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CAPÍTULO VI NITROGÊNIO 1. INTRODUÇÃO O nitrogênio é, depois do C, H e O o elemento mais demandado pelos vegetais. Cerca de 98% do N existente encontra-se na litosfera (Quadro 1). O segundo maior reservatório natural é a atmosfera terrestre, que é composta, em média por 78 % de N. Nestes dois compartimentos o N ocorre em formas de pouca importância biológica. Embora em quantidade infinitamente menor, o N acumlado na biosfera corresponde ao maior reservatório de formas biologicamente ativas. Cerca de 96 % do N orgânico terrestre, encontra-se na matéria orgânica morta e apenas 4% os organismos vivos, dos quais 96 % encontra-se nas plantas, 4 % na microbiota e 2 % nos animais. Embora em termos globais as quantidades de N na matéria orgânica e bimassa microbiana são extremamente pequenas, este reservatório é de grande significado biológico, por ser o solo o meio de interface da biosfera. O nitrogênio é o nutriente mineral absorvido em maiores quantidades pela maioria das culturas (Quadro 2). Uma produção de milho de 7.000 kg/ha acumula, apenas nos grãos, cerca de 128 kg de N (Sanchez, 1976). Além de ser um nutriente estrutural por ser constituinte das proteínas, o N participa de vários compostos orgãnicos, tendo papel fundamental no metabolismo vegetal. A concentração de proteínas em grãos de milho aumentou de 83,1 para 95,6 g / kg devido a aplicação de 80 kg/ha de N (Pereira et al., 1981). Quadro 1. Distribuição quantitativa do N na terra 1 Compartimento Pg2 de Nitrogênio Litosfera (rocha e sedimentos) 100.000.000 Atmosfera 3.900.000 Biosfera (N em forma orgânica e inorgânica) 2.800.000 a 3.500.000 Matéria orgânica do solo 300 a 550 Biomassa microbiana 1,5 1 Adaptados de Moreira e Siqueira (2002) 2 Pg (petagrama) corresponde a 1015 g Quadro 2. Quantidade de N exportado em diferentes produtos vegetais Cultura Produtividade Teor de N N exportado Referência t / ha g / kg kg / ha Cana-de-açucar 120 1,73 207,7 Freire (2001) Arroz 5 13,1 66,0 Rafaelli (2000) Milho para silagem 45 14,4 214,0 NRC (2001) Tifton 85 (feno0 23 29,3 671,0 Alvim et al. (1999) 2 O N é absorvido pelas plantas nas formas de amônio (NH4+) e de nitrato (NO3-), sendo a última forma preferencial para grande parte das culturas. Parte da quantidade de N requerido pelas culturas pode ser suprida pelo solo, no entanto, em muitas situações o solo é incapaz de atender toda a demanda por N, tornando-se necessária a fertilização nitrogenada. Para o diagnóstico da disponibilidade do N, requer-se conhecimento sobre o seu ciclo na natureza. 2. CICLO NO NITROGÊNIO O ciclo do nitrogênio diz respeito ao fluxo do elemento entre os compartimentos do globo terrestre (litosfera, ar, água, solo e o complexo biológico) (Figura 1). Trata-se de um elemento muito dinâmico na natureza, onde ocorre em várias formas químcas, com ampla variação de estado de oxidação (Quadro 3). Do ponto de vista agronômico, os fluxos de entradas, perdas e transformações no solo, assim como no sistema solo-planta é de grande interesse. Apesar de 98 % do N total da terra encontra-se na litosfera a atmosfera é o principal compartimento que supri N para a biosfera. A fonte primária é o gás N2, que constitui cerca de 78 % da atmosfera terrestre. Contudo, para que o elemento seja utilizado biologicamente, ou seja abosrvido por plantas e micorganismos ele precisa ser fixado. A fixação se dá pela ação de microrganismos (fixação biológica), de descargas elétricas na atmosfera (fixação atmosférica) ou quimicamente (processos industriais). Esses processos são os responsáveis pela entrada do nitrogênio no sistema solo-planta. Por outro lado, ocorrem perdas do N por processos de, denitrificação, volatização da amônia e por lixiviação, que constituem as vias de saída do nitrogênio do sistema solo. Na natureza, o elemento encontra-se em equilíbrio dinâmico entre formas livres e fixadas. A compreensão do ciclo do nitrogênio no solo (Figura 1) é fundamental para a adoção de práticas que resultam no aumento da eficiência de utilização do elemento pelas plantas. Na seqüência tratar-se-á dos processos de fixação do N, como principais meios para entrada de N no solo, dos processos de transformação entre as formas fixadas de N e os processos de perdas do solo. 3 Figura.1. Ciclo global do N. Quadro 3. Formas químicas em que o N ocorre na natureza e os respectivos estados de oxidação. Forma química Estado de oxidação NO3(g) trióxido +6 N2O5(g) pentóxido de nitrogênio +5 NO3- nitrato +5 NO2(g) dióxido de nitrogênio +4 N2O4 (g) tretraóxido de nitrogênio +4 N2O3 (g) trióxido de nitrogênio +3 NO2- nitrito +3 NO (g) óxido nítrico +2 N2O (g) óxido nitroso +1 N2 (g) dinitrogênio 0 N3- azida -1/3 NH2OH hidroxilamina -1 NH (g) imidogênio -1 NH2 (g) amidogênio -2 N2H4 (g), N2H40 hidrazina -2 N2H4+ hidrazina protonada -2 NH3 (g) (3º) amônia -3 NH4+ amônio -3 4 3. ENTRADAS NO SOLO 3.1. Fixação natural A entrada de N no solo se dá pela ficação do N2 (N≡N), que corresponde a 78% da composição da atmosfera. Compreende-se por fixação todo processo que produz a partir do N2 o N reduzido (NH4+) ou oxidado (NO2- e NO3-), que são aquelas absorvidas por plantas e microrganismos. A fixação se dá por processos naturais, que inclui a fixação atmosférica (processo eletroquímico), fixação biológica, e por processos artificais, ou sejam, industriais (Quadro 4). Quadro 4. Contribuição global dos processos de fixação do nitrogênio atmosférico Processo de fixação kg/ha/ano Milhões de tonelada/ano Natural Atmosférica (eletroquímica) 10 Fixação biológica total 175 Oceanos 36 Sistemas terrestres 139 Leguminosas 140 35 Cultura de arroz 30 4 Pastagens 15 45 Outras culturas 5 5 Ecossistemas florestais 10 40 Outros sistemas 2 10 Artifical Industrial (fertilizantes) 49 Outros processos químicos 35 Fonte: Siqueira & Franco (1988) Fixação atmosférica O N2 atmosférico pode combinar-se com o oxigênio e formar NO3- mediante energia gerada pelas descargas elétricas durante tempestades. Alem disso, na atmosfera podem ocorrer outras formas combinadas de N, como amônia e formas orgânicas em resíduos finamente subdivididos. As chuvas carrearam para o solo o NH3, o NO3- e outras formas existentes na atmosfera, principalmente em áreas industriais. O NH4+ e o NO3- podem ser prontamente absorvidos pelas plantas. Muitas vezes a proximidade de um parque industrial pode proporcionar maior concentração de gases, ou mesmo de particulados, que apresentam o nitrogênio em sua composição. 5 A quantidade de nitrogênio que aporta ao solo pelas águas da chuva, que inclui aquele proveniente da fixação atmosférica, varia muito com a região, e normalmente apresenta-se com valores significativamente inferiores às demandas da maioria das espécies vegetais cultivadas (Quadro 5). Por outro lado, para sistemas naturais em equilíbrio, como florestas, o N contido nas precipitações passa a ter um papel mais importante na dinâmica do elemento. Estimativas brasileiras destee valore são pouco conhecidas, no entanto, alguns são apresentados no Quadro 5. Quadro 5. Contribuição atmosférica (chuvas e particulados) para deposição de N no solo em três locais da América do Norte e no Brasil Local Via de depositado Forma Estimativa Fonte kg/ha/ano Ontário - Canadá água de chuva NO3- 6,0 Barry et al. (1993) NH4+ 4,4 particulados NO3- HNO3 3,0 NH4+ 0,7 NO2- 3,0 NH3 1,3 Arizona - USA água de chuva NO3- 0,77 Emmerich (1990) NH4+ 1,20 Wiscosin - USA água de chuva NO3- 6,3 Andraski & Bundy (1990) NH4+ 8,7 Mogi-Guaçú - SP água de chuva N 5,3Andrade et al. (1995) Fixação biológica As estimativas da fixação biológica do N2 são bastante imprecisas, mas suficientes para mostrar que a fixação industrial para produção de fertilizantes representa uma parcela muito pequena do total fixado (Quadro 4). Apenas alguma microrganismos, incluindo bactérias, cianobactérias e actinomicetos, têm a capacidade de fazer redução enzimática do N2, através de um processo conhecido como fixação biológica de nitrogênio (FBN). Apesar disso, este sistema é responsável pela fixação de cerca de 140 milhões de toneladas anuais de N (Quadro 4). Os microrganismos são procariótas, incluindo gêneros de bactérias, cianobactérias (também conhecidas como algas verde-azuladas) e actinomicetos do gênero Frankia (Quadro 6). Estes microrganismos podem viver livres no solo ou na água, na superfície das raízes e folhas das plantas, nos intestinos dos animais, ocupar espaços inter ou intracelulares ou em estruturas especiais causadas por mudanças morfológicas e fisiológicas nas plantas, como por exemplo os nódulos nas leguminosas (Siqueira & Franco, 1988). 6 Em todos os sistemas de FBN conhecidos a fixação se dá com a participação do complexo enzimático denominado nitrogenase, que tem dois componente. Um componente é uma Fe-Mo-proteína, denominado dinitrogenase, sendo onde efetivamente o N2 é reduzido. O complexo Fe-Mo associa-se a atua dinitrogenas como cófator para a redução do N2. O outro componente é uma Fe-proteína, denomnada dinitrogenase redutase, que tem por função suprir elétrons para o outro compontente, necessários para a redução do N2. À dinitrogenase redutase associa-se duas moléculas de MgATP, que durante o processo de fixação são hidrolizadas em duas moléculas de MgADP e duas de fósforo inorgânico (Pi). De forma esquemática o processo pode ser reprsentado por: N2 + 8H+ + 8e- + 16Mg⋅ATP → 2NH3 + H2 + 16Mg⋅ADP + Pi O balanço termodinâmico desta reação implica no consumo 8,03 kcal por mol de N fixado. Quadro 6. Forma de vida, ambiente de ocrrência e hospedeito das bactérias fixadoras de nitrogênio mais conhecidos atualmente Forma de vida Bactéria Ambiente Hospedeiro Livre Azotobacter Solo Não tem Beijerinckia Solo Não tem Derxia Solo Não tem Nostoc1 Solo e água Livres ou simbiose Anabaena1 Solo e água Livres ou simbiose Rhodospirillum Águas poluídas Não tem Associação Enterobacteriaceae Trato intestinal Termitas e animais Azotobacter paspali Superfície das raízes Paspalum notatum Azospirillum Superfície e interior das rízes Milho, sorgo, trigo Brachiaria Acetobacter Raízes e colmos Cana de açúcar, capim elefante Simbiose Anabaena azollae Cavidade foliar Azolla. Anabaena sp. Liquens Fungos + algas Nostoc Nódulos radiculares Pecíolo da folha Cycadaceae, Baweniaceae e Zamiaceae. Gunnera, Eleaganus Frankia2 Nódulos radiculares Casuarina, Alnus Richelia intracelularis Intracelular Diatomaceas Rhizobium Nódulos radiculares Leguminosas Bradyrhizobium Nódulos radiculares e caulinares. Leguminosas e Parasponia Azorhizobium Nódulos caulinares e radiculares Sesbania (leguminosa) Synorhizobium Nódulos radiculares Leguminosas 1 São cianobactérias, também conhecidas por algas verde-azuladas. 2 Gênero de actinomicetos 7 O sistema fixador establecido entre as leguminosas e bactérias do gênero Rhizobium e Bradyrizobium, sob o ponto de vista agrícola, é de grande relevância, quer pela eficiência ou pelas possibilidade de poder promovido por meio de inoculação as plantas.. A taxa de fixação varia com a espécie, mas é geralmente limitada pelo ambiente. No Quadro 7 são apresentados alguns valores para as quantidades de N2 fixado por diversas espécies, cuja precisão varia com a metodologia empregada e condições em que foram avaliadas. A importância da FBN para a economia nacional é evidenciada pela cultura da soja, que no Brasil, como em outras partes do mundo, é cultivada usando principalmente o N2 obtido pela fixação em simbiose com rizóbio. Considerando a produção nacional, esse processo representa uma economia de mais de 6 milhões de toneladas de uréia, o que equivale a aproximadamente US$ 1,3 bilhão. Para o caso do feijoeiro, tem-se uma situação bem diferente, pois a inoculação com rizobio ainda não é uma pratica difundida. A produtividade média brasileira está entre 400 a 600 kg/ha de grãos, sendo a maior parte produzida sem adubação nitrogenada, havendo em muitos casos, boa nodulação com as estirpes nativas do solo. Nestas condições o N exportado nos grãos (em torno de 4 % de N) é de apenas 16 kg de N, portanto, muito inferior ao que pode ser fixado por esta cultura sob inoculação (Quadro 7). Outro aspecto interessante, é a baixa resposta comumente encontrada à adubação nitrogenada em feijoeiro. Isto pode ter várias causas, mas uma delas é a presença de rizóbio eficiente no solo. Desta forma, conclui-se que mesmo para esta cultura onde a inoculação não é difundida, a FBN tem grande importância. Sua contribuição pode ser aumentada pela seleção de cultivares com maior capacidade para nodulação e eliminação dos estresses ambientais e de solo, que geralmente limitam a nodulação e fixação de N2 nesta cultura. O fato do feijoeiro ser cultura de subsistência, evidencia a importância sócio-econômica deste processo. As leguminosas podem também ser usadas para reflorestamento, adubação verde, produção de moirão vivo, recuperação de solos erodidos, rotação de cultura e em pastagens. Para todos estes sistemas existem espécies de leguminosas que nodulam, com potencial de fixação de N2 suficiente para atender sua demanda de N para altas produções, desde que seja escolhida a espécie leguminosa e rizóbio apropriados e sejam eliminados os fatores limitantes à nodulação e simbiose, cujas exigências não são muito diferentes das exigências das plantas em si, para altas produtividades. 8 Quadro 7. Estimativas de fixação de nitrogênio em diversas espécies leguminosas Espécie leguminosa N2 fixado kg de N/ha/ano ou ciclo Produtoras de grãos Soja (Glycine max) 60 - 178 Feijão (Phaseolus vulgaris) 2,7 - 110 Caupi (Vigna unguiculata) 73 - 354 Amendoim (Arachis hypogaea) 72 - 124 Guandu (Cajanus cajan) 168 - 280 Calopogonio (Calopogonium mucunoides) 370 - 450 Feijão mungo (Vigna mungo) 63 - 342 Grão de bico (Cicer arietinum) 50 - 103 Ervilha (Pisum sativum) 52 - 77 Forrageiras Leucena (Leucaena leucocephala) 500 - 600 Centrosema (Centrosema pubescens) 126 - 398 Estilosantes (Stylosanthes spp.) 34 - 220 Pueraria (Pueraria phaseoloides) 30 - 99 Espécie arbórea Acacia (Acacia mearnsii) 200 Floresta tropical Em regeneração 71 - 78 Após estabilização (40 anos) 35 - 45 FONTE: Siqueira & Franco (1988) 3.2. Fixação Industrial Apesar de, quantitativamene, a fixação industrial do N ser muito menor do que a fixação natural (Quadro 4), sob o ponto de vista agrícola ela é de grande importância devido a necessidade do uso de fertilizantes nitrogenados para atender a necessidade do N pelas culturas. Existem três porocessos básicas pelos quais o N atmosférico é fixado industrialmente: oxidação direta, pelo processo de cianamida e pelo processo Claude - Harber. Oxidação Direta Este processo é uma imitação do que se observa na natureza quando ocorre uma descarga elétrica. O seu rudimento iniciou com as observações de Cavendich de que, à temperatura do arco voltaico1 (4.000 °C), o N se combina com o oxigênio, formando dióxido de nitrogênio, que é dissolvido em água para formar HNO3 segundo as reações: O N NO O NO H O 2 2 2 2 22 2∆⎯ →⎯ + ⎯ →⎯ +1 Arco voltaico é produzido por uma corrente elétrica alternada de alta tensão, sob a influencia de um potente eletromagneto, assumindo a forma de um disco luminoso de 2 m de diâmetro. O arco é produzido em fornos com 2 m de diâmetro e poucos centímetros de altura. 9 3 22 2 3NO H O HNO NO+ ⎯ →⎯ + Síntese da Cianamida A calciocianamida foi o primeiro fertilizante produzido por fixação do N atmosférico. O processo de obtenção da calciocianamida envolve produtos de baixo custo: carvão mineral (coque), calcário e ar. O processo envolve as seguintes etapas: a) obtenção do óxido de cálcio (cal virgem) a partir do carbonato, em forno a 1.100 °C 23 COCaOcalorCaCO +→+ b) fusão do óxido de cálcio com (coque) para obter o carboneto de cálcio; COCaC3CCaO 2 +→+ , c) separação do N2 do ar em estado bastante puro; d) tratamento do carboneto de cálcio finamente moído e aquecido a 1.000 °C com N2 que é fixado na forma de calciocianamida. A cianamida pode er utilizada diretamente como fertilizante, apresentando-se na forma de pó com 22% de N e de grânulos com 21% de N. É um produto que apresenta elevada alcalinidade, portanto incompatível com outros fertilizantes que tenham N na forma amoniacal. Apesar de 98% do N ser solúvel em água ele não se encontra em forma prontamente abosrvível pela planta. No solo a cinamida sofre hidrolise, levando à fomração de NH4+, que por sua vez pode ser nitrificado. Produtos intermediários desta hidrólise são tóxicos às plantas, por esto ele deve ser aplicada antes do plantio e bem misturada como solo. Atualmente é um fertilizante que praticamente não é utilizado. Síntese de Amônia Para a produção de amônia três componentes são necessários: gás natural (metano - CH4), vapor e ar. O método atual de produção de amônia é uma combinação dos métodos de Harber e Claude, daí a denominação Claude-Harber. Por este processo, o N reage com o H na presença de catalizadores (ósmio ou ferro) sob alta temperatura (400 - 500ºC) e pressão (200 - 1000 atmosferas). A reação é a seguinte: 3 H2 + N2 → 2 NH3 O processo que vem sendo utilizado atualmente pela Fábricas de Adubos e Fertilizantes Nitrogenados - FAFEN (antiga NITROFERTIL, pertencente ao grupo PETROBRAS) apresenta pequenas variações do processo anterior, mas basicamente o princípio é o mesmo, ou seja, parte da reação de gás natural (basicamente o metano - CH4) com a água: 3 4 74 2 2 2 4 2CH H O CO H CO CH H O+ ⎯ →⎯ + + + + Os produtos dessa reação recebem a injeção de ar quente (N2 + O2) sob pressão (1000 ºC e 27 atm) para formar a amônia: N H NH2 2 33 2+ ⎯ →⎯ 10 A amônia pode ser usada para produzir vários fertilizantes nitrogenados, notadamente a ureia, sulfato de amônia, monoamônio fosfato (MAP) e diamônio fosfato (DAP), bem como para a formulação de rações para animais. 4. Ciclo do N no solo O ciclo do N no solo compreende os fluxos de entradas, as transformações entre as formas em que ocorre no solo, o fluxo de absorção por plantas e microrganismos e os fluxos de perdas. Teores e formas em que o N ocorre no Solo No solo o N encontra-se em formas inorgânicas e orgânicas, sendo que de 95 a 98% do nitrogênio total existente no solo esta na forma de compostos orgânicos (R - NH2). Para ser absorvido pelas plantas e microrganizmos estas formas necessitam ser transformadas para formas inorgânicas (NH4+ e NO3-) pelo processo de oxidação microbinana, que incluem a mineralização e nitrificação. Em solos sob clima tropical a concentração de N total, incluindo formas orgânicas e inorgânicas, pode variar entre 0,2 e 4 g/kg com maiores valores para solos áridos e semi- áridos. Os solos orgânicos pode chegar até 20 g/kg de N. Nos solos minerais, estes teores podem representar de 400 a 8.000 kg/ha de N, ocorrendo, no entanto, predominantemente em formas orgânicas. As quantidades de N presentes nos solos são controladas especialmente pelas condições climáticas e pela vegetação. O grande estoque de N orgânico do solo pode ser considerado como uma reserva potencial de N para a nutrição de plantas, uma vez que, as quantidades absorvidas comprativamente são pequenas. Urquiagua et al. (1984) estimaram, por exemplo, que a cultura do feijão extrai menos do que 1,1% do N total do solo. Formas Orgânicas de N O N orgânico ocorre no solo na forma de proteínas, aminoácidos livres, açúcares aminados e outros complexos, qualificados como compostos não identificados. O N ligado aos aminoácidos (proteico) representa de 20 a 40 %, aquele ligado a amino açúcares 5 a 10 %, e ácidos nucléicos menos que 1 % ou menos. Proteínas são comumente encontradas em combinação com argila, lignina e outros materiais, o que aparentemente, confere a esses compostos maior resistência à decomposição. Diante as proporções indicadas acima, deduz-se que uma grande proporção do N do solo encontra entre os compostos não identificados. A maior parte deste N esta ligado à estrutura da matéria orgânica pesada, ou seja as frações, substâncias húmicas, substâncias fulvicas e huminas. Os compostos nitrogenados nos restos animais e vegetais, têm, em sua maioria, natureza proteica. Formas Inorgânicas de N 11 Algumas das formas inorgânicas de N são: amônio (NH4+), nitrito (NO2-), nitrato (NO3-) óxido nitroso (N2O), óxido nítrico (NO) e nitrogênio elementar (N2). Em termos de fertilidade do solo e nutrição das plantas o NH4+ e o NO3- são as mais importantes, sendo que o NH4+, NO3- e NO2- representam de 2 a 5 % de N total do solo. O N inorgânico geralmente é mais alto em solos áridos ou semi-áridos2. Os teores das formas inorgânicas de N são bastantes variáveis e em curto período de tempo, como resultado do complexo fluxo de transformações e de perdas que estas formas etão sujeitas. Mineralização A mineralização de compostos orgânicos nitrogenados ocorre por meio das reações sucessivas de aminação e amonificação, que são processadas por microrganismos heterotróficos que utilizam o substrato orgânico como fonte de energia. Aminação Por meio da ação de peptidases extracelualares microrganismos heterotróficos do solo promovem a quebra de proteínas liberando pepítidios e aminoácidos: Tal processo é realizado por numerosos grupos de bactérias e fungos, como alaternativa para obtenção de energia. Amonificação Os peptídios e aminoácidos produzidos no processo de aminação são trasportados para o interior das células microbianas, onde sofrem o ataque de amonificadores produzindo-se amônia (NH3) e compostos intermediários que incluem; álcoois, aldeídos, e ácidos orgânicos, que são empregados no metabolismo energéticos dos decompositores. Nos micorganismos aeróbios isto se dá por meio do ciclo dos ácidos tricarboxilicos e nos anaeróbios por meio da deeaminação e fermentação. A amonificação ocorre por meio de diferentes reações de desaminação (desaminação hidrolítica, desaminação oxidativa, desaminação redutiva e desaminação dessaturativa), que em termos gerais podem ser esquematizadas pela reação abaixo: R NH H O NH R OH energiahidrólise enzimática − + ⎯ →⎯⎯⎯ + − +2 2 3 Par 2 O solo nas condições árida apresentam, em geral, maior CTC, o que favorece a retenção de NH4+ e o regime de chuvas não favorece a lixiviação de NO3-. 12 Nesta etapar conclui-se o processo de mineralização. Parte da NH3 produzida será assimilado pelos microrganismos, isto é sofrerá aminação e constituirá uma nova proteína. Isto se dá por meio da aminação com ácido α-cetoglutárico ou fumarato do ciclo dos ácidos tricarboxílico formando ácido aspartico e glutâmico, que serão empregados na síntese dos aminoácidos e proteínas das novas células. A proção do NH3 que não é assimialada é excretada para omeio externo, ond em contato coma solução do solo converte-se no íon amônio: 2 23 2 3 4 2 3 4 3 2NH H CO NH CO NH CO+ ⎯ →⎯ ⎯ →⎯ ++ −( ) A molécula de uréia, que esta presente nos resíduos animais, e excreções vegetais e microbianas, contém o N forma orgânica (amídica). A mineralização desta forma orgânica do N se dá pela hidrólise da uréia que é catalizada pela enzima urease, produzindo NH4+, segundo a reação: CO(NH2)2 + 2 H2O urease⎯ →⎯⎯⎯ (NH4)2CO3 ⎯→ 2 NH4+ + CO3-2 O NH4+ formado pode ser: convertido para NO2- e NO3- por meio da nitrificação; ser absorvido pelas plantas; adsorvido por forças eletrostáticas da fração argila tomando parte do complexo sortivo do solo; fixado por minerais de argilas do tipo 2:1; ou imobilizado por microrganismos heterotróficos na mineralização dos substratos orgânicos. Nitrificação A nitrificação corresponde a oxidação biológica do amônio, sendo realizada por diversos grupos de bactérias quimiautotróficas3. São bactérias da família Nitrobacterizaceae, também denominadas de bactérias oxidadntes do N. Trata-se de um processo em duas etapas. Na primeira, denominada de nitritação, o NH4+ é convertido para NO2- por bactérias, por exemplo, do genero Nitrosomonas. Na segunda, denominada de nitritação, o NO2- é oxidado para NO3- por bactérias do gênero Nitrobacter. Em forma esquemática esta etapas são repesentadas pelas reações abaixo, que se procesam nas membranas celulares. 3 Bactérias que obtem energia a partir da oxiação de substratos de nautreza inorgânica. 2 2 44 2 2 2NH O NO H O H Nitrosomonas Oxidação enzimática + − ++ ⎯ →⎯⎯⎯⎯⎯⎯ + + 2 2 3NO O NO energia Nitrobacter Oxidação enzimática − −+ ⎯ →⎯⎯⎯⎯⎯⎯ + 13 A nitritação produz 65 kcal por mol de NH4+ oxidado e a nitritação 17,8 kcal por mol de NO2- oxidado, energia esta que é utilizada nos processo vitais dos microrganismos. Três aspectos devem ser ressaltados sobre a nitrificação: 1) Por se tratar de um processo oxidativo requer oxigênio molecular, sendo, por tanto, mais intensa em solos bem aerados; 2) A reação libera 4 mol de H+ cada molécula de NH4+ oxidado, sendo portanto, um processo acidificante do solo; 3) O NH4+, que por sua interação com a CTC do solo é convertido em uma forma menos adsorvida pelo solo, e por isso, maior mobilidade no solo. Além de micorganismos quimiautotróficos, alguns quimiorganotróficos (heterotróficos) são capazes de produzir NO3-, denominando-se assim nitrificação heterotrófica. São eles bactérias dos gêneros: Pseudomonas, Bacillus, Corynebacterium e Achromobacter e os fungos Aspergillus flavus, assim como espécies de Penicillium e Cephalosporium. Os heterotróficos além de produzir nitrato a partir do NH4+, o fazem a partir de substrato orgânico, o que ocorre em especial com fungos por meio da oxidação de aminas ou amidas para hidroxilamina: R-NH2 → R-NHOH → R-NO → R-NO3 → NO3- Entre os fatores que afetam a nitrificação destacam-se: 1) Condições ambientais em termos de temperatura e umidade e aeração do solo. A nitrificação é favorecida por temperatura entre 25 - 35 ºC. A umidade do solo tem que ser suficiente para atender a necessiade dos microrganismos, mas não comprometer a aeração do solo. Por se tratar de um processo oxidativo ela é favorecida por uma adequada pressão de O2. A umidade na condição da capacidade de campo, portanto, é mais favorável à nitrificação. 2) O suprimento de NH4+ que é o substrato. Intensa mineralização ou a aplicação de NH4+ na forma de fertilizantes químicos são favoráveis a maior nitrificação; 3) A reação do solo. Embora a nitrificação ocorra geralmente entre pH 5,5 a 10,0 a condição ótima esta torno de pH 8,5. No entanto, verifica-se nitrificação em pH 3,8 a 4,5; 4) Um adequado suprimento de Ca, P e um balanço adequado de Fe, Cu, Mn e outros nutrientes; 5) População de organismos nitrificantes. Sob mesmas condições ambientais, a capacidade de nitrificação dos solos pode ser diferente devido a uma variação na população; Considerando que a atividade dos nitrificantes quimiautotróficos é comprometida em condições mais ácidas, o processo de nitrificação por heterotróficos pode justificar a presença de teores de nitrato em solos tropciais com elevada acidez. Normalmente há correlação entre a concentração de NO3- no solo, ao longo do ano, e a pluviosidade. Durante o período seco, há baixa nitrificação, mas com o início das chuvas a concentração de NO3- aumenta no solo. Com a continuidade do período chuvoso, pode existir uma queda na concentração deste íon em decorrência da sua lixiviação. 14 Balanço entre as formas orgânicas e inorgânicas do N no solo Este balanço depende do equilíbrio entre os fluxos de mineralização e imobilização. Sob o ponto de vista da diponibilidade do N, o equilíbrio entre estes fluxos determina ou não a mineralização líquida4 do N. A biomassa do solo5, responsável pela mineralização dos substratos orgânicos (resíduos orgânicos e matéria orgânica do solo), tem, em média uma relação C/N de 10:1. Com isto, têm-se a necessidade de uma unidade de nitrogênio para cada 10 unidade de C asssimilado6. Assim, a relação C/N do substrato (resíduos orgânicos ou matéia orgânica do solo) é um dos fatores que determinará se o fluxo líquido será de mineralização ou imobiliação de N. Relação igual ou menor que 20:1 condiciona, em termos gerais mineralização líquida de N. Por outro lado relação acima de 30:1 indica o predomínio de imobilização e entre 20 e 30:1 predomina o equilíbrio entre imobilização e mineralização, quando não haverá liberação de formas inorgânicas do N para o solo. Além da relação C/N ser satisfatória, o N tem que estar em biologicamente disponível, o que nem sempre ocorre. Quando a ligação entre o N no composto orgânico é muito estável os processos enzimáticos dos microrganismos nem sempre são eficientes o suficiente para clivar esta ligação. Compostos fenólicos, que são comuns nas plantas, por exemplo, podem complexar o N, mantendo-o em estado não biodisponível. Os teores de polifenois, portanto, é um dos fatores, que junto com a relação C/N, determina a intensidade da mineralização. É também pela baixa biodisponibilidade que a mineralização líquida de N a partir da matéria orgânica estabilizada (ácidos fúlvicos, ácidos humicos e huminas) é pequena. O teor nas frações humificadas é de 5-5,5 % e o de C de 50-58 %, o que proporciona uma relação C/N entre 9 e 12. Embora seja favorável a bixa biodisponibilidade do N limita a mineralização líquida de N. As ligações que o N estabele nestes compostos são extremamente estáveis, sendo, portanto, um fator importante para a formação desta matéria orgânica estabilizada. Outras relações também têm efeito sobre a mineralização das formas orgânicas do N, tais como como lignina/N e (lignina + polifenois)/N. Tem se constatado estreita corelação com a taxa de mineralização de N-orgânico (Constantinides & Fownes, 1994). A relação C/N/S, que apresenta ampla variação entre os solo, ou de acordocom o manejo do solo também afeta a decomposição da matéria orgânica e consequentemente a mineralização do N. Bettany et al. (1980) encontraram de 96:10:1,3 para pastagens e de 107:10:1,5 para 4 Define-se como mineralização líquida a sobra de N mineralizado, que é liberado para o solo na forma de NH4+, que na seqüência poderá se converte a NO3-. 5 Biomassa do solo inclui a população de bactérias, fungos, algas, actinomicetos e vírus, como principais gurpos de microganismos do solo. 6 C assimilado, corresponde a proporção do C oxidado pelo processo respiratório que é utilizado na manutenção do processos das células e constituição de novas células. Emtermos médios a eficiência assimilatória da biomassa do solo é de 35%. Isto significa que 65% do C oxidado no processo respiratório e emitido como CO2. 15 solos com culturas. Para solos sob floresta, na Índia, foram observados valores médios de 73:10:5,3 (Dolui & Bandyophadhyay, 1983), enquanto que para ultissolos chilenos Opazo & Rodrigues (1984) observaram uma relação de 157:10:1,4. A taxa de decomposição do material orgânico será maior quando essas relações forem mais estreitas. No Quadro 6.1. pode ser observado o efeito da relação C/N na mineralização do N. incorporação de palha de milho isolada e em mistura com ureia na quantidade de N inorgânico no solo. Após um mês de incubação, a aplicação isolada da palha (alta relação C/N) reduziu os teores de N inorgânico no solo, ou seja, houve imobilização de N. Por outro lado, o suprimento adicional de ureia não permitiu a ocorrência de imobilização e sim, provavelmente, o estímulo à mineralização. Com o passar do tempo, a relação C/N se estreita, e os teores de N inorgânico aumentam, indicando aumento na mineralização no solo incubado com apenas a palha de milho. A mineralização do N no solo sem palha também foi relaivamente pequena. A concentração total de N em resíduos orgânicos a serem adicionados ao solo é um fator a ser considerado quanto à expectativa de imobilização ou de liberação de N. Concentrações de N entre 1,5 e 1,7 % são normalmente suficientes para minimizar a imobilização de N do solo. Quadro 8. Quantidade de formas inorgânicas de N (NH4+ + NO3-) em amostras de solos incubadas durante três meses de acordo com a adição de palha e uréia Tratamento Incubação (meses) 0 1 2 --------------------- mg/pote -------------------- Testemunha 12a 27b 36b Palha (C/N = 38:1) 12a 5c 26c Palha + uréia 12a 55a 95a Médias, na mesma coluna, seguidas por letras iguais não são significativamente diferentes ao nível de 5 %, pelo teste de Fisher. FONTE: Sampaio & Salcedo (1993) Perdas do nitrogênio no solo A formas inorgânicas do N no solo também estão sujeitas a processos de perdas, quer na forma gasosa por meio da denitrificação (N2, NO, N2O) e pela volatização da amônia (NH3) ou por meio de lixiviação e remoção na produção agrícola, florestal e animal. Em solos agrícolas as perdas podem atingir 70 % do N aplicado como fertilizante, embora na maioria dos casos, esses valores situem-se entre 25 e 30 %, podendo representar de 30 a 200 kg/ha/ano, dependendo da cultura e do solo (Siqueira & Franco, 1988). 16 Desnitrificação A desnitrificação é a redução bioquímica não assimilatoria do NO3- sob condições anaeróbicas, ou de baixa pressão de oxigênio. A desnitrificação é realizada por microrganismos desnitrificantes heterotróficos que em sua maioria são anaeróbios facultativos, usam preferencialmente o oxigênio como receptor de elétrons, mas também podem utilizar nitrato e nitrito como substitutos. Estes organismos anaeróbios facultativos envolvidos na decomposição de matéria orgânica têm a capacidade de obter o seu oxigênio do NO3- e do NO2-, resultando na liberação de N e óxido nitroso. A desnitrificação é, portanto, mais intensa quando há falta de oxigênio, como em condições de excesso de água, no entanto, ela ocorre em condições de solo bem drenado, mas com intensa atividade microbiana promovendo intesna atividade respiração, e conseqüente diminuiçãoda pressão de O2. Esta condição é comum quando se adiciona ao solo resíduos orgânicos de fácil mineralização, como aqueles com baixa relação C/N. O proceso de desnitrificação compreende as seguintes etapas: Estas estapas são, respectivametne, catalizadas pelas enzimas ritrato redutase, nitrito redutase, óxido nítrico redutase e óxido nitroso redutase. A velocidade da desnitrificação depende dos fatores edafoclimáticas, que interfrem nas condições de aregajamento do solo. Considerando as etapas da reação acima, percebe-se que desnitrificação se processa em condições em que há falta parcial de oxigênio. Nas condições extrema, ou de anerobiose, a perda se da efetivamente pela emissão de N2. Muitas das bactérias denitrificantes são sensíveis a baixo pH (< 5,0), sendo o pH ótimo entre 6 e 8, no entanto ressalta-se que em condições anaeróbias o pH do solo tende a subir porque as reações de redução consomem H+. A formação natural do óxido nitroso (N2O) por processos microbiológicos durante a desnitrificação e a nitrificação, tem sido relacionada com problemas de ordem global. Existem algumas evidências que o N2O pode estar relacionado com a destruição catalífica da camada de ozônio da estratosfera (Crutzen, 1976). A produção e evolução do N2O do solo e de fertilizantes depende de uma série de fatores decorrentes de práticas de manejo agrícola e das condições ambientais. Após uma análise de 104 experimentos de campo entre 1979 e 1987, onde foram avaliadas as emissões de N2O, Eichner (1990) sumariza os principais fatores de 17 manejo e ambientais que afetam a emissão de N2O derivado do uso de fertilizantes nitrogenados. Práticas de manejo: Fatores ambientais Taxa de aplicação Temperatura Modo de aplicação Precipitação Tempo de aplicação Teor de umidade do solo Práticas de cultivo Teor de C orgânico do solo Uso de outros produtos químicos Disponibilidade de oxigênio Tipo de cultura Porosidade Irrigação pH Teor residual de C e N de culturas e fertilizantes Microbiota do solo Volatilização A volatilização de amônia a partir do amônio se deve a instabilidade deste cátion em condições alcalinas, conforme a reação: NH OH NH H Og4 3 2 + −+ ⎯ →⎯ +( ) . Assim, em solos com elevados valores de pH ou que sofreram uma calagem excessiva, a existência de N-NH4+ ou sua aplicação como fertilizante resultará em considerável perda de N. A volatização da amônia é influenciada por fatores do solo como pH, teor de carbonato de cálcio, CTC, concentração de cátions trocáveis, textura, temperatura, umidade e espécies contendo amônia ou sais que formam amônia, além de aspectos de manejo de adubação como taxa de aplicação de NH4+ e profundidade de incorporação. A utilização de fertilizantes como a ureia podem condicionar maiores perdas de N, especialmente se aplicado na superfície do solo, por meio da volatilização da amônia resultante da reação do fertilizante com enzimas do solo. conforme a seqüência de reações abaixo; CO NH H O NH COUREASE( ) ( )2 2 2 4 2 32+ ⎯ →⎯⎯⎯⎯ Hidrólise da uréia pela urease ( )NH CO H O NH OH HCO4 2 3 2 4 32+ ⎯ →⎯ + ++ − − Hidrólise do carbonato amônio Com a liberação de hidroxilas o pH ao redor do grânulo aumenta, promovendo a volatilização da amônia: Dados apresentados por Terman (1979) mostraram, por exemplo, que a porcentagem de perda de NH3 a partir de uréia variou de 10 %, quando o pH do solo era 5,0, a 50 %, quando o pH foi elevado para 7,5. Esta perda será particularmente acentuada se o fertilizante é aplicado à superfície de solos secos e sob alta temperatura. A perda de NH3 no mesmo experimento citado por Terman (1979) foi de 16 % quando a uréia foi aplicada à superfície do solo contra 6 % com a localização a 3,8 cm de profundidade. No que se refere à temperatura do solo, a perda de NH3 passou de cerca de 6 % a 25 % quando a temperatura variou de 7 a 32 ºC. 18 Perdas bastante acentuadas de amônia foram detectadas por Rodrigues & Kiehl (1986), em estudo conduzido em casa de vegetação, onde se testaram três doses de ureia aplicadas de cinco modos a um Podzólico Vermelho Amarelo, de textura areia franca e pH = 7,1 (PV) e a um Latossolo Vermelho Amarelo distrófico, de textura franco arenosa, pH = 5,8 (LVd) (Quadro 9). A volatização da amônia foi maior quando a aplicação foi realizada na superfície do solo emenor ao se aplicar a uréia à profundidade de 5 cm. A menor perda observada no PV, apesar de seu pH mais elevado, foi atribuída à sua maior CTC. Quadro 9. Perdas de amônia por volatização, em função de doses e modos de aplicação de uréia a dois solos (PV e LVd) Dose Modo de aplicação de ---- Superfície ---- ----- 0 - 2 cm ----- ----- 0 - 5 cm ----- ----- a 5 cm ----- N PV LVd PV LVd PV LVd PV LVd kg / ha ---------------------------------------------- % ------------------------------------------------- 120 94,5 80,0 65,8 70,1 18,1 65,2 1,4 34,7 180 92,1 86,6 76,3 81,0 37,0 65,8 - 14,1 53,7 240 86,8 83,2 71,9 81,4 43,9 70,7 - 9,8 62,0 Adaptado de Rodrigues & Kiehl (1986) Lixiviação Em solos com boas condições de drenagem, a predominância da forma nítrica traz importantes implicações para o manejo de adubação e controle da poluição local. A forma aniônica (NO3-) apresenta grande mobilidade no perfil do solo, e com isso, as perdas de N por lixiviação podem ser muito intensas. A movimentação de amônio e nitrato em colunas de solo após a aplicação de diferentes doses de P e de gesso foi estudada por Dias (1992). Após a incorporação de calcário, P, gesso, K e 314 mg de N (36 % N-NO3- e 64 % N- NH4+) colunas de solo receberam o equivalente a 700 mm de chuva durante um período de 70 dias, sendo o lixiviado coletado a cada aplicação de água. De acordo com os resultados obtidos com os três solos em estudo (Quadro 10) observa-se claramente a maior movimentação de NO3- em relação ao amônio. Essa diferença de magnitude é intensa principalmente em função da calagem do solo, que proporciona aumento na capacidade de retenção de cátions e redução na de ânions. Nota-se, ainda, que as quantidades encontradas na solução lixiviada são bem superiores às aplicadas, indicando que provavelmente os tratamentos aplicados proporcionaram, também, mineralização do N orgânico do solo. Em função do NH4+ ser retido junto às cargas negativas na superfície dos colóides, a sua movimentação no solo é muito menor que a de NO3-. 19 Em termos de manejo de adubação nitrogenada, devem evitar adubações pesadas em períodos de baixa exigência do nutriente pela cultura. Um exemplo clássico é a adubação de cobertura aos 45 dias após o plantio que tradicionalmente é realizada para a cultura do milho. Uma adubação mais pesada de N no plantio aumenta muito o potencial de perdas do elemento, pois, além de não existir sistema radicular para sua absorção, o pico de demanda do nutriente é observado a partir dos 45 dias de cultivo. Em países onde existe um grande consumo de fertilizantes nitrogenados tem sido uma preocupação constante o monitoramento da concentração de NO3- em águas subsuperficiais (Weil et al., 1990; Milburn et al., 1990; Roth & Fox, 1990; Medalie et al., 1994). O acúmulo de NO3- em manancias aquíferos pode acarretar sérios problemas ambientais resultantes da eutrofização e a conseqüente aumento da demanda biológica de oxigênio (DBO). A mortalidade repentina de peixes em lagos é um exemplo comum que tem sido observado como conseqüência da escassez de oxigênio na água devido ao aumento da DBO. Quadro 10. Quantidades médias de NO3- e NH4+ encontradas na solução lixiviada em colunas de três solos 1/ Solo Argila NH4+ NO3- % ---------------- mg --------------- 1 14 160 950 2 59 105 610 3 35 220 715 1/ Adaptado de Dias (1992) Exportação por Culturas A quantidade de N absorvida e exportada da área via produção agrícola varia com uma série de fatores tais como, produtividade da cultura, tipo de colheita (se manual ou mecanizada), tipo de produto, condições ambientais (solo, clima) etc. Considerando-se valores médios, a exportação de N em algumas culturas, em oito anos ou ciclo de cultivo, é a seguinte, em kg/ha: cana-de-açúcar - 1025; milho - 910; café - 256; feijão - 807; soja - 2360; eucalipto - 282. 5. Fatores que Afetam o Teor de N do Solo Ao longo das diferentes reações e transformações em que o N toma parte no solo, este nutriente encontra-se numa concentração que expressa um equilíbrio entre as reações decorrentes da ação da microbiota e das condições ambientais. Os fatores que atuam na disponibilidade de N são: 20 • Clima: Por intermédio do binômio temperatura-umidade, o clima exerce grande influência no teor de N do solo. Algumas estimativas reportam que para cada aumento de 10 ºC na temperatura do solo, ocorre uma diminuição de duas a três vezes na concentração de N. • Tipo de vegetação: A vegetação pode exercer grande influência na concentração de N no solo. Plantas que possuem um sistema radicular volumoso, como o observado para as gramíneas, fornecem mais matéria orgânica ao solo, e, conseqüentemente, maior será a concentração de N no solo. Esse comportamento torna-se evidente quando se comparam as quantidades existentes do nutriente, na camada de 0 a 30 cm de profundidade, em solos sob mata e sob pastagem natural, por exemplo. • Topografia: A topografia pode exercer influência nas concentrações de N no solo por meio da formação de micro-climas que podem condicionar o regime de evapotranspiração local. A declividade do terreno que rege o escoamento superficial de água e a posição do lençol freático podem atuar na dinâmica de água do solo, principalmente na geração de ambientes redutores que podem estimular as perdas do nutriente. • Características físicas e químicas do solo: A grande reserva de N do solo encontra-se na matéria orgânica, que para se tornar disponível para a planta é necessário que ocorra a amonificação e, posteriormente, a nitrificação. Conforme relatado por Siqueira & Franco (1988) esses processos devem ser maximizados nos solos agrícolas quando houver raízes crescendo para absorver o NO3-. Do contrário, eles devem ser reduzidos para evitar danos ambientais e o empobrecimento do solo. A formação de complexos orgâno-minerais é um importante fator que contribui para preservar o N do solo. É muito difícil predizer a quantidade de N a ser mineralizada, porque o potencial de mineralização do solo depende, além do ambiente, da natureza química da matéria orgânica, e não somente do seu conteúdo. A maioria dos estudos indica que de 2 a 4 % do N-orgânico total do solo é mineralizado por ano. Ainda de acordo com os mesmo autores, um solo de cerrado que contém em média 0,09 % de N, o que equivale a 2.700 kg/ha na camada de 0 a 30 cm, liberaria entre 50 a 100 kg/ha/ano, que seriam suficientes para suprir grande parte das exigências das culturas. Em estudo realizado por Coelho (1987), verificou-se que um solo de cerrado foi capaz de fornecer 54 kg/ha durante o ciclo da cultura de milho (Quadro 11). Os minerais de argilas também exercem importante papel na preservação do nitrogênio por meio da CTC, que retém o cátion amônio por forças eletrostáticas, e, no caso de argilas do tipo 2:1, por meio da fixação inter-laminar do amônio. Mecanismos que agem com menor intensidade, mas igualmente importantes na conservação de N no solo, devem ser considerados, tais como a adsorção de aminoácidos e proteínas pelas argilas. As perdas por lixiviação tendem a ser mais intensas em solos arenosos, fato que deve ser considerado num programa de adubação. Quadro 11. Destino do N aplicado (60 kg/ha) em cobertura, na forma de ureia (15N), em um latossolo sob cerrado cultivado com a cultura do milho1/ 21 Destino do nitrogênio quantidade proporção do aplicado kg/ha % N-recuperado 34 56 N-retido no solo (0-90 cm) 14 23 N-perdido por lixiviação 2 4 N-perdido outros processos 9 14 N-mineralizado estimado 54 --- 1/ Adaptado de Coelho (1987) Organismos do solo: Em função do que já foi apresentado ao longo desse módulo, torna-se evidente aimportância da microbiota do solo na dinâmica do N no solo. A transformação biológica do N, por meio dos processos de mineralização e imobilização, ocorre simultaneamente, e se constitui no processo-chave do ciclo do N no sistema solo-planta. Outros processos como a nitrificação e desnitrificação são igualmente importantes, principalmente no que se referem a disponibilidade do nutriente para as plantas e às suas perdas. 6. Análise Química do N do Solo como Auxílio na Recomendação de Adubação Em função da dinâmica do N no solo, a sua quantificação para recomendação de adubação, não tem sido muito utilizada. Resultados obtidos em condições de campo, mostram, muitas vezes, não haver correlação entre as quantidades de NO3-encontradas no solo e a produção obtida, ou mesmo com o conteúdo interno de nitrogênio na planta. Dentre os principais problemas com a interpretação dos resultados obtidos com essa determinação, destacam-se: 1) Amostragem - devido alta solubilidade NO3- em água, a chuva pode arrastar o NO3- para camadas mais profunda além camada amostrada; 2) A atividade microbiológica na amostra deve ser paralisada imediatamente após amostragem, a fim de se evitar a nitrificação; 3) O NO3- medido num dia pode ser perdido no outro; 4) O NO3- de um determinado dia pode não se correlacionar com o NO3- disponível no ciclo de uma cultura. No entanto, não se pode descartar a avaliação do teor de nitrato como uma ferramenta útil no processo de recomendação de adubação. Esse método é especialmente útil para culturas de ciclo curto e de rápido crescimento (Dahnke & Johnson, 1990), principalmente em cultivos em regiões climáticas onde não ocorrem excessivas perdas por lixiviação antes do plantio e durante a fase de crescimento da cultura (Raij, 1981). A determinação de amônio tem sido mais utilizada para solos que apresentam características que determinam maior acúmulo dessa forma, ou sejam, alta umidade e temperatura, baixo pH e ambiente redutor, condições que favorecem a amonificação mas não a nitrificação. Como, a forma orgânica de N é aquela que se apresenta em maior quantidade no solo, alguns métodos microbiológicos tem sido utilizados para predizer o potencial de fornecimento 22 de N pelo solo. Esses métodos baseiam-se na incubação do solo em condições de temperatura, pH, umidade e tempo padronizados, na presença de populações capazes de mineralizar o N-orgânico. Por causa destas dificuldades a recomendação de adubação com nitrogênio tem sido baseada principalmente no teor de matéria orgânica do solo, na economicidade, na necessidade da cultura e no histórico da área. 7. Adubação Nitrogenada Embora o teor de N total do solo seja relativamente elevado, somente uma porção muito reduzida deste total se acha na forma inorgânica e, portanto, disponível para as plantas. Para um mesmo solo, a quantidade de N disponível pode ser muito variável pois ela depende de todos os fatores determinantes da mineralização da matéria orgânica. As formas de N no solo, ao contrário de elementos como o fósforo, não estão em equilíbrio estável e as formas inorgânicas apresentam grande mobilidade no perfil, o que leva à não observação do efeito residual. Em razão desse comportamento geral, não existe até o momento um critério adequado para a recomendação de adubação nitrogenada com base em análises do solo. Por isso, a recomendação é feita levando-se em conta os resultados de experimentos, ou o tipo de cultura, histórico de uso da área etc. Assim, por exemplo, em áreas recém-desmatadas a quantidade de adubo nitrogenado a ser aplicado deverá ser menor do que em área já cultivadas por algum tempo, em razão da rápida decomposição dos resíduos ou da matéria orgânica deixada pela floresta. Com o passar do tempo, a taxa de decomposição diminue e tende a se estabilizar em níveis muito baixos. Em Minas Gerais, a quantidade de N recomendada é variável (COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 1978) e vai de 20 kg/ha, por exemplo para a cultura do amendoim, que também utiliza a simbiose com rizóbio como fonte, a 300 kg/ha para a cultura do pimentão. Normalmente, da quantidade total recomendada, uma parte é aplicada na época do plantio e o restante parcelado em uma ou mais vezes de acordo com o ciclo da cultura. Diante dos conhecimentos hoje disponíveis, a maneira mais segura para a recomendação de N seria a condução, para cada local e cultura, de experimentos, por dois ou três anos, para a definição da melhor fonte, dose e época de aplicação ou parcelamento do elemento. Um aspecto muito importante do comportamento do N, é que à medida que a disponibilidade dos outros nutrientes é elevada, a sua demanda passa a ser mais acentuada. Exemplos desse comportamento podem ser observados com a cultura do milho e para pastagens. Para milho, a obtenção de uma produtividade em torno de 5.000 kg/ha, talvez sejam necessários 100 - 150 kg/ha de N, desde que os níveis dos demais elementos estejam 23 satisfatórios. No entanto, quando se quer produtividades em torno de 9000 kg/ha, o "input" de N terá que ser, relativamente aos demais nutrientes, muito maior, algo por volta de 250 a 300 kg/ha. O mesmo raciocínio pode ser utilizado para pastagens de alta produtividade. As adubações nitrogenadas com base no potencial de ganho proteico dos animais exigem valores significativamente mais altos que aqueles que, por tradição, são utilizados. As interações do N na planta com elementos como o P e o S são fatores que também devem ser considerados num programa de adubação nitrogenada. A concentração de N solúvel (NO3-) internamente em plantas é aumentada em função de uma deficiência de enxofre. A sintese proteica é realizada com base num equilíbrio entre os aminoácidos nitrogenados e sulfurosos. Alterações nesse equilíbrio conduzem à menor sintese proteica e, conseqüentemente, ao acúmulo das formas solúveis. O bom manejo da adubação nitrogenada é de extrema importância para que as plantas obtenham o máximo do elemento. Em trabalho realizado com algodoeiro, Kiehl et al. (1985) demonstraram que o modo de aplicação da uréia influenciou a composição nitrogenada da planta (Quadro 12). A porcentagem de N nas plantas tendeu a ser maior quando o fertilizante foi incorporado ao solo. A recomendação geral de parcelamento do adubo nitrogenado é determinada pela dinâmica do N no solo e pela época em que ele é requerido pela planta. Um bom exemplo desse fato são os dados obtidos por Pereira et al. (1981) que estudaram a assimilação e a translocação de nitrogênio na cultura de milho. Houve uma forte relação entre a redução de N no colmo e folhas e a formação de espiga, o que ocorre em torno de 60 dias após a germinação (Figura 2). Quadro 12. Produção (t/ha) e porcentagem de nitrogênio em algodoeiro cultivado em Latossolo Vermelho Amarelo, de Piracicaba, SP Dose Modo de aplicação de ---- Plantio -- -------------- Cobertura ----------- -------------- Parcelado ----------- N sem incorp.-- - com incorp.- - sem incorp.- - com incorp. kg/ha Prod % N Prod. % N Prod. % N Prod. % N Prod. % N 0 1,46 1,49 1,46 1,49 1,46 1,49 1,46 1,49 1,46 1,49 30 1,44 2,16 1,93 2,72 2,61 2,83 2,11 2,45 1,93 2,92 60 2,07 2,51 2,08 2,93 2,44 3,15 2,12 2,56 2,49 3,05 120 2,56 2,77 2,44 3,22 2,72 2,94 2,26 2,68 2,87 3,11 Adaptado de Kiehl et al. (1985). 24 Figura 2 - Dinâmica do N em plantas de milho de acordo com a idade da planta. FONTE: Pereira et al., 1981. Mesmo para um nível de produtividade baixa o parcelamento do NaNO3 permitiu o incremento de produção maior absorção de N e maior porcentagem de proteínas pelas plantas (Quadro 13). Quadro 13. Produção e composição nitrogenada e proteica do milho influenciadas por dosese parcelamento de nitrato de sódio Adubo nitrogenado N total absorvido Produção Proteína kg N/ha ---------------------- kg / ha ------------------- % 0 31,2 785 8,31 401/ 44,8 1 - 175 8,31 1201/ 60,0 1 - 378 8,44 40 + 402/ 85,2 1 - 922 9,56 40 + 40 + 403/ 80,8 1 - 994 9,19 1/ - Todo N no plantio; 2/ - plantio e 40 dias; 3/ - plantio 40 e 60 dias após (NaNO3) PVA/R.J.FONTE: Pereira et al., 1981 No Quadro 14 são apresentados os resultados de um experimento conduzido para verificar o efeito de fontes e doses de N para mudas de eucalipto cultivadas em dois tipos de solos. No solo argiloso a produção máxima de matéria seca foi alcançada com uma dose de N entre 50 e 100 ppm, enquanto que no solo arenoso houve um efeito linear positivo das doses testadas. Fica também evidente a tendência da superioridade do sulfato de amônio em relação às demais fontes, possivelmente pela presença do enxofre na sua constituição ou pela provável interação N-S no metabolismo das plantas. 25 Quadro14. Produção de matéria seca da parte aérea das mudas de E. grandis em função da fonte e dose de N aplicada em dois latossolos vermelho-amarelos-argiloso e arenoso Solo Dose de N Fonte Média CO(NH2) 2 NaNO3 NH4NO3 (NH4)2SO 4 mg/dm3 ------------------------------------- g/planta1/ ------------------------------------ 0 0,4 0,5 0,3 0,3 0,4 50 1,2 1,0 1,2 1,2 1,2 Argiloso 100 1,1 1,1 1,1 1,4 1,2 200 1,2 1,0 1,1 1,3 1,2 Média 1,0 0,9 0,9 1,1 1,0 0 0,8 0,8 1,0 0,8 0,9 50 1,8 1,9 1,9 2,1 1,9 Arenoso 100 2,5 2,7 3,0 2,9 2,8 200 3,3 3,0 2,8 3,6 3,2 Média 2,1 2,1 2,2 2,4 2,2 1/ DMS (Tukey 5%) - dose/solo = 0,2; solo/dose = 0,2; dose/fonte = 0,3. FONTE: Locatelli, et al., 1984. 8. Pricipais Adubos Nitrogenados Os adubos nitrogenados podem ser divididos em orgânicos naturais e químicos. Adubos Orgânicos Naturais As fontes naturais orgânicas de N contêm entre 1 e 13 % de N. Até pouco tempo pensava- se que estas fontes liberavam lentamente o N, evitando o consumo de luxo ou perdas excessivas por lixiviação ou desnitrificação. No entanto, isto não é totalmente correto, pois a mineralização depende das condições ambientais e da microbiota do solo. As fontes orgânicas originam-se de materiais orgânicos de plantas e animais. Alguns exemplos são: Estêrco de curral = 0,5 % N; Torta de mamona = 6 % N Estêrco de galinha = 2 % N; Farinha de carne = 10 % N Torta de filtro de usina = 1,3 % N; Torta de amendoim = 8 % N Torta de algodão = 7 % N; Farinha de sangue = 8 a 14 % Adubos Químicos As fontes químicas de N apresentam maiores vantagens no que se referem à sua concentração, transporte, manuseio e aplicação, em relação as fontes orgânicas. A maior parte delas são derivadas da amônia (NH3). Amônia anidra - NH3 - (82 % N) - tem que ser armazenada sob pressão na forma líquida. Sua aplicação no campo exige o uso de tanque sob alta pressão e é injetada diretamente dentro do solo. As chances de perda do gás NH3 são elevadas. Este composto é tóxico e retarda a 26 nitrificação e tem ação acidificante no solo. Muito comum em paízes de agricultura tecnificada como nos EUA, onde representa cerca de 40 % de todo o N utilizado. Seu uso é pouco difundido no Brasil, embora na região canavieira de São Paulo algumas usinas já façam uso dessa fonte de N. Nitrato de amônio - NH4NO3 - (33 % N) - é produzido pela reação do ácido nítrico com amônia. Tem metade do seu N na forma amoniacal e metade na forma nítrica, ou seja, formas prontamente disponíveis para as plantas. Como desvantagens para seu uso tem-se o difícil manuseio e armazenagem, devido sua elevada higroscopicidade; ao tomar contato com a umidade do ar ou qualquer fonte de carbono oxidável, forma mistura explosiva. Sulfato de amônio - (NH4)2SO4 - (20 % N) - pode ser obtido pela reação do NH3 com H2SO4 ou pode-se reagir NH3 com CO2 para formar (NH4)2CO3, que é posteriormente combinado com gêsso, obtendo-se CaCO3 + (NH4)2SO4. O sulfato de amônio é pouco higroscópico e também boa fonte de enxofre, com 24 % do elemento. Sua reação no solo é ácida, sendo desaconselhável para solos que sofreram calagem, além de apresentar maior custo por kg de N, devido ao baixo teor do elemento. Uréia - CO (NH2)2 - (45 % N) - é produzida pela reação do NH3 com CO2 sob pressão e temperatura elevadas. Para seu uso eficiente, é necessário o conhecimento de suas propriedades e de seu comportamento no solo. Após sua aplicação no solo, a uréia é atacada pela enzima urease e se hidroliza para a forma instável de carbonato de amônio, o qual se decompõem em NH3 e CO2, formando, por fim, NH4+. CO(NH2)2 + H2O ⎯→ (NH4)2CO3 (NH4)2CO3 ⎯→ NH3 + CO2 + H2O (NH4)2CO3 + 4O2 ⎯→ 2NO3- + 3H2O + 2H+ + CO2 Sua hidrólise é rápida em condições favoráveis para o crescimento de plantas. Temperaturas maiores que 37 ºC favorecem a atividade da urease. Com sua reação alcalina, pode desenvolver microsítios em torno da partícula de grande alcalinidade (pH 8 - 9,0), podendo criar condições desfavoráveis para a atividade da urease (acúmulo de NH3+ livre; pH > 7,0), e favorecendo a volatização da amônia. Alguns aspectos agronômicos: uréia seria mais interessante para solos ácidos, sua aplicação junto com a calagem pode aumentar a NH3 livre. Solos com maior CTC podem reter a amônia. Como o maior problema, tem-se a alcalinização após sua hidrólise. Para melhorar sua eficiência, a incorporação é recomendada ⇒ sua reação alcalina na superfície do solo permite a volatilização da amônia, sua incorporação minimiza. A sua forma granular seria mais eficiente. 27 Mono - e diamônio fosfato - MAP e DAP (11-48-0 e 18-48-0) - são considerados mais como fontes de P do que de N, mas sob certas condições podem ser utilizados com vantagem para suprimento deste último elemento. Nitrato de sódio - NaNO3 - (16 % N) - existe uma fonte natural deste fertilizante no Chile e, por isso, é também conhecido como salitre do Chile. O produto químico é obtido pela reação do ácido nítrico com o cloreto de sódio ou carbonato de sódio. Nitrato de potássio - KNO3 - (13 % N e 44 % K2O) - pode ser obtido pela reação de cloreto de potássio com ácido nítrico ou nitrato de sódio. 9. Bibliogrfia ANDRADE, G.C.; SILVA, H.D.; FERREIRA, C.A. & BELLOTE, A.F.J. Contribuicion del água de eluvia en la oferta de nutrientes minerales para el Eucalyptus grandis. 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