Buscar

TRABALHO DIREITO PENAL III N1

Prévia do material em texto

UNIFIEO - CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO
VAGNER ROBERTO INFANTI
TRABALHO DE DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL III
Crimes contra a incolumidade pública, paz pública e contra a fé pública
Artigos 250 a 290, Código Penal
Osasco
2018
VAGNER ROBERTO INFANTI 16100872
TRABALHO DE DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL III
Crimes contra a incolumidade pública, paz pública e contra a fé pública
Artigos 250 a 290, Código Penal
Trabalho apresentado ao curso de Direito do Centro Universitário FIEO – UNIFIEO.
Professor: Ronaldo João Roth
Turma: NA6
Osasco
2018
SUMÁRIO
1. Art. 250 (Código Penal)	.............................................................p. 10
1.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 10
1.2 Natureza do tipo penal	..........................................................................p. 10
1.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 11
1.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 11
1.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 11
1.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 11
1.7 Ocorrência de fato recente na mídia	....................................................p. 12
2. Art. 252 (Código Penal)	...............................p. 13
2.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 13
2.2 Natureza do tipo penal	..........................................................................p. 14
2.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 14
2.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 14
2.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 14
2.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 15
2.7 Ocorrência de fato recente na mídia	....................................................p.16
3. Art. 253 (Código Penal)	....................p. 17
3.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 17
3.2 Natureza do tipo penal	..........................................................................p. 17
3.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 17
3.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 17
3.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 18
3.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 18
3.7 Ocorrência de fato recente na mídia	....................................................p.19
4. Art. 254 (Código Penal)	..............................p. 20
4.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 20
4.2 Natureza do tipo penal	..........................................................................p. 20
4.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 20
4.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 21
4.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 21
4.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 21
4.7 Ocorrência de fato recente na mídia	....................................................p.22
5. Art. 260 (Código Penal)	.............................p. 23
5.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 23
5.2 Natureza do tipo penal	..........................................................................p. 24
5.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 24
5.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 25
5.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 25
5.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 25
5.7 Ocorrência de fato recente na mídia	....................................................p. 26
6. Art. 262 (Código Penal)	.............................p.26
6.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 26
6.2 Natureza do tipo penal	..........................................................................p. 27
6.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 27
6.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 27
6.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 27
6.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 28
6.7 Ocorrência de fato recente na mídia	....................................................p.28
7. Artigo 260 (Código Penal)	..................................29
7.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 29
7.2 Natureza do tipo penal	..........................................................................p. 29
7.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 30
7.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 30
7.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 30
7.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 31
7.7 Ocorrência de fato recente na mídia	....................................................p. 31
8. Artigo 262 (Código Penal)	..................................31
8.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 31
8.2 Natureza do tipo penal	..........................................................................p. 32
8.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 32
8.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 32
8.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 32
8.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 33
8.7 Ocorrência de fato recente na mídia	....................................................p. 33
9. Artigo 260 (Código Penal)	...............................................................p. 34
9.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 34
9.2 Natureza do tipo penal	..........................................................................p. 34
9.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 34
9.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 35
9.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 35
9.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 36
9.7 Ocorrência de fato recente na mídia	....................................................36
10. Artigo 260 (Código Penal)	...............................................................p. 37
10.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 37
10..2 Natureza do tipo penal	...............................................................p.37 
10.3 Momento da consumação do delito	....................................................p.38
10.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 38
10.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 38
10.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 39
10.7 Ocorrência de fato recente na mídia	.........................................p. 40
11. Artigo 260 (Código Penal)	...............................................................p. 41
11.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 41
11.2 Natureza do tipo penal	...............................................................p.41 
11.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 41
11.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p 41. 
11.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 41
11.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 42
11.7 Ocorrência de fato recente na mídia	.........................................p. 43
12. Artigo 260 (Código Penal)	...............................................................p. 44
12.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 44
12.2 Natureza do tipo penal	...............................................................p. 44
12.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 44
12.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 44
12.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 44
12.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 45
12.7 Ocorrência de fato recente na mídia	.........................................p. 45
13. Artigo 260 (Código Penal)	...............................................................p. 46
13.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 46
13.2 Natureza do tipo penal	................................................................p.46 
13.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 46
13.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 47
13.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 47
13.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 47
13.7 Ocorrência de fato recente na mídia	.........................................p. 48
14. Artigo 260 (Código Penal)	..............................................................p. 48
14.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 48
14.2 Natureza do tipo penal	................................................................p.49 
14.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 49
14.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 49
14.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 49
14.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 50
14.7 Ocorrência de fato recente na mídia	.........................................p. 51
15. Artigo 260 (Código Penal)	..............................................................p. 51
15.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 51
15.2 Natureza do tipo penal	................................................................p.51 
15.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 51
15.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 52
15.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 52
15.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 52
15.7 Ocorrência de fato recente na mídia	.........................................p. 53
16. Artigo 260 (Código Penal)	...............................................................p. 53
16.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 53
16.2 Natureza do tipo penal	...............................................................p. 54
15.3 Momento da consumação do delito.....................................................p. 54
16.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 54
16.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 54
16.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 55
16.7 Ocorrência de fato recente na mídia	.........................................p. 56
17. Artigo 260 (Código Penal)	...............................................................p. 56
17.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 56
17.2 Natureza do tipo penal	...............................................................p. 56
17.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 56
17.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 57
17.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 57
17.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 57
17.7 Ocorrência de fato recente na mídia	.........................................p. 58
18. Artigo 260 (Código Penal)	..............................................................p. 58
18.1 Definição Legal do tipo e a pena	....................................................p. 58
18.2 Natureza do tipo penal	...............................................................p. 59
18.3 Momento da consumação do delito	....................................................p. 59
18.4 Potencial ofensivo	..........................................................................p. 59
18.5 Inserção de doutrina	..........................................................................p. 60
18.6 Inserção de jurisprudência	...............................................................p. 60
18.7 Ocorrência de fato recente na mídia	.........................................p. 61
Referências	...............................................................................................p. 62
1. Art. 250 (Código Penal)
1.1 Definição legal do tipo e a pena
O Código Penal Brasileiro tipifica o delito de Incêndio da seguinte maneira:
Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;
II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Incêndio culposo
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
1.2 Natureza do tipo penal
Material, causal e de perigo concreto.
1.3 Momento da consumação do delito 
Ocorre a consumaçãono momento da provocação do incêndio expondo a perigo de vida a integridade física ou o patrimônio de indeterminadas pessoas.
1.4 Potencial ofensivo
Sendo este um crime de grande potencial ofensivo na sua forma dolosa já a sua forma culposa fica como característica a sua menor potencialidade sujeitando aos ritos sumaríssimos nos moldes da lei 9.099/1995
1.5 Doutrina
Segundo Cleber Masson, o crime do art. 16, paragrafo único, III da lei 10.826/2003 (Estatuto do desarmamento) e um crime abstrato ou presumido, não se confunde com a explosão, delito de perigo comum e concreto.
O primeiro se contenta com a utilização de artefato explosivo sem autorização ou determinação legal, o segundo e a definitiva explosão de pessoas indeterminadas ao risco de dano a vida, saúde, integridade física e o patrimônio.
Rogerio Greco complementa, os chamados delitos de dano são aqueles em que se exige, para sua configuração, a efetiva lesão ou dano ao bem juridicamente protegido pelo tipo penal. Ao contrário, os delitos reconhecidos como de perigo não exigem a produção efetiva de dano, mas, sim, a prática de um comportamento típico que produza um perigo de lesão ao bem juridicamente protegido, vale dizer, uma probabilidade de dano. O perigo seria, assim, entendido como probabilidade de lesão a um bem jurídico-penal.
1.6 Jurisprudência
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios TJ-DF : 20141310037987 DF 0003682-52.2014.8.07.0017
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
Órgão: 1ª TURMA CRIMINAL
Classe: APELAÇÃO
N. Processo: 20141310037987APR (0003682-52.2014.8.07.0017)
Apelante(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS 
Apelado(s): KLINDER ÍNDIO DO BRASIL 
Relator: Desembargador CARLOS PIRES SOARES NETO 
Acórdão N.: 1066211 
EMENTA
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE DANO QUALIFICADO (ART. 163, II, DO CP). RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CRIME DE INCÊNDIO (ART. 250 DO CP). CONDENAÇÃO INVIÁVEL. APELO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. A conduta do réu não teve como objetivo expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mas apenas destruir ou danificar coisa alheia, mediante o emprego de substância inflamável.
2. A conduta de incendiar veículo alheio, desocupado e estacionado em via pública, durante a madrugada, em horário em que transitam poucas pessoas, não caracteriza o crime do art. 250 do Código Penal
3. Apelo conhecido e desprovido.
Apelação 20141310037987APR
1.7 Ocorrência de fato recente na mídia
O Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, foi destruído por um incêndio de grandes proporções no dia 2 de setembro.
Nesta sexta-feira (7), muita gente aproveitou o feriado para passear na Quinta da Boa Vista. Foi lá, no palácio que abrigava o Museu Nacional, que teve início o processo de independência do Brasil. Em agosto de 1822, Dom Pedro viajou para São Paulo e nomeou a princesa Leopoldina regente interina do Brasil. Dez dias depois, ela recebeu uma carta de Portugal com péssimas notícias. As medidas anunciadas acabavam com o poder de Dom Pedro e ainda ameaçam dividir o Brasil.
Leopoldina não pode esperar pela volta do príncipe e, após uma reunião com o conselho de ministros, assinou a declaração de Independência do Brasil dentro do palácio da Quinta da Boa Vista. O famoso Grito do Ipiranga só aconteceu cinco dias depois.
Manifestações populares
Os visitantes da Quinta da Boa Vista também aproveitaram o feriado de 7 de setembro para protestar contra a ruptura com as origens do país que estavam guardadas no Museu Nacional. Os índios da Aldeia Maracanã participaram da manifestação. Um antropólogo disse que a coleção com cerca de 20 mil peças dos primeiros habitantes do país foi destruída.
Em outros setores do museu, mais perdas de objetos ligados à nossa identidade. Na parte africana, por exemplo, o destaque era o trono do Rei do Daomé. No legado europeu, a coleção que pertenceu à imperatriz Teresa Cristina, mulher de Dom Pedro II: milhares de achados nas cidades de Pompéia e Herculano - objetos que resistiram às lavas do vulcão Vesúvio, na Itália há quase 2 mil anos.
Pela manhã, foi celebrada uma missa de desagravo ao museu na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro. A cerimônia cobrou mais atenção ao patrimônio histórico do país.
O esforço agora é pela reconstrução e pelo levantamento do acervo que escapou do fogo. Cerca de 1,5 milhão de peças, das coleções botânicas, de mamíferos e répteis, além de livros, estavam em outros prédios. Uma equipe já foi formada para entrar no museu a partir da segunda-feira para procurar e recolher peças do acervo.
“Muito material tende a ser preservado. O fato de parte da parede, parte do assoalho terem caído, é para gente uma possibilidade de preservação de algum material. Eu estive lá dentro do palácio. Vi armários cheios. Chegamos a abrir algumas gavetas com acervo. Porém, é um acervo fragilizado”, disse o diretor do Museu Nacional, Alexander Kelner.
2. Art. 252 (Código Penal)
2.1 Definição legal do tipo e a pena 
O Código Penal Brasileiro tipifica o delito de gás toxico ou asfixiante da seguinte maneira:
Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Modalidade Culposa
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante.
2.2 Natureza do tipo penal
Material, causal e de perigo concreto.
2.3 Momento da consumação do delito 
O crime é consumado no momento em que o agente com a utilização de gás tóxico ou asfixiante expõe a perigo a vida a integridade física e patrimônio de terceiros, depende da comprovação da existência de perigo a um montante indeterminado de indivíduos.
2.4 Potencial ofensivo
Crime este de médio potencial ofensivo sendo compatível com a suspenção condicional do processo.
Já na sua modalidade culposa é caracterizada infração de menor potencial ofensivo admitindo assim o rito sumaríssimo da lei 9099/95.
2.5 Doutrina
Segundo o doutrinador Cleber Masson, a distinção entre o crime de uso de gás tóxico ou asfixiante e a contraversão penal de emissão de fumaça dá-se pela gravidade da conduta, indicada pelo exame pericial. No crime expõe perigo concreto a vida a integridade física e ou patrimônio de pessoas indeterminadas, na contraversão penal a poluição e de menor ofensividade limitando apenas a ofensa ou a moléstia de terceiros sem colocar em risco a vida, saúde ou patrimônio de terceiros.
2.6 Jurisprudência
Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo TJ-ES - Apelação : APL 00172659120088080048 
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GAB. DESEMB - ALEMER FERRAZ MOULIN
6 de julho de 2011
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 48080172652 - SERRA - 4ª VARA CRIMINAL
APELANTE :GIOVANI OBERMULLER
APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RELATOR SUBSTITUTO DES. WALACE PANDOLPHO KIFFER
REVISOR DES. PEDRO VALLS FEU ROSA
EMENTA
APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 180, §§ 1º E 2º, C⁄C ART. 251, § 2º, NA FORMA DO ART. 69, TODOS DO CÓDIGO PENAL. PLEITO DE REDUÇÃO DE PENA. IMPOSSIBILIDADE. ATENDIMENTO AO CRITÉRIO TRIFÁSICO PREVISTO NO CP. PEDIDO DE SUBSTITUIÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS. IMPOSSIBILIDADE. NÃO ATENDIMENTO AOS REQUISITOS DO ART. 44 DO CP. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Uma vez que dosimetria da pena respeitou adequadamente o critério trifásico estatuído no Código Penal Brasileiro, não há que se falar em redução da reprimenda corporal irrogada. 2. Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos quando não estão preenchidos os requisitos legais do art. 44 do Código Penal. 3. Recurso a que se nega provimento.
(TJ-ES - APL: 00172659120088080048, Relator: ALEMER FERRAZ MOULIN, Data de Julgamento: 06/07/2011, PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 15/07/2011)PRECISO DA EMENTA2.7 Ocorrência de fato recente na mídia
A ONU (Organização das Nações Unidas) está investigando evidências de um ataque com gás tóxico em uma área controlada por rebeldes em Aleppo, na Síria.
Rebeldes dizem que o ataque – que teria matado quatro pessoas e deixado várias feridas – foi efetuado por forças do governo usando gás de cloro.
O enviado especial da ONU para a Síria disse que o ataque com gás tóxico, se confirmado, seria um “crime de guerra”.
Imagens obtidas pela BBC mostram pessoas com dificuldades respiratórias recebendo atendimento em um hospital.
Homens, mulheres e crianças aparecem com máscaras de oxigênio.
Suspeita-se que o gás de cloro tenha sido lançado em barris explosivos, informou a chamada Defesa Civil da Síria, uma força voluntária de emergência que atua em áreas de controle rebelde.
O enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, confirmou que especialistas estão relatos sobre a ataque com gás, possivelmente de cloro, em Aleppo.
“Há muitas evidências de que isso realmente aconteceu”, afirmou o enviado. “Se isso ocorreu, é um crime de guerra e como tal demandaria uma resposta imediata de todos.
Um homem recebendo tratamento no hospital disse que estava na área de Zebdieh, onde mora, quando dois mísseis caíram perto dele e de um grupo de amigos.
Minutos depois, o cheiro de gás começou a se espalhar... e senti meus olhos queimando e dificuldade em respirar, disse.Um médico no hospital afirmou ter recebido uma série de vítimas, de “todas as idades”, incluindo crianças e idosos.
Quando examinamos os casos, percebemos que era por causa de cloro, disse.
O cloro é um composto industrial comum, mas seu uso em armas é vetado pela Convenção sobre as Armas Químicas, de 1993.
Os combates recrudesceram em Aleppo nos últimos dias, com rebeldes cortando a principal rota usada pelo governo para o oeste da cidade.
3. Art. 253 (Código Penal)
3.1 Definição legal e tipo da pena
Segundo o Código Penal Brasileiro especificamente no decreto lei 2848/40, Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
3.2 Natureza do tipo penal
Formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado e de perigo comum abstrato.
3.3 Momento da consumação do delito
Crime formal de consumação antecipada ou de resultado cortado: no momento em que o agente fabrica, fornece, adquiri, possui ou transporta, sem licença da autoridade competente substancias ou engenho explosivos, gás tóxicos ou asfixiáveis ou materiais destinados a sua fabricação, não exigindo causa de dano a ninguém, presumindo o risco ao bem jurídico. 
3.4 Potencial ofensivo
Infração de menor potencial ofensivo sendo assim de competência do juizado especial criminal.
3.5 Doutrina
Segundo o doutrinador Cleber Masson, a venda, o fornecimento, ainda que gratuito a criança ou adolescente, de arma, munição ou explosivos, caracteriza o delito tipificado no art. 242 da lei 8.069/ 1990.
3.6 Jurisprudência 
Supremo Tribunal Federal STF - RECURSO EM HABEAS CORPUS : RHC 59779 GO
RHC 59779 GO
Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA
Publicação
DJ 10-12-1982 PP-02787 EMENT VOL-01279-01 PP-00137 RTJ VOL-00104-03 PP-01040
Julgamento: 14 de Maio de 1982
Relator: NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA
HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL. CRIME DO ART. 253 DO CÓDIGO PENAL. NÃO E INEPTA A DENUNCIA, SE DESCREVE FATOS QUE, EM TESE, TIPIFICAM O DELITO IMPUTADO AO PACIENTE E CO-REUS, CUJA PARTICIPAÇÃO ESTA EXPLICITAMENTE DEDUZIDA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
Resumo Estruturado
CRIME, FORNECIMENTO, TERCEIROS, EXPLOSIVOS, PESSOA FÍSICA, LICENCA, INEXISTÊNCIA, EMPRESA INDIVIDUAL, AQUISIÇÃO, ESTOCAGEM, EXPLOSIVOS, ACESSORIOS NATURAIS, UTILIZAÇÃO, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, AUTORIZAÇÃO, OCORRENCIA. DENUNCIA, INEPCIA, REJEIÇÃO, FATO CRIMINOSO, DESCRIÇÃO, CO RÉU, CONDUTA, TIPICIDADE, CRIME EM TESE, CARACTERIZAÇÃO, AÇÃO PENAL, TRANCAMENTO, IMPOSSIBILIDADE. PP0934 , DENUNCIA, INEPCIA
3.7 Ocorrência de fato recente na mídia
Ilegal, spray de pimenta ganha lugar em bolsa feminina.
Produto é arma não-letal de uso restrito das forças de segurança, mas é vendido livremente no Brasil pela internet. Compradores dizem se sentir mais seguros quando portam spray de pimenta, que é camuflado em forma de caneta, chaveiro e batom WILLIAN VIEIRA, DA REPORTAGEM LOCAL.
Os itens básicos de necessidade feminina que sacodem na bolsa da paulistana A.C., 20, vão de escova a batom. Mas não qualquer batom. O frasco rosa, "sabor pimenta", guarda um spray tóxico que comprou por R$ 50, para se defender de assaltos e perseguições. 
“Qualquer idiota que se aproximar de mim vai levar spray no olho", diz, a despeito do que aconselha a polícia em caso de roubo: "Em ocasião alguma se recomenda reação, pois a chance de perder a vida é grande".
Arma não-letal de uso controlado (restrita às forças de segurança pública), o spray pode ser comprado na internet. A procura é tanta que há sites especializados na venda e fóruns com dicas de compradores, cujo argumento é ter mais segurança frente à violência de metrópoles como São Paulo.
A cidade teve, de janeiro a setembro deste ano, 773 estupros, 51 vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte) e mais de 85 mil casos de roubo registrados.
Mascarado de chaveiro ou caneta, o spray "é para ser usado contra tumultos, tarados, animais, dentre outras situações", anuncia um site.
G.V.M. comprou a arma para proteção pessoal -mas contra animais. Agente de saúde, ele temia mordida de cães raivosos nos terrenos baldios que percorre. "Já fui atacado por dois cães ao mesmo tempo e tive de me defender só com pranchetadas. Agora, até gostaria de ser atacado de novo", diz.
Alguns sites de leilões permitem a compra do produto via boleto bancário.
A prova do mercado consolidado são sites totalmente dedicados a vender o produto. Ao atender o telefone que há em um deles, um português oferece spray "com a mesma substância do gás de pimenta usado por forças policiais", que passaria incólume pelo olhar de autoridades.
Questão legal:
O Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) do Exército diz que "são de uso restrito armas e dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás agressivo e suas munições". Até a polícia precisa de autorização da Força para portá-lo.
Segundo o Exército, a repressão ao porte ilegal do spray "é responsabilidade da Polícia Federal". Mas a PF não tem dados sobre apreensão de spray de pimenta e diz que são as polícias estaduais que devem reprimir o uso ilegal.
Quem for pego com o spray pode ter problemas. De acordo com o advogado criminalista Tales Castelo Branco, o Código Penal prevê que "expor a perigo a vida e a integridade física de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante" pode levar a pena de um a quatro anos e multa. Só o porte, pena de dois anos.
4. Art. 254 (Código Penal)
4.1 Definição legal do tipo e a pena
O Código penal cita em seu Art. 254 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa.
4.2 Natureza do tipo penal
Material, causal e de perigo comum concreto.
4.3 Momento da consumação do delito 
No momento em que o sujeito, depois de praticar conduta legalmente descrita expõe a perigo efetivo e comprovado a vida, a integridade física e ou patrimônio de pessoas indeterminadas.
4.4 Potencial ofensivo
Em sua modalidade dolosa e crime de alto potencial ofensivo não sendo aceito pela lei 9099/95, já a sua modalidade culposa e de menor potencial cabendo a transação penal e o rito sumaríssimo
4.5 Doutrina
Segundo o doutrinador Cleber Masson, caso o engenho de explosivo seja de uso das forças armadas, será imputado ao agente, em respeito ao princípio da especialidade, ocrime previsto no art. 12 paragrafo único da lei 7.170/1983.
4.6 Jurisprudência
Superior Tribunal de Justiça STJ - HABEAS CORPUS : HC 95941 RJ 2007/0288371-0 Publicado por Superior Tribunal de Justiça
EMENTA PARA CITAÇÃO
HABEAS CORPUS Nº 95.941 - RJ (2007/0288371-0)
RELATOR	:	MINISTRO NAPOLEAO NUNES MAIA FILHO
IMPETRANTE	:	LUIZ ANTÔNIO LOURENÇO DA SILVA
IMPETRADO	:	TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2A REGIAO
PACIENTE	:	LUIZ HENRIQUE SERRA MAZZILLI
EMENTA
HABEAS CORPUS. PACIENTE DENUNCIADO PELOS CRIMES DE INUNDAÇAO, POLUIÇAO E NAO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇAO DE RELEVANTE INTERESSE AMBIENTAL (ARTS. 254 DO CPB E 54,CAPUT , 2o., III, E 68, CAPUT, DA LEI 9.605/98). TRANCAMENTO DA AÇAO PENAL. DELITOS OMISSIVOSIMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR OMISSAO. AUSÊNCIA DE PARTICIPAÇAO DO PACIENTE NO EVENTO DELITUOSO. QUESTAO CONTROVERTIDA. NECESSIDADE DE DILAÇAO PROBATÓRIA INCOMPATÍVEL COM O MANDAMUS . MATERIALIDADE COMPROVADA. SITUAÇAO IDÊNTICA, TODAVIA, AO HC 94.543/RJ (RELATOR P/ O ACÓRDAO MIN. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJe 13.10.09). POSIÇAO DE GARANTE. ART. 13, 2o., DO CPB. IMPOSSIBILIDADE DE AGIR (REQUISITOS OBJETIVO E SUBJETIVO AUSENTES). CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇAO DA ORDEM. ORDEM CONCEDIDA, CONTUDO, COM A RESSALVA DO ENTENDIMENTO DO RELATOR, PARA TRANCAR, COM RELAÇAO AO PACIENTE, A AÇAO PENAL 2004.51.03.000047-9.
4.7 Ocorrência de fato recente na mídia
O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma petição na Justiça para que o processo criminal que tornou rés 22 pessoas e as empresas Samarco, Vale, BHP Billiton e VogBR por causa do desastre com a barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015, seja retomado.
O juiz Jacques de Queiroz Ferreira, da Vara Federal de Ponte Nova, na Região da Zona da Mata, paralisou os trâmites em julho deste ano após a defesa do diretor-presidente licenciado da Samarco, Ricardo Vescovi, e do diretor-geral de operações, Kleber Terra, alegar que escutas telefônicas usadas no processo foram feitas de forma ilícita.
Os advogados pediram a anulação do processo, alegando que a quebra de sigilo telefônico ultrapassou período judicialmente autorizado e que as conversas foram analisadas pela Polícia Federal e usadas pelo Ministério Público Federal (MPF) na denúncia.
Na época, a Justiça cobrou esclarecimento das informações. Nesta sexta-feira (20), o MPF informou em nota que “após minucioso levantamento, não foi constatada a utilização, na denúncia, de nenhum monitoramento telefônico feito sem ordem judicial”. Na petição, os procuradores Gustavo Henrique Oliveira e José Adércio Sampaio disseram que não há nada que comprove a alegação da defesa. “Os réus Ricardo Vescovi e Kleber Terra não foram capazes apontar nem sequer um diálogo utilizado e transcrito como prova que tenha sido interceptado sem autorização judicial”, defenderam eles.
O MPF também nega que dados teriam sido coletados fora do período requisitado – contudo informados pela própria Samarco – e considerados na denúncia. “Sem embargo, o MPF frisou nos autos que os diálogos utilizados na denúncia ocorreram em dezembro de 2015, portanto, fora do período questionado pela defesa (janeiro de 2016). Não é demais repisar: a defesa questiona a legalidade das interceptações nos dias 05/01/2016, 06/01/2016, 07/01/2016, 23/01/2016 e 24/01/2016 (fl. 7640). A denúncia foi embasada, além de outras tantas provas, em diálogos ocorridos nos dias 24/12/2015, 29/12/2015 e 30/12/2015, no terminal interceptado do réu Samuel Loures”, dizem os procuradores na petição.
Procurada pelo G1, a defesa de Ricardo Vescovi e Kleber Terra informou que vai se manifestar quanto a petição assim que for notificada oficialmente e que sustenta a alegação de que as provas foram recolhidas irregularmente.
A reportagem aguarda posicionamento da Justiça Federal sobre o prazo de análise da petição do MPF.
Entenda o caso
A barragem se rompeu no dia 5 de novembro de 2015, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e atingindo várias outras localidades. Os rejeitos também atingiram mais de 40 cidades do Leste de Minas Gerais e do Espírito Santo. O desastre ambiental, considerado o maior e sem precedentes no Brasil, deixou 19 mortos.
Das 22 pessoas denunciadas, apenas o engenheiro da VogBR Samuel Paes Loures não foi acusado de homicídio com dolo eventual - quando se assume risco de matar. Ele vai responder, juntamente com a VogBR, pelo crime de apresentação de laudo ambiental falso. Os demais, além de homicídio, vão responder ainda por crimes de inundação, desabamento, lesão corporal e crimes ambientais. A Samarco, a Vale e a BHP Billiton são acusadas de nove crimes ambientais.
Segundo o MPF, os acusados podem ir a júri popular e, se condenados, terem penas de prisão de até 54 anos, além de pagamento de multa, de reparação dos danos ao meio ambiente e daqueles causados às vítimas.
A procuradoria pediu a qualificação do homicídio por motivo torpe, justificando ganância da empresa e impossibilidade de defesa por parte das vítimas.
5. Art. 260 (Código Penal)
5.1 Definição legal do tipo e a pena 
O Código Penal Brasileiro tipifica os crimes contra a segurança dos meios de comunicação e transporte e outros serviços públicos da seguinte maneira:
Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro:
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte ou instalação;
II - colocando obstáculo na linha;
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia;
IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Desastre ferroviário
§ 1º - Se do fato resulta desastre:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
§ 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo.
5.2 Natureza do tipo penal
Trata-se de crime formal de perigo comum.
5.3 Momento da consumação do delito 
O momento de consumação do crime se dá quando é comprovada a situação de perigo à pessoas indeterminadas, independente do efetivo desastre.
Desastre ferroviário culposo:
 Admite-se a prática culposa do crime previsto no § 1º, ou seja, só se prevê a modalidade culposa quando verificada a efetiva ocorrência do desastre
Ocorre quando o agente provoca o desastre ferroviário por imprudência, imperícia ou negligência. Neste caso, o agente não tem a intenção de impedir ou perturbar o serviço ferroviário, mas provoca o desastre ao atuar sem as cautelas exigíveis na situação específica.
5.4 Potencial ofensivo
O crime é classificado como de maior potencial ofensivo, onde a pena máxima é superior a quatro anos, e mínima superior a um ano, não sendo passível de aplicação de transação pena e/ou suspensão condicional do processo.
5.5 Doutrina
Segundo os doutrinadores Artur de Brito Gueiros Souza e Carlos Eduardo Adriano Japiassú inclinava-se para a tese de que a “Incolumidade, ou incolumitas no latim, se relacionaria com estado da pessoa ou coisa incólume, firme, segura, sem colo, estaca de sustentação.1 Incólume (incolumis) seria aquilo que se sustenta sozinho, sem apoio ou escoras. Portanto, incolumidade pública transmite o significado de segurança ou firmeza de todos os membros da sociedade”
Esta terminologia aparece pela primeira vez na legislação penal brasileira a partir da entrada em vigor do atual Código Penal, em 1940.
 Importante ressaltar que a primeira legislação penal do Brasil independente – o Código de 1830 – não dispunha sobre tal natureza de delito, nem mesmo sob outra nomenclatura.
5.6 Jurisprudência
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO : RECSENSES 22 RJ 1998.051.00022
Processo: RECSENSES 22 RJ 1998.051.00022Orgão Julgador: PRIMEIRA CAMARA CRIMINAL
Publicação: 08/10/1998
Julgamento: 27 de Agosto de 1998
Relator: DES. PAULO VENTURA
EMENTA
Perigo de desastre ferroviário. Crime não configurado em face de se afigurar atípica a conduta daquele que pratica o denominado "SURF FERROVIARIO". Nao se amolda ao tipo penal previsto no artigo 260, inciso IV, do Código Penal, a conduta do agente que pratica o denominado "surf ferroviário", ao viajar sobre o teto do trem. Com efeito, tal reprovável conduta não o traduz em vontade deliberada e consciente de periclitar a segurança do transporte ferroviário para causar desastre. Atipicidade de conduta por total ausência do elemento subjetivo que integra o tipo penal em exame. Denuncia corretamente rejeitada. Desprovimento. (MSL)
O delito perigo de desastre ferroviário se consuma quando o agente surfa em cima do trem e o recurso em sentido estrito foi negado por unanimidade.
5.7 Ocorrência de fato recente na mídia
Ocorreu um fato que passou na mídia no dia 29/12/2017 em que um vídeo mostra um homem praticando surfe rodoviário em trem na Grande São Paulo.
Segundo a Companhia, o caso ocorreu no último dia 26, quando o rapaz que aparece pendurado na porta do vagão da Linha 8-Diamante foi preso pela prática de "surfe ferroviário. Após ser levado a uma delegacia em Osasco, o homem foi autuado por Perigo de Desastre Ferroviário e foi solto para responder ao crime em liberdade. 
6. Art. 262 (Código Penal)
6.1 Definição legal do tipo e a pena 
Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:
Pena - detenção, de um a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
6.2 Natureza do tipo penal
Trata-se de crime formal de perigo comum / concreto.
6.3 Momento da consumação do delito 
O momento de consumação do crime se dá quando é comprovada a situação de perigo à pessoas indeterminadas, independente do efetivo prejuízo. 
Basta qualquer ação capaz de provocar perigo, seja aos veículos diretamente, seja às pistas de rolamento, obras de arte, subtração de instrumentos de proteção etc. Tendo em vista se tratar de crime plurissubsistente, é possível a tentativa.
6.4 Potencial ofensivo
O crime de Atentado contra a segurança de outro meio de transporte é considerado de menor potencialidade ofensiva, pois pena máxima em abstrato não é superior a dois anos, passíveis de transação penal.
6.5 Doutrina
Segundo o doutrinador Damásio de Jesus, este interpreta a expressão incolumidade pública da seguinte maneira:
No Título VIII do CP estão tipificados os crimes contra a incolumidade pública, consistente na segurança generalizada de todos os cidadãos, sem limitação e determinação de pessoas, contra danos físicos, morais e patrimoniais. É a incolumidade pública o objeto da atenção do legislador. 
Os crimes previstos são de perigo para um número indeterminado de pessoas, trazendo ao seio social uma intranqüilidade generalizada, ofendendo diretamente a coletividade como um todo. O interesse tutelado é a coletividade, muito embora dos comportamentos delituosos geralmente advenha perigo ou dano a bens e interesses de particulares. Mas estes são protegidos apenas de maneira reflexa, uma vez que a tutelapena neste campo é exercida primacialmente com relação à comunidade abstratamente considerada, visando o legislador a garantir-lhe a segurança e o sossego.
6.6 Jurisprudência
Processo 20130510100697 0011313-17.2013.8.07.0006
Órgão Julgador: 1ª TURMA CRIMINAL
Publicação: Publicado no DJE : 28/03/2017 . Pág.: 137/153
Julgamento23 de Março de 2017
Relator: ROMÃO C. OLIVEIRA
EMENTA
Artigos 147, 250, § 1º, II, C, E 262, todos do código penal. Autoria e materialidade comprovadas. Inimputabilidade reconhecida. Absolvição imprópria com aplicação de medida de segurança. Art. 97, CAPUT, do CP. Estipulação de prazo máximo – possibilidade. Recurso parcialmente provido.
No crime de incêndio, a conduta do agente se consuma com a exposição concreta de perigo à vida, à integridade física ou ao patrimônio de outras pessoas, como no caso dos autos em que o agente utilizou substância inflamável para atear fogo a veículo de transporte coletivo. O art. 262 do Código Penal visa à tutela da segurança e incolumidade pública, em especial das pessoas que fazem uso do sistema de transporte público, razão pela qual a conduta de bloquear o trânsito em rodovia de grande movimento, expôs a risco e impediu o funcionamento das linhas de transporte público que ali operavam. Comprovada a inimputabilidade por laudo de exame psiquiátrico, impõe-se a absolvição imprópria do agente, conforme artigo 386, inciso VI, do Código Penal. Na absolvição imprópria a medida de segurança constitui forma de resposta penal ao delito praticado pelo inimputável, e apresenta duplo caráter: um preventivo, com base em um juízo de periculosidade do agente; e outro, curativo, na medida em que possibilita ao réu o tratamento adequado à psicopatologia diagnosticada. A duração da medida de segurança deve observar o tempo necessário ao caso concreto, sem extrapolar, porém, o lapso temporal previsto para a sanção em abstrato cominada ao delito, conforme disposto no enunciado 527 da Súmula do STJ.
6.7 Ocorrência de fato recente na mídia
Tivemos um caso recente que passou na mídia no dia 25/05/2018, onde Manifestantes põem fogo em pneus e bloqueiam rodovia dos Tamoios em S. José.
Segundo a Polícia Rodoviária Estadual, o bloqueio foi no km 7, próximo ao bairro Putim, em São José dos Campos. A ação terminou às 18h30.
Ainda de acordo com a polícia, o ato foi feito pelos moradores do bairro São Judas. No sentido litoral, a pista foi bloqueada com pneus e sofá velhos incendiados. No sentido contrário, os manifestantes invadiram a pista. Os policiais rodoviário acompanham o bloqueio desde às 16h45. O local ficou interditado às 18h30.
O governador de São Paulo, Márcio França, determinou ao secretário de Segurança, Mágino Alves, acione na noite desta sexta a Polícia Rodoviária para aplicar multas em todos os veículos que estacionem em fila dupla nas estradas paulistas ou que promovam bloqueios, impedindo a livre circulação.
7. Art. 267 (Código Penal)
7.1 Definição legal do tipo e a pena 
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.
7.2 Natureza do tipo penal
O objeto do crime é a incolumidade pública, considerando-se o perigo decorrente da difusão de epidemias, que põem em risco à saúde de indeterminado número de pessoas.
trata-se de crime de perigo comum concreto.
Sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo é a coletividade.
O tipo objetivo do crime consiste em causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos. Está excluído o tipo penal se a propagação se der por qualquer outro meio.
7.3 Momento da consumação do delito 
O delito consuma-se com a ocorrência de epidemia, ou seja, com o surgimento de inúmeros casos de pessoas acometidas com a doença causada pelos germes patogênicos.
Admite-se a forma tentada, que se configura na hipótese de não obstante o agente disseminar germes patogênicos, a epidemia não sobreviver por circunstâncias alheias a sua vontade.
Modalidade Culposa 
O tipo culposo se caracteriza pela inobservância do cuidado objetivo necessário, dando causa ao evento se da conduta culposa resulta morte, o crime é qualificado pelo resultado. O delito de epidemia é material.
7.4 Potencial ofensivo
O crime contra a saúde pública referente ao artigo 267, é de maior potencial ofensivo, porém, a pena máxima é superior a quatro anos, e mínima superior a um ano, não passível de aplicação de transação pena e/ou suspensãocondicional do processo.
7.5 Doutrina
Segundo o doutrinador Rogério Greco, a epidemia é “uma doença que surge rapidamente em determinado lugar e acomete simultaneamente grande número de pessoas”.
A epidemia é uma doença transitória causadas por microorganismos (vírus e bactérias) que atinge um grande número de pessoas ao mesmo tempo. O crime de epidemia é de perigo comum, porém não haverá combinação com a norma prevista no art. 258, a pena é de dez a quinze anos de reclusão e pode ser agravada em até o dobro se houver como resultado a morte de alguém. Se o crime for culposo a pena aplicada é detenção de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.
7.6 Jurisprudência
Processo: APL 02417111820088190001 RIO DE JANEIRO CAPITAL 7 VARA FAZ PUBLICA
Órgão Julgador: DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL
APELANTE: GLORIA SANTIAGO DE CARVALHO 
APELADO: MUNICIPIO DO RIO DE JANEIRO 
Relator: MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO 
EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZATÓRIA. DANO MORAL OMISSÃO ESTATAL. EPIDEMIA DE DENGUE. OMISSÃO GENÉRICA. NÃO HÁ RESPONSABILIDE ESTATAL.
Sentença mantida. Recurso a que se nega seguimento, na forma do art. 557, caput, do CPC.
7.7 Ocorrência de fato recente na mídia
A epidemia de Ebola, que em 2014 fez o mundo ficar em estado de alerta, pois em alguns países do oeste da África a doença matou cerca de 6.400 pessoas. Os países mais afetados foram Guiné, Serra Leoa e Libéria.
8. Art. 269 (Código Penal)
8.1 Definição legal do tipo e a pena 
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal
8.2 Natureza do tipo penal
O objeto jurídico é a incolumidade pública, em particular a sociedade que deve orientar o atendimento à saúde pública.
Trata-se de crime próprio, pois somente o médico pode praticar a conduta omissiva, deixando de levar a efeito o necessário comunicado à autoridade pública, quando toma conhecimento de uma doença cuja notificação é compulsória, a fim de evitar a proliferação da doença.
A pena é de detenção de seis meses a dois anos, e multa, e o crime trata-se de lei penal em branco, necessita ser complementada por outra disposição legal ou em atos administrativos. 
8.3 Momento da consumação do delito 
A consumação do crime se dá quando vence o prazo legal pra o médico comunicar a doença à autoridade pública.
A tentativa não é admitida pra este crime.
8.4 Potencial ofensivo
O crime de omissão de notificação de doença referente ao artigo 269 do CP, é considerado de menor potencialidade ofensiva: pena máxima em abstrato não superior a dois anos, passíveis de transação penal.
8.5 Doutrina
Segundo o doutrinador Greco, “A Omissão de Notificação de Doença, consta no deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória, significa que, certas e determinadas doenças, principalmente as infecto-contagiosas, tais como AIDS, meningite, tuberculose, dengue entre outras, têm que ser comunicadas às autoridades da saúde pública, sob o risco destas doenças se alastrarem, tendo o medico por consequência o dever jurídico de noticiá-las”.
8.6 Jurisprudência
Processo 20160111227507 DF 0042870-78.2016.8.07.0018
Órgão Julgador: 6ª TURMA CÍVEL
Publicado no DJE : 12/06/2018 . Pág.: 386/394
Relator: VERA ANDRIGHI
EMENTA
INDENIZAÇÃO. DIAGNÓSTICO DE DOENÇA. NOTIFICAÇÃO. PRONTUÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. OMISSÃO. AGRAVAMENTO DO QUADRO DE SAÚDE.
I - A negligência estatal na prestação de serviços médicos ficou demonstrada, pois a autora não foi notificada sobre o diagnóstico de hepatite C nem houve a anotação em seu prontuário médico, o que impossibilitou a realização tempestiva do tratamento e culminou na necessidade de transplante de fígado, em vista da evolução para o quadro de cirrose hepática.
II - Comprovados os elementos da responsabilidade civil do Estado, procede a pretensão indenizatória por danos morais. Mantida a r. sentença.
III - Apelação desprovida.
8.7 Ocorrência de fato recente na mídia
Houve um caso no ano de 2017 em que um paciente denuncia o médico por omitir sobre a doença de Crohn. São doenças inflamatórias do intestino e precisam ser tratadas.
Após em uma posterior consulta em um outro médico, foi diagnosticado a doença de Crohn em estado avançado e bastante inflamado. 
O paciente fez a denúncia conforme o artigo 269 do CP e pediu indenização, o processo foi julgado como procedente.
9. Art. 273 (Código Penal)
9.1 Definição legal do tipo e a pena 
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. 
§ 1º - A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. 
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; V - de procedência ignorada; VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. Modalidade culposa
§ 2º - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
9.2 Natureza do tipo penal
Crime formal.
9.3 Momento da consumação do delito 
O crime se consuma com a falsificação, corrupção, adulteração ou alteração do produto. 
9.4 Potencial ofensivo
É um crime gravoso e por ser um crime hediondo ele tem um grande potencial ofensivo, o qual se denomina crime de “ gravidade acentuada.
9.5 Doutrina
Ao tratar deste crime, Cezar Roberto Bitencourt (2011a, p. 513) define medicamento como sendo uma “substância destinada à cura ou ao alívio de doenças, bem como ao combate de males e enfermidades; já cosméticos são definidos, pelo mesmo autor, como sendo “produtos destinados à limpeza, conservação e maquiagem da pele” e saneantes são entendidos como produtos de limpeza geral.
É crime de perigo abstrato, embora existam doutrinadores que acreditem ser crime de perigo concreto, como Rogério Greco, que afirma que o simples fato de colocar em perigo a incolumidade pública já caracteriza o crime, não precisando, desse modo, de resultado para caracterizá-lo (ANDREUCCI, 2007, p. 578).
Há as qualificadoras quando a partir daquela conduta do agente, resulte lesão corporal grave ou morte. Sendo a pena aumentada para todos os casos, quando o agente agir com culpa ou com dolo, bem como determinado o art. 258, que tem embasamento no art. 285 do Código Penal (PRADO, 2008, p. 757 - 758).
É considerado crime plurissubsistente, uma vez que admite tentativa, e sua consumação se dá no momento em que são praticadas as condutas previstas no tipo penal independente de resultado (crime formal). Apresenta-se como crime comum já que qualquer pessoa pode ser sujeito ativo tendo a coletividade (cuja saúde é posta em risco pelas condutas realizadas) como sujeito passivo. Possui como objeto material os produtos que sejam destinados a fins terapêuticos ou medicamentos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico (SEADI, 2002, p. 51-52).
Anterior à edição da Lei nº 9.677/98, o art. 273 do Código Penal tinha a seguinte redação: "Alterar substância alimentícia ou medicinal: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa". Porém, com a modificação que ocorreu, oartigo em questão começou a prescrever o seguinte: “Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”. Analisando a estrutura do art. 273 atual, presente no Código penal, percebe-se que tem como bem jurídico a incolumidade pública, ou seja, a saúde pública a ser protegida. Tal conduta tem como sujeito ativo qualquer pessoa, sendo um crime comum e como sujeito passivo a coletividade (MIRABETE; FABBRINI, 2011, p. 1575).
9.6 Jurisprudência
Processo: ACR 00002328220124036107 SP
Orgão Julgador: SEGUNDA TURMA
Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:17/10/2016
Julgamento: 4 de Outubro de 2016
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL PEIXOTO JUNIOR
Ementa
PENAL. DELITO DO ARTIGO 273 DO CÓDIGO PENAL. PROVA. PENA.
- Materialidade e autoria dolosa provadas no conjunto processual.
- Pena aplicada nos parâmetros do crime de tráfico de entorpecentes. Matéria para discussão que se cinge aos reflexos da no caso, sem recurso suscitando a questão, reconhecida inconstitucionalidade do preceito secundário da norma penal. Impossibilidade de aplicação da pena prevista para o delito de contrabando/descaminho. Precedente da Turma aplicando as penas previstas para o delito de tráfico de entorpecentes.
- Determinado o início de cumprimento da pena. Precedente do STF.
- Recurso desprovido.
9.7 Ocorrência de fato recente na mídia
Suposta falsificação de medicamento contra câncer é investigada no Rio Grande do Sul
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga uma suposta fraude envolvendo três lotes de uma medicação de combate ao câncer. A suspeita é que o medicamento Sutent 50mg, do fabricante Pfizer, tenha sido falsificado, e que lotes apresentando três códigos não sejam autênticos: 985EE; 986EE e 987EE.
Nesta sexta-feira (23), o delegado Rafael Liedtke, da Delegacia do Consumidor (Decon), instaurou inquérito para apurar eventual crime contra as relações de consumo e contra a saúde pública. Segundo ele, a suspeita surgiu depois que pacientes perceberam algumas falhas e denunciaram.
"Se viu uma falsificação grosseira no produto. A bula é um xerox, tem erro de português na embalagem, então aparentemente é falsificação mesmo", detalhou ao G1.
O medicamento Sutent 50mg é fornecido a pacientes em tratamento contra o câncer por planos de saúde e pelo SUS. No entanto, de acordo com o delegado, ainda não é possível saber o alcance da suposta fraude.
"A preocupação principal é essa, a gente teme que haja esse medicamento nos hospitais gaúchos, e por enquanto a gente não consegue saber o alcance disso", explicou.
Conforme a promotora Caroline Vaz, coordenadora do Centro de Apoio de Defesa do Consumidor, a Pfizer, uma empresa farmacêutica multinacional, já informou que não produziu lotes do medicamento com aquela numeração. "Foi questionado à fabricante que já disse que aqueles lotes não existem", afirmou.
https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/suposta-falsificacao-de-medicamento-contra-cancer-e-investigada-no-rio-grande-do-sul.ghtml.
10. Art. 282(Código Penal)
10.1 Definição legal do tipo e a pena 
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.
10.2 Natureza do tipo penal
Crime formal.
10.3 Momento da consumação do delito 
O crime se consuma com o efetivo exercício , que exige habitualidade(o delito é de perigo abstrato)
10.4 Potencial ofensivo
tal crime é de menor potencial ofensivo, sujeita às disposições da Lei n. 9.099/95. É cabível a suspensão condicional do processo, em virtude da pena mínima de 6 meses.
10.5 Doutrina
Segundo o doutrinador NUCCI, este afirma tratar-se de crime formal porque a consumação do delito não requer a ocorrência de resultado naturalístico (NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 7ª ed., São Paulo, RT, 2007, p. 932).
DAMÁSIO DE JESUS afirma que, a respeito da ocorrência do resultado naturalístico, os delitos podem se classificar em:
(a) materiais (de resultado naturalístico): o tipo menciona a conduta e o evento, exigindo a sua produção para a consumação. Exemplos: homicídio, infanticídio, aborto, participação em suicídio, lesão corporal, furto, roubo, estelionato, difamação, etc.
(b) formais (de evento naturalístico cortado ou de consumação antecipada): o tipo penal prevê o resultado, mas não exige sua ocorrência para a consumação do delito. Exemplo: extorsão (CP, art. 158).
(c) de mera conduta (sem resultado naturalístico): o tipo penal não prevê resultado, mas apenas o comportamento. Exemplos: violação do domicílio (CP, art. 150), desobediência (CP, art. 330), reingresso de estrangeiro expulso (CP, art. 338).
Portanto, os crimes formais e os de mera conduta distinguem-se porque aqueles são de resultado, estes, destituídos de resultado (JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal, Volume 1. 21ª ed., São Paulo, Saraiva, 1998, p. 189).
Assim, acompanhando a categorização proposta por DAMÁSIO DE JESUS, amplamente aceita no Brasil, é inviável sustentar a posição defendida por NUCCI. 
Pela leitura do dispositivo, verifica-se a inexistência de qualquer menção ao resultado decorrente do comportamento do agente, bastando a conduta ilícita de exercer a profissão sem atender aos seus requisitos ou excedendo seus limites. Não há qualquer menção a resultado naturalístico.
Para se considerar crime formal, o tipo deve prever uma conduta e que esta se dirija a um determinado resultado, mas a concretização deste não é relevante para a consumação do delito. O melhor exemplo é o delito de extorsão.
10.6 Jurisprudência
Processo: HC 20140275734 SC 2014.027573-4 (Acórdão)
Orgão Julgador: Primeira Câmara Criminal Julgado
Partes
Impetrante: Jaison da Silva
Julgamento: 16 de Junho de 2014
Relator: Paulo Roberto Sartorato
Ementa
HABEAS CORPUS. PACIENTE DENUNCIADO PELA PRÁTICA, EM TESE, DO DELITO DE EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA (ARTIGO 282 DO CÓDIGO PENAL). PLEITO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR ATIPICIDADE DA CONDUTA. INVIABILIDADE. MEDIDA EXCEPCIONAL, ADOTADA SOMENTE QUANDO AFERÍVEL, DE PLANO, A ATIPICIDADE DA CONDUTA, A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE OU A INOCÊNCIA DO PACIENTE. ELEMENTOS COLHIDOS QUE DEMONSTRAM INDÍCIOS DE AUTORIA E DA OCORRÊNCIA DOS FATOS. ADEMAIS, NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA ACERCA DA CONDUTA PRATICADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA.
1. "O pleito de trancamento da ação por falta de justa causa pela via de habeas corpus é medida de exceção, só admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca, a inocência do acusado, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade, o que não se verifica na hipótese vertente. Precedentes". (STJ - Habeas Corpus n. 43354/RS, Rela. Mina. Laurita Vaz, Quinta Turma, j. em 20/09/2007).
2. Em sede de habeas corpus é vedada a incursão no mérito da causa, mostrando-se descabida a análise das circunstâncias que envolvem o delito, sendo viável, tão somente, a verificação da existência de indícios que deem suporte à acusação.
10.7 Ocorrência de fato recente na mídia
Polícia prende falso médico em Belford Roxo, Baixada Fluminense
Ricardo de Oliveira Ursine Silva, de 34 anos, atendia há pelo menos dois meses em um posto de saúde da cidade. Havia 32 consultas marcadas com ele apenas para esta terça-feira (22).
A polícia prendeu o falso médico Ricardo de Oliveira Ursine Silva, de 34 anos. Há pelo menos dois meses, ele dava consultas como clínico geral em um posto de saúde em Belford Roxo, na Baixada Fluminense e, segundo pacientes, pedia exames e receitava remédios.
Ricardo não fazia nenhuma questão de esconder suas ações. Pelo contrário: ele mesmo as publicava na internet.
Com ele, a polícia apreendeu dois carimbos com o nome e registro de um outro médico.
A coordenadora do posto de saúde prestou depoimento e confirmou que Ricardo trabalhava como médico uma vez por semanae que ninguém desconfiava que ele não tinha o registro profissional. Havia 32 consultas marcadas com ele para esta terçe-feira (22).
Em nota, a Prefeitura de Belford Roxo informou que o falso médico tinha um cargo comissionado na Secretaria de Saúde e que a função dele era fiscalizar as unidades para verificar se estavam em funcionamento.
A Secretaria de Saúde informou desconhecer que Ricardo trabalhava como médico e que vai apurar o fato para tomar as medidas cabíveis.
Ele responderá em liberdade pelo crime de exercício ilegal da profissão. A pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão, mas na maioria das vezes esse tempo é convertido em penas alternativas.
11. Art. 288 (Código Penal)
11.1 Definição legal do tipo e a pena 
Art. 288 - Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. 
11.2 Natureza do tipo penal
Crime formal.
11.3 Momento da consumação do delito
A consumação desse crime ocorre com a efetiva associação das pessoas, independente da prática de algum crime pela quadrilha. É infração permanente.
11.4 Potencial ofensivo
Prevista no art. 288 do Código Penal. É uma infração de médio potencial ofensivo. Conduta: pune-se a associação de 3 ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes.
11.5 Doutrina
Segundo o doutrinador Rogério Sanches, “note-se que se trata de crime permanente, cuja consumação se protrai no tempo.” A retirada de um associado, deixando o grupo com menos de três agentes, cessa a permanência, mas não interfere na existência do crime, já consumado para todos.
Já o doutrinador Rogério Grego, “o fundamental nessa hipótese, frise-se, é a convicção, a certeza cabal de que outras pessoas faziam parte do grupo criminoso, perfazendo o total mínimo exigido pelo tipo penal em estudo, vale dizer, 3 (três) pessoas. Isso será suficiente para a incriminação dos agentes que foram descobertos e denunciados”. Suponha-se que uma associação criminosa tenha sido formada com o fim específico de praticar furtos em residências supostamente abandonadas. Em determinado dia, sem que um dos agentes integrantes do grupo criminoso tivesse conhecimento, a associação criminosa se reúne e resolve, somente naquele dia, “levantar algum capital”, praticando um roubo a banco. Durante a empreitada, o vigilante da agência bancária é morto, permitindo a configuração do latrocínio. Nesse caso, poderia o agente que não participou da ação criminosa ser também responsabilizado pelo latrocínio? A resposta, aqui, só pode ser negativa, sob pena de ser responsabilizado objetivamente.
Cléber Masson alerta para as duas correntes doutrinárias a respeito do tema: “Há duas posições sobre o assunto. A 1ª posição é a de que não é possível a figura do partícipe, pois, em face do caráter plurissubjetivo do crime, aquele que, de qualquer modo concorre para sua prática, deve ser considerado autor. E, de outro lado, a 2ª posição é a de que é possível a figura do partícipe, que é aquele que concorre para a associação criminosa, sem praticar qualquer ato executório do delito. (...) Exemplo: “A”, conhecedor da existência de uma associação criminosa voltada à prática de furtos, empresta uma única vez seu veículo aos integrantes desta, ciente de que o automóvel será utilizado no cometimento de somente um crime patrimonial. Nessa hipótese, “A” auxiliou na atuação da associação criminosa, agindo como partícipe, mas sem integrá-la, pois não há efetiva associação voltada à prática de diversos crimes (...)”
No entanto Rogério Sanches alerta para a divergência doutrinária: “a doutrina diverge acerca quantidade de membros que devem estar armados para que incida a majorante. Para uns (Hungria e Noronha) basta que um integrante esteja armado para gerar o aumento; para outros (Bento de Faria), exige-se que a maioria dos membros esteja armada”
11.6 Jurisprudência
Processo: ACR 17144 GO 2006.35.00.017144-8
Orgão Julgador: QUARTA TURMA
Publicação: e-DJF1 p.146 de 08/10/2010
Julgamento: 4 de Outubro de 2010
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL MÁRIO CÉSAR RIBEIRO
Ementa
PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. VIA INTERNET. ARTIGO 155, § 4º, INCISOS II E IV, CÓDIGO PENAL. VIOLAÇÃO DE SIGILO BANCÁRIO. ARTIGO 10, LEI COMPLEMENTAR 105/2001. CRIME MEIO. ABSORÇÃO. QUADRILHA. ARTIGO 288, CÓDIGO PENAL. DOSIMETRIA.
1. O crime de quebra de sigilo é absorvido pelo furto qualificado quando o objetivo último do agente é a subtração, mediante o artifício cibernético, dos valores depositados nas contas dos correntistas das instituições financeiras.
2. O acervo probatório demonstra a ativa participação dos primeiro e segundo denuciados/apelantes, por vontade livre e consciente, no grupo criminoso organizado e especializado na prática de furtos, mediante transferências bancárias fraudulentas, via internet.
3. O MM. Juiz singular, ao exercer, no caso, o juízo condenatório, sopesou corretamente as circunstâncias judiciais, à luz do artigo 59, do Código Penal, fixando as penas conforme necessário e suficiente à reprovação e prevenção do crime.
4. Recursos de apelação improvidos.
11.7 Ocorrência de fato recente na mídia
Grupo é preso por formação de quadrilha e receptação em Prata
Polícia Civil encontrou os suspeitos após denúncias de roubo. Com eles foram apreendidos veículos e materiais roubados.
Seis pessoas foram presas nesta terça-feira (26) por formação de quadrilha e receptação em Prata. A Polícia Civil conseguiu encontrar os suspeitos em uma chácara na zona rural, após denúncias de roubo.
Segundo a Polícia Civil, através de investigações, eles chegaram até a propriedade rural onde estava escondida uma máquina que havia sido roubada. No local, também foram apreendidos uma pá carregadeira, um caminhão com placa clonada, um trator e um carro.
	Todo o material estava com registro de roubo nos estados de São Paulo e Paraná. Os veículos e os autores foram levados para a delegacia da cidade.
12. Art. Art. 283 – Charlatanismo (Código Penal)
12.1 Definição legal do tipo e a pena 
O Código Penal Brasileiro define o crime de charlatanismo nos seguintes termos:
Art. 283. Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível 
Pena detenção de 3 (meses) a 1 (um) anos, e multa
12.2 Natureza do tipo penal
A classificação do crime é que este é comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de período comum abstrato; unissubjetivo e plurissubsistente.
12.3 Momento da consumação do delito 
Se realiza quando as condutas típicas forem praticadas, independentemente de prejuízo efetivo para a saúde de terceiro. Dispensa-se a habitualidade.
12.4 Potencial ofensivo
Tal crime é de menor potencial ofensivo, sujeita às disposições da Lei n.9.099/5. É cabível a suspensão condicional do processo, em virtude da pena mínima de 3 meses.
12.5 Doutrina
Ao derradeiro, segundo Ney Moura Teles: ‘’Se o agente tiver realizado a conduta com a finalidade de causar o resultado mais grave, haverá o crime contra a pessoa integralmente doloso’’. (TELES, 2006 p. 212)
Crimes de perigo concreto (probabilidade de dano). O direito penal da culpa é incompatível com o perigo abstrato, hipótese ocorrente no plano hipotético. O homem responde pelo que fez ou deixou de fazer. Refute-se a simples suposição. (STJ – 6ªT. – HC nº 1498/RJ (1992/0023938-2) – rel. Luiz Vicente Cernicchiaro
12.6 Jurisprudência
Processo: APR44040007633 ES 44040007633
Órgão Julgador: SEGUNDA CAMARA CRIMINAL
Publicação: 20/06/2006
Julgamento: 10 DE MAIO DE 2006 
Relator: SERGIO LUIZ TEIXEIRA GAMA
EMENTA
Apelação criminal, extorsão, charlatanismo e curandeirismo- condenação- recursos do réu- absolvição impossibilidade- recurso a que nega provimento.
Não há como deixar de reconhecer a culpabilidade e responsabilidade penal do recorrente pelos delitos ora lhe imputados,uma vez que as provas acostadas aos autos formam um todo uníssono e convincente o suficiente para, por si só, ensejar uma condenação, razão pela qual não há que se falar em fragilidade de provas e tampouco em absolvição. Recursos a que se nega provimentos.
12.7 Ocorrência de fato recente na mídia
Um exemplo de charlatanismo foi o caso do repercutido que detalharei abaixo:
“Frei Católico é preso por charlatanismo ou prometer curas através de óleo Milagroso”. As denúncias contra o “Frei Paulo Mendes” foram mostradas pela reportagem do SBT, onde mostrou o frei vendendo o “óleo milagroso” sob a promessa de curas doenças (veja vídeo final do post). Após investigações a Justiça prende o frei/padre sob acusação de charlatanismo, estelionato e curandeirismo.
O religioso, que não é médico, mas conhecido em algumas cidades do Paraná, por usar produtos supostamente medicinais e terapêuticos com a promessa de cura para várias doenças. O trabalho acontecia sem a autorização da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
13. Art. 284 Exercer o curandeirismo (Código Penal)
13.1 Definição legal do tipo e a pena
I prescrever, ministrando ou aplicando, habitualidade, qualquer substância.
II usando gestos, palavras ou qualquer outro meio.
III fazendo diagnóstico
Pena – O curandeirismo é punido com detenção, de seis meses a dois anos.
 Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica sujeito, além da pena privada de liberdade prevista no caput, à pena pecuniária.
13.2 Natureza do tipo penal
A classificação do crime é que ele é comum; formal; de forma vinculada; comissivo; habitual; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente
13.3 Momento da consumação do delito 
O delito consuma-se com a reiteração de atos mencionados nos incisos I a III dos art 284 do CP. Exige-se o efetivo exercício do curandeirismo habitualmente. A lei não exige, para a caracterização do delito, nenhum outro resultado.
13.4 Potencial ofensivo
Tal crime é de menor potencial ofensivo, sujeita às disposições da Lei n.9.099/5. É cabível a suspensão condicional do processo, em virtude da pena mínima de 3 meses
13.5 Doutrina
Segundo o doutrinador BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte especial, volume 4. São Paulo, SP: Editora Saraiva, 8ª Edição, 2008. Denominam-se alternativas as práticas curativas e médicas não adotadas pela Medicina Oficial. A partir disso, o curandeirismo assume, no contexto penalista, um conteúdo pejorativo. Segundo Figueiredo, o curandeirismo compõe “aquele que cura sem título nem conhecimento médicos”, chamando-o também de “charlatão que finge doenças ou possessões diabólicas por meio de rezas”
Em verdade, “pode-se incluir a medicina popular noutra modalidade de conhecimento, mas não pode ela ser preconceituosamente excluída do contexto social, sob a tese de que a pratica o indivíduo ‘boçal e místico’. Aprioristicamente, nada tem a ver com o misticismo o praticante da medicina popular e nada possui de negativo o conceito de místico.
Os doutrinadores parecem incapazes de perceber o verdadeiro significado de místico e misticismo, porque, associando-os necessariamente à superstição e à má-fé, enxergam, em tudo o que não seja cientifico, demonstrado e provado, o engodo e os maus hábitos DAMASCENO, Ricardo Matos. O Curandeirismo: O jurídico à luz do antropológico, do social e do (para)psicológico, numa desconstrução do discurso dogmático-penal em nome da adequação social. Feira de Santana, BA: 2003
13.6 Jurisprudência
VOTO Nº 29.276 (RL)
Apelação criminal nº 0000504-20.2010.8.26.0660 Viradouro 
Apelante: JUSTIÇA PÚBLICA 
Apelado: BENEDITO FERNANDES DIAS
EMENTA
CURANDEIRISMO. Sentença absolutória por insuficiência de provas. Recurso da acusação, visando à condenação do réu, nos termos da denúncia. Prova robusta da autoria e da materialidade. Condenação imperativa. Penas remetidas ao artigo 258, do CP. Hipótese de crime culposo, nas modalidades imperícia e negligência, com resultado morte. Penas do homicídio culposo com aumento de um terço. Circunstâncias judiciais favoráveis. Agravante do artigo 61, inciso II, alínea “h”, do CP, compensada com a atenuante da senioridade. Hipótese, todavia, em que já decorreu o prazo prescricional que, no caso, é de dois anos, pois reduzido de metade pela senioridade na data da sentença, desde o recebimento da denúncia, última causa interruptiva. Apelo ministerial provido para a condenação do réu, com a extinção, de ofício, da punibilidade.
13.7 Ocorrência de fato recente na mídia
USP denuncia criador da “pílula do câncer” por curandeirismo 
Gilberto Chierice, pesquisador que desenvolveu a fosfoetanolamina sintética, a chamada “pílula do câncer", prestou depoimento nesta quarta-feira na Polícia Civil. Ele foi denunciado pela Procuradoria da Universidade de São Paulo (USP) por curandeirismo. Chierice teria prescrito, ministrado ou aplicado a substância para a cura de doenças.
Os crimes denunciados pela USP, levando em conta o Código Penal, se somados podem resultar em até quatro anos de prisão. Um inquérito foi aberto na Delegacia Seccional de São Carlos e outros pesquisadores também serão ouvidos.
14. Art. 286 (Código Penal)
14.1 Definição legal do tipo e a pena
Artigo 286: Incitar, publicamente a prática de crime.
Pena – detenção, três a seis meses, ou multa
14.2 Natureza do tipo penal
O crime é de forma livre, admitindo quaisquer meios de execução, inclusive, por meio da internet como a incitação feita em uma sala de bate papo ou em sites de relacionamento como o orkut ou facebook. Demais disso, como segundo requisito, a incitação deve referir-se à fato criminoso determinado. Na hipótese da incitação referir-se a fato genérico, o crime deixa de existir, como, por exemplo, a conduta de defender a legalização do aborto ou das drogas ilícitas.
14.3 Momento da consumação do delito 
O crime consuma-se com a percepção, por indeterminado número de pessoas, da incitação pública ao crime. É irrelevante que o crime ao qual foram tais pessoas incitadas não seja praticada.
14.4 Potencial ofensivo
Em face do máximo da pena privativa de liberdade cominada (detenção de seis meses), a incitação ao crime é infração penal de menor potencial ofensivo, admitindo a transação penal e o rito sumaríssimo, nos moldes da Lei 9.099/1995.
14.5 Doutrina
Conforme explica CAPEZ, Fenando – Curso de Direito Penal- v 3, 3° ed São Paulo – Saraiva, 2005, p248 “Explica que palavras, gestos, atitudes ou escritos são idôneos para consumir o crime de incitação’
Noronha, E, Magalhaes – Direito Penal v 14 – 19 ed. São Paulo, Saraiva, 1988 p 82 ‘’Acrescenta que a aprovação pode ser à prática presente ou futura, desde que seja de natureza criminal, estando excluída a incitação ao comentário de contravenções’’.
14.6 Jurisprudência
Processo: APL 14994160 PR 1499416-0 (Acórdão)
Órgão Julgador: 2ª Câmara Criminal
Publicação: DJ: 1874 30/08/2016
Julgamento: 18 de agosto de 2016
Relator: Luís Carlos Xavier
EMENTA: 
APELAÇÃO CRIME - INCITAÇÃO AO CRIME E DESACATO (ARTIGOS 286 E 331, AMBOS DO CÓDIGO PENAL) PROCEDÊNCIA.APELO DO ACUSADO - PLEITO PELA ABSOLVIÇÃO DOS DELITOS DE INCITAÇÃO AO CRIME E DESACATO - IMPOSSIBILIDADE - MATERIALIDADE E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS - TESTEMUNHO DE POLICIAIS - VALIDADE E RELEVÂNCIA - SENTENÇA ESCORREITA - 2. DOSIMETRIA DA PENA - EXISTÊNCIA DE DUAS CONDENAÇÕES TRANSITADAS EM JULGADO - USO DE UMA CONDENAÇÃO PARA MAJORAR A PENA NA CIRCUNSTÂNCIA "ANTECEDENTES" E DE UMA NA SEGUDA FASE A TÍTULO DE REINCIDÊNCIA - POSSIBILIDADE - RECURSO DESPROVIDO, COM A CORREÇÃO, DE OFÍCIO, DE ERRO MATERIAL HAVIDO NA SENTENÇA. 1. "(...). II. O depoimento de policiais pode ser meio de prova idôneo para embasar a condenação, principalmente quando tomados em juízo, sob o crivo do contraditório. Precedentes do STF e desta Corte. (...)" (STJ, HC 40162, Apelação Crime nº 1.499.416-02Rel. Min. Gilson Dipp, Dje 28.03.2005). Havendo provas suficientes da autoria e materialidade é de

Continue navegando