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Fiuza_III_comentado_e_exemplificado

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OBRA: FIÚZA, RICARDO e outros - NOVO CÓDIGO CIVIL COMENTADO
2ª ED. VER. E AUM.- SÃO PAULO: SARAIVA 2004
LIVRO I
DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
TÍTULO I
DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
CAPÍTULO I
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR
Não houve alterações substanciais de um código para outro, apenas quanto à aspectos redacionais, visando maior clareza, tratando-se de meras repetições das regras prescritas no Código Anterior.
Seção I
Das Obrigações de Dar Coisa Certa
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Ex: José compra de Álvaro em um leilão de gado uma vaca leiteira, pelo valor de 2.000,00. Decorridos 04 meses José é surpreendido com o nascimento de bezerro. Neste caso embora tenha comprado a vaca leiteira de Álvaro, o bezerro que nascera é tido como acessório da obrigação, pertencendo a José e não a Álvaro. (Pode se dizer que é um bônus). Os frutos acompanham o principal e não devem ser devolvidos ao proprietário anterior.
Conceito: É a obrigação de efetuar a tradição. A Definição compreende duas espécies de obrigações: a de dar, propriamente dita e a de restituir. O devedor não se desobriga se oferecer outra coisa, ainda que mas valiosa. (pacta sunt servanda) Esta norma segue a regra de que o acessório segue o principal, logo, a coisa deve ser entregue com todas as suas partes integrantes, excetuando-se a regra de acordo com a natureza do contrato ou as circunstâncias do caso, aferíveis pelos usos e costumes locais ou ainda pelo comportamento anterior dos contraentes. (1) Os acessórios que forem acrescidos à coisa durante o período em que ela ficou com o devedor pertencerão a ele, que poderá inclusive exigir aumento de preço para entregar a coisa (2), salvo se houver previsão em contrário no contrato.
(1) Ex: Álvaro aluga de José uma fazenda para plantio de milho, pelo prazo de um ano. Em Abril, três meses antes do termino do contrato/extinção da obrigação Álvaro plantou 03 hectares de milho que deveriam ser colhidos em 02 meses e meio, ou seja, meados de julho, mas por circunstancias climáticas a colheita foi atrasada em 2 meses. Assim o milho que deveria ser colhido em meados de julho, foi colhido em meados de setembro. Neste caso embora o contrato de locação/obrigação já tenha chegado ao fim, o milho que fora colhido pertence a Álvaro e não a José.
(2) Pedro firma contrato de aluguel com Marcos, tem por objeto da obrigação a posse e usufruto de uma gleba de terras pelo prazo de 02 anos, pagando para tanto a quantia X. Neste período Pedro prepara a terra a transforma em uma fazenda produtiva, sendo que no prazo final do contrato ainda resta uma lavoura de trigo a ser colhida. Pedro poderá apenas devolver a gleba de terra e colher futuramente o trigo ou devolver a gleba de terra colhendo futuramente o trigo, cobrando, todavia, de Marcos um adicional pelas benfeitorias necessárias até então realizadas.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. (PERDA DA COISA).
SEM CULPA: Ocorrendo a perda total ou perecimento do objeto antes da entrega, sem culpa, resolve-se a obrigação, segundo a regra de que a coisa perece para o dono, equivalendo-se dizer que apenas o detentor da coisa arcará com o prejuízo. Antes da tradição, o devedor fica obrigado a devolver ao credor o que já houver recebido pelo negócio.
Ex: Frederico compra de João um cavalo pela quantia X, ficando contratado que o cavalo deverá ser entregue dia 18 de fevereiro, mas três dias antes da data combinada o cavalo objeto da obrigação é atingido por um raio enquanto pastava pelo pasto. Neste caso como o objeto da obrigação (cavalo) se perdeu sem a culpa do devedor (João) a obrigação está resolvida sem ônus para nenhumas das partes. Todavia, caso Frederico já tenha cumprido sua parte na obrigação, qual seja, pagar quantia certa, esta deverá ser devolvida a ele (Frederico), corrigidos os valores não havendo o que se falar sobre perdas e danos.
COM CULPA: Perdendo-se a coisa com culpa do devedor, o credor tem o direito de receber o equivalente do objeto perecido em dinheiro, além de perdas e danos. 
Ex: Pedro compra na loja “Alfaces Mágicas” pertencente a Joaquim, um pivô de irrigação com bomba, o qual será utilizado na plantação de cebolas de Pedro. Joaquim sabendo que os referidos implementos agrícolas não devem ficar ao relento, os deixa fora do abrigo apropriado mesmo estando visível que choveria durante a noite. No dia seguinte ao chegar à loja “Alfaces Mágicas” Pedro depara-se com os implementos que havia comprado totalmente danificados e inutilizáveis. Como o pivô e a bomba comprados por Pedro eram os últimos da loja, foi obrigado a comprar os implementos em outra loja aguardando 20 dias até a entrega de um equipamento novo perdendo totalmente sua plantação de cebolas. Nesta caso Joaquim será obrigado a devolver o valor pago pelo implemento, além das perdas e danos sofridas por Pedro com a não entrega do equipamento.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. (DETERIORAÇÃO DA COISA).
SEM CULPA: A deterioração é a perda parcial ou danificação da coisa. A regra geral é a de que o credor da coisa certa não estará obrigado a receber outra coisa, diversa daquele que foi ajustada, ainda que mais valiosa. Assim, se esta ocorre antes da tradição, sem culpa, o prejuízo será novamente suportado pelo dono ou devedor, abre-se ao devedor duas possibilidades: ou abate do preço o valor correspondente à depreciação, se ele aceitar a receber a coisa danificada, ou fica com a coisa e devolve o dinheiro que recebeu por ela.
Ex: Paulo compra de Mévio um cavalo puro sangue marchador. Antes da tradição o cavalo objeto da obrigação contraia um a rara e incurável moléstia que enfraquece os músculos impedindo desta forma que o cavalo continue a marchar, restando como alternativa a reprodução. Assim Paulo poderá dar como extinta a obrigação, ou seja, não recebe o cavalo e claro não pagando por ele, ou aceitar o cavalo da forma como esta (servindo apenas para reprodução) abatido o valor do prejuízo, ou seja, se um cavalo marcador custar R$ 100.000,00 e um cavalo reprodutor custar R$ 1.000,00, pagará apenas R$1.000,00. 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
COM CULPA: Além da devolução do dinheiro (valor ao tempo em que a entrega deveria ser feita) ou entrega da coisa com abatimento do preço (em razão da diminuição de sua utilidade), o credor pode ainda exigir a indenização por perdas e danos.
Ex: Sergio compra de Marcos um cavalo de corrida ficando combinado que o cavalo seria entregue no jóquei-clube em 10 dias, mas precisamente no dia da grande corrida. Ocorre que Marcos negligentemente não alimenta o cavalo como deveria o que acaba por gerar uma anemia no animal impedindo-o assim de competir. Nesta caso a Sergio restam duas alternativas:
Não aceitar o cavalo cobrando de Marcos Indenização ou,
Aceitar o cavalo cobrando de Marcos as perdas e danos que sofreu.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Melhoramentos e acrescidos até a tradição, pertencem ao devedor, que poderá exigir aumento no preço ou mesmo resolver a obrigação se o credor não concordar em pagar pela valorização decorrente dos acréscimos.
Ex: Paulo compra de Pedro grande criador de gado, uma vaca leiteira (Mimosa) em 24de fevereiro, ficando acordado que a tradição se daria 14 de março. O valor atribuído ao animal foi de R$ 8.000,00. Ocorre que dias antes da tradição a vaca leiteira foi emprenhada por um valioso touro (Caprichoso) cujo sêmen vem sendo exportado. Neste caso pode ocorrer três situações:
O bezerro de Mimosa e Caprichoso pertencerá a Pedro;
Pedro pode aumentar o preço a ser pago por Mimosa;
Caso Paulo não aceite o valor oferecido por Pedro, poderá este (Pedro) resolver a obrigação, ou seja, Desfazendo a compra. 
- FAZENDA – JAZIDA OURO
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
Aqui continua a regra de que o acessório segue o principal, assim, os acréscimos ainda não percebidos (pendentes) pertencem ao credor e quanto a esses não cabe ao devedor pedir aumento de preço, no entanto, se já tiverem sido percebidos antes da tradição, pertencem ao devedor.
Ex: Josefino arrendou a plantação de abacates de Mário por 03 anos (05/01/2005). Durante este período Josefino cuidou da lavoura, colheu seus frutos vendendo-os na CEASA da Cidade de Patos de Minas. Dia 05/01/08 Josefino colheu 90 caixas de abacate sem, contudo, retirá-las da propriedade o que aconteceria dia 06/01/08. Neste caso os abacates colhidos por Josefino pertencem a ele, assim como os abacates futuramente colhidos pertencerão a Mário.
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. (PERDA NA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR). – VACAS – RAIO
SEM CULPA: Na obrigação de restituir, o dono da coisa é o credor, ao contrário da obrigação de dar, em que a coisa pertence ao devedor até o momento da tradição. A perda da coisa, resolve a obrigação, com prejuízo do credor, seu proprietário, salvo de houver culpa do devedor. No entanto, os valores devidos ao credor até o momento da perda, devem ser pagos pelo devedor. Ex. Contrato de locação, paga-se os aluguéis devidos até a data de perecimento da coisa.
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.(PERDA NA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR)
COM CULPA: Aqui o credor não suportará prejuízo algum. O devedor, além de restituir o equivalente em dinheiro, indenizará o credor pelos danos materiais e imateriais eventualmente suportados.
EX: CARRO BATIDO; CAFÉ.
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. (DETERIORAÇÃO NA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR)
Aqui as regras são idênticas às dos arts.234 e 236.
SEM CULPA: O credor que é o dono da coisa, ficará com o prejuízo: receberá a coisa danificada, sem direito a qualquer indenização. ALGUEM BATE NO CARRO ALUGADO ESTACIONADO (PROPRIETÁRIO LOCADOR/CREDOR).
COM CULPA: O credor receberá a coisa danificada, acrescida do valor referente à da depreciação ( valor da época em que deveria ter sido restituída) e ainda das perdas e danos. BATER O CARRO LOCADO.
Art. 241. Se, no caso do art. 238 (OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR COISA CERTA- PERDA SEM CULPA), sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Aqui repetiu-se a regra do art.237 do CC.Ex. Acréscimos e melhoramentos pendentes, ficam para o credor, pois independem do trabalho ou dispêndio do devedor. Ao contrário, aplica-se a regra do artigo seguinte.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
BOA FÉ: O devedor de boa-fé que houver contribuído para o acréscimo tem direito a indenização pelos melhoramentos úteis e necessários e a levantar os voluptuários, bem como exercer direito de retenção.
MÁ FÉ: O devedor de má-fé terá direito apenas às benfeitorias necessárias e não pode exercer direito de retenção.
Classificar Benfeitorias Úteis, Necessárias e Voluptuárias
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Quanto aos frutos ver arts.1214 a 1216.
Seção II
Das Obrigações de Dar Coisa Incerta
Não sofreu grandes alterações no NCC.
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Conceito: É aquela em que a coisa objeto da prestação não está especficamente determinada, apenas genérica e numericamente. Sendo indiferente ao credor receber uma ou outra partida, visto que todas em tese são iguais e intercambiáveis. O devedor não se libera dando coisa irrisória ou sem utilidade para o credor.
Ex. de Obrigações Nulas: a) Quando o objeto não estiver determinado pelo gênero, ex. animal. b) se a coisa for daquelas em que somente são úteis se usadas em quantidade e o contrato não esclarece a quantidade a ser entregue, ex. arroz.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
A escolha está limitada a uma qualidade média de modo a coibir abusos, tanto daquele que pretende dar o menos como aquele que tenciona exigir o mais.
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.
Feita a escolha ou a concentração e dela cientificado o credor, a coisa deixa de ser incerta, transformando-se a obrigação, a partir dali, em obrigação de dar coisa certa, aplicando-se portanto, as regras da seção anterior (DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA).
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
Até o momento da concentração, todos os riscos são suportados pelo devedor. (genus nunquan perit- o gênero nunca perece. Como a coisa ainda não estava individualizada, a sua perda ou deterioração, ainda que por caso fortuito ou força maior, não aproveita ao devedor, vale dizer, a obrigação de entregar permanece.
CAPÍTULO II
Das Obrigações de Fazer
Não houve grandes alterações no NCC
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.
A obrigação de fazer pode ser executada pelo próprio devedor ou por terceiro às custas dele (art.249), salvo quando a obrigação for personalíssima (a pessoa do devedor é eleita em atenção às qualidades que lhe são próprias.)
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
A regra aqui é igual a que rege as obrigações de dar coisa certa. (SEM CULPA) Inexistindo culpa do devedor, resolve-se a obrigação, retornando-se ao stato quo ante, sem que o credor tenha direito a qualquer reparação, além da devolução do que eventualmente já houver pago. (COM CULPA). Se o devedor agir com culpa, devolução do que houver sido pago, e, também perdas e danos.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Se a obrigação não for daquelas que só o devedor pode executar, e havendo recusa pelo devedor, pode o credor optar entre mandar executar a obrigação por terceiro, à custa do devedor, ou simplesmente receber perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
Aqui há uma inovação do direito anterior ao permitir que o credor, em caso de urgência, realize ou mande realizar a prestação, independentemente de autorização judicial. (Justiçapelas próprias mãos). Uma vez que a intervenção do Poder Judiciário, retardaria a realização de seu direito. No entanto, abusos que possam vir a ser praticados pelo credor serão coibidos e reparados através da competente ação de perdas e danos.
CAPÍTULO III
Das Obrigações de Não Fazer
Não houve grandes alterações
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
A obrigação de não fazer, pode resultar da lei (relações de vizinhança, servidões, etc.), de sentença ou de convenção entre as partes. Se o ato for praticado sem culpa, resolve-se a obrigação, retornando-se ao stato quo ante. Se houver culpa, o credor fará jus às perdas e danos. Em ambos os casos, o devedor fica obrigado a devolver o que haja recebido para que o ato não se realize.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
O Código permite que o ato seja desfeito pelo próprio credor ou por terceiro, á custa do devedor.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
O credor pode promover o desfazimento independentemente de autorização judicial. Eventuais abusos que possam vir a ser praticados pelo credor serão coibidos e reparados por meio da competente ação de perdas e danos. E tal medida dever ser usada apenas em caso de urgência, é claro que um credor da obrigação negativa de não construção de um prédio que já está pronto não poderá promover-lhe diretamente a execução.
CAPÍTULO IV
Das Obrigações Alternativas
Não houve grandes alterações.
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
Conceito: Diz-se alternativa a obrigação quando comportar duas prestações, distintas e independentes, extinguindo-se a obrigação pelo cumprimento de qualquer uma delas, ficando a escolha em regra com o devedor e excepcionalmente com o credor. (Decadência do direito de escolha pelo devedor, art.571 do CPC).
A escolha é irrevogável, passando-se de alternativa para simples. A prestação que era múltipla passa a ser uma só.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
Inovação no NCC.
Há críticas na doutrina, sustentando que deveria prevalecer a vontade da maioria, qualificada pelo valor das respectivas quotas-partes. (cf. Silvio Venosa, Direito Civil, São Paulo, Atlas, 2001, p.106).
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Inovação no NCC.
Desta forma, permanece íntegro o vínculo obrigacional. No CC anterior haveria a nulidade da obrigação, pois a atuação do terceiro era condição essencial ao ato jurídico. Andou bem o novo CC, uma vez que o terceiro não é sujeito da obrigação, mas, sim mandatário ou representante dos interessados.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Susbsistirá o débito quanto à outra, indiferentemente da manifestação do credor, e, independentemente de que a impossibilidade da outra tenha ocorrido com ou sem culpa pelo devedor.
Se a escolha era do credor e não houve culpa do devedor, a solução é a mesma. Se, porém houver culpa do devedor, pode o credor optar entre receber a prestação remanescente ou o equivalente em dinheiro da que se impossibilitou, acrescido de perdas e danos (ver art.255, 1ª parte.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. (AQUI A ESCOLHA CABE AO DEVEDOR).
Nesse caso o devedor perde o direito de escolha, porque com a extinção da primeira prestação ficou devendo obrigatoriamente a segunda. Perdendo as duas, só pela última responde o devedor.
SEMPRE QUE HOUVER CULPA DO DEVEDOR, HAVERÁ PERDAS E DANOS.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. (AQUI A ESCOLHA CABE AO CREDOR).
O credor pode exigir o valor em dinheiro da qualquer das prestações que se impossibilitaram, além de perdas e danos, salvo no caso de força maior ou caso fortuito.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
“Impossibilidade inocente”. O devedor está obrigado a restituir o que houver recebido pelas prestações que se impossibilitaram.
Se no entanto, houver culpa do credor, este terá de indenizar o devedor pelo valor de uma das prestações, uma vez que importa em desfalque de seu patrimônio, pois ele perdeu a coisa que ficaria em seu poder, depois de feita a escolha e satisfeita a obrigação com a entrega da que fora escolhida.
CAPÍTULO V
Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
Não houve profundas alterações no NCC
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Conceito Obrigação Divisível: São divisíveis as obrigações cujas prestações podem ser cumpridas parcialmente e em que cada um dos devedores só estará obrigado a pagar a sua parte da dívida, assim como cada credor só poderá exigir a sua porção do crédito. A prestação é só uma, o que ocorre são pluralidade de sujeitos da obrigação. (Se há um só credor e um só devedor, a obrigação é indivisível.)
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
Conceito Obrigação Indivisível: É indivisível a obrigação caracterizada pela impossibilidade natural ou jurídica de fracionar a prestação, na qual cada devedor é obrigado pela totalidade da prestação e cada credor só pode exigi-la por inteiro.
O Código anterior não tinha o conceito de obrigação indivisível, bem como, o atual deixa claro que a indivibilidade não decorre apenas da natureza da prestação (indiv. Física) ou da lei (indivis.legal), mas também por motivo de ordem econômica, ou seja, se o cumprimento parcial implicar na perda de sua viabilidade econômica. (Vide art.87 do CC, sobre o conceito de bens indivisíveis.)
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. (PLURALIDADE DE DEVEDORES)
Não pode o co-devedor de prestação indivisível quitar parcialmente a dívida, ou seja, mesmo não estando obrigado pela dívida toda, deve pagá-la integralmente, pois não pode dividir a obrigação. (É diferente de solidariedade, em que o devedor deve o todo).
Prescrição: (Dissenso na doutrina). A regra geral é a de que a prescrição de uma dívida indivisível aproveita a todos os co-devedores e prejudica igualmente a todos os credores. Mas, se a prescrição ocorrer apenas em favor de um dos devedores da obrigação indivisível? Beviláqua e Washington de Barros, expressa que a prescrição contra um dos devedores não prejudica aos demais. Já Silvio Venosa entende que sim,citando o acórdão 1951do RE 15.149, do STF, no sentido de que a prescrição em favor de um dos devedores, aproveita aos demais, em se tratando de obrigações indivisíveis.
Mário Luiz Delgado Régis, entende que a prescrição operada em favor de um dos devedores de obrigação indivisível não aproveita aos demais, mas o credor só poderá exigir a dívida por inteiro, descontando a parte do devedor atingido pela prescrição. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
O pagamento da dívida por um dos co-devedores faz cessar a indivisibilidade, pois sub-roga-se nas frações do débito atribuíveis a cada um dos demais co-devedores e assim, só poderá exigir dos outros coobrigados a fração que a cada um competia. (Vide art.346 e ss do CC).
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: (PLURALIDADE DE CREDORES)
A pluralidade de credores, também chamado de concurso ativo, pode ser originária ou sucessiva (ato inter vivos ou mortis causa). 
I - a todos conjuntamente;
Embora um só dos co-credores possa exigir a dívida toda, em regra, não pode o devedor liberar-se da obrigação pagando o total da dívida a um só deles.
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
A regra do inc.I não é absoluta. No caso do co-credor que receber apresentar uma autorização ou prestar caução de ratificação pelos demais. Essa caução nada mais é do que uma garantia oferecida pelo credor que recebe o pagamento de que os outros co-devedores o reputam válido e não cobrarão posteriormente do devedor as suas quotas no crédito. A segunda exceção ocorre se o pagamento feito a apenas um dos co-credores aproveitar a todos. (Ex. Construção a se levantar em terreno comum, quando nenhum dos outros teria o interesse em acionar o devedor).
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
Se o objeto da prestação for fracionável, o credor que recebeu dará a cada concredor a sua parte na coisa divisível. Mas se o objeto não for fracionável, aplica-se o presente artigo.
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Álvaro Villaça: Se o objeto da prestação for divisível, os devedores efetuarão o “desconto do valor dessa cota para entregarem só o saldo aos credores não remitentes. (...) Na obrigação indivisível, como este desconto é impossível, os devedores têm de entregar o objeto todo, para se reembolsarem do valor correspondente à cota do credor, que perdoou a dívida” (In Teoria Geral das obrigações, p.94).
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
A indenização pelas perdas e danos é expressa sempre em dinheiro, sendo a obrigação pecuniária divisível por sua própria natureza.
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
Se a só um deles for imputada a culpa, é lógico que só o culpado deverá responder por perdas e danos.
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
Exonera-se os co-devedores apenas no tocante às perdas e danos e não à quitação de suas quotas na dívida.
CAPÍTULO VI
Das Obrigações Solidárias
Não houve grandes alterações.
Seção I
Disposições Gerais 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Conceito Obrigação Solidária: Diz-se solidária a obrigação quando a totalidade da prestação puder ser exigida indiferentemente por qualquer dos credores de quaisquer devedores. Cada devedor deve o todo e não apenas uma fração ideal, como ocorre nas obrig. indivisíveis. Nas obrigações indivisíveis estas se relacionam com o objeto da prestação, e nas Solidárias com a relação jurídica subjetiva. Aqui se ao contrário das obrig.indivisíveis (desaparece a indivisibilidade), se a obrigação for convertida em perdas e danos, permanece a solidariedade. (art.271).
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
Duas únicas fontes da solidariedade: lei ou vontade das partes, salvo prova em contrário. Ex. Testemunhal.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
O modo de ser da obrigação solidária pode variar de um co-devedor ou co-credor para outro. Não há prejuízo para a solidariedade visto que o credor pode cobrar a dívida do devedor cuja prestação contenha número menor de óbices, ou seja, reclamar o débito todo do devedor não atingido pelas cláusulas opostas na obrigação.
O dispositivo inova o direito anterior, ao inserir a cláusula final acerca do pagamento em lugar diferente apenas em relação a alguns dos devedores solidários. (Se a cláusula ou condição sobrevier à obrigação, leia-se o art.278)
Seção II
Da Solidariedade Ativa
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.
A essência da solidariedade ativa é: o direito que cada credor tem de exigir de cada devedor a totalidade da dívida e não poder o devedor ou os devedores negarem-se a fazer o pagamento da totalidade da dívida, ao argumento de que existiriam outros credores.
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Uma vez iniciada a demanda, o devedor só pode pagar ao autor da ação, que torna-se prevento, e só pode pagar em juízo.
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.
Aqui houve uma inovação, ao aceitar o pagamento parcial da dívida. O devedor, se não tiver sido cobrado pelo todo, pode pagar apenas uma parcela da dívida a qualquer dos co-devedores, uma vez que permanece a obrigação solidária em relação ao remanescente. Qualquer um dos co-credores, poderá exigir do devedor o restante da dívida, abatendo-se o que foi pago.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
A solidariedade desaparece para os herdeiros, mas, permanece em relação aos demais co-credores sobreviventes. Os herdeiros podem exigir apenas a quota no crédito de que o de cujus era titular, juntamente com os demais credores. Exceções: a) Se houver um só herdeiro, b) Se todos herdeiros agirem conjuntamente, c) Se indivisível a prestação (Aqui qualquer dos herdeiros pode exigir a totalidade do crédito, não em decorrência da solidariedade e sim da indivisibilidade da obrigação, aplicando-se as regras dos arts.257 a 263 do CC).
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.
O direito anterior inovou ao suprimir “em proveito de todos os credores correm juros de mora”, por ser uma disposição supérflua.
Aqui ocorre a PRINCIPAL DIFERENÇA COM AS OBRIGAÇÕS INDIVISÍVEIS: pois o vínculo da solidariedade permanece. (Cf. comentários ao art.261 acima).
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
Quando o credor solidário, por ato pessoal, liberar o devedor do cumprimento da obrigação, assume a responsabildade perante os demais co-credores, que poderão exigir do que recebeu ou remitiu a parte que lhes caiba. Só que aí cada um só poderá exigira sua quota e não mais a dívida toda, pois a responsabilidade entre eles é sempre pro parte.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções (defesas) pessoais oponíveis aos outros.
Inova a opor regra similar ao 281 (solid.passiva), o dispositivo vem deixar expressa a regra de que as defesas que o devedor possa alegar contra um só dos credores solidários não podem prejudicar aos demais.
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve.
O dispositivo não existia no direito anterior. Vem complementar o art.273, e constituir um desdobramento do 266, segundo a qual a obrigação pode ter características diferentes para cada um dos co-credores, podendo inclusive, vir a ser considerada inválida apenas em relação a um deles, sem prejuízo aos direitos dos demais.
Seção III
Da Solidariedade Passiva
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Na solidariedade passiva, cada um dos devedores está obrigado ao cumprimento integral da obrigação, que pode ser exigida de todos conjuntamente ou apenas de algum deles.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
Como a solidariedade é constituída em benefício do credor, pode ele abrir mão da faculdade que tem de exigir a prestação por inteiro de um só devedor, podendo exigi-la, parcialmente, de um ou de alguns, mas mantém-se a solidariedade dos devedores quanto ao remanescente da dívida.
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
O artigo dá aplicação ao princípio geral de que os herdeiros só respondem pelos débitos do de cujus até os limites de suas quotas na herança. No entanto, a condição da dívida não transmuta, são eles coletivamente considerados e em relação aos co-devedores originários como constituindo um devedor solidário.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
A solidariedade subsiste quanto ao débito remanescente.
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.
A alteração gravosa da obrigação só pode ocorrer com a aquiescência de todos os devedores solidários.
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Não havendo culpa dos devedores, resolve-se a obrigação. Se a culpa é de todos, eles respondem solidariamente pelo valor da prestação, além das perdas e danos. Se a culpa foi só de um dos co-devedores, só esse responderá por perdas e danos, mas todos continuam solidários de repor ao credor o equivalente em dinheiro da prestação que se impossibilitou.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
Se todos são solidários na dívida, devem responder conjuntamente pelas conseqüências do inadimplementos, ainda que só um deles seja culpado pelo atraso, mas entre os devedores, só o culpado responde pelo acréscimo.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.
Os meios de defesas, exceções, particulares e próprias só a um (ou alguns) dos devedores não atingem e não contaminam o vínculo com os demais devedores, e só podem ser alegadas pelo devedor exclusivamente atingido por tal exceção por tal exceção.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Se o credor renunciar ou exonerar da solidariedade todos os devedores, cada um passará a responder apenas pela sua participação na dívida, extinguir-se-á a solidária passiva, em seu lugar, uma obrigação conjunta, em que cada um dos devedores responderá exclusivamente por sua parte.
TRATA-SE DE RENÚNCIA À SOLIDARIEDADE E NÃO RENÚNCIA Á OBRIGAÇÃO.
Outra diferença importante é entre remissão e renúncia à solidariedade, o credor que remite o débito, abre mão de seu crédito, liberando o devedor da obrigação, ao passo que a renúncia da solidariedade, continua sendo credor, embora, sem a vantagem de poder reclamar de um dos devedores a prestação por inteiro.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
Se a renúncia for para apenas alguns devedores, a solidariedade permanece para os demais. E para o beneficiado (s), prevalece uma obrigação simples, tendo-se uma dupla obrigação: simples e solidário para os co-devedores não beneficiados pela renúncia.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro (crítica) tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
O co-devedor que sozinho paga a dívida, paga além da sua parte e por isso tem o direito de reaver dos outros coobrigados a quota correspondente de cada um, mediante ação regressiva. As partes podem ser desiguais, pois em partes iguais há somente a presunção júris tantum, assim o devedor que pretender receber mais, terá o ônus probandi da desigualdade das cotas. E se o co-devedor demandado pretender pagar menos, suportará o encargo de provar o fato.
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.
Os co-devedores têm o direito de repartir, entre todos, a parte do insolvente. Nesse caso, o rateio alcança o devedor exonerado pelo credor, pois não tem ele o direito de dispor sobre direito alheio, assim, o exonerado da solidariedade pelo credor contribuirá, proporcionalmente, no rateio destinado a cobrir a quota do insolvente.
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.
Neste caso o co-devedor que paga a dívida toda não tem direito de regresso contra os demais, mas apenas contra aquele a quem a dívida interessava exclusivamente. Ex: Fiança, sendo um o afiançado e vários fiadores, e estabelecida no contrato a renúncia ao benefício de ordem, poderá o credor acionar a todos, mas se o fiador pagar tudo, só terá o direito de reembolsar-se do afiançado, que tinha interesse exclusivo na dívida, o mesmo se dá quando é o afiançado que paga a dívida, não existindo direito de regresso contra os fiadores.
TÍTULO II
Da Transmissão das Obrigações
Aqui acresceu-se o titulo II, agrupando-se as regras da cessão de crédito (art.1065 a 1078 do CC/1916) e da assunção de dívida, inexistente no direito anterior.
CAPÍTULO I
Da Cessão de Crédito 
Credor: Cedente
Terceiro: Cessionário
Devedor: Cedido
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
Conceito (Orlando Gomes): “É o negócio pelo qual o credor transfere a terceiro sua posição na relação obrigacional”.Objeto: Faz alusão aos créditos que não podem ser cedidos pela natureza da obrigação (pensão alimentícia), como disposição expressa de lei (créditos já penhorados) ou por convenção com o devedor (quando ajustarem crédito inalienável).
PODE SER TOTAL OU PARCIAL.
A cessão de crédito tributário deve receber o mesmo tratamento dado à cessão de qualquer outro crédito.
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
REGRA: ACESSORIUM SEQUITUR PRINCIPALE, salvo disposição em contrário pelas partes.
Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654.
A cessão também pode operar por força da lei ou de decisão judicial, hipóteses que não se subordinam às exigências deste artigo.
Pode também operar-se por instrumento particular revestido das formalidades do parágrafo 1° do art.654, que cuida do mandato: a) indicação do lugar em que foi passado, b) qualificação das partes e, c) objetivo e a extensão da cessão.
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.
A cessão de crédito abrangida por hipoteca abrange a garantia (287), e, por se tratar de crédito real imobiliário, é de toda a conveniência para o cessionário que se proceda à averbação da cessão ao lado do registro da hipoteca, mas isto é uma faculdade do cessionário e não um dever.
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
Pode a cessão ser notificada por via judicial ou particular, ou ainda revestir a modalidade de notificação presumida que assim se considera a que resulta de qualquer escrito público ou particular, no qual o devedor manifesta a sua ciência.
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
Havendo pluralidade de cessões, como se dá nas operações cambiais, o devedor deve pagar a quem se apresentar como portador do título.
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.
Se o devedor não foi notificado da cessão, deve pagar ao credor primitivo. Se foi notificado mais de uma vez, deve pagar a quem apresentar o título da obrigação cedida, salvo-se a obrigação constar de escritura pública, hipótese que prevalecerá a anterioridade da notificação.
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.
A notificação do devedor é requisito de eficácia do ato, quanto a ele, devedor. Mas entre cedente e cessionário, os efeitos são imediatos, podendo o cessionário investir-se em todos os direitos relativos ao crédito cedido, podendo praticar não só atos conservatórios, bem como atos inerentes ao domínio, inclusive ceder o crédito a outrem.
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
O crédito é transferido com as mesmas características que possuía à época da cessão, não podendo o cedente, transferir mais direito do que tinha. O cessionário passa a ter os mesmos direitos do cedente, incluindo bônus e ônus. Sendo assim, pode o devedor opor contra o cessionário todas as formas de defesa que dispunha contra o cedente, ao tempo em que teve conhecimento da cessão: compensação, prescrição, etc., mas jamais as defesas incorporadas posteriormente à cessão., já as defesas pessoais suas, contra o cessionário, poderão ser alegadas a qualquer tempo.
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Nas cessões onerosas, o cedente sempre será responsável pela existência do crédito, mesmo na ausência de convenção a respeito (garantia de direito e viabilidade do exercício de cessão), mas esta garantia não se confunde com a solvência do devedor (garantia de fato), em que o cedente só responderá quando previsto no contrato (art.296).
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
O cedente não se obriga pela liquidação do crédito, salvo se tiver agido de má-fé, ou que haja a previsão entre as partes.
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.
HIPÓTESE ESTA QUE TRATA DE GARANTIA DE FATO.
O cedente deve fazer retornar o cessionário à situação anterior à celebração da cessão, devolvendo-lhe o que houver gasto, tentando cobrar a dívida do devedor insolvente.
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.
A penhora ao vincular o crédito ao processo de execução, faz com que ele saia da esfera da disponibilidade do credor, que, por essa razão, não pode mais transferi-lo para terceiro. Se ainda assim, ocorrer a cessão de crédito penhorado, abre-se três hipóteses: a) Se o devedor não houver sido notificado da cessão e desconhecia a penhora, paga validamente ao cedente; b) se notificado da cessão e desconhece a penhora, paga validamente ao cessionário, cabendo ao exeqüente buscar o seu crédito, uma vez que a cessão entre eles não tem eficácia frente à execução; c) se o devedor sabia da penhora, não poderia mais pagar ao cedente ou ao cessionário. Se o fizesse, estaria sujeito a pagar novamente.
CAPÍTULO II
Da Assunção de Dívida
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Assunção de dívida: diz-se do negócio jurídico bilateral pelo qual um terceiro, estranho à relação obrigacional, assume a posição do devedor, responsabilizando-se pela dívida, sem extinção da obrigação, que subsiste com os seus acessórios.(É A SUCESSÃO A TITULO SINGULAR DO PÓLO PASSIVO, PERMANECENDO INTACTO O DÉBITO ORIGINÁRIO).
Objeto: Podem ser todas as dívidas, presentes e futuras.
Espécies: 
a) Expromissão: Caracterizada pelo contrato entre credor e um terceiro, que assume a posição de novo devedor, sem necessidade de comparecimento do antigo devedor; 
b) Delegação: Caracterizada pelo acordo entre o devedor originário e o terceiro que vai assumir a dívida, cuja validade depende da aquiescência do credor.
Efeitos: a) Liberatório: Ocorre a liberação do primitivo devedor; b) Cumulativa: Não ocorre a liberação do antigo devedor, que permanece como devedor solidário do novo.
O art.299 não exclui a possibilidade de assunção cumulativa da dívida,quando dois ou mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do credor.
Ocorrendo a insolvência do novo devedor, fica sem efeito a exoneração do antigo. Crítica: Luiz Roldão de Freitas Gomes: Pode o credor preferir correr o risco.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Caio Mário entende queé desnecessário, pois se o credor não o consentimento de comum acordo, não vai ser por interpelação judicial que o fará.
Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
As chamadas garantias especiais (que não são da essência da dívida) dadas pelo devedor primitivo ao credor, só subsistirão se houver concordância expressa do devedor primitivo. Já as garantias reais prestadas pelo devedor originário não são atingidas pela assunção. No caso de garantias dadas por terceiros (fiança, aval, hipoteca de terceiro) prestadas à pessoa do devedor, é imprescindível a concordância de terceiro, ponto omitido do artigo, bem como esse não trata da questão dos acessórios.
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
Se o contrato de assunção vier a ser anulado, ocorre o renascimento da obrigação para com o devedor originário, com todos os seus privilégios e garantias, salvo as que tiverem sido prestadas por terceiro, se este estava de boa-fé.
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.
Aquele que assume a posição do devedor só pode alegar contra o credor as defesas decorrentes do vínculo anterior existente entre credor e primitivo devedor. Não cabe alegar as defesas pessoais entre ele, o novo devedor e o primitivo devedor, ou entre este e o credor.
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.
Admite a hipótese de concordância tácita do credor hipotecário, que notificado da assunção, não a impugna no prazo de trinta dias.
TÍTULO III
Do Adimplemento e Extinção das Obrigações
CAPÍTULO I
Do Pagamento
Seção I
De Quem Deve Pagar
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
São interessados no pagamento da dívida: o fiador, o avalista, o devedor solidário, o sublocatário, o sócio, o terceiro que prestou hipoteca ou penhor, o herdeiro.
Já o 3° não interessado só pode pagar pelo devedor e sub-rogar-se nos direitos de credor, só se o devedor não se opuser. Havendo oposição, o 3º só pode pagar em nome próprio cf. art.305.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. Ex: Pai que paga a dívida para o filho, interesse moral e não jurídico, faz em nome do filho.
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Pode ocorrer que o devedor tenha justo motivo para na pagar a dívida e se surpreende ao ver que 3° pagou a dívida. Ex. Dívida não exigida por inteiro, dívida no todo ou em parte prescrita, negócio anulável.
Neste caso, para que não haja enriquecimento sem causa, pode o 3° reembolsar-se, junto ao devedor, pelo que houver pago, sem, no entanto, sub-rogar-se nos direitos do primitivo credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.
Como não lhe seria possível onerar a posição do devedor, pagando valor superior ao devido ou em data anterior ao vencimento, o reembolso está limitado ao valor do débito e só poderá ser cobrado na data do vencimento.
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.
Se o devedor tinha meios de evitar a cobrança, e ainda assim, com a sua oposição ou seu desconhecimento, vem um 3° e paga a dívida, sofreria prejuízo se tivesse de reembolsar àquele, significando inaceitável oneração de sua posição na relação obrigacional por fato de terceiro.
Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. (OBRIGAÇÃO DE DAR).
Ninguém pode transferir mais direitos que tem. A alienação por quem não seja dono da coisa é ineficaz. 
A inovação foi trocar “validade” por “eficácia”: A validade sempre se refere à vigência e a eficácia à conseqüência do ato, ou a sua aplicação.
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
Se a coisa era fungível e o credor recebeu e a consumiu de boa-fé, reputa-se eficaz o pagamento, e do credor nada se poderá reclamar, cabendo ao 3°, que era o verdadeiro proprietário, buscar as reparações cabíveis do devedor que entregou o que não lhe pertencia.
Seção II
Daqueles a Quem se Deve Pagar
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
A regra geral é a de que o pagamento só produzirá eficácia liberatória da dívida quando feito ao próprio credor, seus sucessores ou representantes, mas, será eficaz, se feito a um estranho, vier a ser posteriormente ratificado pelo credor de forma expressa ou tácita, ou ainda se converter em utilidade para o credor. Se o pagamento foi feito para pessoa incapaz de quitar, equipara-se ao pagamento feito ao não-credor, competindo ao devedor provar que o pagamento verteu em benefício do credor.
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
Pode ocorrer o pagamento à pessoa que tenha aparência de credor. Ex: credor aparente (Portador de título litigioso, que vem posteriormente perder a propriedade do crédito). O accipiens deve ter a aparência de credor e estar o solvens de boa-fé. Ex: Bandido no estabelecimento comercial e o cliente vem e paga, ou um administrador de negócios que não tenha poderes para receber, mas aparece aos olhos de todos como efetivo gerente.
O credor putativo é aquele que, não só à vista do devedor, mas aos olhos de todos, aparenta ser o verdadeiro credor ou o seu legítimo representante.
A CONDIÇÃO DE EFICÁCIA DO PAGAMTNO FEITO AO CREDOR PUTATIVO É A BOA-FÉ DO DEVEDOR, CARACTERIZADA PELA EXISTÊNCIA DE MOTIVOS OBJETIVOS QUE O LEVARAM A ACREDITAR TRATAR-SE DO VERDADEIRO CREDOR. Nessa hipótese, cabe ao verdadeiro credor, reclamar o seu débito do credor putativo, que o recebeu indevidamente.
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
O pagamento, como todo ato jurídico, exige plena capacidade das partes. Se feito ao absolutamente incapaz, é nulo de pleno direito. Se o pagamento for feito por relativamente incapaz, o pagamento será válido se for ratificado posteriormente, que pelo seu representante legal, quer pelo próprio incapaz, após cessada a incapacidade. Em ambos os casos será válido o pagamento, provando o devedor que foi proveitoso ao incapaz.
Se o devedor desconhecia a incapacidade do credor, aplica-se o artigo anterior (credor putativo), reputando válido o pagamento, independentemente da comprovação de que trouxe proveito ao incapaz.
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.
Presume-se (júris tantum) que o credor autorizou o portador a receber a dívida, como verdadeiro mandato tácito, tal qual a hipótese de credor putativo. Havendo controvérsia sobre o portador da quitação, não terá eficácia o pagamento. Todavia, cabe ao credor provar que o devedor sabia ou tinha motivos para saber que o portadornão podia usar a quitação.
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
Neste caso o pagamento é feito ao verdadeiro credor, mas, mesmo assim, não tem eficácia, vez que credor estava impedido legalmente de receber. Se o devedor recebe a intimação de penhora sobre o crédito ou de impugnação de 3° e ainda assim, paga ao credor, estará pagando mal, e corre o risco de vir a ser compelido a pagar novamente.
Seção III
Do Objeto do Pagamento e Sua Prova
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
O devedor só se desonera da obrigação após entregar ao credor exatamente o objeto que prometeu dar, realizar o ato que se comprometeu ou abster-se da prestação, nas obrigações de não fazer. Sob pena da obrigação, converter-se em perdas e danos.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
As prestações parciais, só podem ser aceitas quando houver previsão específica no contrato ou assentimento expresso do credor.
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.
Ex: Mútuo, só serve o dinheiro em si, ou seja, a própria moeda. Diferem-se das dívidas de valor, aquelas em que o dinheiro serve apenas para medir ou valorar o objeto da prestação. Ex. Pensão alimentícia, indenização na desapropriação.
Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Chamado na doutrina de: “cláusula de escala móvel”, no entanto, será nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção de periodicidade inferior a um ano.
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
“Teoria da Imprevisão”: Cláusula rebus sic stantibus, abarca tanto causas de desproporção não previsíveis, como também causas previsíveis mas de resultados imprevisíveis.
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.
É o que a doutrina chama de “curso forçado da moeda nacional”. Exceções: a) Contratos de exportação e importação em geral, bem como acordos resultantes de sua rescisão; b) contratos de compra e venda de câmbio; c) contratos celebrados com pessoa residente e domiciliada no exterior (exceto contratos de locação de imóveis em território nacional, transferência ou modificação a qualquer título); d) contratos de locação de bens móveis, desde que registrados no Banco Central do Brasil; e) contratos de leasing celebrados entre pessoas residentes no País, com base em recursos captados no exterior.
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.
Prova-se o pagamento pela quitação ou recibo. Engloba a quitação dada por meios eletrônicos ou por quaisquer formas de comunicação à distância.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.
Estabelece os requisitos da quitação e ao mesmo tempo releva-os, se se puder concluir que a dívida foi paga pelos termos do recibo ou das circunstâncias em que ele foi passado.
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido.
Desde que o título seja intransferível, porque sendo títulos ao portador ou à ordem, que podem ser transferidos ou cedidos, a terceiro de boa-fé, este poderá exigi-lo do devedor, que mesmo de posse da declaração de inutilização, será obrigado a pagar novamente. A solução, será o pagamento em juízo, com citação editalícia de terceiros, a fim de se evitar futura alegação de desconhecimento do pagamento realizado.
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.
Nas obrigações de prestações sucessivas (ex. contrato de locação), o pagamento da última parcela faz supor (presunção júris tantum em benefício do devedor) de que as anteriores estejam pagas.
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.
O acessório segue o principal, assim, é de se presumir que a quitação liberatória da obrigação principal também libere o devedor da obrigação acessória que não tem existência autônoma.
Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.
A presunção (júris tantum) é em benefício do devedor, pois a entrega do título deve ser feita voluntariamente pelo credor e não por meio ilícitos, mas o credor deve prova-los em sessenta dias.
Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.
Compete ao devedor as despesas com o pagamento e a quitação, no entanto, se ocorrer aumento por fato do credor, só esse o suportará. O dispositivo refere-se aos títulos extrajudiciais, pois os encargos judiciais serão estabelecidos no título judicial.
Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.
Aplicando-se o sistema métrico, de pesos e medidas do local da execução da obrigação.
Seção IV
Do Lugar do Pagamento
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
O lugar do pagamento é onde deve ser cumprida a obrigação.
DÍVIDA QUESÍVEL OU QUERABLE: É a dívida que houver de ser cobrada pelo credor no domicílio do devedor. Compete ao credor procurar o devedor para receber o pagamento.
DÍVIDA PORTÁVEL OU PORTABLE: É a dívida que deve ser paga no domicílio do credor. Cabe ao devedor portar, levar o pagamento até a presença do credor.
Em regra, toda dívida é QUERABLE, ou seja, deve ser buscada pelo credor no domicílio do devedor. Exceções: a) mercadoria despachada por reembolso postal, paga pelo devedor na retirada; b) dívidas fiscais devem ser pagas na repartição competente, por imposição legal.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
Crítica: Se o bem é imóvel, a transferência só ocorre com o registro do título no cartório de imóveis do lugar do bem. A segunda parte é confusa, dando a entender que toda e qualquer prestação relativa ao imóvel, terá de ser realizada no lugar da situação, o que nem sempre é verdade. (Aluguéis pela doutrina não são considerados prestações.) Ex. Construção de um muro, a restauração de uma fachada, etc. 
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderáo devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.
Inovou o direito anterior. Caberá ao Juiz decidir sobre a gravidade do “motivo grave”. Se a mudança do local do pagamento implicar o acréscimo de qualquer das despesas, estão serão de responsabilidade do devedor.
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
Inovou o direito anterior. Se o credor habitualmente aceita que o pagamento seja feito em local diverso, é porque tem a intenção de mudar o lugar do pagamento (presunção júris tantum).
Seção V
Do Tempo do Pagamento
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.
Obrigações puras e impuras: São puras aquelas em que as partes não estipularam prazo para o pagamento e por isso podem ser exigidas imediatamente. As obrigações impuras ou a termo, são aquelas com prazo fixado.
A obrigação pura é exigível de imediato, exceto: a) se a execução tiver de ser feita em local diverso ou depender de tempo, ex. transporte de mercadoria de SP para MA., b) se a própria lei dispuser de modo diverso. Não havendo prazo ajustado, é imprescindível que o credor notifique o credor para que cumpra a obrigação.
Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.
Obrigações condicionais são aquelas cujo cumprimento se encontra subordinado a evento futuro e incerto, ou seja, a obrigação só se implementa após o advento da condição. Pode ser suspensiva (a eficácia do negócio fica postergada até o advento da condição) ou resolutiva (é a ineficácia do ato negocial que fica a depender de evento futuro e incerto). 
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores 
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
Em regra não pode o credor exigir o pagamento antes do vencimento, exceto: I- se executado o devedor e não sendo suficiente os seus bens ao pagamento do débito; II- se os bens do devedor já gravados por ônus real, forem penhorados em execução por outro credor; III- se as garantias que o devedor houver a dado ao credor cessarem ou se tornarem insuficientes (ex. desapropriação do objeto da garantia).
Pode o devedor, no entanto, como regra geral, pagar a dívida antes do vencimento, salvo: a) se o prazo tiver sido estabelecido em proveito do credor; b) se o contato ou a lei dispuserem de modo diverso.
CAPÍTULO II
Do Pagamento em Consignação
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
Pagamento em consignação: É o depósito da coisa devida, à disposição do credor. Não é pagamento, mas produz os mesmos efeitos extintivos da obrigação.
O direito inova ao permitir o depósito da coisa devida em estabelecimento bancário. Ex. Jóias, metais preciosos, papéis de qualquer espécie e não só para dívidas em dinheiro.
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Só pode ocorrer nestas hipóteses acima, então o rol é taxativo (art.890 a 900 do CPC).
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.
Os requisitos necessários para a validade da consignação estão previstos no CC nos arts.304 a 307 (quem deve pagar), 308 a 312 (quem deve receber o pagamento), 319 a 326 (objeto do pagamento) e 331 a 333 (tempo do pagamento).
Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.
Efetuado o depósito, cessam para o depositante os juros da dívida, salvo se vier a ser julgado improcedente. Nesse caso é como se nunca tivesse ocorrido o depósito, e os juros são estabelecidos desde quando vencida a dívida.
Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.
Se o credor aceitar ou não o impugnar, já não pode mais o devedor levantar o depósito, posto que é inadimissível que o devedor possa reaver do credor aquilo que lhe pagou.
Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.
Julgado procedente o depósito, opera-se a extinção do vínculo obrigacional, não cabendo mais ao devedor levantar o depósito, salvo se o credor e todos os demais co-obrigados pelo débito consentirem.
Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores e fiadores que não tenham anuído.
O acordo entre credor e devedor, a implicar verdadeira novação, não pode prejudicar os co-devedores e fiadores que não tenham anuído ou participado da avença.
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.
Corpo certo é igual coisa certa. Identificável em todos os seus contornos.
Crítica: A entrega de coisa imóvel se opera com o registro do título no CRI e só pode ser feita no local da situação do bem, assim a citação do credor seria desnecessária.
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.
Sobre escolha ou concentração da coisa incerta, vide arts.244 e 245 do CC.
Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.
Cuida da sucumbência, já disciplinada no art.897 do CPC.
Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.
Obrigação litigiosa: É aquela objeto de litígio, de demanda judicial. Se o devedor pagar, sabendo do litígio, o pagamento não terá valor. Pagará novamente, embora com direito de pedir a restituição do que deu por erro.
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.
A ação de consignação em pagamento, via de regra, é privativa do devedor, mas, excepcionalmente, em caso de litígio de credores sobre o objeto da dívida, poderá a consignatória ser proposta por um dos credores litigantes, logo que se vencer a dívida, ficando logo exonerado o devedor e permanecendoa coisa depositada até que se decida quem é o legítimo detentor do direito creditório.
CAPÍTULO III
Do Pagamento com Sub-Rogação
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
A sub-rogação: Consiste na substituição de uma coisa ou pessoa por outra. Pode ser legal (art.346) ou convencional (art.347).
Clóvis Bevilaqua: Trata-se da transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação ou emprestou o necessário para solvê-la. A obrigação pelo pagamento extingue-se, mas, em virtude da sub-rogação, a dívida, extinta para o credor originário, subsiste para o devedor, que passa a ter por credor, investido nas mesmas garantias, aquele que pagou ou lhe permitiu pagar a dívida.
Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
Na hipótese do inciso I, ocorre verdadeira cessão de crédito (arts. 286 a 298), conforme art.348. No inciso II, regula a sub-rogação do devedor que, pagando ao credor com dinheiro de terceiro, transfere a terceiro dos direitos creditórios, com todas as garantias e privilégios antes concedidos ao primitivo credor.
Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito.
As proibições legais sobre compra e venda existentes na cessão, não se aplicam à sub-rogação, assim: a) os direitos litigiosos podem ser objeto de sub-rogação (mas não podem ser comprados e nem vendidos na cessão), b)quem não pode alienar, não pode ceder, mas pode sub-rogar, recebendo pagamento; c) quem não pode ser cessionário, pode, porém ser sub-rogado.
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
A cessão transfere o próprio crédito (arts.286 e 287), enquanto a sub-rogação transfere dos direitos, privilégios e garantias incidentes sobre o crédito. O cedente fica responsável pelo crédito, na sub-rogação, só se aplica isso no caso do art.347, I.
Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.
Na sub-rogação convencional, a limitação tem de estar expressamente convencionada.
Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado (sub-rogação parcial), terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.
Aplicável às hipóteses de sub-rogação legal e convencional. O credor originário tem preferência sobre o sub-rogado, na hipótese de insolvência do devedor.
CAPÍTULO IV
Da Imputação do Pagamento
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
Pothier: “O devedor, quando paga, tem o direito de declarar qual é a dívida que está pagando, dentre todas as que ele tem. 
Requisitos: a) Existência de duas ou mais dívidas, líquidas e vencidas de um só devedor para com só credor; b) idêntica natureza das dívidas.
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.
No ato do pagamento o devedor deve declarar qual das dívidas pretende quitar, se não o fizer e aceitar a imputação feita pelo credor, não poderá reclamar, a não ser provando violência ou dolo.
Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.
Primeiro pagam-se os juros e depois o capital, via de regra. Os juros serão de uma das dívidas e não das dívidas todas.
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.
Ordem de imputação: 1° pela dívida líquida em face de uma ilíquida, 2° sendo todas líquidas, por conta da mais onerosa, 3° havendo igualdade na natureza dos débitos, imputar-se à o pagamento da dívida vencida em primeiro lugar.
CAPÍTULO V
Da Dação em Pagamento
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
Também chamada de datio in solutum, é o acordo liberatório feito entre o credor e o devedor, em virtude do qual consente ele em receber coisa que não seja dinheiro, em substituição à prestação que lhe era devida (aliud pro alio).
Tem por objeto qualquer tipo de prestação, positiva (dar e fazer) e negativa (não fazer), bens móveis, imóveis, direitos reais ou cessão de crédito, etc. 
Não se confunde dação e novação, porque esta substitui a obrigação por outra, enquanto aquela extingue definitivamente a obrigação.
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
O dispositivo só tem aplicação quando o objeto da dação consistir na entrega de coisa, móvel ou imóvel, corpórea ou incorpórea, e cujo preço seja passível de taxação, regulando-se pelas regras da compra e venda.
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.
Importando a transferência em cessão de crédito dado em pagamento, resulta a aplicação das disposições dos arts. 290 a 295 do CC. Assim, a operação deve ser notificada ao devedor e quem fez a dação fica responsável pela existência do crédito.
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
Evicção é a perda da coisa por decisão judicial preferida em ação de reivindicação proposta pelo legítimo dono (vide arts.447 a 457).
CAPÍTULO VI
DA NOVAÇÃO
Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.
Novação: (Soriano Neto): “È a extinção de uma obrigação porque outra a substitui, devendo-se distinguir a posterior da anterior pela mudança das pessoas (devedor ou credor) ou da substância, isto é do conteúdo, ou da causa debendi.
Ocorre no inciso I: Novação objetiva, II- Novação subjetiva passiva; III- Novação Subjetiva Ativa
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.
Requisitos da Novação: a) Existência de uma obrigação anterior; b) Constituição de uma nova obrigação; c) Capacidade das Partes; d) Intenção de novar, representada pelo consentimento das partes.
Animus Novandi: A novação não se presume. As partes devem ter intenção inequívoca de novar, extinguindo o vínculo obrigacional anterior.
Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste.
A novação subjetiva passiva: ocorre quando novo devedor sucede

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