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Curso de Cuidador de Idoso Manaus, junho de 2012. 2 APRESENTAÇÃO A população brasileira está envelhecendo. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1992 pessoas com 60 anos ou mais eram 7,9% da população brasileira. Em 2009, chegaram a 11,1%. A população idosa no município de Manaus, segundo o IBGE, em 2005 era de 76.898 idosos. Em 2009 passou para 93.206 representando a inclusão de 16.308 idosos. O novo perfil demográfico da população requer uma mudança das Políticas Públicas para promover ações que atendam às necessidades dos idosos. A Prefeitura de Manaus já está preparada para essa realidade, desenvolvendo políticas direcionadas ao público com 60 anos ou mais. O atendimento ao idoso é realizado na Rede de Atenção Básica e nos níveis ambulatorial e hospitalar. Nesta gestão, em cumprimento à Política Municipal do Idoso, a Fundação de Apoio ao Idoso Dr. Thomas em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde promovem o Curso de Formação de Cuidador de Idoso – CUIDADOSO. O grande diferencial é o conteúdo da programação, com a participação de profissionais qualificados (gerontólogos) dos dois órgãos; e a carga horária, de 130 horas/aula (88 teóricas e 42 práticas). O CUIDADOSO tem como objetivo formar profissionais que vão atuar no trato diário com o idoso, promovendo o bem-estar e melhoria da qualidade de vida, estimulando a autonomia e independência. Os cuidadores acompanham atividades como alimentação, higiene pessoal, compromissos sociais, visitas médicas e demais atividades que compõem o universo do idoso. Ajudam na prevenção de quedas e acidentes domésticos. A ocupação de cuidador faz parte da Classificação Brasileira de Ocupações – CBO sob o código 5162. O profissional é definido como alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida”. Apresentamos a apostila com o conteúdo do curso teórico, abrangendo vários aspectos do cuidado com o idoso: noções de primeiros socorros, aspectos biopsicossociais do envelhecimento, nutrição, espiritualidade na velhice, principais síndromes, entre outros. Pretendemos com essa qualificação que os conteúdos aqui trabalhados sirvam de suporte para o atendimento especializado ao idoso. Martha Moutinho da Costa Cruz Diretora-presidente da Fundação de Apoio ao Idoso Dr.Thomas 3 SUMÁRIO Apresentação................................................................................................................................. 02 O cuidado e o cuidador................................................................................................................... 04 Políticas públicas e direitos do idoso........................................................................................... 10 Cuidados de enfermagem à saúde da pessoa idosa.................................................................... 14 Aspectos psicológicos do envelhecimento e contexto familiar................................................. 20 Aspectos fonoaudiológicos do envelhecimento.......................................................................... 26 Aspectos odontológicos do envelhecimento............................................................................... 34 Aspectos biológicos do envelhecimento...................................................................................... 37 Noções de primeiros socorros............................................................................................... 49 Aspectos fisioterapêuticos do envelhecimento........................................................................... 51 Nutrição na 3º Idade.................................................................................................................... 58 Espiritualidade na 3º Idade......................................................................................................... 69 Telefones úteis ............................................................................................................................. 71 Referências bibliográficas ........................................................................................................... 73 Equipe Técnica colaboradora .................................................................................................... 77 4 O CUIDADO E O CUIDADOR CUIDADO: CONCEITO E PRÁTICA A pessoa idosa acometida por alguma doença necessita, muitas vezes, de alguém que esteja ao seu lado para auxiliá-la a desempenhar as atividades rotineiras e as mais complexas, como aquelas que dizem respeito ao andamento do seu tratamento de saúde. Esta pessoa deverá ministrar os cuidados ao idoso, desde promover sua higiene até ser responsável por dar as medicações ou realizar exercícios fisioterapêuticos. Cuidado significa atenção, precaução, cautela, dedicação, carinho, encargo e responsabilidade. Cuidar é servir, é oferecer ao outro, em forma de serviço, o resultado de suas habilidades, preparo e escolhas; é praticar o cuidado. Cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é, e como se mostra, seus gestos e falas, sua dor e limitação. Percebendo isso, o cuidador tem condições de prestar o cuidado de forma individualizada, a partir de suas idéias, conhecimentos e criatividade, levando em consideração as particularidades e necessidades da pessoa cuidada. Esse cuidado deve ir além dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofrimento físico decorrente de uma doença ou limitação, há que se levar em conta as questões emocionais, a história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa cuidada. O CUIDADOR Cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço de amor à humanidade, de solidariedade e de doação. A ocupação de cuidador integra a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO sob o código 5162, que define o cuidador como alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem- estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida”. É a pessoa, da família ou da comunidade, que presta cuidados à outra pessoa de qualquer idade, que esteja necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações físicas ou mentais, com ou sem remuneração. O bom cuidador é aquele que observa e identifica o que a pessoa pode fazer por si, avalia as condições e ajuda a pessoa a fazer as atividades. Cuidar não é fazer pelo outro, mas ajudar o outro quando ele necessita, estimulando a pessoa cuidada a conquistar sua autonomia, mesmo que seja em pequenas tarefas. Isso requer paciência e tempo Categorias de cuidador Cuidador Informal ou familiar: Pessoa que presta cuidados à pessoa idosa no domicílio, com ou sem vínculo profissional, e que não recebe remuneração. Para ser cuidador informal é necessário ser alfabetizado, possuir estado físico e mental saudável e ter noções básicas sobre o cuidado com os idosos e compreensão do processo de envelhecimento humano. Sua função principal é auxiliar ou realizar atenção adequada às pessoas idosas que apresentam limitações para as atividades da vida diária. 5 Cuidador formal: Pessoa capacitada para auxiliar o idoso que apresenta limitações para realizar as atividades e tarefas de seu dia a dia, sendo a ligação entre a família o serviço de saúde e a comunidade. Geralmente é remunerado. O cuidador formal deveter cursado no mínimo até a 4º série do ensino fundamental, ser maior de idade, possuir treinamento específico, estar bem de saúde física e mentalmente, possuir qualidades éticas e morais, além de gostar do desta qualificação. Sua função principal é auxiliar ou realizar atenção adequada às pessoas idosas. Cuidador profissional: Pessoa que possua educação formal, ou seja, possua certificação conferida por uma instituição reconhecida em órgãos oficiais e que presta assistência profissional ao idoso. O cuidador profissional precisa ter cursado o ensino técnico ou superior e ter treinamento específico em cuidado do idoso. Os cuidadores profissionais seguem funções específicas as conformidades com as legislações das categorias profissionais Trajetória Histórica da Profissão A Atividade de Cuidador de Idosos foi recentemente classificada como ocupação pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, passando a constar na tabela da Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, sob o código 5162-10. Embora este enquadramento não represente novos direitos trabalhistas ao cuidador de pessoas idosas, representa grande ganho à categoria, pois é ponto inicial para regulamentação da atividade. A classificação da CBO garante que o desempenho do cuidador na atividade possa ser comprovado junto aos órgãos oficiais, tais como, Ministério do Trabalho e Emprego, Previdência Social, Receita Federal, IBGE, etc. Assim, a atividade poderá constar nas estatísticas oficiais de forma especifica e não de forma genérica, sem as definições que merece como era feito até então. 1999 – Foi declarado ano internacional do idoso e foi intensificado cursos de cuidadores em parceria com a Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho – SEERT; 2000 – Ministério do Trabalho e Emprego – MTE: inclui a ocupação de cuidadores de idosos no Manual de Classificação Brasileira de Ocupação – CBO; 2001 – Ampliada as parcerias, sendo promovidos cursos de capacitação para cuidadores de idosos em algumas regiões do Brasil, e também em Manaus através da Fundação Dr. Thomas e Secretaria Municipal do Trabalho; 2002 – Portaria 397/02 – aprovada a CBO/02. Formação e Experiência Essa ocupação é acessível à pessoa com dois anos de experiência em domicílio ou instituições cuidadoras públicas, privadas ou ONGs (Organizações não Governamentais), em funções supervisionadas. O acesso ao emprego também ocorre por meio de cursos e treinamentos de formação profissional básicos, concomitante ou após a formação mínima que varia da 4˚ série do ensino fundamental até o ensino médio. 6 No caso de atendimento a indivíduos com elevado grau de dependência, exige-se formação na área de saúde, devendo o profissional ser classificado na função de técnico/auxiliar de enfermagem. A carga horária de trabalho varia de acordo com a necessidade da família e do idoso, caracterizando em tempo integral revezamento de turnos ou períodos determinados. Quando o cuidador é da família. Um ato de carinho do cuidador para com ele mesmo; Definir com clareza os papéis dos familiares, dividindo e estabelecendo as tarefas de cada um e os limites de sua própria tarefa, para não ficar sobrecarregado; Estabelecer horários para sua tarefa de cuidador, fazendo com que os mesmo sejam respeitados pelas pessoas que vão dividir com ele a responsabilidade de cuidar do idoso, evitando na medida do possível assumir tarefas; Se possível, ter na casa um local que seja só seu, que lhe garanta privacidade, e individualidade, separando do espaço que ocupa em comum com o idoso; Estabelecer horários para suas atividades de seu interesse e de suas necessidades pessoais, não deixando de fazer as coisas que dêem prazer; Cuidar da sua aparência e de sua saúde física. Cuidar do seu equilíbrio emocional. Quando o cuidador não é da família. Negociar com a família suas funções e horários de suas atividades; Cuidar de sua aparência e bem estar físico; Preparar-se emocionalmente para enfrentar os problemas e mudanças de humor e comportamento do idoso; Preparar-se para adquirir as qualidades e características, descritas no perfil do cuidador; Manter uma atitude positiva, buscando ajuda sempre que necessário, não deixando se absorver, completamente por sua tarefa de cuidador, mas procurando fazer com que seu trabalho lhe dê satisfação. Habilidades e Qualidades Pessoais A habilidade técnica diz respeito aos conhecimentos teóricos e práticos, adquiridos por meio da orientação de profissionais especializados. As qualidades pessoais (ética e morais) são atributos necessários para permitir a relação de confiança, dignidade e respeito, sendo capaz de assumir responsabilidades com iniciativa, principalmente quando a pessoa não for familiar. O cuidador não familiar deve procurar adaptar-se aos hábitos familiares, respeitar a intimidade, a organização e crenças da família e do idoso, evitando interferências. 7 As qualidades emocionais dizem respeito ao domínio e equilíbrio emocional, facilidade de relacionamento humano, capacidade de compreender os momentos difíceis vivido pelo idoso, adaptação às mudanças sofridas por ele e pela família, tolerância à situação de frustração pessoal. As qualidades físicas e intelectuais são necessárias, pois sem saúde física, força e energia nas situações de deambulação e apoio para cuidar da higiene pessoal. O desempenho das atividades fica prejudicado, também é necessário ser capaz de avaliar e administrar situações que envolvem ações e tomada de decisões. A empatia é uma ferramenta importante para o funcionamento do trabalho, haja vista que a identificação do cuidador com as atividades desempenhadas bem como o idoso e sua família tornam-se condição o bem estar do cuidador e da pessoa cuidada O cuidador deve compreender que a pessoa cuidada tem reações e comportamentos que podem dificultar o cuidado prestado, como quando o cuidador vai alimentar ou dar banho e o idoso cuidado se nega. E de extrema importância que o cuidador reconheça as dificuldades, as limitações e os mecanismos utilizados pela pessoa cuidada, para que não haja sentimentos de frustração e direcionar ao idoso raiva ou impaciência. O estresse pessoal e emocional do cuidador imediato é muito grande, pois se lida com situações limites diariamente. Portanto, torna-se essencial para o cuidador manter-se saudável físico e mentalmente. Entender os próprios sentimentos e aceitá-los, como o processo normal de crescimento psicológico, pode ser um passo importante para qualidade de vida, tanto do cuidador quanto da pessoa cuidada. Vale ressaltar que o cuidador, a família e a pessoa cuidada façam acordos de modo a garantir certa independência tanto para quem cuida quanto para quem é cuidado. Para tanto, no ato da contratação deve ser estipulado entre o contratante e o cuidador quais as atividades que serão desempenhadas pelo cuidador, bem como identificar quais atividades ainda podem ser desempenhadas pelo idoso, a fim de proporcionar autonomia física e emocional para ambos. A negociação pode ser a chave para uma relação de qualidade entre todos os envolvidos neste processo. CUIDADOR E A FAMÍLIA DO IDOSO CUIDADO A doença ou limitações físicas causadas pelo declínio natural do envelhecimento proporciona modificações na vida de todos os membros da família, bem como na dinâmica familiar. Tais mudanças podem acarretar conflitos, inseguranças e desentendimentos, aumentando os problemas referentes ao idoso. Por isto, é tão importante que a família, o cuidador, e a equipe de saúde planejem as ações e estratégias de cuidado com o idoso, e que todos os membros da família aptos para realizaro cuidado, se organizem para desempenhar tarefas de cuidado com a pessoa idosa. A implementação de modalidades alternativas de assistência como hospital- dia, centros de convivência, reabilitação ambulatorial, serviços de enfermagem domiciliar, fornecimento de refeições e auxílio técnico reduziria significativamente a demanda tanto das instituições, quanto das famílias e cuidadores. 8 CUIDADOR E A EQUIPE DE SAÚDE O Ministério da Saúde (Brasil, 2002) divulgou que no Brasil, a maioria dos idosos, mais de 80%, é acometida de enfermidades crônicas, e isto influencia no acréscimo de demanda por serviço público especializado, bem como demanda por profissionais de saúde que realizem atividades técnicas específicas. Diferentemente do cuidador de idoso, o profissional de saúde, pode executar procedimentos técnicos que sejam de competência de sua especialidade, havendo, portanto, um trabalho paralelo e de extrema importância para a qualidade de vida do idoso. O cuidado no domicílio é uma prática que exige de todos envolvidos bom senso, para que o cuidador, a família e o profissional de saúde possam em equipe planejar uma rotina de intervenções. Neste planejamento deve ficar explícito quais atividades o cuidador está apto a desempenhar, e quais tarefas cabem ao profissional de saúde, os quais podem e devem ser solicitados pelo cuidador e família. Portanto, fica evidenciado a importância da comunicação entre o cuidador e a equipe de profissionais de saúde, onde cada um desempenha papéis essenciais. A parceria possibilita promoção de saúde, prevenção de incapacidades e manutenção da capacidade funcional do idoso. CUIDANDO DO CUIDADOR Cuidar de idoso pode ser uma experiência satisfatória, pois pode aflorar muitas qualidades e habilidades que talvez tenham passado despercebidos anteriormente, gerando até uma relação mais próxima com as pessoas. Uma grande parte das pessoas cuidadoras, mesmo com a sobrecarga deste trabalho diuturno, acaba descobrindo a íntima satisfação de serem úteis aos seus familiares mais próximos. Porém, pode despertar também muito cansaço, insatisfação, intolerância e impaciência. É fundamental que o cuidador reserve alguns momentos do seu dia para se cuidar, descansa relaxar, realizar alguma atividade física ou de lazer como caminhada, ginástica, tricô, crochê, pinturas, desenhos, etc. VEJA ALGUMAS DICAS E SUGESTÕES PARA O BEM ESTAR DO CUIDADOR: 1. Enquanto estiver assistindo à TV: Movimente os dedos das mãos e dos pés para mantê-los flexíveis. Massageie os pés com as mãos, ou com rolinhos de madeira ou com bolinhas. 2. Ao se levantar pela manhã, alongue os músculos de todas as maneiras possíveis; espreguice todo o corpo, comece bem o dia; 3. Ao sentar-se por longos períodos de tempo, não se esqueça de reservar um tempo para intervalos de "exercícios". Simplesmente movendo o corpo a cada 15 minutos; 4. Pratique exercícios de relaxamento quando estiver perturbado, preocupado; 5. Compressas quentes (bolsas térmicas, tecidos umedecidos em água quente) auxiliam no relaxamento muscular; 9 6. Ria várias vezes por dia. A risada é um maravilhoso exercício que envolve diversos sistemas e aparelhos do corpo; 7. A atividade física reduz seu cansaço, sua tensão, seu esgotamento físico e mental... SEMPRE QUE LEMBRAR, MEXA-SE... RELAXE; 8. Sempre que possível, aprenda uma atividade nova, leia um livro novo, aprenda mais sobre algum assunto de seu interesse, participe das atividades de lazer do seu bairro, faça novos amigos e peça ajuda quando precisar. Torne a sua vida mais leve e saudável; 9. Realize rodízios dos cuidados com outros membros da família (ou outro cuidador) para que você possa ter um período de “folga e privacidade”; 10. Estabeleça um tempo para si; 11. Evite assumir todos os cuidados. Divida atribuições; 12. Cuide-se de verdade! Vá ao médico. Mantenha-se saudável física e emocionalmente; 13. Não hesite em pedir ajuda se algo não estiver bem. Os cuidadores não têm como única finalidade baratear custos ou transferir responsabilidades, há de se ter consciência que o ambiente familiar deve representar segurança e proteção ao idoso, de forma que sua recuperação se dê de maneira menos dolorosa e o envelhecimento seja tranqüilo. É importante que os cuidadores estejam preparados e conscientes de sua função e de sua importância na manutenção e na melhoria da qualidade de vida do idoso. 10 POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS DO IDOSO Segundo dados do IBGE, dentro do grupo das pessoas idosas, os denominados "mais idosos, muito idosos ou idosos em velhice avançada" (idade igual ou maior que 80 anos), também vêm aumentando proporcionalmente e de forma muito mais acelerada, constituindo o segmento populacional que mais cresce nos últimos tempos, 12,8% da população idosa e 1,1% da população total. No município de Manaus a população idosa já representa 6% da população geral. A prestação de serviços do Estado à população em geral no Brasil é falha, em especial referentes aos elementos básicos, como saúde, educação e segurança, à medida que a aplicabilidade das leis que, já existem, não é promovida a todos de forma igualitária. Para a população idosa o acesso torna-se mais difícil, devido à falta de estrutura do serviço público em proporcionar atendimento adequado. Mesmo com os avanços conquistados na legislação que ampara a pessoa idosa, os quais preconizam a necessidade de atendimento qualificado e prioritário, proporcionando serviços e ações que visem prevenção e promoção de qualidade de vida, ainda é constatado um grande índice de idosos e familiares que não usufruem de seus direitos sob a justificativa de não terem acesso às leis. Desde a década de 70 mudanças sociais começaram a ser percebidas, das quais criação de serviços médicos especializados, revisão do sistema de Previdência Social e criação de programas públicos de lazer voltado para a pessoa idosa foram as mais expressivas. Contudo, a legitimidade dos direitos dos idosos só foi alcançada com a aprovação do projeto da Política Nacional do Idoso, sancionado em 1994 e posteriormente com o Estatuto do Idoso, todos com o objetivo de assegurar os direitos da pessoa idosa. POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO FINALIDADE Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais di idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Art. 2º Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade. PRINCÍPIOS Art. 3º A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes princípios: I – a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; 11 II – o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; III – o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; IV – o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política; V – as diferenças econômicas, sócias, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei. PORTARIA Nº 2528, DE 19/10/2006 – POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA FINALIDADE A finalidade primordial da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos,direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa política todo cidadão brasileiro com 60 anos ou mais de idade. O compromisso brasileiro com a Assembléia Mundial para o Envelhecimento de 2002, cujo plano de Madri fundamenta-se em: (a) participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza; (b) fomento à saúde e bem-estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável; e (c) criação de um entorno propício e favorável ao envelhecimento; e g) escassez de recursos sócio-educativos e de saúde direcionados ao atendimento ao idoso. DIRETRIZES a) Promoção do envelhecimento ativo e saudável; b) Atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; c) Estímulo a ações inter setoriais, visando à integridade da atenção; d) Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; e) Estímulo à participação e fortalecimento do controle social; f) Formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; g) Divulgação e informação sobre a Política de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS; h) Promoção e cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da pessoa idosa; e i) Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. 12 ESTATUTO DO IDOSO Após sete anos de tramitação no Congresso Nacional, em 2003 foi sancionado o Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003- que tem o propósito de assegurar os direitos consagrados pelas políticas públicas voltadas à pessoa idosa, com uma visão de longo prazo ao estabelecimento de medidas que visam o bem-estar dos idosos (BRASIL, 2004). Possui 118 artigos - se referem aos direitos fundamentais, necessidade de Proteção ao Idoso, IDOSO, reforça as diretrizes da PNI. Prioriza o atendimento das necessidades básicas, referentes a serviços de atenção à Saúde, Assistência Social, Benefícios diversos, Programas educativos, restabelecimento da participação social do segmento idoso. SERVIÇOS DISPONÍVEIS E DIREITOS DA PESSOA IDOSA QUE O CUIDADOR DEVE SABER: As atenções da política de assistência social realizam-se por meio de serviços. Benefícios, programas e projetos organizados em um sistema descentralizado e participativo (SUAS), destinados a indivíduos e suas famílias, que se encontram em situação de vulnerabilidade ou risco pessoal e/ou social. A proteção social básica prestada pela assistência social visa a prevenção de situações de risco e inclusão social através do desenvolvimento de potencialidades e de habilidades e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, por intermédio de ações de convivência e atividades sócio educativas e acesso à renda ( Benefício de Prestação Continuada BPC), Benefícios Eventuais. Estes serviços e benefícios são ofertados e/ou articulados no equipamento de política social básica de assistência social – Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Os indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal ou social, em decorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psicológicos, abusos, entre outros são atendidos pela política de assistência social, por meios de serviços oferecidos pelos Centros de Referência Especializados de Assistência Social CREAS, visando reconstituir a qualidade e dignidade de vida. BPC – Benefício de Prestação Continuada de Assistência Social Este benefício é assegurado por lei e pago pelo Governo Federal. Ele é direcionado à pessoas idosas e pessoas com deficiência e busca proporcionar condições mínimas para se ter uma vida digna. O valor do BPC é um salário mínimo, pago por mês à pessoa idosa que não pode garantir sua subsistência, nem por conta própria nem com ajuda da família. Podem recebem o benefício: Pessoas idosas com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência; Quem não tem direito à previdência social; Pessoa com deficiência que não pode trabalhar; Renda familiar inferior a ¼ do salário mínimo; 13 Para fazer o requerimento do benefício, precisa comprovar: O idoso que tem 65 anos ou mais; O deficiente, sua deficiência e o nível de incapacidade por meio de avaliação do Serviço de Perícia médica do INSS; Quem não recebe nenhum benefício previdenciário; Que a renda da família é inferior a 1/4 do salário mínimo por pessoa. Se a pessoa tem direito a receber o BPC, não é necessário nenhum intermediário. Basta dirigir-se à agência do INSS mais próxima levando os documentos pessoas necessários: Documentos do requerente (do idoso): Certidão de nascimento ou casamento; Documento de identidade, carteira de trabalho ou outro que possa identificar o idoso; CPF se tiver; Comprovante de residência; Documento legal, no caso de procuração, guarda, tutela ou curatela. Documentos da família do requerente: Documento de identidade; Carteira de trabalho; CPF; Certidão de nascimento ou casamento ou outros documentos que possam identificar todas as pessoas que fazem parte da família e suas rendas. Benefícios Previdenciários Aposentadoria por idade: O idoso deve ter contribuído para a Previdência Social durante pelo menos 15 anos. Aos trabalhadores urbanos é exigida idade mínima de 65 anos para homens, e 60 anos para mulheres; Para trabalhadores rurais idade mínima de 60 anos para homens e 55 anos para mulher. Aposentadoria por invalidez: Benefício concedido a trabalhadores que foram considerados incapacitados para exercer atividade profissional por doença ou acidente do trabalho. O trabalhador deve ser considerado definitivamente incapaz para o trabalho pela perícia médica do INSS. Pensão por morte: Benefício pago à família quando o trabalhador morre, sendo ativo ou aposentado. A exigência para requerer tal beneficio é ter contribuído para o INSS. As pessoas que podem requerer este benefício são a esposa, marido, companheiro, filho menor de 21 anos ou filho inválido, pai, mão, irmão menor de 21 anos ou inválido. 14 CUIDADOS DE ENFERMAGEM A SAÚDE DA PESSOA IDOSA Com o aumento do índice de idosos acometidos de patologias crônicas, técnicas de cuidado devem ser divulgadas para que o idoso possa ter qualidade de vida, sendo este acamado ou não. Dependendo do grau de dependência física e mental do idoso, os cuidados devem ser mais específicos. Portanto, é fundamental que se avalie o grau de habilidade funcional. É preciso avaliar o autocuidado e a capacidade de viver em seu próprio ambiente, por meio da avaliação das atividades desempenhadas, conhecidas como: ABVD´s (Atividades Básicas da Vida Diária): alimentar-se, usar o banheiro, ter continência, andar, vestir-se, banhar-se, arrumar-se (fazer a barba, pentear o cabelo, cortar as unhas); AIVD´s (Atividades Instrumentais da Vida Diária): cozinhar, arrumar a casa, lavar roupa, telefonar, fazer compras, cuidar das finanças domésticas, tomar remédio e outras mais. AAVD´s (Atividades Avançadas da Vida Diária): Referem-se às funções necessárias para se viver sozinho, sendo específica para cada indivíduo. Elas incluem a manutenção das funções ocupacionais, recreacionais e prestação de serviços comunitários. Os graus de dependência são categorizados a partir da realização das atividades: Grau Independente - o indivíduo consegue fazer, sem ajuda, suas AVD´s; Parcialmente dependente ou média dependência - necessita de supervisão ou de ajuda parcial para desenvolver suas AVD´s; Totalmente dependentes – indivíduos que não executam suas AVD´s, necessitando de alguémque faça por ele. CUIDADOS PARA PESSOAS IDOSAS ACAMADAS OU COM GRAUS DE LIMITAÇÃO HIGIENE A rotina do banho é essencial. Procure aplicar o banho sempre no mesmo horário e não mude a maneira de conduzir. Assim o cuidador deve na medida do possível, deixar que o idoso realize (quando estiver em condições) a tarefa de banhar-se. A maneira de o cuidador agir, é na condição de incentivador e auxiliar. Antes de chamar o idoso para o banho, o cuidador deverá preparar tudo nos mínimos detalhes; se os objetos necessários não estão à mão (sabonete, xampu, toalha, roupas limpas), corremos o risco de ter que deixar o idoso sozinho e molhado em um ambiente potencialmente perigoso. Quando se está preparando o banho, todas as ações devem ser explicadas em voz alta, falando clara e pausadamente, uma a uma. Banho de chuveiro, com água em abundância e temperatura agradável são requisitos indispensáveis. 15 Como proceder no banho de chuveiro com auxílio do cuidador Separe antecipadamente as roupas pessoais, prepare o banheiro e coloque num lugar de fácil acesso os objetos necessários para o banho. Regule a temperatura da água; Retire a roupa da pessoa e a proteja com um roupão ou toalha. Evite olhar para o corpo despido da pessoa a fim de não constrangê-la; Coloque a pessoa no banho e não a deixe sozinha porque ela pode escorregar e cair. Estimule, oriente, supervisione e auxilie a pessoa cuidada a fazer sua higiene. Só faça aquilo que ela não é capaz de fazer; Aparar os pelos pubianos com tesoura para facilitar a higiene intima; Após o banho, ajude a pessoa a se enxugar. Seque bem as partes íntimas, dobras de joelho, cotovelos, debaixo das mamas, axilas e entre os dedos; A higiene dos cabelos deve ser feita no mínimo três vezes por semana. Diariamente inspecione o couro cabeludo observando se há feridas, piolhos, coceira ou áreas de quedas de cabelo; O banho de chuveiro pode ser feito com a pessoa sentada numa cadeira de plástico com apoio lateral, ou em cadeiras próprias para banhos; Os cabelos curtos facilitam a higiene, mas lembre-se de consultar a pessoa antes de cortar seus cabelos, pois ela pode não concordar por questão religiosa ou por outro motivo; Banho no leito ou cama Caso o idoso seja muito pesado ou sinta dor ao mudar de posição, é bom que o cuidador seja ajudado por outra pessoa no momento de dar o banho no leito. Isso é importante para proporcionar maior segurança à pessoa cuidada e para evitar danos à saúde do cuidador. Antes de iniciar o banho na cama, prepare todo o material que vai usar: papagaio, comadre, bacia, água morna, sabonete, toalha, escova de dente, lençol, forro plástico e roupas. É conveniente que o cuidador proteja as mãos com luvas de borracha. Existe no comércio materiais próprios para banhos, no entanto o cuidador pode improvisar materiais que facilitem a higiene na cama. Cubra com plástico um travesseiro e o leito, lave os cabelos e seque-os; Lave com um pano umedecido e sabonete os braços, não se esquecendo das axilas, as mãos, tórax e a barriga. Seque bem, passe desodorante, creme hidratante e cubra o corpo da pessoa com lençol ou toalha. Nas mulheres e pessoas obesas é preciso secar muito bem a região em baixo das mamas, para evitar assaduras e micoses; Faça da mesma forma a higiene das pernas, secando-as e cobrindo-as. Coloque os pés da pessoa numa bacia com água morna e sabonete, lave bem entre os dedos. Seque bem os pés e entre os dedos, passe creme hidratante; Ajude a pessoa a deitar de lado para que se possa fazer a higiene das costas. Seque e massageie as costas com óleo ou creme hidratante para ativar a circulação; 16 Deitar novamente a pessoa com a barriga para cima, colocar a comadre e fazer a higiene das partes íntimas. Na mulher é importante lavar a vagina da frente para trás, assim se evita que a água escorra do ânus para a vulva. No homem é importante descobrir a cabeça do pênis para que possa lavar e secar bem; A higiene das partes íntimas deve ser feita no banho diário e também após a pessoa urinar e evacuar, assim se evita umidade, assaduras e feridas (escaras). Realizando a lavagem dos cabelos Cubra com plástico um travesseiro e coloque a pessoa com a cabeça apoiada nesse travesseiro que deve estar na beirada da cama; Ponha embaixo da cabeça da pessoa uma bacia ou balde para receber a água; Molhe a cabeça da pessoa e passe pouco xampu; Massageie o couro cabeludo e derrame água aos poucos até que retire toda a espuma. Cuidados para evitar assaduras Aparar os pêlos pubianos com tesoura para facilitar a higiene íntima e manter a área seca Fazer higiene íntima a cada vez que o idoso evacuar ou urinar, secando bem a região Expor a área da assadura ao sol, caso seja possível, para ajudar na cicatrização; TODOS OS PROCEDIMENTOS CITADOS SÃO PARA PREVENIR DOENÇAS, PORÉM SE MESMO COM TAIS PROCEDIMENTOS O IDOSO PERMANECER COM FERIDAS, ASSADURAS OU OUTRAS ALTERAÇÕES DEVE-SE COMUNICAR À EQUIPE DE SAÚDE. Arrumação da cama Abrir portas e janelas antes de iniciar o trabalho; Utilizar lençóis limpos, secos, sem pregas e sem rugas; Não deixar migalhas de pão, fios de cabelos, etc., nos lençóis a serem reusados; Limpar o colchão quando necessário e deixar o estrado na posição horizontal; Observar o estado de conservação do colchão, travesseiros e impermeável; Não arrastar as roupas de cama no chão, nem sacudi-las; Não alisar as roupas de cama, mas ajeitá-las pelas pontas. Mudança de decúbito ( mudança de posição do corpo) As pessoas com algum tipo de incapacidade, que passam a maior parte do tempo na cama ou na cadeira de rodas, precisam mudar de posição a cada 2 horas. Esse cuidado é importante para prevenir o aparecimento de feridas na pele (úlceras de pressão) - que são aquelas feridas que se formam nos locais de maior pressão, onde estão as pontas ósseas como: calcanhar, final da coluna, cotovelo, cabeça, entre outras regiões. Proteja os locais do corpo onde os ossos são mais salientes com travesseiros, almofadas, lençóis ou toalhas dobradas em forma de rolo. 17 Decúbito lateral Posicionar-se do lado para o qual se quer virar o idoso; Posicionar o paciente para a beira oposta da cama; Virá-lo para o seu lado, com movimentos firmes e suaves; Apoiar as costas do idoso com travesseiro ou rolo de cobertor; Colocar travesseiro sob a cabeça e pescoço; Posicionar travesseiro entre as pernas e dobrar o membro inferior que está por cima; Manter fletido o membro superior que está em contato com o colchão. Decúbito dorsal Colocar o travesseiro sob a cabeça e pescoço; Posicionar rolo de lençol embaixo dos joelhos e das pernas deixando os calcanhares livres; Assegurar que os membros inferiores estejam alinhados; Apoiar os braços sobre travesseiros com os cotovelos levemente flexionados. 18 Cuidados com a medicação Peça ajuda à equipe de saúde para organizar a medicação. Converse sobre o planejamento dos horários de medicação. Sempre que possível é bom evitar ministrar medicação nos horários em que a pessoa dorme, pois isso interfere na qualidade do sono. Não acrescente, diminua, substitua ou retire medicação sem o conhecimento da equipe de saúde. Se após tomar um medicamento a pessoa cuidada apresentar reação estranha, avise a equipe de saúde. Não se use medicamentos que foram receitados para outra pessoa. A equipe de enfermagem deve aferir sinais vitais antes de administrar as medicações, assim como, checar e realizar a evolução no cartãoou prontuário. Problemas com o sono do idoso A falta de sono ou sonolência em excesso interfere na qualidade de vida da pessoa idosa cuidada e do cuidador. A insônia pode se manifestar de várias maneiras: a pessoa pode demorar a dormir ou dormir por pouco tempo, acordar e não conseguir adormecer novamente, ou acordar muito cedo com a sensação de “sono que não descansa”. Essas alterações podem estar relacionadas com a doença, com algum medicamento ou com o uso de alimentos excitantes no período da noite tais como: café, chá, chimarrão e refrigerantes a base de cola. Como prevenir a insônia: Evite, após as 18 horas, dar a pessoa idosa substâncias estimulantes como o chá preto, mate e café. Verifique se a pessoa cuidada está sentindo dor, coceira na pele, câimbra ou outro desconforto que possa estar prejudicando o sono. À noite, evite dar líquidos à pessoa, pois ao acordar para urinar a pessoa pode demorar a adormecer novamente. Conversar com a equipe de saúde sobre a possibilidade de mudar o horário da medicação que aumenta a vontade de urinar. Mantenha uma iluminação mínima no quarto de modo a facilitar os cuidados e não interferir no sono da pessoa. Evite que a pessoa cuidada permaneça por muito tempo à noite assistindo televisão ou lendo. Atividades prazerosas, exercícios leves e massagens ajudam a relaxar e a melhoram a qualidade do sono. Converse com a pessoa para tentar identificar quais causas da insônia, pois pode ser que o idoso esteja sentindo medo e ou angústia. 19 DICAS PARA O CUIDADOR: Se o idoso se perde, não sabendo onde fica o banheiro e não chega a tempo, uma das dicas é sinalizar o banheiro, com palavras grandes e chamativas ou colocar a própria figura de um vaso sanitário. Á noite deixe a luz do banheiro acesa. Deixe o quarto do idoso mais perto do banheiro. Em alguns casos, deve-se deixar o papagaio/comadre junto à cama. Facilite o uso do vaso, com assentos altos e adaptados e barras laterais. Não restrinja a ingestão de líquidos, apenas para o idoso urinar menos; isto pode provocar desidratação no idoso e piorar ainda mais seu quadro clínico. Durante a parte do dia, procure levar o idoso, em intervalos regulares, ao banheiro. Procure vestir ao idoso com roupas fáceis de retirar ou abrir. Velcro é uma ótima opção, no lugar do zíper ou dos botões. O uso de fralda descartável geriátrica pode ser útil à noite; observar se a fralda não amanhece muito cheia ou vazando, pois talvez será necessário uma troca no meio da madrugada. Se o idoso não conseguir ir até o banheiro para urinar ou evacuar, pro problemas diversos e a incontinência é mais severa, impõe-se o uso de fraldas geriátricas durante todo o dia (dia e noite). Nunca deixar fraldas molhadas no corpo por muito tempo, evitando assaduras e feridas na pele. FIQUE ATENTO: Medicamentos para dormir só pedem ser administrados se tiverem sido receitados pelo médico. Esteja atento às reações, pois alguns medicamentos podem provocar agitação ou excesso de sono. 20 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO E O CONTEXTO FAMILIAR Envelhecer? O que é isso? O envelhecer não é apenas a velhice. O envelhecer é um processo irreversível, que se escreve no tempo entre o nascimento e a morte do indivíduo. Neste sentido, é durante a vida inteira que envelhecemos. O envelhecimento é um processo inerente ao desenvolvimento humano, ou seja, envelhecer é algo que acontece com todo ser humano vivo. Por muito tempo o envelhecimento humano foi tratado como uma questão biológica, ou seja, todos os estudos e pesquisas eram realizados somente pela área médica. No século XX, intensificaram-se os estudos não apenas na área biológica, mas também nas áreas sociais e psicológicas, ficando claro que o processo do envelhecimento não poderia ser contextualizado somente por fatores orgânicos e fisiológicos, junto com transformações corporais as pessoas apresentavam mudanças de comportamento de papéis, de valores, de status e crenças. Ao se deparar com a perda dos papéis sociais (ex: aposentadoria) o idoso se percebe como inútil e incapaz de produzir. Nos idosos os problemas psicológicos ligados ao envelhecimento não são apenas devido à diminuição das funções cognitivas, mas sim à mudança no cenário pessoal e social. Portanto, o envelhecimento deve ser entendido como um processo múltiplo e complexo de contínuas mudanças ao longo do curso da vida. As características biológicas e emocionais do envelhecimento expressam sinais de que o corpo e mente não trabalham mais com o ritmo de antes, e que desta forma a pessoa e sua família devem se readequar a este novo contexto. As características biológicas mais evidentes são diminuição da visão, da audição e da capacidade física e as características psicossociais mais freqüentes são mudanças comportamentais e interação social, as quais podem influenciar significativamente na sua qualidade de vida. A FAMÍLIA NO CONTEXTO DO IDOSO A importância da família na vida do idoso começa antes mesmo de envelhecer, assim como para todas as pessoas. Dentro da comunidade familiar, o idoso ocupa um importante espaço, haja vista que representa a história daquela família, como se codificasse um gene, uma biografia. No contexto familiar, todos os membros têm uma representatividade única, singular, a qual a reforça sua identidade e personalidade. Nos dias de hoje, a sociedade baseia a capacidade do ser humano pela sua capacidade de produzir. Não sendo mais produtivo economicamente, o velho perdeu o seu lugar na sociedade. Passou a ser considerado como descartável, improdutivo e decadente. Perdeu espaço social. 21 Ao longo do século 21, as dificuldades econômicas, a ambição de ascender socialmente, a liberação da mulher, a urbanização e as migrações motivaram o enfraquecimento dos vínculos familiares. Ocorreu um afastamento emocional, intelectual e mesmo físico entre as gerações. Hoje, devido os inúmeros estilos de vida, é difícil definir a família, porém ela continua a ser núcleo básico, promotor do suporte emocional, social e psicológico inevitável e indispensável às crianças, adultos e os idosos. Portanto, o papel da família no processo de envelhecimento é fundamental, à medida que todos os membros devem participar ativamente deste processo. Os cônjuges, filhos, netos e bisnetos representam afetividade na vida do idoso, por isto devem igualmente se adaptar. A pessoa com limitação física como o idoso, muitas vezes sofre, pois fica dependente da ajuda do outro, em geral de familiares, fazendo com que seu poder de decisão fique reduzido. Então, para oferecer uma vida satisfatória, deve ser realizado um trabalho em conjunto com os membros da família e profissionais de saúde. FATORES COMPORTAMENTAIS DO ENVELHECIMENTO Entende-se como envelhecimento uma série de alterações que vão ocorrendo no organismo ao longo do tempo vivido. Este processo provoca mudanças nas funções e estrutura do corpo e o torna mais suscetível a uma série de fatores prejudiciais, estes podem ser tanto internos (falha imunológica, renovação celular comprometida, etc.) como externos (estresse ambiental). Com relação aos fatores externos, os mais conhecidos por agredirem o organismo e acelerarem o processo de envelhecimento são: poluição ambiental, fumo, álcool, exposição exagerado às radiações solares, etc. Independente da causa sabe-se que o envelhecimento não está vinculado unicamente à quantidade de anos que o indivíduo viveu, mas também a perda de suas funções orgânicas. Não menos importante do que tudo isso, é entendermos que a maior parte destas alterações está estreitamenterelacionada ao modo de como este tempo foi vivido. Por vezes, a lentidão e a diminuição da consciência ameaçam o bem estar e autoestima. O isolamento e diminuição da afetividade afetam suas relações e beneficiam o adoecimento. ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS MAIS COMUNS: Aumento da ansiedade e do medo; Menor capacidade para o pensamento abstrato; Diminuição da criatividade e da capacidade; Aumento do apetite; Perda ou diminuição do interesse sexual; Isolamento e introspecção; 22 Diminuição: percepção, concentração, atenção, raciocínio, rendimento intelectual; Aversão a idéias, coisas e o novo; Acentuação das características da personalidade: rigidez, egocentrismo, desconfiança, irritabilidade, autoritarismo; Prejuízo da: MEMÓRIA RECENTE: nomes de pessoas e onde colocou coisas; MEMÓRIA REMOTA: lembra do passado; Declínio da manifestação da afetividade, emoção e desejos; Dificuldade (menor ou maior) de aceitar-se como alguém que está envelhecendo ou está velho. ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS DITAS “NORMAIS” Dificuldade menor ou maior em aceitar-se como alguém que está envelhecendo ou está velho; Certo declínio na manifestação da afetividade, dos interesses, das ações, das emoções, dos desejos; Prejuizos da memória recente, como, por exemplo, esquecer nomes de pessoas, coisas, ou mesmo onde colocou determinados objetos. Já a memória remota mantém- se geralmente conservada; Acentuação das características da personalidade.Traços do tipo, por exemplo: rigidez, egocentrismo, desconfiança, irritabilidade, autoritarismo, que tenham existido na juventude (mesmo que de modo não tão pronunciado), tendem gravar. Dificuldade na assimilação ou mesmo aversão a idéias, coisas e situações novas. Apego maior aos valores já conhecidos e convencionados, aos costumes e ás normas já instituídas. Diminuição da percepção, da concentração, da atenção, do raciocínio e do rendimento intelectual. Tendência ao isolamento e a introspcção. Perda ou diminuição do interesse sexual Aumento do apetite levando à gula Diminuição da criatividade e da espontaneidade Menor capacidade para o pensamento abstrato Lentidão nos movimentos e nas ações que solicitam esforços Aumento da ansiedade e do medo. 23 TIPOS DE PERSONALIDADES ADAPTADAS NO IDOSO PERSONALIDADES BEM ADAPTADAS MADUROS :As pessoas que fazem parte deste grupo são as que melhor se adaptam á velhice e são mais realizadas. Aproveitam a vida, aceitam-se como são, mantém-se realista e integram-se bem no ambiente. São construtivas nas suas interações e nas relações com os outros. PASSIVOS:São pouco ambiciosos, predominantemente passivos e dependentes e satisfação por estarem aposentados e não terem responsabilidades, porque obtinham pouca satisfação do seu trabalho. É mais dependente e aceita de boa vontade a ajuda da família e da sociedade. DURÕES:Pessoas que recorrem a mecanismos de defesa, muitas vezes restritas, centradas mais no ver do que no prazer, são pouco introspectivas e tornam-se vulneráveis quando são obrigadas a cessar a sua atividade. PERSONALIDADES MAL ADAPTADAS ZANGADOS: Pessoas provocantes, negativas, azedas e desconfiadas, que não aceitam a velhice, desprezam os jovens e têm medo da morte. AUTO-AGRESSIVOS: Pessoas depressivas, com uma baixa autoestima, balanço de vida negativo e com muito remorsos. SEXUALIDADE Inúmeros fatores atuam modulando nossa sexualidade: fatores hormonais, emocionais, sociais e culturais, ficando difícil separar onde termina a ação de um a começa a de outro. O envelhecimento fisiológico é uma chave importante para entender, em parte, a diminuição da atividade sexual que se produz nesta etapa da vida, mesmo que não seja possível explicar todas as mudanças que ocorrem. Nos idosos a função sexual geralmente é comprometida, em primeiro lugar, pelas mudanças fisiológicas e anatômicas do organismo produzidas pelo envelhecimento. São mudanças fisiológicas que devemos distinguir das alterações patológicas na atividade sexual causadas pelas diferentes doenças e/ou por seus tratamentos. Os estudos médicos demonstram que a maior parte das pessoas de idade avançada é perfeitamente capaz de ter relações sexuais e de sentir prazer nas mesmas atividades que se entregam as pessoas mais jovens. Descrevem-se como variáveis que podem comprometer a atividade sexual na maturidade, alguns fatores: 1. A capacidade e interesse do (a) companheiro (a), 2. O estado de saúde, 3. Problemas de impotência no homem ou de dispareunia na mulher, 4. Efeitos colaterais de medicamentos e 5. Perda de privacidade, como por exemplo, viver na casa dos filhos. 24 Em geral, nas mulheres há menor preocupação pela função sexual e mais pela perda estética do aspecto juvenil. Não é totalmente assim nos homens, onde a preocupação excessiva pelas mudanças fisiológicas da sexualidade do envelhecimento pode levar à aparição de ansiedade. Nos homens idosos, o interesse ou desejo sexual se mantém mais presentes que a própria atividade sexual, enquanto nas mulheres existe um declive em ambos aspectos da sexualidade, desejo e desempenho. Libido O desejo sexual ou libido é a forma de desejo que se acompanha de ereção no homem ou lubrificação na mulher. Nos jovens a resposta do corpo é imediata. Enquanto nos idosos tanto a ereção como a lubrificação pode ser mais demorada, o que não significa que o organismo não esteja reagindo. Mulher Diversos fatores parecem entrar em jogo na formulação do desejo sexual na mente feminina, e fica difícil separar o que é puramente biológico do que reflete um condicionamento sociocultural. Acostumou-se a ver a mulher como “objeto do desejo” e ela mesma já absorveu esse papel. Ela trai e excitasse quando se sente desejada, quando se depara com um homem que a faz-se sentir-se mulher. Analisando assim é extremamente importante para a mulher sentir-se atraente, gostar de si, achar-se bonita, conhecedora de seu corpo e de suas reações, para que se solte e se proponha a entrar em sintonia, a atrair. Os ovários na menopausa vão aos poucos parando de produzir estrogênio, mas continuam produzindo androgênio (testosterona principalmente), que passam a ter maior expressão na mulher, aumentando sua agressividade, sua objetividade. Com sua ação mais evidente a mulher deixa de ter uma atitude passiva e torna-se mais ativa, inclusive sexualmente. Uma vez afastada a possibilidade de engravidar, encontra-se livre e seu corpo é mais do que nunca dela. Homem Enquanto a mulher, no que diz respeito aos hormônios sexuais, é periódica, o homem é praticamente uma linha reta. É mais estável que a mulher, oscila menos, é objetivo, indo direto ao ponto. O homem excita-se quando deseja e é atraído pela mulher. Na velhice, a função sexual se altera basicamente pelas mudanças fisiológicas e anatômicas do organismo provocadas pelo próprio processo de envelhecimento. Porém, não se pode associar essa fase da vida à perda ou à incapacidade de manter relações sexuais. As dificuldades normalmente se iniciam a partir dos 40-50 anos, pois além da diminuição lenta e gradual da testosterona, há uma maior incidência de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, obesidade e dislipidemias muitas vezes agravadas pelo fumo, álcool, estresse, sedentarismo e outros fatores de risco. 25 Além das causas orgânicas, surgem questões de ordem emocional referentes a aposentadoria, casamento, doenças, auto-estima além de fatores sociais e culturais.Em geral, as alterações sexuais masculinas são lentas e progressivas, dando tempoao homem de se adaptar a uma atividade menos intensa. Não existe uma disfunção erétil que seja específica do homem idoso, mas sim uma diminuição da sua capacidade sexual global. É importante que os homens conheçam e tenham consciência dessas mudanças, para que uma eventual falha erétil não cause uma ansiedade de desempenho desastrosa, capaz de contaminar e comprometer as relações futuras. Ao atingir a maturidade, o sexo é cada vez menos carnal, tornando-se cada vez mais afetivo. As relações são menos sexuais e mais sensuais. Aos poucos, o homem se vê obrigado a assumir o papel de protagonista da relação, trocando de lugar com o seu pênis, que até então tinha sido o ator principal da relação. Isso o obriga a uma adaptação, caso contrário, ele fica perdido sem entender as mudanças que ocorrem no seu organismo. FINITUDE A morte, assim como a velhice, é carregada culturalmente de muitos sentimentos negativos. Comumente uma coisa é associada à outra, por isso a grande negação em envelhecer. A tendência do ser humano é pensar na morte do outro, o que também acontece em relação ao envelhecimento “o outro envelhece, eu não”. Na velhice, o ser humano prossegue nas transformações vitais a que todo ser vivo está determinado. Agora, para além da consciência da finitude, característica dos tempos da maturidade, a percepção da proximidade da morte pessoal, aliada à experiência vivida ao longo dos anos, redimensiona a perspectiva dos tempos: passado, presente e futuro. A finitude é tratada com muito pudor, e por isto acaba sendo um assunto que as pessoas tendem a se esquivar pela condição ameaçadora que causa. Na velhice, a morte tem uma grande representatividade, haja vista o processo natural de declínio biológico e mental com o passar do tempo. O idoso se depara com a percepção de morte concreta, por meio das diversas perdas que sofre nesta fase, podendo ser entendido como a morte do homem ou mulher jovem, morte do profissional, morte de suas funções corporais e intelectuais, entre outras. Portanto, e muito importante que o idoso desmistifique a morte, conversando sobre ela, e com isso percebendo o quanto pode realizar antes dela chegar. 26 ASPECTOS FONOAUDIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO A promoção da saúde deve ser realizada de forma multidisciplinar com o idoso, haja vista a demanda de intervenções em diversas áreas do conhecimento. A Fonoaudiologia também tem se preocupado com a promoção da saúde, prevenção e tratamento das alterações relacionadas com as alterações apresentadas pelos idosos na fala, linguagem, audição, voz, motricidade oral, equilíbrio e deglutição. OUVIDO Há diversos fatores pelos quais a capacidade auditiva humana diminui. O ouvido é um delicado instrumento que pode deteriorar ou simplesmente desgastar-se com o tempo. Quando o som não pode ser transmitido normalmente através do canal auditivo e/ou do ouvido médio para a cóclea, temos um caso de deficiência auditiva condutiva. Acumulação de cera no ouvido e tímpanos perfurados são duas causas típicas deste tipo de perda auditiva. Outro fator pode ser defeito ou problema nos ossinhos do ouvido. As vibrações sonoras são transmitidas à cóclea, localizada na parte interna do ouvido, ativando pequenas células ciliadas. Estas células transformam as vibrações em impulsos nervosos, os quais são captados pelo nervo acústico e enviados ao cérebro. O ouvido interno é muito frágil e vários problemas podem ocorrer. Exposição a altos sons pode danificar as células de forma que os sons não podem ser convertidos em impulsos nervosos e transmitidos ao cérebro. Doença no ouvido, vírus e infecções podem danificar o ouvido interno. A velhice também pode ser outro fator. As células ciliadas assim como os condutores nervosos podem deteriorar-se, impedindo que os sinais do ouvido cheguem ao cérebro. A estes tipos de problemas denominamos deficiências auditivas sensório-neurais. As perdas sensório-neurais afetam a sensibilidade sonora assim como a habilidade de diferenciar os sons. Sendo assim, palavras individuais podem parecer incompreensíveis durante uma conversa. As perdas auditivas causadas por fatores condutivos e sensório-neurais são conhecidas como perdas mistas ou combinadas. Podemos encontrar as seguintes perdas auditivas: Perda Auditiva Leve: Incapacidade de ouvir sons abaixo de 30 decibéis. Discursos podem ser de difícil audição especialmente se estiverem presentes ruídos de fundo. Perda Auditiva Moderada: A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 50 decibéis. Aparelho ou prótese auditiva pode ser necessário. Perda Auditiva Severa: A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 80 decibéis. 27 Próteses auditivas são úteis em alguns casos, mas são insuficientes em outros. Alguns indivíduos com perda auditiva severa se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros contam com uso das técnicas de leitura labial. Perda Auditiva Profunda: A ausência da capacidade de ouvir, ou a incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 95 decibéis. Tal como aqueles com perda auditiva severa, alguns indivíduos com perda auditiva profunda se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros com uso das técnicas de leitura labial Presbiacusia é a perda da sensibilidade auditiva, resultante das mudanças degenerativas e fisiológicas do sistema auditivo, decorrente da idade avançada. A presbiacusia não raramente é o fator que declara a chegada da velhice, acarretando dificuldades na comunicação, logo gerando seqüelas importantes de natureza emocional, social e ocupacional. Por ser adquirida, a pessoa vai sentindo a perda auditiva gradativamente, o que vai muito além do fato de apenas não ser capaz de ouvir bem, mas também de fatos que precisam ser levados em conta, como os aspectos ambientais e as dificuldades de relacionamento interpessoal. Uma observação comum, do dia-a-dia, pode ser feita através do simples ato de assistir à televisão, ouvir rádio, da conversa com familiares e amigos próximos. A pessoa começa a falar muito alto, aumentar o volume da televisão, e o rádio fica mais próximo aos ouvidos. As palavras escutadas começam a ficar ininteligíveis, dando lugar a outras auditivamente semelhantes. Bem, isso é motivo de embaraços e irritabilidade para quem fala e para o idoso que ouve as palavras trocadas. Paciência nessas horas é fundamental! Esta perda auditiva revela-se uma doença incapacitante e freqüentemente ameaça a integridade física e mental dos indivíduos conduzindo-os a um estado característico de isolamento marcado por depressão, estresse, frustração e segregação de seu meio social. Com a perda auditiva teremos: Redução na percepção da fala. Declínio da audição acompanhada de diminuição na compreensão da fala. Alterações psicológicas causadas pela dificuldade de se comunicar com os outros. Incapacidade auditiva nas igrejas, no teatro, cinema, rádio, sons ambientes e TV. Isolamento social (interação com família, amigos e comunidade). Problemas de alerta e defesa (incapacidade para ouvir chamados, telefones, alarmes, veículos se aproximando, campainhas e anúncios de emergência). Dificuldade de compreender a fala em ambientes ruidosas e algumas vezes em ambiente silencioso devido as perdas ocorrerem na freqüência agudas. 28 Como intervir adequadamente: Consulta com otorrinolaringologista para avaliação e retirada de cera do ouvido se for necessário. Avaliação auditiva ( audiometriae impedanciometria) periódica realizada por fonoaudiólogas. Seleção e adaptação de aparelho auditivo adequado realizado com fonoaudiólogas em empresas que vendem esses aparelhos e dão suporte técnico. Orientações gerais quanto ao manuseio do aparelho auditivo (colocação, higiene, limpeza e troca de baterias). Participação de programas de reabilitação audiológica feito com fonoaudiólogas. Desenvolvimento de motivação para uso do aparelho auditivo através de orientações para o paciente, familiares e cuidadores. Como devemos lidar com idosos com dificuldade auditiva: É muito importante o apoio familiar, a paciência e a interação com o idoso. O idoso precisa se sentir útil e participar das decisões familiares. Deve-se procurar falar mais alto e com contato visual de forma clara e pausada. Evite ficar irritado quando ele não entender ou pedi para repetir. Todos têm muito a aprender com os idosos e não devemos desperdiçar o diálogo, mesmo que este ocorra com dificuldade. Em ambientes ruidosos procure falar de frente por apresentar rebaixamento nas altas freqüências e não precisa ficar gritando, procure articular bem as palavras. Em caso de dúvidas relacionadas procure o otorrinolaringologista e a fonoaudióloga Um bom recurso recomendado e que facilita a compreensão da fala e o processo de sociabilização do mesmo, é a utilização de aparelhos auditivos de amplificação sonora individual (AASI), também conhecidos por próteses auditivas. O uso do aparelho auditivo é extremamente importante para manter a saúde física e mental do idoso, pois permite a ele melhor participação na comunidade em que vive como também em sua família, melhorando sua qualidade de vida. O sucesso da amplificação para a população idosa depende de um número de fatores, desde a idade do usuário, o grau da perda auditiva, a tolerância para sons intensos, escolha do aparelho correto, as expectativas e até a motivação. EQUILÍBRIO A perda do equilíbrio é um sintoma muito característico da velhice, o qual se torna uma dos principais vilões nas quedas e conseqüente morte. O tratamento inicialmente é aplicado por um especialista. Após orientações com o paciente, é possível realizar exercícios em casa. Sempre com supervisão de profissional capacitado. 29 A terapia de reabilitação labiríntica é indicada para todas as idades, em pessoas com perturbação do equilíbrio corporal, ilusão de movimento, sensação de instabilidade, flutuação, oscilação e vertigem (sensação rotatória de objetos ou de si próprio). O tratamento é indicado principalmente nos casos de: Vertigens crônicas; Vertigens por mudanças de postura; Pacientes idosos com alteração de equilíbrio que apresentam quedas e desvio de marcha; Tontura em veículos em movimento; Desconforto em lugares movimentados (shopping, supermercados, feiras e outros ). Os exercícios bem aplicados e personalizados proporcionam melhora dos sintomas, ou então, contribui na diminuição da intensidade e freqüência da tontura. Através do tratamento bem realizado é possível o retorno do idoso às atividades diárias e a recuperação da autoestima e confiança bem como sua segurança para que não ocorra quedas. A queda se dá em decorrência da perda total do equilíbrio postural, podendo estar relacionada à insuficiência súbita dos mecanismos neurais e osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura. VOZ A falta de conhecimento da importância de certos cuidados básicos para preservar a voz pode ter como conseqüência o desencadeamento de algumas doenças laríngeas como, por exemplo, edemas, nódulos, pólipos, úlceras de contato, entre outras. As alterações vocais afetam a vida pessoal, social e, sobretudo, a profissional, gerando ansiedade e angústia. Com a idade ocorre o envelhecimento vocal tanto nos homens como nas mulheres idosas que é conhecido como Presbifonia. A prevenção vocal só depende da conscientização de cada pessoa, pois voz é um sinal de saúde e devemos tratá-la adequadamente. Ao perceber dificuldades para falar, cansaço, voz fraca, rouca procure um otorrinolaringologista para realizar uma avaliação e um fonoaudióloga para realizar orientações e tratamento fonoaudiológico se necessário. Hábitos prejudiciais podem afetar o seu aparelho fonatório: Evite gritar ou falar com muita intensidade: sempre que possível procure se aproximar da pessoa para conversar. Quando estiver escutando música ou assistindo TV, abaixe o volume, evite competição sonora; Pigarrear – essa ação provoca um forte atrito nas pregas vocais, irritando-as; Ingerir líquidos em temperaturas extremas, ou seja, muito gelado ou muito quente; O fumo é altamente nocivo, pois a fumaça quente agride o sistema respiratório e principalmente as pregas vocais, podendo causar desde irritação, pigarro, edema, infecção. É considerado um dos principais fatores desencadeantes do câncer de laringe; 30 O consumo de álcool em excesso também é prejudicial para as pregas vocais e tem efeito analgésico propiciando abusos vocais; Chupar balas ou pastilhas fortes quando estiver com a garganta irritada. Isso mascara o sintoma e a pessoa tende a forçar a voz sem perceber. Quando o efeito da bala passa, a irritação na garganta aumenta; Ar condicionado – prejudica a mucosa das pregas vocais, pois o resfriamento é realizado através da redução da umidade do ar com conseqüente ressecamento do trato vocal, o que leva a pessoa a produzir a voz com maior esforço e tensão Evite a fala durante os exercícios físicos: qualquer exercício de esforço muscular junto com a fala irá provocar sobrecarga na musculatura da laringe; Evite cantar de maneira inadequada ou abusiva em videokês ou fazer parte de corais sem preparo vocal. Evite pastilhas refrescantes antes de cantar/falar. Estas geralmente têm efeito “anestésico” e você pode cometer abuso vocal sem se dar conta; Ingerir líquidos em temperaturas extremas, ou seja, muito gelado ou muito quente; alimentos e bebidas geladas também causam choque térmico, provocando muco e edema nas pregas vocais; Evite falar em demasia em quadros gripais ou em crises alérgicas, pois o tecido que reveste a laringe está inchado e o atrito das pregas vocais durante a fala passa a ser de forte agressão. Ar condicionado – prejudica a mucosa das pregas vocais, pois o resfriamento é realizado através da redução da umidade do ar com conseqüente ressecamento do trato vocal, o que leva a pessoa a produzir a voz com maior esforço e tensão; Evite alimentos pesados e muito condimentados, pois além de provocar azia, má digestão e refluxo de secreções gástricas, dificulta também a movimentação livre do músculo diafragma, essencial para a respiração; Evite falar muito após o consumo de grandes quantidades de aspirinas, calmantes e diuréticos: a aspirina provoca o aumento da circulação sangüínea na periferia das pregas vocais, com a associação do atrito de uma prega contra a outra há um aumento da fragilidade capilar. Os diuréticos e calmantes ressecam as mucosas. LINGUAGEM As dificuldades da linguagem e também dos processos cognitivos associados à idade podem variar desde dificuldades para expressar uma idéia, compreender um enunciado, como também pode aparecer dificuldades de memória. Essas alterações não ocorrem de maneira igual para todas as pessoas e podem ser causadas por vários fatores como: 1- Lesões na região do cérebro responsável pela função motora da fala e na região da compreensão conhecido como Afasias, sendo que estas lesões geralmente ocorrem devido a acidentes vasculares cerebrais, mais conhecidos popularmentecomo derrame. 31 Afasia pode ser definida como uma alteração no conteúdo, forma e uso da linguagem e processos cognitivos subjacentes, tais como percepção, compreensão e memória. Essa alteração é caracterizada por redução e disfunção, que se manifestam tanto no aspecto expressivo quanto receptivo da linguagem oral e escrita, embora em diferentes graus em cada uma dessas modalidades. 2- Dificuldades associadas à idade, ao ambiente e por alterações auditivas e visuais. 3- E nos casos de síndromes demências, que podem ser causadas por cerca de 70 tipos de doenças diversas, entre elas a mais conhecida é a doença de Alzheimer, ocorrendo em fases tardias da vida, com prevalência de 1% aos 60 anos e de 30% a 40% aos 85 anos ao ambiente e por alterações auditivas e visuais. Segundo a Organização Mundial de Saúde a demência é uma alteração progressiva da memoria e da ideação, suficientemente grave para limitar as actividades da vida diária, que dura por um periodo minimo de seis meses e esta associada a perturbação de pelo menos uma das funções seguintes: linguagem, cálculo, julgamento, alteração do pensamento abstracto, praxia, gnosia ou modificação da personalidade. Dentre as alterações de linguagem mais evidente no indivíduo idoso com o envelhecimento normal estão as dificuldades de lembrar palavras numa conversação, em nomear objetos, em interpretar uma estória e em casos de demências, podem aparecer os mesmos sintomas e as dificuldades com as regras da gramática e empobrecimento do vocabulário, até a perda total da fala. É importante lembrar que as alterações vão variar de pessoa para pessoa e também vão depender da idade, do grau de escolaridade, do estilo de vida, do contexto, do estado motivacional e emocional. A família pode ajudar não isolando o idoso de seu convívio. Fazendo com que ele participe de todas as atividades sociais e familiares. É importante que o idoso que se queixa de problemas de memória e dificuldades de linguagem freqüentemente, procure um médico e não encare tal problema como normal da idade. Nos casos de demência que for diagnosticada precocemente o idoso poderá se beneficiar de terapia fonoaudiológica o que ajudará numa comunicação mais efetiva entre a família, o cuidador e a pessoa idosos. A família e os cuidadores podem ajudar: Procure demonstrar seu interesse pelos sentimentos dele, respeitar e mostrar preocupação. Tenha paciência para esperar a resposta quando você realiza uma pergunta (Você quer água?) Procure usar palavras e idéias positivas. Evite utilizar expressões que leve o idoso a entender ao pé da letra. (“pule da cama”). Use sempre as palavras que ele usa e os nomes, ao invés de “ele”e ela”. Cumpra sempre suas promessas. Se esquecer confesse. Sua aceitação diante dos erros ajuda-os a aceitar os deles. 32 Evite falar dele na frente dele, por mais que parece que ele não entende as coisas. Falar de forma clara e pausada. Uma pessoa deve falar de cada vez. Não fazer duas perguntas ao mesmo tempo. Evitar perguntas complexas, abertas e frases longas. Repita a frase se for preciso, não tenha vergonha de falar a mesma coisa várias vezes. Complemente a fala com gestos. Mantenha contato face a face. Não fale no diminutivo. Não interromper o idoso quando ele tiver tentando dizer algo. Não fale por ele e nunca termine a fala dele. Evitar conversas paralelas. Providencie que o idoso não deixe de usar aparelho auditivo, óculos e dentadura, quando necessário. Demonstre que você entendeu o que ele disse. A refeição deve ser realizada junto aos familiares Conversar bastante mesmo que parece que ele não está compreendendo. Procure agir com amor, carinho, paciência que nunca irá errar. DISFAGIA A deglutição é o ato de engolir. Durante toda a vida deglutimos milhões de vezes sem nos darmos conta da complexidade deste ato tão simples e natural. Quando passamos a ter dificuldade de deglutir por alguma doença é que nos damos conta de que esta função existe, e é tão importante, que pode vir a ser exercida por controle voluntario. Conceito de Disfagia: Disfagia é uma desordem de deglutição, decorrente de processo agudo ou progressivo, que interfere no transporte do bolo alimentar da boca ao estômago. Causas de Disfagia: Problemas neurológicos como AVE, TCE, Parkinson, mal de Alzheimer, miastenia grave, distrofia muscular, ELA, PC, entre outros. Encontramos também a disfagia associada ao processo de envelhecimento, ao câncer de cabeça e pescoço, tumores cerebrais e distúrbios gastroenterológicos. O que fazer ao perceber sintomas de Disfagia: As alterações da deglutição devem ser diagnosticadas e tratadas conjuntamente por médicos, enfermeiros, pneumologista, neurologista, nutricionista, gastroenterologista, entre outros. O fonoaudiólogo, profissional que ensina a deglutir, reeduca ou cria alternativas de deglutição, quando os problemas aparecem nesta área. 33 Sinais Clínicos Tosse ou engasgo – antes, durante ou após a refeição; Aumento do tempo da refeição; Febre sem causa aparente; Mudança na voz após a deglutição; Desnutrição e desidratação; Perda de peso severa; Pneumonia aspirativa ou de repetição; Risco de broncoaspiração. Orientações fonoaudiológicas e cuidados com pacientes disfágicos: A saúde bucal faz parte da saúde em geral, não há saúde no nosso corpo sem estarmos com saúde na boca. Para iniciarmos precisamos de uma higiene oral, principalmente naqueles que não conseguem realizá-la sozinha. Com luva, gaze envolta dos dedos passar com solução bucal em toda a cavidade da boca, antes tirar a prótese e escová-la muito bem e não esquecer de higienizar a língua também. Se o paciente trincar os dentes utilize espátulas para te auxiliar. É muito importante também o momento da refeição, pois deve ser realizada em lugar tranqüilo, arejado, silencioso ou som agradável, sem pressa, com os pés tocando o chão, sentado em ângulo de 90 graus, cabeça virada para frente ou para os acamados a cabeça bem elevada e centralizada e manter a prótese dentária bem adaptada. 34 ASPECTOS ODONTOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO O atendimento especializado em odontologia para a população idosa chama-se odontogeriatria e caracteriza-se pelo trabalho com pacientes acima de 60 anos e tem como objetivo a integração social, psicológica, funcional e preventiva de doenças bucais que podem aumentar os riscos de disfunções sistêmicas em idosos. A preservação da saúde bucal tem influencia na aparência, na comunicação (sorrir e falar); na manutenção da capacidade de mastigar, de engolir, de sentir sabor e prazer com a alimentação. Cuidados bucais com a pessoa idosa: O idoso deve ser incentivado a realizar a higiene bucal com freqüência. A família ou cuidadores devem auxiliar o idoso a limpeza da prótese, gengiva e língua, para evitar cáries, dor de dente e inflamações na gengiva. A higiene bucal do idoso que utiliza prótese ou não deve ser realizada após todas as refeições e após o uso de remédio oral. Caso o idoso consiga realizar a limpeza sozinho, o cuidador deve ensinar como se faz, disponibilizar todo o material e acompanhar a atividade. Se o idoso for acamado, o cuidador deve posicioná-lo sentado em frente à pia ou na cama com uma bacia, usar escovas de cerdas macias, fazendo o uso do fio dental, sempre que possível, colocar pequena porção de pasta de dente para evitar o engasgo e por fim escovar os dentes. Como proceder quando o idoso utiliza prótese: As próteses são partes artificiais, ponte fixa ou móvel
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