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1 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS APOSTILA GESTÃO DE PESSOAS PROF. DAVI NEVES 2 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com 1. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Muitas vezes, pensando tratar-se da mesma coisa, as pessoas confundem Administração de Pessoal com Administração de Recursos Humanos. Ambas cuidam do trabalhador dentro da empresa. Mas cada uma desenvolve atividades bastante próprias. E perceber a distinção entre as duas noções é fundamental para compreender o que significa essa importante área da administração. Administração de Pessoal pode ser definida como o conjunto de ações relacionadas às leis, aos direitos e deveres do empregado, como, por exemplo: contrato de trabalho, carteira profissional, férias, contracheques e todos os demais papéis e registros que tais atividades representam na empresa e na vida do trabalhador. Administração de Recursos Humanos, por sua vez, deve ser vista como a parte que cuida do profissional, visando à sua integração na empresa. São ações dirigidas aos diferentes papéis que cada trabalhador deve desempenhar e, principalmente, ao crescimento de sua vida profissional. A Administração de Recursos Humanos é, portanto, caracterizada pelos processos de seleção e recrutamento, treinamento e desenvolvimento, cargos e salários, planos de carreiras, benefícios etc., tendo, como objetivo maior, manter a motivação das pessoas dentro e fora da empresa. Os conceitos de treinamento e desenvolvimento, cargos e salários, benefícios etc. você verá, com mais detalhes, ao longo do estudo deste módulo. Qualquer empresa é um sistema onde suas unidades dependem umas das outras, ou seja, não se pode considerá-las de modo isolado. Por isso, para entender a administração de recursos humanos ou qualquer outra função administrativa - é necessário relacioná-la aos objetivos da organização. A finalidade das empresas é, antes de tudo, permanecer sempre em atividade. Para que isso aconteça, uma organização precisa ter, no mínimo, dois tipos de objetivos: objetivos operacionais - correspondentes à sua atividade principal; objetivos sociais - relacionados a seus compromissos com os clientes, trabalhadores e sociedade como um todo. A Administração de Recursos Humanos tem o sentido de contribuir para o alcance desses dois objetivos. E a maneira como ela se desenvolve depende de características da organização, tais como seu tamanho, o tipo de atividade que realiza, a conduta dos dirigentes. 3 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Agora pare um pouco e pense nesta afirmação: “De um modo geral, o empregador espera sempre resultados acima do salário que paga a seus trabalhadores.” É comum, em Economia, incluir os recursos humanos na categoria de fatores de produção - todos os elementos que concorrem para a produção de determinado bem ou serviço: matéria-prima, capital, tecnologia, recursos financeiros, dentre outros. Esses fatores são ferramentas que, utilizadas de modo calculado e produtivo, visam ao aumento dos resultados. Mas os trabalhadores não podem nem devem ser tratados somente como fator de produção; não podem nem devem ser apenas empregados. A produtividade do empregado é, sem dúvida, muito importante para a empresa. Tanto que o empregador tem sempre uma expectativa, quanto ao seu desempenho, superior ao custo de contratação – representado pelos salários, encargos sociais, investimentos em treinamento, além de outras despesas. A exigência da empresa com relação ao desempenho do empregado como se ele fosse peça da engrenagem de uma grande máquina - esbarra com um lado mais pessoal: o indivíduo tem emoções, que influenciam esse desempenho. E são justamente essas emoções que tornam o homem diferente da máquina. Afinal, ninguém funciona, eternamente, como um motor. Aí está o grande desafio do administrador de recursos humanos: encontrar o equilíbrio entre esses dois polos, melhorando o rendimento da mão-de-obra e promovendo a integração do trabalhador, de modo a ajudar a empresa a obter sucesso. Para que resultados positivos se façam sentir, é preciso envolvimento entre indivíduo e organização, o que supõe uma relação madura e proveitosa , entre ambos. A política de integração entende a empresa como um sistema aberto, pois o indivíduo, ao ingressar na organização, traz com ele o seu histórico pessoal - os fatos de sua vida. No entanto, ele não se transfere totalmente para a empresa, pois a família, os amigos e outras partes da sua vida permanecem do "lado de fora". A integração no trabalho é feita através de vantagens que beneficiam tanto as organizações quanto os trabalhadores. Deve atender aos objetivos da empresa e às necessidades da mão-de-obra, sem esquecer que qualquer desequilíbrio nessa balança fará com que a integração não aconteça, trazendo um clima desagradável e provocando intranquilidade na realização das atividades. 4 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Às vezes, há apelos motivadores externos, superiores aos incentivos proporcionados pela empresa, e, por mais que o indivíduo tente se incluir, por mais que desenvolva esforços, uma parte de sua personalidade não se integra ao seu ambiente de trabalho. Isso é conhecido como inclusão parcial: o indivíduo dá mais atenção ao que ocorre lá fora do que ao que acontece dentro da empresa. Esse fenômeno pode ser explicado pelo fato de a pessoa pertencer a vários grupos sociais e ser obrigada, então, a representar diversos papéis ao mesmo tempo. Para que o homem se sinta integrado em determinado grupo, é necessário que este lhe proporcione amplas condições de satisfação. Todo ser humano tem expectativas tanto materiais e econômicas quanto pessoais e SOCIAIS. O salário é o elo básico entre o empregado e a empresa. Porém, não é o único fator de integração. Outros incentivos têm enorme influência no desenvolvimento e no rendimento do trabalhador. 2. A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS Ao longo do século XX a gestão de recursos humanos vislumbrou uma evolução muito importante. As transformações e mudanças, que se tornaram cada vez mais constantes e intensas, influenciaram fortemente as organizações, no que diz respeito a sua administração e ao seu comportamento diante do mercado globalizado. A forma como a administração dos recursos humanos era concebida, foi mudando consideravelmente, ao ponto de nos dias atuais, ser considerada a área de maior importância em uma organização. O Departamento de Recursos humanos surgiu inicialmente no século XIX, com a função de contabilizar os custos da organização. Os trabalhadores eram vistos somente pelo enfoque contábil, em outras palavras, a empresa contratava a mão-de- obra por um determinado custo, por conseguinte as saídas e entradas provenientes desse custo deveriam ser contabilizadas. Os chamados Chefes de Pessoal tinham a característica de serem inflexíveis, tanto que o Departamento de Pessoal era considerado o "departamento de demissão". Essa fase de registro permaneceu até 1930, só que por volta de 1920 o movimento das relações humanas trouxe um desafio ao Chefe de Pessoal, deixar de lado o seu “autocratismo”, para dar espaço às necessidades do indivíduo. 5 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com No Brasil, entre 1930 e 1950, Getúlio Vargas cria a CLT (Consolidaçãodas Leis Trabalhistas), onde eram expostos os direitos dos trabalhadores e a preocupação das organizações em seguir as leis. Os trabalhadores ainda eram controlados pelo Chefe de Pessoal, desta vez com o enfoque no seguimento dessas leis. A partir desse contexto, surge o conceito de gestão de pessoas, sendo uma área vulnerável e sujeita a instabilidade frente à cultura que se aplica às organizações. O funcionário deixou de ser uma mera engrenagem de máquina e passou a ser o sujeito colaborador, contribuindo com o seu recurso intelectual ao desempenhar sua parte no processo de transformação da empresa. Segundo a pesquisa realizada em 1977 pela Faculdade da Administração da PUC-SP, a fase tecnicista, que teve seu auge entre 1950 e 1965, foi implementada a partir da indústria automobilística pelo então presidente Juscelino Kubistchek, neste período se tornou necessário o Gerente de Relações Industriais. Agora a área de Relações Humanas era responsável pelo recrutamento e seleção, treinamento, cargos e salários, segurança, benefícios e outros. Por conseguinte, entre 1965 e 1980 a fase administrativa abre espaço ao movimento sindical, agora o Gerente de Relações Industriais passa a ser chamado de Gerente de RH. A partir de 1980, dá-se início ao período da administração estratégica que perdura até os dias atuais. Ela visa cooperar com a organização, em prol do atingimento de seus objetivos, utilizando como meio, as políticas de manutenção dos recursos humanos. Em suma, a organização passa a visualizar melhor os impactos que ações podem causar ao seu ambiente, tanto interno quanto externo. Logo, o Gerente de RH passa a integrar a diretoria, em nível estratégico. Nesse contexto, é possível compreender a importância da Gestão de Pessoas e da área de recursos humanos. Pois agora as empresas estão diante de um ambiente marcado por constante competitividade, pela busca de novos modelos de gestão eficazes e pela velocidade de informações que sejam capazes de reagir ao dinamismo do mercado. O ambiente empresarial está cada vez mais complexo, hierarquizado e especializado e requer cada vez mais supervisão e gerência. Como resultado, há a necessidade de planejar, controlar, coordenar, delegar responsabilidade e autoridade, além de melhorar as relações no trabalho. 6 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com 3. AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DA GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES As organizações enfrentam a cada dia mais desafios relacionados à gestão de pessoas e, nos próximos anos, questões envolvendo este tema poderão determinar a capacidade das empresas de atingir os seus objetivos de negócio. Neste mundo, onde o que precisa ser feito depende de indivíduos, que necessitam articular-se e atuar de modo a obter resultados diferenciados a cada momento e fazer sempre mais com menos, a função de RH tem se mostrado, cada vez mais, uma área com grande impacto no negócio. Para agregar valor, RH precisa focar no tratamento de desafios estratégicos relacionados a gestão de pessoas, tais como o crescimento sustentado do negócio, o desenvolvimento de novas competências organizacionais, a escassez de mão-de-obra qualificada, a mudança constante, a gestão do conhecimento, a identificação e gestão de riscos e conformidade. Só que a este cenário se contrapõe a própria função de RH. Como assegurar a agregação de valor no caminho que a empresa seguirá, quando muito do trabalho de RH ainda está na operacionalização do dia-a-dia? Aí está o desafio para nós, profissionais da área. Novas capacidades, soluções e serviços são requeridos, mas as pesquisas sobre os caminhos de RH mostram que ainda há espaço para uma atuação verdadeiramente estratégica. A área de RH precisa de foco na eficiência de suas atividades e processos, visto não ser possível esperar que haja reconhecimento de uma função cuja entrega básica apresenta alto índice de não-conformidades ou mesmo erros. Então, o que fazer para assegurar o equilíbrio entre a atuação estratégica e o desempenho de funções essenciais, mas transacionais? Acredito que há cinco dimensões específicas que devem ser repensadas: 1) Comunicação na área: embora RH pregue que a comunicação é ferramenta essencial para o engajamento dos empregados e a entrega sustentada, há internamente e na maior parte das vezes, pouco cuidado com a necessidade de comunicação clara e constante. A clareza sobre o papel e responsabilidades de RH mostra à equipe do próprio RH a trilha, e não necessariamente o trilho, o que dificulta a construção de uma clara imagem de futuro. 7 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Explicitar as iniciativas da área para os próximos anos também dão sentido à jornada, ajudando a equipe a escolher entre diversas demandas e priorizar o que fazer. 2) Modelo de atuação: RH sempre precisará equilibrar questões operacionais, de controle e assessoria. Não há como evitar o transacional. Somos uma área intensiva em processos, que precisa funcionar tal qual qualquer empresa de prestação de serviço, atuando com foco na satisfação de seu cliente, em nosso caso os empregados e gestores. Esta atividade transacional traz como consequência uma necessidade de controle, que não pode ser subestimada. Para que todo o tempo disponível não seja consumido por esta parte da responsabilidade de RH, é preciso estabelecer processos que garantam a eficiência e a credibilidade, com o menor custo possível. Muitas empresas, para assegurar o foco nestas várias dimensões, têm revisto sua organização, estruturando-se através de: - Áreas especialistas, que atuam no desenvolvimento de políticas, procedimentos e programas que atendam às necessidades do negócio; - Consultoria Interna ou Business Partners, focados na identificação, proposta e implementação de soluções junto aos clientes internos suportando o desenvolvimento e implantação das estratégias do negócio; -Áreas de serviço, para o atendimento ao empregado nos aspectos relacionados à sua vida funcional, operacionalização de políticas, procedimentos, programas e processamento de folha de pagamento. 3) Infra-estrutura: a padronização de processos e utilização de tecnologia são essenciais para ajudar RH em sua transformação. Auto-serviço e serviços compartilhados, quando a empresa tem escala para tanto, devem ser os pilares do modelo de entrega de serviços de RH. As transações e operações administrativas suportadas pela utilização de tecnologia em larga escala, melhoram a entrega destes serviços, a satisfação do cliente e aumentam o acesso a informações, reduzindo a necessidade de suporte presencial das equipes de RH e liberando tempo para uma nova forma de atuação. 4) Capacidades: a equipe de RH deve ter clareza sobre as competências e habilidades necessárias para o exercício de seu papel. Uma estratégia clara para contratação e desenvolvimento dos profissionais da área com base nas competências 8 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com requeridas deve ser implantada para que o novo modelo de atuação seja operacionalizado e as questões estratégicas do negócio plenamente atendidas. 5) Indicadores: embora valorizados são de difícil definição, pois devem buscar os resultados entregues e não as atividades desempenhadas. Indicadores claramente focados na entrega servem para mensurar se os objetivos propostos estão sendo alcançados e redirecionar a forma de atuação da área a partir dosinsights obtidos com seu monitoramento ao longo do tempo. Além dos indicadores propriamente ditos, acordos de nível de serviços (SLAs em inglês)ajudam a função de RH a aperfeiçoar a qualidade de suas atividades, aprimorar o nível de controle e reduzir custos, com efeito direto nos negócios. Alguns itens, não mais que dez, ligados diretamente a cada processo, definem quantitativa e qualitativamente o esperado, alinhando expectativas e facilitando a identificação das origens dos problemas. Uma vez estabelecida esta base, como definir o que a função de RH deve fazer para agregar valor? Como define Dave Ulrich em seu livro The value proposition, o valor é definido e reconhecido mais por quem recebe do que por quem oferece, o que significa que a entrega de RH em um projeto ou simples relação precisa ser reconhecida pelo cliente interno como valiosa conforme seu julgamento e expectativa. Para ser valorizado e reconhecido é preciso que RH defina sua própria proposta de valor para oferta aos parceiros do negócio, cuja premissa é a entrega segundo a ótica de cada parceiro, e não baseada em uma fórmula com foco interno e do tipo one fits all. Desta forma, os programas que RH faz não devem ser aqueles que a equipe quer oferecer, mas os que seus parceiros internos e/ou externos efetivamente necessitam e reconhecem como valiosos devido aos resultados gerados para viabilizar os seus próprios objetivos. Por tudo isto, sem esquecer que sempre seremos uma função intensiva em termos de processos e transações, é necessário focar fora da própria função de RH, encontrando caminhos para melhorar o desempenho do negócio e aperfeiçoar suas vantagens competitivas. Somente mais próximo aos clientes, tanto internos quanto externos, entendendo suas demandas, RH será capaz de apresentar soluções para o negócio, e não simplesmente um programa, palestra, treinamento ou a entrega de atividades transacionais. E aí estará o valor gerado para a empresa. 9 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com 4. FUNÇÃO DO GESTOR DE RECURSOS HUMANOS A principal função dos gestores de recursos humanos consiste em promover a eficiência e a eficácia dos trabalhadores de uma dada organização, para que esta consiga atingir os seus objetivos da melhor forma possível. Para isso, planejam, dirigem e coordenam atividades que visam proporcionar aos trabalhadores condições que contribuam para a sua realização profissional e satisfação pessoal, de modo a que tenham uma atitude perante o trabalho mais empenhada e motivada. A atividade destes profissionais baseia-se, assim, em conciliar os interesses da organização com os interesses de quem nela trabalha. Embora as suas tarefas variem consideravelmente de organização para organização, as suas áreas de trabalho mais comuns são as seguintes: recrutamento e seleção, no âmbito da qual são responsáveis pela afetação de novas pessoas à organização. As tarefas desta área podem incluir preparação de anúncios de emprego, escolha dos meios de comunicação mais eficazes para os publicar (jornais, revistas, websites de emprego, escolas, etc.), seleção e análise de currículos, aplicação de provas psicológicas (testes psicotécnicos, de personalidade, de conhecimentos, etc.), realização de entrevistas e obtenção de referências sobre os candidatos junto das suas ex entidades empregadoras. Antes de iniciarem este processo, os gestores de recursos humanos necessitam de conhecer o mercado de trabalho e os requisitos do cargo a ocupar, de modo a saberem qual o candidato que reúne as características e as qualificações mais adequadas para ocupá-lo. Além disso, devem ter um conhecimento global da estrutura e do funcionamento da organização para poderem negociar com o candidato as condições que têm para oferecer (ordenado, benefícios sociais, oportunidades de evolução na carreira, formação, etc.). Nesta área, é também da sua responsabilidade acompanhar o processo de acolhimento e integração do candidato na organização. formação e desenvolvimento, área em que são responsáveis por conceber ações de formação com o objetivo de transmitir novos conhecimentos, desenvolver capacidades e modificar atitudes perante o trabalho, de forma a proporcionar o desenvolvimento profissional e pessoal dos trabalhadores e a sua adequação às necessidades da organização bem como prepará-los para assumirem novas funções dentro da mesma. Para programar ações de 10 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com formação, os gestores de recursos humanos fazem um levantamento prévio das necessidades de formação existentes e verificam a correspondência entre os requisitos que cada cargo exige (capacidades técnicas, conhecimentos teóricos, características pessoais, etc.) e as competências do seu ocupante. Esta verificação é realizada recorrendo a técnicas e instrumentos de apreciação do desempenho e leva em consideração também os planos da organização para o futuro. Uma vez diagnosticadas estas necessidades, elaboram um programa de formação e reúnem as condições necessárias para a sua execução (formadores, instalações, material didático, etc.). Este processo termina com a avaliação dos resultados, através da qual averiguam se houve (ou não) benefícios decorrentes das ações de formação ministradas, isto é, se houve um aumento da produtividade e da eficiência, se a qualidade dos produtos e/ou dos serviços melhorou, se o número de acidentes de trabalho diminuiu, etc. no contexto da política salarial, cabe a estes gestores estabelecer e manter um sistema apropriado de remunerações, as quais hoje em dia contemplam habitualmente componentes fixas (salário-base e subsídios) e componentes variáveis (prêmios por objetivos alcançados, comissões, etc.) de acordo com o tipo de cargo exercido e com as responsabilidades inerentes. Para definir a remuneração os gestores analisam e classificam os vários cargos existentes na organização (atendendo, por exemplo, às aptidões e conhecimentos exigidos, ao esforço físico necessário, às responsabilidades envolvidas ou às condições de trabalho impostas) e avaliam o desempenho do seu ocupante (tendo em conta o volume e a qualidade do seu trabalho, a capacidade de resolver problemas, o índice de absentismo, etc.). Esta área pode incluir também a criação e a manutenção de um sistema de benefícios sociais, o qual, além de complementar a retribuição mensal, contribui para melhorar a imagem das organizações junto dos seus trabalhadores e, consequentemente, aumentar a produtividade em geral. Seguros de vida e de acidentes pessoais, assistência médico-hospitalar, refeitório no local de trabalho, viatura da empresa, estacionamento privativo e subsídios para a educação dos filhos são alguns exemplos dos muitos benefícios sociais que as organizações podem conceder aos seus trabalhadores. segurança, higiene e saúde no trabalho. Nesta área, é seu dever elaborar programas que protejam a integridade física e mental dos trabalhadores, 11 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com preservando-os de riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas. Estes programas servem também para prevenir acidentes, pois visam eliminar condições que põem em causa a segurança no ambiente de trabalho, fazer cumprir normas e procedimentos de prevenção e fomentar hábitos de trabalho seguros e previdentes. A avaliação contínua das condições de trabalho dos empregados (ruído, iluminação, condições atmosféricas, etc.), a imposição de exames médicos anuais e a criação de um sistema de vigilância na empresa são algumas das responsabilidades que se incluem nesta área. no âmbito das relações laborais, estes profissionais concebem e aplicama política de relacionamento da organização com os trabalhadores e/ou seus representantes. As suas funções nesta área consistem, por exemplo, em resolver conflitos entre a entidade empregadora e os trabalhadores ou negociar com os sindicatos matérias relativas a salários, benefícios sociais e condições de trabalho. - na área do planeamento de recursos humanos, estes gestores avaliam as necessidades futuras da organização relativamente aos seus recursos humanos, ou seja, determinam o número e o tipo de pessoas que a organização precisará para atingir os seus objetivos, dentro de determinado período de tempo. É através do planeamento de recursos humanos que a organização sabe quantas pessoas necessita recrutar, formar, reconverter, transferir ou dispensar. Ao nível do planeamento, os gestores de recursos humanos podem ainda ser responsáveis por conceber e/ou aplicar indicadores e métricas que permitam medir a eficácia e eficiência das práticas da gestão de recursos humanos e o seu alinhamento com as estratégias da organização. As funções que estes profissionais podem desempenhar são, assim, bastante diversificadas: elaborar estatísticas, analisar e descrever cargos, aplicar e interpretar testes psicológicos, interpretar leis do trabalho, conduzir entrevistas, motivar pessoas, avaliar desempenhos, etc. Todavia, os gestores de recursos humanos podem não exercer todas estas atividades, designadamente quando, trabalhando numa grande empresa, desempenham funções apenas numa das áreas de atuação da sua profissão ou somente num dos setores da organização. 12 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Estes profissionais devem reunir determinadas características pessoais, entre as quais se destaca o gosto em trabalhar com muitas e diferentes pessoas: colegas, chefias, trabalhadores, formadores, advogados, sindicalistas, etc. As suas funções impõem também excelentes capacidades de comunicação e de relacionamento: devem falar e escrever corretamente e devem ser pessoas receptivas, prudentes, compreensivas, persuasivas, com forte sentido de justiça e capazes de transmitir uma imagem de confiança e de diálogo. Além disso, devem ser emocionalmente estáveis e capazes de resolver e lidar com situações delicadas, bem como devem ser resistentes à pressão diária que as suas funções impõem, pois o seu quotidiano é preenchido com situações - algumas vezes, inesperadas - que envolvem pessoas. O dinamismo, a facilidade em coordenar equipes multidisciplinares e as capacidades de reflexão, análise, síntese, resolução de problemas, liderança, planeamento e organização são, ainda, qualidades que se podem revelar bastante úteis. A capacidade de trabalhar com números é também importante, uma vez que é necessário saber elaborar e compreender estatísticas e cálculos financeiros, nomeadamente para calcular taxas de absentismo e de rotação de pessoal ou criar sistemas de remunerações e de benefícios sociais. 5. INTEGRAÇÃO ENTRE PESSOAS E ORGANIZAÇÕES As organizações são constituídas pelas pessoas. E as organizações constituem para as pessoas um meio pelo qual podem alcançar muitos e variados objetivos pessoais. 5.1. Organizações + pessoas = ARH A Administração de Recursos Humanos é uma especialidade que surgiu com o crescimento das organizações e com a complexidade das tarefas organizacionais. A ARH trata do aprovisionamento, da aplicação, da manutenção e do desenvolvimento das pessoas nas organizações. ARH, Administração do Pessoal ou relações Industriais, são algumas formas de se dizer a mesma coisa ao longo do tempo. O conceito mudou ao longo do tempo, mas o objeto continua: as pessoas e as organizações. 13 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Sem organizações e sem pessoas, certamente não haveria ARH. Na realidade, é difícil separar as pessoas das organizações, e vice-versa. Não existem fronteiras muito definidas entre o que é e o que não é uma organização, bem como não se pode exatamente traçar os limites da influência de cada pessoa em uma organização. Para facilitar tanto o estudo do relacionamento entre indivíduos e organizações como o próprio estudo da Administração de Recursos Humanos, abordaremos as organizações, grupos e pessoas como classes de sistemas abertos, em contínua interação com seus respectivos ambientes. Sistema aberto é aquele que descreve as ações e interações de um organismo vivo dentro de um ambiente circundante. Assim, este conceito nos permite uma maneira mais abrangente e contingente de abordar a complexidade das organizações e a administração de seus recursos. A teoria de sistemas permite: 1. uma abordagem tanto analítica como sintética de uma organização em seu complexo e dinâmico ambiente; 2. uma abordagem das partes como subsistemas e seus relacionamentos em um supra-sistema; 3. a consideração dos aspectos sinergísticos do sistema total; 4. a consideração dos indivíduos, da dinâmica dos pequenos grupos e dos fenômenos dos grandes grupos; 5. a consideração de todos os aspectos acima, dentro das restrições de um sistema ambiental externo. O enfoque sistêmico pode ser desdobrado em três níveis de análise: a) Nível do comportamento social (a sociedade como um macrossistema) – permite uma visualização da complexa e intrincada sociedade de organizações e da trama de interações entre as organizações. O nível social é visto como uma categoria ambiental no estudo do comportamento organizacional. b) Nível do comportamento organizacional (a organização como um sistema) – visualiza a organização como uma totalidade que interage com seu ambiente e dentro da qual interagem seus componentes entre si e com as partes relevantes do ambiente. O nível organizacional é visto como categoria ambiental do comportamento individual. 14 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com c) Nível do comportamento individual (o indivíduo como um microssistema) – permite uma síntese de vários conceitos sobre comportamento, motivação, aprendizagem etc., e melhor compreensão da natureza humana. O contexto da ARH é, ao mesmo tempo, complexo e mutável. A primeira característica desse contexto é a complexidade. A maneira como as pessoas e organizações se relacionam entre si para realizar a tarefa organizacional varia de uma organização para outra. Algumas organizações caracterizam-se pela visão futurística, democrática e aberta na maneira de tratar as pessoas, enquanto outras ainda se mostram paradas no tempo e no espaço, adotando políticas ultrapassadas, humilhantes e retrógradas. A segunda característica é a mudança. O mundo está passando por grandes mudanças e transformações nos aspectos econômicos, sociais, tecnológicos, culturais, legais e demográficos. E essas mudanças e transformações ocorrem de modo cada vez mais veloz e imprevisível. A velocidade da mudança, cada vez maior, não é nem de longe acompanhada pelas organizações. Estas tardam muito a incorporar essas mudanças que ocorrem a seu redor em seu comportamento e em sua estrutura organizacional. O problema é que muitas organizações não têm a menor noção de que o mundo mudou e elas se esqueceram de mudar. A convivência entre pessoas e organizações poderá ser extremamente eficaz, útil e satisfatória, dependendo da maneira como as organizações pretendem relacionar- se e interagir com as pessoas que delas fazem parte. Os modelos de sistemas para o estudo da sociedade, da organização e do indivíduo, substituiu com vantagens as concepções convencionais. Um sistema: 1.É um conjunto de elementos, isto é, de subsistemas; 2. São dinamicamente inter-relacionados, formando uma rede de comunicações e relações em função da dependência recíproca entre eles; 3. desenvolve uma atividade ou função para atingir um ou mais objetivos ou propósitos. Um sistema funciona como um todo organizado logicamente. Para poder funcionar, todo sistema é constituído por quatro elementos essenciais: 15 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Entrada ou insumos (inputs) – todo sistema recebe entradas ou insumos vindos do ambiente externo. Através das entradas (inputs) o sistema importa os recursos e insumos necessários a sua alimentação e nutrição. Operação ou processamento – é o núcleo do sistema, onde as entradas são processadas e transformadas em saídas ou resultados. Geralmente, é constituído de subsistemas (ou órgãos ou partes) especializados no processamento de cada tipo de recurso ou insumo importado pelo sistema. Saídas ou resultados (outputs) – constituem o resultado da operação do sistema. Através das saídas (outputs) ou resultados o sistema exporta de volta ao ambiente o produto de sua operação. Retroação ou retroalimentação (feedback) – significa o retorno ou influência que as saídas provocam sobre as entradas a fim de balancear ou equilibrar o funcionamento do sistema. A retroação (feedback) ou retroalimentação constitui, portanto, uma influência de retorno. A retroação é positiva quando a saída (por ser maior) estimula e amplifica a entrada para aumentar a operação do sistema. A retroação é negativa quando a saída (por ser menor) inibe e reduz a entrada para diminuir a operação do sistema. Desta maneira, a retroação procura manter o sistema funcionando dentro de determinados parâmetros ou limites. Quando o sistema não alcança tais limites, ocorre a retroação positiva; quando o sistema ultrapassa tais limites, ocorre a retroação negativa. 16 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Fig. 1. O Sistema e seus quatro elementos essenciais. 5.2. AS PESSOAS E AS ORGANIZAÇÕES Ainda que as instalações físicas, os equipamentos e os recursos financeiros sejam necessários para a organização, as pessoas – os recursos humanos – são particularmente importantes. Os recursos humanos trazem o brilho da criatividade para a empresa. As pessoas planejam e produzem os produtos e serviços, controlam a qualidade, comercializam os produtos, alocam recursos financeiros e estabelecem as estratégias e objetivos para a organização. Sem pessoas eficazes é, simplesmente, impossível para qualquer empresa atingir seus objetivos. As decisões dos “executivos” moldam o relacionamento entre a organização e seus empregados. A integração entre o indivíduo e a organização não é uma problemática nova. A fim de atingir certos objetivos, as pessoas se agrupam em organizações para transpor as suas limitações individuais e obter sinergia de esforços por meio do esforço conjunto. Ao crescer, as organizações necessitam de maior número de pessoas para a execução das suas atividades e, certamente, de mais pessoas capazes de supervisionar e gerenciar outras. Processamento ou Operação (Conversão ou Transformação) Saídas ou Resultados Ambiente (Exportação) Retroação Importação Ambiente Entradas ou Insumos 17 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com À medida que tais decisões afetam não apenas a capacidade funcional dos empregados, mas também suas vidas pessoais, elas estão entre as mais difíceis de serem tomadas, ainda que essenciais. Além disso, essas decisões não são tomadas dentro de um espaço fechado, já que os aspectos políticos, culturais e econômicos da sociedade também têm sua influência sobre elas. Neste sentido é fundamental observar os objetivos dos indivíduos e das organizações. Os objetivos das organizações são chamados de organizacionais e o dos indivíduos de individuais. Das relações entre estes objetivos é que se busca o crescimento das organizações e a satisfação dos indivíduos. 1. OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS: O que a organização espera ou pretende alcançar (lucro, produtividade, qualidade, redução de custos, participação no mercado, satisfação do cliente etc.). 2. OBJETIVOS INDIVIDUAIS: O que as pessoas pretendem alcançar (salário, benefícios sociais, segurança e estabilidade no emprego, condições adequadas de trabalho, crescimento profissional etc.). A interação entre pessoas e organizações (objetivos) é tema complexo e dinâmico e é visto de diferentes maneiras pelos teóricos. BARNARD1, afirma “que toda pessoa precisa ser eficiente para satisfazer as suas necessidades individuais mediante a sua participação na organização, mas também precisa ser eficaz para atingir os objetivos organizacionais por meio da sua participação”. Se entendermos todos os recursos – matéria-prima, informação, tecnologia, capital e recursos humanos – como entradas e os produtos e serviços resultantes como saídas, o que a organização busca é maximizar as saídas enquanto minimiza as entradas. As decisões de RH ajudam uma empresa a gerenciar seus empregados com eficácia. Como são esses empregados que tomam as decisões sobre os demais recursos? Fica claro que a eficácia em RH é um importante determinante da eficácia organizacional. Trocando em miúdos: EFICIÊNCIA – alcance de objetivos individuais (promoção pessoal, prestígio, carreira, maior salário, segurança pessoal etc); EFICÁCIA – alcance dos objetivos organizacionais – (maior produtividade, redução de custos, lucro, crescimento da organização etc). Neste sentido, as pessoas buscam satisfações 1 BARNARD, Chester I. As funções do executivo. São Paulo: Atlas, 1971. 18 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com pessoais e as organizações têm necessidades de recursos para atingir sua missão (EFETIVIDADE). O desafio para a organização é construir uma base organizacional capaz de garantir que tantos os incentivos – pagamentos pela organização a seus participantes (salários, prêmios por produção, benefícios sociais etc.); quanto suas contribuições – pagamentos que cada participante efetua à organização a que está ligado (trabalho, dedicação, pontualidade etc.) estejam minimamente em equilíbrio. Esta base de equilíbrio é chamada de equilíbrio organizacional. O papel (desafio) do Administrador de RH é identificar o conjunto de incentivos capaz de motivar os participantes e as contribuições de interesse das organizações. Portanto podemos afirmar que o equilíbrio organizacional depende do intercâmbio entre os incentivos oferecidos e as contribuições como retorno à organização. Vale a pena lembrar o que dizem KATZ e KAHN2, para que as recompensas funcionem são necessárias três condições: “É necessário que elas sejam percebidas claramente como suficientemente grandes a fim de justificarem o esforço adicional necessário para consegui-las. É necessário que elas sejam percebidas como diretamente relacionadas ao desempenho solicitado e serem concedidas imediatamente após o desempenho. É necessário que elas sejam percebidas como eqüitativas pela maioria dos membros do sistema, muitos dos quais não as receberão.” Assim, afirmamos que, para uma organização se desenvolver é necessário uma inteiração psicológica entre ela e seu colaborador, o que chamamos de reciprocidade. Esta harmonia de interesses pressupõe que há pelo menos dois contratos na relação: um contrato formal e outro psicológico.O contrato formal é escrito, assinado e tem relação com o cargo a ser ocupado, ao conteúdo do trabalho, ao horário, ou seja, às relações de trabalho de um modo geral. O contrato psicológico relaciona-se com o que a organização e o indivíduo esperam realizar e ganhar com o novo relacionamento. Neste sentido é possível afirmar que reciprocidade é o processo de desenvolvimento de um contrato psicológico entre a pessoa e a organização onde ele trabalha. É, portanto, um processo complementar em que o indivíduo e a organização se tornam parte um do outro. 2 KATZ, Daneil; KAHN, Robert L. Psicologia social das organizações. São Paulo: Atlas, 1970. 19 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com 6. SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL A ação administrativa pode assumir diferentes características dependendo de certas condições internas e externas da empresa. Isso significa que a ação administrativa nunca é igual em todas as empresas, pois varia de acordo com um conjunto de variáveis. Para LIKERT3, não existem políticas de administração válidas para todas as situações e ocasiões possíveis. Para isto ele criou um sistema com quatro variáveis comparativas: tomada de decisões; comunicações; relacionamento interpessoal; sistemas de recompensas e de punições. 1. Processo decisorial – define como são tomadas as decisões na empresa e quem as toma. 2. Sistema de comunicações – define como as comunicações são transmitidas e recebidas dentro da organização. 3. Relacionamento interpessoal – define como as pessoas se relacionam entre si na organização e qual o grau de liberdade nesse relacionamento humano. 4. Sistemas de recompensas e de punições – define como a empresa motiva as pessoas a se comportarem de forma positiva ou negativa. Este conjunto de variáveis se apresenta de forma diferenciada em cada sistema administrativo. 6.1. Sistema autoritário-coercitivo Processo decisorial centralizado na cúpula da empresa. Sistema de comunicações precário e emperrado. Relacionamento interpessoal considerado prejudicial aos interesses da empresa e ao bom andamento dos trabalhos. Sistemas de recompensas e de punições com ênfase nas punições e nas medidas disciplinares. Este sistema de administração é representado pela teoria X e é encontrado geralmente em empresas que usam mão de obra intensiva. Ex. Construção civil, trabalhos rurais. 6.2. Sistema autoritário-benevolente 3 Likert, Rensis. Novos padrões em administração. São Paulo: Pioneira, 1971. 20 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Processo decisorial centralizado com pequena flexibilidade nas decisões de pequena monta. Sistema de comunicações relativamente precário, prevalecendo as comunicações descendentes. Relacionamento interpessoal permitido entre si em clima de permissão controlada. Sistema de recompensas e de punições com ênfase nas punições e medidas disciplinares, mas menos arbitrário. Este modelo é geralmente encontrado em empresas que usam mão de obra especializada, mas com forte poder de coerção, como as linhas de montagens. 6.3. Sistema consultivo Processo decisorial participativo e consultivo. Há uma desconcentração das decisões definidas pela direção. Sistema de comunicação verticalizada e ascendente, bem como laterais e horizontais. Relacionamento interpessoal favoráveis a uma organização informal sadia e positiva. Sistema de recompensas e de punições com ênfase nas recompensas materiais e oportunidades de promoção e desenvolvimento. Este modelo é geralmente utilizado em organizações de serviços, como os bancos. 6.4. Sistema participativo Processo decisorial a partir de decisões totalmente delegadas aos níveis hierárquicos mais baixos da organização. Sistema de comunicações com fluência em todos os sentidos. Relacionamentos interpessoal com ênfase no trabalho em equipe. Sistema de recompensas e de punições com forte ênfase nas recompensas. Este sistema ainda é pouco encontrado, mas já se faz presente, em especial naquelas que usam tecnologias sofisticadas, como é o caso das empresas de informática. 7. TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 1. Técnicas utilizadas no ambiente externo. 21 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Pesquisa de mercado de Recursos Humanos Recrutamento e Seleção Pesquisa de salários e benefícios Relações com sindicatos Relações com entidades de formação profissional Legislação trabalhista e administrativa 2. Técnicas utilizadas no ambiente interno Análise e descrição de cargos Avaliação de cargos Treinamento Avaliação de desempenho Plano de carreiras Plano de benefícios sociais Política salarial Higiene e segurança do trabalho etc. Algumas técnicas são aplicadas diretamente às pessoas e outras indiretamente. 8. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA GESTÃO DE PESSOAS Este artigo descreve a importância da integração entre o planejamento estratégico de RH e o planejamento estratégico da empresa. É de suma importância que o planejamento de RH esteja de acordo com os objetivos da empresa. Isso só poderá ocorrer se as organizações definirem onde estarão em curto, médio e longo prazo. Sempre levando em consideração o ambiente interno e externo. 8.1. Missão, visão e objetivos organizacionais. Para compreendermos o planejamento estratégico de RH é necessário ter definido a missão, a visão e os objetivos organizacionais de uma empresa. A missão é razão de 22 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com ser da empresa, é o porquê dela existir. É imprescindível saber a missão da empresa porque se as pessoas não sabem por que ela existe não poderão contribuir para o seu sucesso. Além da missão a empresa deve ter definida sua visão. Esta indica a identidade comum dos propósitos da organização para o futuro. Declara a direção que a empresa pretende seguir. Sua importância está no fato de que quando as pessoas têm conhecimento da visão elas sabem exatamente para onde ir. A cada dia que passa fica mais difícil controlar pessoas através de regras burocráticas, o controle acaba sendo pela visão e valores compartilhados. A missão e a visão juntas contribuem os elementos para a definição dos objetivos da empresa e construção da estratégia organizacional. O objetivo é o resultado ao qual se pretende chegar. Os objetivos devem seguir seis critérios básicos: ser focalizado em um resultado a atingir e não em uma atividade, ser consistente, ser específico, ser mensurável, ser relacionado com um determinado período e ser alcançável. Os objetivos podem ser de três tipos: Objetivos rotineiros: objetivos cotidianos que tem a função de padronizar o desempenho diário. Objetivos de aperfeiçoamento: tem a função de incrementar os resultados da empresa, aperfeiçoando o que já existe. Objetivos inovadores: congrega algo totalmente novo a empresa. A formulação da estratégia organizacional é conduzida pelos objetivos. Por isso é importante não só ter objetivos rotineiros e de aperfeiçoamento, mas também objetivos inovadores de sucesso. 8.2. Estratégia organizacional Para Chiavenato (2004, p.70), “A estratégia organizacional refere-se ao comportamento global e integrado da empresa em relação ao ambiente quea circunda”. Em geral as estratégias organizacionais têm os seguintes aspectos básicos: é definida pelo nível institucional da organização, é projetada à longo prazo, envolve a empresa em sua totalidade e é um mecanismo de aprendizagem organizacional. A estratégia é baseada nos objetivos organizacionais, na missão e na visão e é determinada por dois tipos de análises: a análise ambiental e a análise organizacional. A análise ambiental é uma espécie de mapeamento para conhecer o que existe no ambiente, analisando as oportunidades a ser aproveitadas e as ameaças a ser 23 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com neutralizadas. A análise organizacional é um levantamento de informações acerca da empresa, é um diagnóstico dos pontos fracos e fortes da organização. A interligação entre: missão, visão, objetivos, análises ambiental e organizacional, pode ser observada na figura 1 (anexo). A estratégia organizacional é um conjunto de atitudes que se fomenta num ambiente de grande competitividade, onde se deve aproveitar as oportunidades externas e neutralizar as ameaças de ambiente de forma simultânea. A estratégia é o caminho escolhido para encarar as turbulências do mercado. Existem três tipos de filosofia do planejamento estratégico: Planejamento conservador: é o planejamento visando a estabilidade e manutenção da situação vigente. Sua preocupação é identificar e corrigir problemas internos sem buscar novas oportunidades no ambiente. Planejamento otimizante: é o planejamento que visa adaptabilidade e inovação da organização. Preocupa-se com a melhora das práticas vigentes na empresa. Tem a pretensão de melhorar continuamente as operações. Planejamento prospectivo: é o planejamento voltado para o futuro da organização. Sua preocupação é adaptar-se as novas demandas do ambiente. Planejamento estratégico nada mais é do que a tomada de decisão hoje que terá efeito ou conseqüência no futuro. 8.3. Planejamento Estratégico de Recursos Humanos As estratégias empresariais para conseguir um bom resultado não devem considerar apenas os setores de finanças, marketing, logística. Devem também alinhar os aspectos mais importantes da estratégia organizacional com a Gestão de Pessoas. A estratégia organizacional tem que ser relacionada com um planejamento estratégico de RH. No planejamento estratégico de RH são definidos antecipadamente os talentos humanos e a força de trabalho que serão necessários para alcançar os objetivos organizacionais. 8.4. Modelos de Planejamento de RH. 24 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com Podem ocorrer na organização dois tipos de planejamento de acordo com a sua formulação: o planejamento adaptativo, quando é feito após a elaboração do planejamento organizacional e tem a função de adaptar-se ao planejamento já feito e o outro tipo de planejamento é o autônomo que é elaborado de forma isolada se nenhuma relação direta com o planejamento organizacional. Nem um dos dois funciona de forma satisfatória, pois não estão integrados harmonicamente com a estratégia da empresa. O planejamento estratégico de RH ideal é o planejamento totalmente integrado as estratégias da organização. Existem diversos modelos de planejamento de RH. Veremos alguns deles de acordo com uma classificação feita por Chiavenato (2004, p. 79-85): 8.4.1. Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço. Este modelo se baseia na idéia de que a necessidade de pessoal é uma variável que depende da procura por um produto ou serviço. Essa relação é influenciada por vários fatores: tecnologia, produtividade, disponibilidade interna e externa de recursos financeiros, etc. O presente modelo é muito limitado, pois se reduz à aspectos quantitativos, desconsiderando aspectos importantíssimos, como: greves, estratégias do concorrentes, fatos imprevistos. 8.4.2. Modelo baseado em segmentos de cargos Modelo restrito a nível operacional, utilizado por empresas de grande porte e que consiste em: escolher um fator estratégico cuja variação afeta proporcionalmente a necessidade de pessoal, em seguida estabelecer o nível histórico e futuro para cada fator. Depois determinar os níveis históricos da força de trabalho para cada unidade, e finalmente projetar os níveis futuros de força de trabalho para cada unidade. Este modelo possui as mesmas limitações do modelo anterior. 8.4.3. Modelo de substituição de postos-chaves Neste modelo é feito um mapeamento das possíveis substituições para o planejamento de funcionários. O sistema é elaborado a partir de um organograma com informações gerenciais, onde em cada retângulo será apresentado o nome de um funcionário com 25 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com informações para que a decisão possa ser tomada. Os funcionários poderão ser classificados, como: funcionários preparados para promoção, funcionários que precisa de uma maior experiência no cargo que ocupa e funcionário com substituto já preparado. No organograma em cada retângulo será apresentado o nome e a idade do funcionário na parte superior e na parte inferior será apresentado o nome, idade, e informações necessárias dos possíveis substitutos. Esse modelo também pode funcionar como plano de carreira. 8.4.4. Modelo baseado no fluxo de pessoal. Neste modelo é feito um mapeamento do fluxo de pessoas que entram e saem da empresa, através de uma análise de entradas, saídas, promoções e transferências internas. Este modelo é indicado para empresas que não tem planos de extensão, pois é de natureza quantitativa e contábil. Um dos objetivos do presente modelo é antecipar os efeitos de promoções, as dificuldades de recrutamento e aumento da rotatividade. 8.4.5. Modelo de planejamento integrado O modelo de planejamento integrado é um modelo mais abrangente e amplo. Este tipo de planejamento leva em conta quatro fatores: volume de produção planejado pela organização, mudanças tecnológicas dentro da organização que podem alterar a produtividade das pessoas, condições de oferta e procura no mercado e comportamento da clientela e planejamento de carreiras dentro da organização. Permite um diagnostico razoável para tomada de decisões. A maioria dos modelos apresentados anteriormente funcionam como esquemas quantitativos, desprezando aspectos intangíveis das pessoas, como atitudes, comportamento, habilidades. 8.5. Fatores que intervêm no planejamento de RH. Existem alguns fatores que causam grandes alterações no planejamento de RH. São elas entre outras: o absenteísmo, a rotatividade de pessoal e as mudanças da força de trabalho. “O absenteísmo é a freqüência e/ou a duração do tempo perdido quando os empregados não vêm ao trabalho” (CHIAVENATO, 2004, p. 86). As causas do 26 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com absenteísmo foram estudadas intensamente e chegou-se a conclusão que ele é afetado pela capacidade profissional das pessoas e pela motivação para o emprego, além dos fatores internos e externos ao trabalho. Muitas empresas têm investido fortemente em incentivos a presença e desestímulos a ausências ao trabalho. A rotatividade de pessoal é resultante da entrada de novos funcionários e da saída de outros. Geralmente para que cada empregado que se desliga da empresa outro é admitido. O desligamento pode ser por iniciativa do funcionário ou por iniciativa da organização. No primeiro caso o desligamento pode ocorrer por insatisfação do funcionário com a organização ou pode ocorrerpela visualização de oportunidades mais atrativas em outras empresas. Algumas organizações estão implementando incentivos para que os funcionários se demitam como é o caso do Plano de Demissão Espontânea (PDE). No segundo caso a empresa decide desligar o funcionário. Vários motivos podem contribuir para isso: necessidade de redução da força de trabalho, substituição por outro mais adequado as suas necessidades, etc. As mudanças na força de trabalho também é um fator de interferência no planejamento de RH. As mudanças que ocorrem nas organizações afetam diretamente as pessoas que nelas trabalham. O impacto de novas tecnologias, as aceleradas mudanças que ocorrem no mundo são fatores condicionantes para as mudanças na força de trabalho. A principal consequência dessas mudanças é a falta de pessoas habilitadas para desenvolver estas novas funções que estão surgindo. Esse quadro exige do RH grandes recursos para agregar, aplicar, recompensar, desenvolver e manter pessoas. 9. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS 9.1. O QUE É RECRUTAMENTO Atrair do mercado de trabalho uma quantidade suficiente de pessoal potencialmente qualificado a ocupar cargos dentro da organização, para suprir a "seleção". 9.1.1. As Etapas Do Processo De Recrutamento 1. Determinação das necessidades de mão-de-obra 27 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com O recrutamento é feito a partir das necessidades presentes e futuras de recursos humanos da organização. O recrutamento requer um cuidadoso planejamento, que constitui uma seqüência de três fases: - O que a organização precisa em termos de pessoas (pesquisa interna); - O que o mercado de recursos humanos pode oferecer; e - Quais as técnicas de recrutamento a aplicar. O planejamento do recrutamento tem a finalidade de estruturar o sistema de trabalho a ser desenvolvido. A pesquisa interna é uma verificação das necessidades da organização em relação as suas carências de recursos humanos, a curto, médio e longo prazos. O que a organização precisa de imediato e quais são seus planos futuros de crescimento e desenvolvimento, o que certamente significará novos portes de recursos humanos. Esse levantamento interno não é esporádico ou ocasional, mas contínuo e constante e deve envolver todas as áreas e níveis da organização. - Responsabilidade do recrutamento O recrutamento envolve um processo que varia conforme a organização. O início do processo de recrutamento depende de decisão de linha. Em outras palavras, o órgão de recrutamento não tem autoridade de efetuar qualquer atividade de recrutamento sem a devida tomada de decisão por parte do órgão que possui a vaga a ser preenchida. Como o recrutamento é uma função de staff, suas providencias dependem de uma decisão da linha, que é oficializada através de uma espécie de ordem do serviço, geralmente denominada “requisição de empregado” ou “requisição de pessoal”. Trata-se de um documento que se deve ser preenchido e assinado pelo responsável que pretende preencher alguma vaga em seu departamento ou seção. Os detalhes envolvidos no documento depende do grau de sofisticação existente na área de recursos humanos, quanto maior a sofisticação, menores os detalhes que o responsável pelo órgão emitente deverá preencher no documento. Quando o órgão de recrutamento recebe a requisição de pessoal, verifica se existe algum candidato adequado disponível nos arquivos, caso contrário, deve recrutá-lo através das técnicas de recrutamento mais indicadas no caso. 28 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com 2. Fontes de recrutamento Na maioria das vezes, as fontes de recrutamento são consultadas conjuntamente, dependendo da urgência e recursos disponíveis. Contudo, uma política de recrutamento contínua reduz significativamente os custos do processo: - Escolas de nível médio, superior e centros de integração empresa-escola; - Entidades de seleção; - Indicação dos próprios empregados da empresa; - Anúncios e editais em jornais e outros órgãos informativos; - Conferências e palestras em universidades e escolas; - Pesquisa em outras cidades ("caça-talentos"); - Arquivo de reserva; - Cartazes na portaria da empresa; - Sindicatos e associações de classe; - Cooperação de outras empresas que atuam no mesmo mercado. 9.2. O QUE É SELEÇÃO DE PESSOAL É a escolha dos candidatos mais adequado aos cargos na empresa, visando manter a eficiência e o desempenho do pessoal. 9.2.1. Responsabilidade Da Seleção De Pessoal Uma vez feita a comparação entre características exigidas pelo cargo e as oferecidas pelos candidatos, pode acontecer que vários destes tenham condições aproximadamente equivalentes para serem indicados ao órgão requisitante para ocupar o cargo vago. O órgão de seleção (staff) não pode impor ao órgão requisitantes a aceitação dos candidatos aprovados no processo de comparação. Pode apenas prestar serviço especializado, aplicar adequado ao cargo. A decisão final de aceitar ou não os candidatos é sempre de responsabilidade do órgão requisitante. Assim, a seleção é responsabilidade de linha (de cada chefe) e função de staff (prestação de serviços pelo órgão especializado). 29 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com O órgão de seleção interfere no processo de decisão sempre que houver grande volume de candidatos, por meio de estudos de validade, no sentido de aumentar a probabilidade de acertos, na estimação de eventos futuros. 9.2.2. Seleção De Pessoal Como Um Processo De Decisão Como um processo de decisão, a seleção de pessoal comporta três modelos de comportamento: - Modelo de colocação: Quando não inclui a categoria de rejeição. Neste modelo há um só candidato e há uma só vaga, que deve ser preenchida por aquele candidato. Em outros termos, o candidato apresentado deve ser admitido sem sofrer rejeição alguma; - Modelo de seleção: Quando existem vários candidatos e apenas uma vaga a preencher. Cada candidato é comparado com os requisitos exigidos pelo cargo que se pretenda preencher, ocorrendo duas alternativas: Aprovação ou rejeição. Se rejeitado, é dispensado do processo, porque, para o cargo vago, há vários candidatos, e apenas um poderá ocupá-lo; - Modelo de classificação: É a abordagem mais ampla e situacional, em que existem vários candidatos para cada vaga e várias vagas para candidato. Cada candidato é comparado com os requisitos exigidos pelo cargo que se pretende preencher. Ocorrem duas alternativas para o candidato: Ser aprovado ou rejeitado para aquele cargo. Se rejeitado passa a ser comparado com os requisitos para outros cargos que se pretende preencher, até se esgotarem os cargos vagos, advindo daí a denominação “classificação”. Para cada cargo a ser preenchido ocorrem vários candidatos que o disputam, sendo que apenas um deles poderá ocupá-lo, se vier a ser aprovado. 9.2.3. Métodos De Seleção De Pessoal Como a seleção de RH é um sistema de comparação e de tomada de decisão, deve necessariamente apoiar-se em algum padrão ou critério para adquirir alguma validade. O padrão ou o critério é geralmente extraído a partir das características do cargo a ser preenchido. O ponto de partida do processamento de seleção é a obtenção de informação sobre o cargo a preencher. As informações a respeito do cargo a ser preenchido podem ser colhidas através de: 30 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com - Análise do cargo: É o levantamento dos aspectos intrínsecos(conteúdo do cargo) e extrínsecos (requisito que o cargo exige de seu ocupante – fatores de especificações) do cargo. Qualquer que seja o método de análise aplicado, o importante para a seleção são as informações a respeito dos requisitos e das características que o ocupante dos cargos deverá possuir. Assim, o processo de seleção concentrar-se-á na pesquisa, na avaliação desses requisitos e nas características dos candidatos que se apresentarem; - Aplicação da técnica dos incidentes críticos: Consiste na anotação sistemática e criteriosa que os chefes diretos devem fazer a respeito de todos os fatos e comportamento dos ocupantes do cargo considerado, que produziram um melhor ou pior desempenho no trabalho. Essa técnica visa localizar as caraterísticas desejáveis (que melhoram o desempenho) e as indesejáveis (que pioram o desempenho) nos futuros candidatos. Obviamente, traz a inconveniente de fundamentar-se quase somente no arbítrio do chefe direto. Além do mais, é difícil definir exatamente o que o chefe direto deve considerar como comportamento desejável ou indesejável: - Análise de descrição de empregado: Consiste na verificação dos dados contidos na requisição do empregado, preenchidos pelo chefe direto, especificando os requisitos e as características que o candidato ao cargo deverá possuir. Principalmente quando a organização não tem um sistema da análise de cargos, o fomulário de requisição de empregado deverá possuir campos adequados, onde o chefe direto possa especificar esses requisitos e essas características. Todo o esquema de seleção basear-se-á nesses dados; - Análise do cargo no mercado: Quando se tratar de algum cargo novo, sobre o qual a organização ainda não tem nehuma definição, nem mesmo o chefe direto, existe a Características desejáveis Afabilidade no trato com pessoas; Facilidade no relacionamento; Vontade de agradar ao cliente; Resistência a frustração; Verbalização fácil; Facilidade em trabalhar com a equipe; Boa memória; Concentração visual e mental; Facilidade em lidar com números. Características indesejáveis Irritabilidade fácil; Introversão; Impaciência; Pouco controle emocional; Dificuldade de expressão; Dificuldade no relacionamento; Pouca memória; Dispersão mental; Dificuldade em lidar com números. 31 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com alternativa de verificar, em organizações similares, cargos comparáveis, seu conteúdo, os requisitos e as características do seus ocupantes; - Hipótese de trabalho: Caso nenhuma das alternativas acima possa ser utilizada, resta o emprego de uma hipótese de trabalho, ou seja, uma previsão aproximada do conteúdo do cargo e sua exigibilidade em relação ao ocupante (requisitos e características necessárias), como simulação inicial. 9.2.4. Técnicas De Seleção De Pessoal Após uma análise do cargo e do documento de requisição de empregado, gerando a "ficha de especificação do cargo", escolhe-se as técnicas de seleção mais adequadas. - Entrevista de seleção: A técnica que mais influencia a decisão final e a mais utilizada, alcançando características intangíveis do candidato, apesar de subjetiva. Por causa disso, deve ser utilizada com bastante habilidade por entrevistadores treinados em "entrevista padronizada ou dirigida". Divide-se em quatro fases: a) Planejamento: Coleta de informações, escolha do tipo de informações a serem solicitadas e transmitidas aos candidatos); b) Preparação: Locais de espera e execução, horário, designação dos entrevistadores e material; c) Execução: A entrevista propriamente dita - é "dirigida" quando o entrevistador segue um roteiro, através de um formulário - devendo cobrir as informações e o comportamento do candidato; e d) Avaliação do candidato: Imediatamente após a saída do candidato da sala de entrevista, o avaliador deve avaliar o candidato, checando a ficha de avaliação e anotando os detalhes); Provas de conhecimentos ou de capacidades: Podem ser a) Orais; b) Escritas . Tradicionais dissertivas (menos abrangentes, de fácil organização e julgamento subjetivo, mas de difícil correção . Objetivas (de abrangência maior, de correção rápida e organização demorada, permitem acerto ao acaso); ou . Mistas 32 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com a) De realização (práticas); b) Gerais ou específicas (testando o conhecimento técnico relacionados ao cargo). - Testes psicológicos: Têm a finalidade de avaliar a "personalidade" do candidato, podendo ser psicométricos ou de personalidade: . Testes psicométricos: A medição, em condições padronizadas de comparação, da quantidade de determinados comportamentos humanos (aptidões = potencialidades e capacidades = habilidades atuais, de inteligência, aprendizagem, destreza, etc) presente no candidato, para admissão, transferência, promoção, treinamento ou retenção de pessoal . Testes de personalidade: Para analisar o caráter (adquirido) e o temperamento (inato) do indivíduo, podendo ser genéricos (testam a personalidade geral) ou específicos (concernentes a determinados aspectos da personalidade, como equilíbrio emocional, ansiedade, agressividade, etc); - Técnicas de simulação: A partir dos resultados dos testes psicológicos e entrevistas, submete-se o candidato a uma "dramatização" relacionada ao tipo de papel que desempenhará na empresa, reduzindo a margem de erro da seleção e permitindo inclusive ao candidato analisar sua adequação ao cargo pretendido. 9.2.5. As Etapas Do Processo De Seleção De Pessoal A seleção de pessoal funciona como um processo composto de várias etapas ou fases seqüenciais pelas quais passam os candidatos. Nas etapas iniciais estão as técnicas mais simples e econômicas, ficando as técnicas mais caras e sofisticadas para o final: Etapa 9: Decisão final de admissão Etapa 8: Aplicação de técnicas de simulação Etapa 7: Entrevista de seleção com o gerente Etapa 6: Aplicação de testes de personalidade Etapa 5: Aplicação de teste psicométricos Etapa 4: Entrevista de seleção Etapa 3: Aplicação de provas de conhecimento Etapa 2: Entrevista de triagem Etapa 1: Recepção preliminares dos candidatos 33 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com 9.2.6. Avaliação E Controle De Qualidade Da Seleção De Pessoal Podemos avaliar os resultados de uma seleção através de alguns parâmetros: - Adequação do homem ao cargo (e decorrente satisfação pessoal); - Rapidez de ajuste do empregado às suas funções; - Melhoria do potencial humano da empresa; - Maior estabilidade do pessoal (e consequente redução do turnover); - Maior rendimento e produtividade do pessoal da empresa; - Melhoria nas relações humanas; - Menores necessidades de treinamento. 10. ADMINISTRAÇÃO DE DESEMPENHO A Avaliação de Desempenho é uma sistemática verificação, medição e acompanhamento (formal ou informal) do desempenho do indivíduo no cargo, e de seu potencial de desenvolvimento. 10.1. OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO DO DESEMPENHO É um processo para estimar ou julgar alguma pessoa, quanto ao seu: 1) Valor; 2) Excelência; 3) Qualidades; ou 4) Status. É uma técnica de "direção" imprescindível, colaborando com a determinação e desenvolvimento da política adequada, com a qual se podem localizar problemas de: Supervisão de pessoal; Integração do empregado à empresa ou ao cargo; Não aproveitamentode empregados com potencial; Motivação, etc. 34 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com 10.2. RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO DO DESEMPENHO No geral, a avaliação do desempenho é uma responsabilidade de linha (do supervisor) e uma função de staff (do departamento de recursos humanos). Contudo, de acordo com a política de recursos humanos adotada, a responsabilidade pelo processamento da avaliação do desempenho pode ser: 1) Centralizada: avaliação por um órgão de staff da área de recursos humanos; 2) Centralização média: avaliação por uma Comissão de Avaliação do Desempenho, com a participação de avaliadores de diversas áreas. Em algumas organizações a avaliação de desempenho é atribuída a uma comissão especialmente designada para este fim e constituída de elementos pertencentes a diversos órgãos ou departamentos. A avaliação neste caso, é coletiva, e cada membro terá igual participação e responsabilidade nos julgamentos. Geralmente, a comissão é formada de membros permanentes e transitórios. Os membros permanentes e estáveis participarão de todas as avaliações e seu papel será a manutenção do equilíbrio dos julgamentos, do atendimento aos padrões e da constância ao sistema. Os membros transitórios ou interessados, que participarão exclusivamente dos julgamentos dos empregados direta ou indiretamente ligados a sua área de atuação terão o papel de trazer as informações a respeito dos avaliados e proceder ao julgamento e a avaliação. Enquanto os membros transitórios trazem a avaliação e julgam seus subordinados diretos ou indiretos, os membros permanentes procuram manter a estabilidade e a homogeneidade das avaliações. Exemplo de comissão de avaliação do desempenho (membros estáveis ou permanentes): - Presidente ou diretor; - Diretor de RH; - Especialista em avaliação de desempenho; - Executivo de organização e métodos. Realmente, se a organização conseguir obter pleno funcionamento da comissão e, através dela uma harmonia consistente nas avaliações, terá atingido uma técnica avançada de avaliação de desempenho. 35 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com 3) Descentralizada: Avaliação pelo próprio empregado, com o controle do supervisor direto. É pouco utilizada, por exigir nível cultural e não-subjetivismo dos funcionários. Utilizada com sucesso a pessoal de nível universitário, com elevadas posições hierárquicas. No "meio termo" mais utilizado, existe centralização do projeto, construção e implantação, com relativa descentralização quanto à aplicação e execução. 10.3. CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS MÉTODOS DA ADMINISTRAÇÃO DO DESEMPENHO A avaliação do desempenho é feita através de vários métodos, conforme as áreas de distribuição de pessoal (horistas, burocrático, supervisores, chefes, executivos, vendedores, etc), podendo-se estruturar cada um dos métodos em um método próprio: MÉTODO DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS Escala gráfica Utiliza "fatores de avaliação" previamente graduados, através de um formulário de dupla entrada com linhas de fatores e colunas de graus O mais utilizado. É aparentemente simples, mas requer cuidados para neutralização da subjetividade e prejulgamento . De fácil entendimento e aplicação simples; . Permite uma boa visão do que a empresa deseja x a situação do empregado; . Um pouco trabalhoso para o avaliador registrar. . Não permite muita flexibilidade ao avaliador; . Sujeito a generalização dos avaliadores quanto à pontuação dos fatores (se o funcionário é bom em um fator, a tendência é avaliá-lo bom em todos os demais); . Tende a bitolar os resultados das avaliações; . Necessita de procedimentos matemáticos e estatísticos para correção das distorções 36 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com e influência pessoal (que tendem a apresentar resultados exigentes ou condescendentes a todos os seus subordinados). Escolha forçada Utiliza blocos de "frases descritivas" (positivas ou positivas e negativas), escolhidas de acordo com os critérios existentes na empresa, entre as quais o avaliador deve escolher apenas uma ou duas que mais se aplicam ao desempenho do seu avaliado . Proporciona resultados mais confiáveis e isentos de subjetividade, pois elimina a generalização; . Sua aplicação é simples e não exige preparo dos avaliadores. . Sua elaboração é complexa, exigindo um planejamento mais demorado; . Apresenta resultados globais (discrimina apenas os empregados bons, médios e fracos, pois é fundamentalmente comparativo); . Quando utilizado para desenvolvimento de pessoal, necessita de complementação de informações; . Deixa o avaliador sem noção de qual será o resultado da avaliação dos seus subordinados. Pesquisa de campo São entrevistas de um especialista em avaliação em cada setor, com o supervisor imediato, onde levanta as causas, origens e motivos do desempenho dos seus subordinados, através de análise de fatos e situações A entrevista obedece ao seguinte roteiro: . Avaliação inicial: O desempenho é avaliado como mais que satisfatório (+), satisfatório (+-) ou menos que satisfatório (-); . Análise suplementar: Uma análise mais aprofundada do desempenho do . É um método mais amplo, pois permite também o planejamento do empregado na função e na empresa. . Necessidade de retroação de dados acerca do desempenho dos empregados; . Possui uma enorme gama de aplicações; . Permite um acompanhamento muito mais dinâmico do empregado. 37 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com funcionário, através de perguntas do especialista ao chefe; . Planejamento: Faz-se o plano de ação para o funcionamento (aconselhamento, readaptação, treinamento, desligamento e substituição, promoção ou manutenção no cargo). Comparação aos pares A comparação dois a dois, de cada vez, dos empregados, anotando-se o que é considerado melhor quanto ao desempenho, podendo-se também utilizar fatores de avaliação É recomendado apenas quando os avaliadores não têm condições de utilizar outros métodos . É um processo muito simples . Pouco eficiente Frases Descritivas Apenas difere do método da escolha forçada por não exigir obrigatoriedade na escolha entre um bloco de frases (existem várias frases para o avaliador escolher as que caracterizam e as que não caracterizam o desempenho do subordinado) 10.4. ELEMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO DO DESEMPENHO 1 - O Avaliador De Desempenho Conforme a política de RH adotada pela organização, a responsabilidade pela avaliação de desempenho das pessoas pode ser atribuídas: 38 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS www.davineves.com a) Ao gerente; b) Ao próprio indivíduo; c) Ao indivíduo e seu gerente conjuntamente d) À equipe de trabalho; e) Ao órgão de gestão de pessoal; ou f) A uma comissão de avaliação de desempenho. Cada uma dessas seis alternativas envolve uma filosofia de