Buscar

APS Correntes Pedagógicas



Continue navegando


Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE PAULISTA
GRADUAÇÃO DE PEDAGOGIA
BRUNA MIGUEL 
RA: C890ec2
As Correntes Pedagógicas da Educação Infantil e a profissionalização docente no contexto da atualidade
São Paulo
2018
RESUMO
Esta pesquisa visa destacar a importância das correntes ideológicas da pedagogia e a profissionalização dos educadores na atualidade. Isoladamente cada ideologia tenta suprir as necessidades da criança no período de construção de conhecimento, abordando aspectos diferentes no ato de educar. A profissionalização dos educadores para cumprir com seu papel dentro de cada teoria pedagógica é essencial, pois é ele quem media o processo de ensino aprendizagem e chega até a criança com o conhecimento. Cabe ao educador conhecer os limites e objetivos de cada linha para refletir o seu próprio trabalho pedagógico em sala de aula.
Palavras – chave: Educação; Linhas Pedagógicas; Profissionalização; Docência.
	
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................... 4
Justificativa......................................................................................... 5
Objetivos............................................................................................ 6
Geral.............................................................................................. 6
Específicos..................................................................................... 6
A Função Social da Escola.................................................................... 7
As Tendências Pedagógicas................................................................... 8
5.1 Pedagogia Tradicional.................................................................... 8
5.2 Pedagogia Nova............................................................................. 8
5.3 Pedagogia Tecnicista...................................................................... 9
5.4 Teoria do Sistema de Ensino Enquanto Violência Simbólica.............. 9
5.5 Teoria da Escola Enquanto Aparelho Ideológico do Estado (AIE)...... 10
5.6 Teoria da Escola Dualista.............................................................. 10
5.7 Pedagogia Histórico –Crítica......................................................... 10
6. Considerações Finais............................................................................. 12
7. Referências Bibliográficas.................................................................... 13 
INTRODUÇÃO
Compreendendo a escola como um espaço de socialização, aprendizado e desenvolvimento cognitivo da criança, a mesma deve promover condições que asseguram a concretização do trabalho docente. Tais condições não se limitam apenas ao pedagógico, já que a escola cumpre funções que lhe são determinadas pela sociedade. A educação em cada momento histórico teve um papel a ser cumprido, considerando sua relação com a prática social entre professores e alunos. O momento que a sociedade vive, aceita e recusa, é refletido dentro do contexto escolar, por ser um espaço onde ocorre dialogo, discussões e reflexões de ideologias. Nesta linha de pensamento, a escola deve garantir ao professor condições para orientar os alunos, se continuam a reproduzir o conceito capitalista ou debatem esta ideologia com práticas pedagógicas que permitam romper as desigualdades sociais. A metodologia que os professores escolhem para desenvolver seu trabalho em sala de aula tem a ver com o momento sociopolítico e econômico da sociedade. 
Esta pesquisa irá analisar as correntes pedagógicas que permeiam as instituições educacionais, nas quais a maioria dos professores baseia suas práticas de aprendizagem. Há professores ainda que desejam um trabalho mais efetivo e, são capazes de perceber o sentido mais amplo de cada teoria pedagógica e expressam suas convicções sobre as mesmas. Saviani (1981 apud LIBANÊO, 1990) publicou um artigo onde descreveu a pedagogia tradicional e nova, indicando também o aparecimento mais recente, da tendência tecnicista e critico-reprodutivas. Segundo o autor, os docentes têm em sua formação os princípios da escola Nova, porém a realidade educacional não oferece condições para instaurar esta ideologia. Acrescenta ainda, que além de constatar que as condições não correspondem ao lhe informado, os professores se vêem pressionados pela pedagogia oficial, que prega a racionalidade e produtividade do seu trabalho, com o ênfase nos meios, isto é, sua formação é escola nova e o sistema é tradicional. Diante dessas constatações, pretende-se neste texto, compreender as tendências pedagógicas que se tem firmado nas escolas e como a profissionalização dos docentes influenciam na permeação dessas ideologias na atualidade. 
JUSTIFICATIVA
Vivemos na era da sociedade da informação, da pluralidade e diversidade cultural, assim a escola é cobrada constantemente para que desenvolva um projeto pedagógico que abrace uma educação voltada para esse contexto, da cidadania, da tolerância e diversidade cultural e racial. Sendo questionadas, as escolas procuram práticas que satisfaçam as exigências da atualidade, visando adequar-se a melhor corrente pedagógica, a qual possa transmitir o conhecimento, ser objetiva e que atenda as necessidades da criança. 
Dentre as correntes, sabemos que ainda o sistema de educação brasileiro requer algumas mudanças, pois numa sociedade cada dia mais voltada para a tecnologia, é preciso refletir sobre o que queremos para a educação: construir sujeitos ativos, questionadores e transformadores ou sujeitos passivos, quietos e apenas receptores de conhecimento. Algumas escolas adotam a alfabetização precoce, visando um processo de ensino aprendizagem acelerado, deixando pra trás a identidade da infância que é tão importante na educação infantil. No entanto, a ideologia pedagógica que cada instituição adota, é apenas uma das condições para a educação. Portanto é fundamental que toda a equipe educacional tenha acesso ao estudo das ideologias pedagógicas, para que possam, com clareza, distinguir e avaliar qual a melhor corrente que traduz a realidade da educação infantil nos dias atuais. 
OBJETIVOS
Geral
Que professores e coordenação, através do estudo das diversas correntes pedagógicas, possam avaliar os fundamentos teóricos e práticos, usados em sala de aula, considerando as várias concepções de linguagem.
Específicos
Apresentar e compreender as diversas correntes pedagógicas;
Analisar a profissionalização docente, se corresponde as tendências pedagógicas;
Compreender que a sociedade interfere no contexto escolar, de acordo com momento vivenciado pela mesma.
	
A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
A escola, ao longo de sua história, passou por diversas transformações, sempre acompanhando as mudanças que ocorrem na sociedade. Por tais transformações estarem acontecendo de forma acelerada na sociedade atual, a educação tem encontrado dificuldades para se adequar neste processo de desenvolvimento. Porém, mesmo com os passos acelerados em que caminha a atualidade, a escola não deve desviar-se do seu objetivo principal que é a transmissão do conhecimento, o desenvolvimento cognitivo e a socialização dos alunos para enfrentarem as dificuldades do meio em que vivem. Segundo SavIani (1991) a educação de ser “[...] o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto de homens” (SAVIANI, 1991, p 21). É imprescindível a formação e capacitação dos professores para que possam desenvolver um trabalho que alcance a aprendizagem dos conteúdos sistematizados e que não se distancie da realidade vivida pelos alunos. 
Além disso, é fundamental que a escola determine quais são os conteúdos e objetivos de construção de sujeito se almeja, para que tenha significado aos alunos. Deve-se também respeitar a diversidade cultural e racial presentes na escola,sem priorizar algumas ditadas pelos moldes da sociedade, mas considerando todas importantes e que contribuem de forma igual na construção de uma sociedade humanizada. De acordo com Duarte (1998):
[...] O trabalho educativo alcança sua finalidade quando cada indivíduo singular apropria-se da humanidade produzida histórica e coletivamente, quando o indivíduo apropria-se dos elementos culturais necessários à sua formação como ser humano, necessária à sua humanização. (DUARTE, 1998, p. 86)
O autor afirma que todos têm direito ao acesso a educação, e que por meio deste saber é que ocorreram as transformações necessárias para o aprimoramento da sociedade. Porém, é necessário que a escola vise sua função social na construção de indivíduos que compreendam seu papel como cidadão e assuma sua responsabilidade com a sociedade, na busca de mudanças sociais, contribuição nos conhecimentos sistematizados e novos avanços tecnológicos.
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
As correntes pedagógicas são ideologias que visam direcionar o trabalho educacional, orientando o professor nas práticas pedagógicas, por meio de metodologias que efetivem o processo de ensino aprendizagem. Dentre as diversas correntes pedagógicas, temos propostas diferenciadas e que apresentam semelhanças. Segundo o autor Saviani (1985) a classificação das tendências aparece da seguinte forma: Teorias Não-Críticas: Pedagogia Tradicional, Pedagogia Nova e Pedagogia Tecnicista e as teorias Crítica- Reprodutivistas: Teoria do Sistema de Ensino como Violência Simbólica, Teoria da Escola como Aparelho Ideológico de Estado (AIE) e Teoria da Escola Dualista; Teoria Crítica: Tendência Histórico-Crítica. Neste texto analisaremos as classificações denominadas por este auto, sendo que em outros estudos possam aparecer outras denominações. 
Pedagogia Tradicional
A pedagogia Tradicional baseia-se na metodologia educacional proposta por Herbart (1776-1841), inspirou-se na idéia de que é um direito de todos e dever do Estado. Nesta pedagogia as aulas são de método expositivo, centradas no professor, sendo este o único detentor do conhecimento científico. Os alunos são considerados receptores passivos e aprendem pela assimilação e memorização do conhecimento resultante de uma disciplina rígida. 
Pedagogia Nova
A educação surge como instrumento para a correção da marginalidade, na tentativa de integrar o indivíduo à sociedade. O foco agora é uma questão pedagógica entrelaçada ao sentimento humano. O aluno é o centro do processo de ensino e passa a exercer o papel ativo, e a aprendizagem tem iniciativa por parte do aluno e não do professor. Nesse contexto, o professor age como mediador, orientando e propiciando desafios a partir dos alunos que são divididos em grupos. Esta pedagogia tem como referencial a proposta de Dewey (1859-1952) que defendia uma educação pautada na experiência, ou seja, no aprender fazendo. 
Pedagogia Tecnicista
Nesta corrente pedagógica a educação destina-se a formação de um aluno racional e produtivo, e o processo educacional passa a ser objetivo e operacional. Os aspectos metodológicos desta pedagogia dão ênfase aos meios, aos recursos audiovisuais e instrução programada de módulos instrucionais. Deste modo tanto o professor quanto o aluno ficam proscritos as técnicas, ao saber fazer, a eficiência, portanto Saviani (1983) afirma que:
[...] o professor e o aluno ocupam posição secundária, relegados que são à condição de executores de um processo cuja concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos, imparciais. (SAVIANI, 1983, p. 12)
As teorias Não – Críticas nos apontam que a marginalidade esta diretamente ligada com as questões sociais e que cabe a educação propiciar as mudanças necessárias para romper este caminho. Para Saviani (1985):
[...] A marginalidade é vista como um problema social e a educação, que dispõe de autonomia em relação à sociedade, estaria, por essa razão, capacitada a intervir (...) promovendo a equalização social. Essas teorias consideram, pois, apenas a ação da educação sobre a sociedade. Porque desconhecem as determinações sociais do fenômeno educativo eu as denominei de “teorias não-críticas”. (SAVIANI, 1985, p. 19)
Este grupo de pedagogias entende a educação como instrumento para a superação da desigualdade reforçando sua função social no sistema. As instituições que seguirem estas correntes devem compreender este objetivo que ambas dão ênfase, e oferecer ao docente condições (cursos, palestras, formações pedagógicas) para que o seu trabalho em sala de aula aja de acordo com cada linha educacional.
Teoria do Sistema de Ensino Enquanto Violência Simbólica
A idéia principal que embasa esta linha é a da Violência Simbólica, como explica Saviani (1985) “sobre a base da força material e sob sua determinação erige-se um sistema de relações de força simbólica cujo papel é reforçar, por dissimulação, as relações de força material” (SAVIANI, 1985, p. 22), ou seja, a violência material é exercida por meio da dominação econômica que por sua vez é exercida pela classe dominante sob a classe dominada, que sofre a violência simbólica, dissimulada pela cultura da dominação. Esta dominação se dá por diversas vias: religião, moda, propagandas, pelos veículos de comunicação, pelas mídias sociais, educação familiar e pela ação pedagógica, na qual se acentua a desigualdade. Deste modo, este tipo de pedagogia só reforça a marginalidade ao invés de superá-la.
Teoria da Escola Enquanto Aparelho Ideológico do Estado (AIE)
Nesta teoria, temos duas linhas de ação, aparelhos regressivos do Estado e aparelhos ideológicos do Estado. A primeira linha citada, exerce a força, a violência, envolve o Governo, a Administração, o Exército, os Policiais, Tribunais e Prisões, todos funcionam pela violência. A segunda linha, funciona pela ideologia, compreende-se o AIE religioso, familiar, político, jurídico, sindical, da informação e cultural, funcionando todos massivamente pela ideologia. 
A escola que segue esta teoria transfere aos alunos, de todas as classes, o conhecimento da ideologia dominante, pautada na reprodução das relações capitalistas e é neste contexto que fica claro o fenômeno da marginalização por parte da elite dominante. 
Teoria da Escola Dualista
Essa teoria fica em evidência que a escola é dividida por duas grandes classes que correspondem à visão capitalista: burguesia e proletariado. E o contexto escolar reforça essa dualidade quando contribui na formação de indivíduos como mão de obra. Desta forma, um espaço que era pra ser de transformação social, passa a ser um espaço para ideologia massiva e dominante, priorizando o trabalho intelectual em detrimento do trabalho manual. A escola aqui assume função de reprodutora e não de transformadora descaracterizando sua função social. 
Pedagogia Histórico-Crítica
Com a necessidade de se articular uma pedagogia cujo seu compromisso seja a transformação da sociedade e não sua manutenção, surge a Pedagogia Histórico-Crítica. O objetivo desta tendência é resgatar a crítica e a dialética no processo de ação e reflexão sobre a função social, empenhada em colocar a educação a serviço da transformação social de forma questionadora sem reprodução de ideologias massivas. É fundamentada na Teoria Histórica Cultural de Vigotsky (1896-1934). Esta teoria corresponde aos três grandes passos do método dialético para a transmissão do conhecimento: prática-teoria-prática. O que define a proposta desta pedagogia é não apenas para manter a sociedade como está posta, mas para transformá-la a partir da compreensão dos condicionantes sociais.
A educação mesmo sendo elemento condicionado pela sociedade, não deixa de exercer influencia sobre o elemento condicionante, quando é capaz de cumprir com sua função de social que é socializar os saberes sistematizados entre as camadas populares rompendo com a barreira da desigualdade de classes. 
CONSIDERAÇÕES FINAISConclui-se nesta pesquisa que existem diversas tendências pedagógicas no Brasil, cada qual com suas especificações e objetivos. Cabe a escola analisar e refletir sobre qual tendência melhor traduz a atualidade da educação na era da sociedade tecnológica. Porém, é necessário que independente da linha a ser seguida, a escola não de se desvincule com sua função: a socialização dos saberes produzidos historicamente pelos homens à todas as classes sociais. 
A falta de reflexão, questionamento e embasamento teórico-político dos profissionais escolares pode acarretar na distorção da produção de conhecimento e consequentemente na transmissão do mesmo. A clareza sobre as concepções pedagógicas é fundamental no processo de aprendizagem, já que a partir delas é que o professor irá embasar suas práticas na sala de aula. É necessário que cada instituição identifique seus problemas e organize um trabalho coletivo acerca das correntes pedagógicas que melhor atender as soluções dos seus problemas. 
A escola deve se contrapor a reprodução e perpetuação de uma ideologia capitalista, e coletivamente se dispor a ser um espaço de transformação da sociedade, colocando-se a serviço da socialização para o bem comum. Para que essas mudanças aconteçam, é preciso refletir sobre a pluralidade de funções atribuídas a escola na atualidade e buscar sua função, lutando para que se cumpra seus objetivos dentro das instituições e propiciando condições aos professores para que juntos possam alcançar tais objetivos. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUARTE, Newton. Concepções afirmativas e negativas sobre o ato de ensinar.
Cad. CEDES, Campinas, v. 19, n. 44, abr., 1998.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 9.ed. – São Paulo: Loyola, 1990.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara,
onze teses sobre a educação e política. 9. ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados,
1985
_______. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses
sobre a educação e política. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1983.
_______. Histórias das ideias pedagógicas no Brasil. 2. ed. Rev. E ampl. –
Campinas-SP: Autores Associados, 2008.
_____. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 5. ed. Campinas SP:
Autores Associados,1995 Autores Associados, 2008. (Coleção memória da educação).
_____. Escola e democracia. 20. ed., São Paulo: Cortez/Autores Associados,1998.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 2. ed. São
Paulo: Cortez, 1991.