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DIREITO CIVIL - contratos (resumo leonardo)

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Princípios do Direito Contratual
As partes são livres para estipular o formalismo do contrato, desde que não seja de uma forma ilícita, sendo que uma parte lhe propõe a proposta e a outra a aceita.
Para atingirmos o pleno desenvolvimento na análise da principiologia do direito contratual, importante é o estudo do princípio norteador da dignidade da pessoa humana, o qual influi diretamente nos outros, que são: o da autonomia da vontade ou consensualismo, da função social do contrato, da relatividade dos efeitos dos contratos e da boa-fé objetiva.
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE
Consiste no poder das partes de estipular livremente mediante acordo de vontades envolvendo além de tudo a liberdade de contratar, limitadas pelo principio da função social do contrato, pelas normas de ordem pública.
O principio da autonomia da vontade se funda na liberdade do conteúdo do contrato, escolhendo quaisquer modalidades contratuais reguladas por lei, devendo observar que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO
Um simples acordo de duas ou mais vontades basta para gerar o contrato válido, pois a maioria dos negócios jurídicos bilaterais é consensual, embora alguns, por serem solenes, tenham sua validade condicionada a observância de certas formalidades legais.
Havendo um acordo de vontade, qualquer forma contratual é válida, seja por telefone, verbal, etc. Somente os atos solenes exigem uma formalidade.
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA CONVENÇÃO
As estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente cumpridas, sob pena de execução patrimonial contra o inadimplente. Devem-se observar o formalismo do contrato, pois se uma das partes se não cumprir o preposto, responderá por perdas e danos pela inadimplência contratual.
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO
O contrato deverá atingir somente as partes contratantes não prejudicando e nem aproveitando terceiros, salvo nos casos de raras exceções. A idéia nesses contratos é que os contratos prevalecem somente para as partes contratantes.
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
Na interpretação do contrato, é necessário verificar mais a intenção do que o sentido literal da linguagem, as partes deverão agir com lealdade e confiança, auxiliando-se na formação e na execução do contrato.
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
A autonomia da vontade ou consensualismo baseiam-se na liberdade das pessoas em contratarem, limitando-se, no entanto, pela função social do contrato, as quais visam à proteção dos interesses coletivos, ou seja, a uma finalidade social.
A função social do contrato é um instrumento jurídico apto a proteção dos interesses da coletividade, diante de particulares que decidam contratar, sempre tendo a ordem pública e os bons costumes são os limites impostos pelo legislador a liberdade de contratar.
PRINCÍPIO DA IMPREVISÃO OU ONEROSIDADE EXCESSIVA
Em consonância com a lei e os interesses da coletividade, é possível, em casos graves, que os contratos sejam judicialmente revisados, quando a superveniência de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, os quais tornem excessivamente onerosa a relação contratual.
A partir da revisão judicial dos contratos é possível que os mesmos sejam alterados, estabelecidas novas condições de execução, ou mesmo a exoneração da parte lesada, sempre que ocorra uma situação extremada – acontecimentos extraordinários e imprevisíveis – que não pudesse ser previstas pelas partes no momento da concepção do contrato.
Princípios e regras como normas
"Princípios e regras como normas" significa que os princípios norteadores do Direito Contratual colocam-se como limites, que delimitam e regulam as relações entre as partes contratantes. A função dos princípios é informadora, interpretativa e integrativa.
Dessa forma, nos contratos, buscando salvaguardar os direitos sociais, devem ser observados os princípios discorridos acima (autonomia da vontade, consensualismo, da boa-fé objetiva, da função social do contrato, etc.), pois irá normatizar a relação contratual.
Classificação dos contratos
É a organização dos contratos segundo elementos comuns para fixar espécies, determinando a aplicação de regime jurídico peculiar.
O fundamento da classificação dos contratos se sustenta na importância que têm essas características quando da avaliação de suas consequências. O contrato de compra e venda de um bem móvel, à vista, por exemplo, é bilateral, oneroso, de execução imediata, não formal, principal, típico, consensual, etc.
A classificação dos contratos é doutrinária, não comportando sua definição em lei.
QUANTO À RECIPROCIDADE DE PRESTAÇÕES
a) Onerosos (comutativos) são os contratos em que as partes se obrigam reciprocamente a dar ou fazer alguma coisa. Ambos os contratantes obtêm vantagem com o negócio, mas cada qual suporta um ônus. A prestação pactuada corresponde a uma contraprestação devida a outra parte ou, até mesmo, a terceiros por ela indicados.
b) Gratuitos (ou benéficos) são aqueles contratos nos quais não há ônus correspondente à vantagem obtida. Apenas uma das partes se obriga enquanto a outra só se beneficia. Exemplo: a doação sem encargo, o comodato, o depósito, etc.
QUANTO À ENTREGA DAS VANTAGENS ATRIBUÍDAS
a) Comutativos: comutativo é o contrato em que cada uma das partes, além de receber da outra prestação equivalente à sua, pode apreciar imediatamente essa equivalência. É o caso da compra e venda em que se equivalem geralmente as prestações dos dois contratantes, que bem podem aferir a equivalência. Os contratos comutativos apresentam grandes semelhanças com os contratos bilaterais.
b) Aleatórios: é aleatório o contrato em que as prestações de uma ou de ambas as partes são incertas, porque sua quantidade ou extensão está na dependência de um fato futuro e imprevisível e pode redundar numa perda, em vez de lucro. Exemplos: o contrato de seguro, o jogo, a aposta, etc.
Análise dos arts. 423 e 424 do CC, que dispõem sobre o contrato de adesão
Art. 423: "Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente".
Os contratos de adesão traduzem um modelo de sociedade marcado pela massificação das relações econômicas. Não se trata de uma espécie de contrato como a compra e venda ou a doação, mas de um instrumento contemporâneo de contratação no qual a manifestação de vontade não se exterioriza pelo consentimento tradicional (consensualismo), mas pela forma de adesão.
A contratação por adesão possui uma grande característica: elimina a fase das conversações preliminares, pois uma das partes estabelece unilateralmente as condições gerais do contrato, sendo que o consentimento do outro contratante será a própria adesão em bloco.
As cláusulas dúbias ou vacilantes serão interpretadas contra quem redigiu o contrato.
Art. 424: "Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio".
No contrato de adesão, não necessariamente deve existir uma abusividade de cláusulas. Apesar do desequilíbrio de forças entre estipulante e aderente, um contrato de adesão pode ser equânime.
Uma cláusula que implique renúncia antecipada do aderente a um direito subjetivo será certamente lesiva à função social do contrato (art. 421) e ao dever de proteção (art. 422).
Análise do art. 458 do CC, que dispõe sobre o contrato aleatório
Art. 458: "Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir".
Nos contratos aletórios ao menos uma das prestações é incerta quanto à exigibilidade da coisa ou do fato, demandando um evento futuro e incerto.
É o que ocorre nos contratos de jogo e aposta não proibidos, pela incerteza do prêmioe também no seguro, em que a indenização a cargo do segurador depende da verificação de uma condição conhecida como sinistro. Mesmo que o risco não se verifique, o segurado pagará o prêmio (as parcelas do seguro, por exemplo). O segurador também corre o risco de assumir uma indenização de valor significativamente superior aos prêmios despendidos pelo segurado (carro com perda total, por exemplo).
O presente artigo versa sobre a emptio spei (venda da esperança), pois há incerteza acerca de uma das prestações. O risco assumido pelo contratante consiste em ter de garantir a sua prestação mesmo que a contraprestação não se concretize.
Portanto, mesmo se a coisa ou o fato futuro não vierem a existir, quem assumiu a álea ou risco terá de desembolsar integralmente o valor ajustado previamente (desde que não tenha havido nenhum ato ilícito, obviamente).
A TEORIA DOS CONTRATOS
Definição 
Contrato é uma espécie de acordo entre duas ou mais pessoas, cuja finalidade é adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir uma relação jurídica patrimonial.
Condições de Validade dos Contratos
A validade do contrato exige, precipuamente, acordo de vontades, mas também são requisitos necessários: a) Agente capaz: aptidão de alguém para exercer por si os atos da vida civil; b) Objeto lícito, determinado e possível: c) Forma legal (prescrita ou não defesa em lei);
Pacta Sunt Servanda e Rebus Sic Stantibus
Princípio que gira em torno do cumprimento do contrato. Pacta sunt servanda é o Princípio da Força Obrigatória, pelo qual o contrato obriga as partes nos limites da lei.
É uma regra que versa sobre a vinculação das partes ao contrato, como se norma legal fosse, tangenciando a imutabilidade.
A expressão significa "os pactos devem ser cumpridos".
Formação dos Contratos
Os contratos consensuais consideram-se concluídos no momento em que as partes entram em acordo. A lei não exige forma especial para que se celebrem. Os formais, além do acordo de vontades, dependem de forma especial, prevista em lei, para que se perfaçam. Os contratos reais se aperfeiçoam com a entrega da coisa - traditio rei.
A observação dos princípios de boa-fé e probidade são obrigações previstas na norma contratual.
Dos Vícios de Consentimento nos Contratos
São fatos que podem influir na manifestação de vontade, induzindo uma das partes a consentir equivocadamente ou por violência.
Dos Vícios Redibitórios
Os vícios redibitórios são defeitos ocultos da coisa, já existentes ao tempo de sua aquisição, que a tornam imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuem o valor.
É uma garantia legal ao comprador que, antes de entrar na posse da coisa, não percebeu seus vícios e defeitos, podendo, por esse motivo, rescindir o contrato ou pedir abatimento do preço.
Ao vendedor recai toda a responsabilidade pela venda da coisa defeituosa, ainda que de boa-fé estivesse e desconhecesse o vício. Mas a lei pune com mais rigor o vendedor de má-fé que, se sabia do defeito oculto, além de ser obrigado a restituir o que recebeu, deve compor as perdas e danos.
As ações para defesa dos vícios redibitórios são: - Ação redibitória: O adquirente do bem maculado por vício pode propor a ação redibitória com o objetivo de devolver a coisa viciada e reclamar a importância paga, bem como as despesas do contrato. Se provar que o alienante conhecia o vício, poderá pleitear perdas e danos. - Ação quanti minoris: O adquirente da coisa defeituosa reclama apenas o abatimento do preço.
Arras ou Sinal
Arras ou sinal é a garantia, em dinheiro ou bens móveis, dada por um dos contratantes com a finalidade de firmar a presunção de acordo final e tornar obrigatório o contrato.
É, portanto, pacto acessório que depende da existência de um contrato principal e tem como função assegurar a execução da obrigação neste convencionada.
Na execução do contrato, as arras devem ser restituídas ou computadas como parte da prestação devida.
Do Pacto Adjeto ou Acessório
Pacto adjeto é a denominação dada a toda cláusula inserida no contrato, formando uma convenção acessória dentro de uma convenção principal, com a finalidade de garantir seu adimplemento ou modificar seus efeitos.
Da Cláusula Penal
Também chamada de pena convencional, a cláusula penal é um pacto acessório, portanto inserta no contrato, por meio da qual se estipulam penas ou multas contra a parte que retardou ou deixou de cumprir a obrigação a que se comprometeu.
A cláusula compensatória é estipulada a título de indenização pelo prejuízo resultante do inadimplemento da obrigação. 
A cláusula moratória é estabelecida para a eventualidade de ocorrer retardamento no cumprimento da obrigação. Exemplo: O atraso nos pagamentos da parcelas restantes implicará na multa moratória de 10% (dez por cento), mais juros moratórios de 1% (um por cento) incidentes sobre o débito devidamente corrigido.
Da evicção
Evicção é a perda total ou parcial da coisa adquirida em favor de terceiro, que tenha direito anterior. O preço a ser pago deve ser o do valor integral da coisa na evicção total ou, se parcial, proporcional ao prejuízo sofrido.
Para que ocorra a evicção devem concorrer os seguintes requisitos: - que existam vícios no direito do alienante; - que isso se dê em contrato oneroso; - que se verifique a perda da posse ou do domínio; - que o adquirente não tenha ciência de que se trata de coisa alheia ou litigiosa;
Evicto é aquele que sofre os efeitos da evicção, é a parte prejudicada, é o adquirente do bem pertencente a terceiro. Evictor é a pessoa que reivindica a coisa, o terceiro interessado. Alienante é aquele que alienou o bem, é a pessoa que vai suportar as consequências da sentença judicial que acolheu a pretensão do evictor.
São direitos do evicto: - restituição integral do preço ou das quantias que pagou; - indenização dos frutos que tiver sido obrigado a pagar; - indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que, diretamente, resultarem da evicção; - custas judiciais;
Por cláusula expressa, as partes podem reduzir, excluir ou reforçar a responsabilidade pela evicção. Exemplo de cláusula de incidência da evicção: O VENDEDOR responderá pela evicção que eventualmente incida sobre o imóvel ora alienado, na forma dos artigos 447 a 457 do Código Civil vigente.
INSTITUTOS RELATIVOS AOS CONTRATOS BILATERAIS
Vamos conhecer agora institutos que só se aplicam aos contratos bilaterais, ou seja, àqueles onde ambas as partes têm deveres e direitos recíprocos, são simultaneamente credoras e devedoras.
1 – EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO OU EXCEPTIO NON ADIMPLETI: 
A palavra exceção aqui tem significado de defesa, então este instituto é uma manobra defensiva usada por uma das partes para fazer a outra cumprir com sua obrigação. Consiste no seguinte: A e B celebram um contrato e A exige que B cumpra sua obrigação; B então se defende com base no art. 476 (se A quer que B cumpra sua obrigação, A deve primeiro cumprir a dele). 
Na compra e venda, só posso exigir a coisa depois de pagar o preço. No seguro, só posso exigir a indenização depois de ter pago o prêmio. 
Se as partes combinarem quem vai cumprir a prestação primeiro, não será possível exercer a presente defesa. Quando as prestações são simultâneas não há problemas (ex: compra e venda de balcão). 
2 – ARRAS: 
Significa garantia. As arras são um sinal de pagamento para a firmeza do contrato, inibindo o arrependimento das partes. 
Corresponde a uma quantia dada por um dos contratantes ao outro como sinal/garantia da confirmação de um contrato bilateral. 
As arras em geral são em dinheiro, mas podem ser em coisas (ex: um carro como sinal na compra de um apartamento). 
Quando o contrato é fechado, as arras são devolvidas ou abatidas do preço (art. 417, CC). Se o contrato não for concluído por culpa/desistência da parte que deu as arras, elas serão perdidas em favor da parte inocente. Se quem desistir for a parte que recebeu as arras, terá que devolvê-las em dobro, devidamente corrigida (art. 418). 
3 – VÍCIOS REDIBITÓRIOS:São os defeitos contemporâneos ocultos e graves que desvalorizam ou tornam imprestável a coisa objeto de contrato bilateral e oneroso (art. 441, CC). 
Tais defeitos vão redibir o contrato, tornando-o sem efeito. Aplica-se aos contratos de compra e venda, troca, locação, doação onerosa (§ único do art. 441, CC) e na dação em pagamento (revisem o 356). Exemplos: comprar um cavalo manco ou estéril; alugar uma casa que tem muitas goteiras; receber em pagamento um carro que aquece o motor nas subidas, etc. 
Em todos esses exemplos poderemos aplicar a teoria dos vícios redibitórios para duas conseqüências, a critério do adquirente: a) desfazer o negócio, rejeitar a coisa e receber o dinheiro de volta; b) ficar com a coisa defeituosa e pedir um abatimento no preço (art. 442, CC). 
Para caracterizar um vício redibitório o defeito precisa ser contemporâneo, ou seja, existir na época da aquisição (444), pois se o defeito surge depois o ônus será do atual proprietário, afinal res perit domino.
Não há proteção contra os vícios redibitórios se a coisa foi adquirida via contrato gratuito (na doação, por exemplo).
4 – EVICÇÃO: 
A evicção garante o comprador contra os defeitos jurídicos da coisa, enquanto os vícios redibitórios garantem o adquirente contra os defeitos materiais. 
Fundamento da evicção: justifica-se na obrigação do alienante de garantir ao comprador a propriedade da coisa transmitida, e que ninguém vai interferir no uso dessa coisa.
 Conceito: é a perda da coisa em virtude de sentença que reconhece a outrém direito anterior sobre ela. Ex: A é filho único e com a morte de seu pai herda todos os bens, inclusive uma casa na praia; A então vende esta casa a B, eis que aparece um testamento do falecido pai determinando que aquela casa pertenceria a C; verificada pelo Juiz a veracidade do testamento, desfaz-se então a venda, entrega-se a casa a C e A devolve o dinheiro a B.

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