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“Africanidade Brasileira e Reterriotarialização”
 A África é o berço da humanidade. Ali teria surgido a espécie humana e se desenvolvido as primeiras sociedades. Logo, é o continente com a história humana mais antiga conhecida. Os primeiros habitantes criaram grandes civilizações e passaram a povoar voluntariamente todo o planeta com grandes fluxos migratórios. O continente africano foi marcado por várias diásporas. A partir do século VIII/IX, “o mundo africano” foi levado para o mundo árabe, para a Turquia, Irã, Iraque, Grécia e China. Eram escravizados os grandes guerreiros, e de seu povo faziam escravas sexuais e escravos domésticos, com a difusão do Islã.
 Nos últimos quinhentos anos, o projeto de eurocentramento do mundo produziu a invasão, colonização e escravização de diversas áreas e povos no planeta. A escravidão racial foi um instrumento utilizado pelos europeus para dominar povos, na área conhecida hoje como África, e produzir uma das maiores diásporas da história humana para o trabalho forçado nas Américas. Um violento processo de desterritorialização e reterritorialização que deslocou de forma compulsória os cambindas do Congo, os benguelas de Angola, os macuas/anjicos de Moçambique, os minas da Costa da Guiné, os gegê do Dahomé, os hauçás do Noroeste da Nigéria, os yorubás ou nagôs do reino de Oyo e Ketu para o trabalho forçado no Brasil. Outros milhões também foram levados para o trabalho forçado em todas as Américas. Esses povos escravizados vinham acorrentados e nus nos navios negreiros trazendo pouquíssimos objetos, mas um mundo dentro de si. Várias Áfricas aqui se inscreveram e os corpos dos escravizados eram uma espécie de arquivo de paisagens perdidas e mundos desfeitos e refeitos, eram o alvo das discriminações e usados como arma para defesa de seu único território.
 A luta pelo reconhecimento e defesa dos patrimônios (materiais e imateriais) da diáspora africana expressam histórias e memórias invisibilizadas e apagadas pelo imaginário colonial eurocêntrico que, infelizmente, ainda se perpetua em nossa sociedade. Pensar em africanidades no Brasil é pensar as Áfricas que nos formaram enquanto sociedade, nação e território. As africanidades revelam marcas das distintas “matrizes africanas” na memória da formação brasileira que aqui se territorializaram e se reinventaram. Logo, as africanidades não são dadas, elas são (re)construções de discursos explícitos e ocultos de uma multiplicidade de povos que aqui se estabeleceram, de forma tensa e contraditória. Assim, o debate das africanidades tem promovido um alargamento acerca da leitura do passado, do presente e da reinvenção de suas existências (como os quilombos) e os múltiplos processos de resistências. O eurocentrismo usurpou dos escravizados as técnicas de metalurgia e mineração centrais para a exploração das áreas colonizadas; as técnicas de agricultura em ambiente tropical e equatorial; os saberes étnico-botânicos no uso de plantas medicinais e litúrgicas, saberes matemáticos, arquitetônicos, entre outros. Pela sua pluralidade, as africanidades envolvem um múltiplo panorama: palavras, topônimos, princípios cosmogônicos, plantas, árvores, músicas, danças, símbolos, sistemas filosóficos, religiosidades, entre outros. Como exemplo, vamos apresentar um evento que visitamos, enquanto militantes, para demonstrar esse complexo sistema das africanidades. Nossa leitura simplificada expressa uma singularidade dentro de uma enorme multiplicidade.
 A expressão africanidades brasileiras refere-se às raízes da cultura brasileira que têm origem africana. Dizendo de outra forma, queremos nos reportar ao modo de ser, de viver, de organizar suas lutas, próprio dos negros brasileiros e, de outro lado, às marcas da cultura africana que, independentemente da origem étnica de cada brasileiro, fazem parte do seu dia-a-dia.
 Nas religiões de matriz afro no Brasil Ogum é a força cósmica que inicia todo e qualquer movimento e processo. As linhas de trem e estradas são seus campos de ressonâncias. É o orixá da forja, da metalurgia e da manipulação dos metais.
 Ogum é o Orixá do movimento e do Impulso. Sua energia se relaciona com todo processo de revolta que gera uma mudança em relação ao padrão anterior. Todas essas ideias transformam Ogum na figura mitológica do grande guerreiro. O grande general que lidera e vence todas as batalhas.
 Nas religiões de matriz afro no Brasil, Xangô tem sua força de ressonância as pedreiras. Expressam da dinâmica energética do Cosmo, Xangô seria o nome da energia da Justiça Divina e do Discernimento. Essa seria a capacidade de enxergar o que deve ser feito ou qual caminho seguir, sabendo os prós e contras de qualquer ação.

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