrico; 4. Medicamentos básicos e vacinas (contra tétano e hepatite B); 5. Realização de testes rápidos na unidade básica de saúde, assim como apoio laboratorial, garantindo a realização dos seguintes exames de rotina: a. Teste rápido de gravidez; b. Teste rápido de triagem para sífilis e sorologia para sífilis (VDRL/RPR); c. Teste rápido diagnóstico para HIV e sorologia para HIV I e II; d. Proteinúria (teste rápido); e. Dosagem de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht); f. Grupo sanguíneo e fator Rh; g. Teste de Coombs; h. Glicemia em jejum; i. Teste de tolerância com sobrecarga oral de 75g de glicose em 2 (duas) horas (dextrosol); j. Exame sumário de urina (tipo I); k. Urocultura com antibiograma; l. Exame parasitológico de fezes; m. Colpocitologia oncótica; n. Bacterioscopia do conteúdo vaginal; o. Eletroforese de hemoglobina. 6. Instrumentos de registro, processamento e análise dos dados disponíveis, para permitir o acompanhamento sistematizado da evolução da gravidez, do parto e do puerpério, mediante a coleta e a análise dos dados obtidos em cada encontro, seja na unidade ou no domicílio. O papel da equipe de atenção básica no pré-natal É importante ressaltar que as atribuições dos profissionais são de grande valia em todo o processo: territorialização, mapeamento da área de atuação da equipe, identificação das gestantes, atualização contínua de informações, realização do cuidado em saúde prioritariamente no âmbito da unidade de saúde, do domicílio e dos demais espaços comunitários (escolas, associações, entre outros). ● Os profissionais devem realizar ações de atenção integral e de promoção da saúde, prevenção de agravos e escuta qualificada das Larissa Moitinho necessidades dos usuários em todas as ações, proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o estabelecimento do vínculo. ● É importante realizar a busca ativa e a notificação de doenças e agravos. IMPORTÂNCIA E PERIODICIDADE O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. ● Talvez o principal indicador do prognóstico ao nascimento seja o acesso à assistência pré-natal (grau de recomendação B). ● Os cuidados assistenciais no primeiro trimestre são utilizados como um indicador maior da qualidade dos cuidados maternos (grau de recomendação B). Se o início precoce do pré-natal é essencial para a adequada assistência, o número ideal de consultas permanece controverso. ● Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número adequado seria igual ou superior a 6 (seis). ● Pode ser que, mesmo com um número mais reduzido de consultas (porém, com maior ênfase para o conteúdo de cada uma delas) em casos de pacientes de baixo risco, não haja aumento de resultados perinatais adversos (grau de recomendação A). Atenção especial deverá ser dispensada às grávidas com maiores riscos (grau de recomendação A). ● As consultas deverão ser mensais até a 28ª semana, quinzenais entre 28 e 36 semanas e semanais no termo (grau de recomendação D). ● Não existe alta do pré-natal. ● Quando o parto não ocorre até a 41º semana, é necessário encaminhar a gestante para a avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal. ● Estudos clínicos randomizados demonstram que a conduta de induzir o trabalho de parto em todas as gestantes com 41 semanas de gravidez é preferível à avaliação seriada do bem-estar fetal, pois se observou menor risco de morte neonatal e perinatal e menor chance de cesariana no grupo submetido à indução do parto com 41 semanas. A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE DIANTE DA GESTAÇÃO O importante é estabelecer um bom canal de comunicação, seja com a paciente, seja com sua família. O Cremesp propôs aos médicos uma postura cujo pressuposto é o reconhecimento da cidadania de usuários, clientes e respectivas famílias, oferecendo várias sugestões aos que desejam estabelecer melhores relações Larissa Moitinho relação médico-paciente profissionais com as pessoas que os demandam, algumas das quais são, com adaptações: ➜ Prestar atendimento humanizado, marcado pelo bom relacionamento pessoal e pela dedicação de tempo e atenção necessários. ➜ Saber ouvir a mulher e sua família, esclarecendo dúvidas e compreendendo suas expectativas, com registro adequado de todas as informações no prontuário. ➜ Explicar detalhadamente, de forma simples e objetiva, o diagnóstico e o tratamento para que a mulher entenda claramente o que se passa com ela, os benefícios das intervenções e também as possíveis complicações e prognósticos. ➜ Após o devido esclarecimento, deixar que a mulher escolha o tratamento, sempre que existir mais de uma alternativa. Ao prescrever medicamentos, dar a opção do genérico, sempre que possível. ➜ Ter consciência dos limites da medicina e falar a verdade para a mulher, diante da inexistência ou pouca eficácia de um tratamento. ➜ Estar disponível nas situações de urgência, sabendo queessa disponibilidade requer administração flexível das atividades. ➜ Indicar para a mulher outro(a) médico(a) sempre que o tratamento exigir conhecimentos que não sejam de sua especialidade ou capacidade, ou quando ocorrerem problemas que comprometam a relação. OBS: Por ser um momento importante para a gestante, a relação médico paciente de acalientar e esclarecer todas as dúvidas da paciente, a fim de evitar angústias e questionamentos sem resolução. Larissa Moitinho Tratado de ginecologia Febrasgo /editores Cesar Eduardo Fernandes, Marcos Felipe Silva de Sá; coordenação Agnaldo Lopes da Silva Filho ...[et al.]. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2019. http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/ aee/8110/1/Gesta%C3%A7%C3%A3o%20e %20seus%20fatores%20emocionais.pdf ARAUJO, Natalúcia Matos et al . Corpo e sexualidade na gravidez. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo , v. 46, n. 3, p. 552-558, June 2012 . SANTOS, Lívia de Jesus Lago; SILVA, Rita de Cássia Velozo da. Sexualidade na gestação: percepção de usuárias (gestantes) e profissionais de enfermagem. 2014. NOREMBERG, Alessandra. As políticas públicas do Sistema Único de Saúde para o atendimento de gestantes. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 27 out 2020. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta /Artigos/46867/as-politicas-publicas-do-s istema-unico-de-saude-para-o-atendimen to-de-gestantes. Acesso em: 27 out 2020. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 318 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 32) CAROMANO, Fátima Aparecida. Adaptações fisiológicas do período gestacional. Fisioterapia Brasil, v. 7, n. 5, p. 375-380, 2018. Larissa Moitinho REFERÊNCIA http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/8110/1/Gesta%C3%A7%C3%A3o%20e%20seus%20fatores%20emocionais.pdf http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/8110/1/Gesta%C3%A7%C3%A3o%20e%20seus%20fatores%20emocionais.pdf http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/8110/1/Gesta%C3%A7%C3%A3o%20e%20seus%20fatores%20emocionais.pdf