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introito da jurisdição voluntária e contenciosa

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FACULDADE MULTIVIX CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
GRADUAÇÃO EM DIREITO
Docente: Mestre Alexandre Senra
Direito Processual Civil IV - Procedimentos Especiais
Discente: Daniel Martins Fernandes
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E VOLUNTÁRIA
O que é jurisdição? 
Embora não se vê com frequência a palavra jurisdição, ela é um termo muito comum no Direito Processual brasileiro, a qual em sucintas palavras pode ser conceituada como o poder/função do Estado de solucionar litígios e aplicar a lei ao caso concreto. 
Para Fredie Didier “os problemas jurídicos não podem ser resolvidos apenas com uma operação dedutiva (geral/particular)”. Assim, os hard cases exemplificam esta atividade jurisdicional cuja solução não encontra resposta apenas na subsunção do fato à norma, mas requer uma atividade criativa do juiz. Diante do que foi expendido, não resta dúvidas que a jurisdição exerce a função de composição de lides, porque embora seja uma atividade abnegativa do conflito e mantenha a equidistância dos interessados, por se tratar de uma função calcada na imparcialidade, não tendo interesse direto no objeto do processo, cabe-lhe um interesse público na composição do litígio, isto é, um interesse na paz social. Surge a primeira definição, sendo a jurisdição a função típica do Poder Judiciário, que será exercida pela aplicação da lei ao caso concreto a fim de solucionar conflitos entre as partes. Já no sentido amplo, jurisdição é sinônimo do território sobre o qual determinada autoridade exerce seu poder. 
Os processualistas civis veem fazendo distinções de arbitragem para com a jurisdição e possíveis correlação, por sua vez, não deve ser entendida como um substitutivo jurisdicional, mas sim, como uma atividade jurisdicional. Consoante magistério de Fredie Didier trata-se de “exercício de jurisdição por autoridade não-estatal”.
Em seu livro Curso de Direto Processual Civil 47 ed. Humberto Theodóro Júnior traz os elementos que é revestido a jurisdição e que a caracterizam cuja identificação é imprescindível para a compreensão desta função estatal. As características fundamentais da jurisdição são: poder-dever, heterocomposição, imparcialidade, inércia e natureza criativa. 
O que é jurisdição voluntária?
Em resumo Jurisdição voluntária ou integrativa, segundo Fredie Didier “é uma atividade estatal de integração e fiscalização”, ou seja, “busca-se do Poder Judiciário a integração da vontade, para torná-la apta a produzir determinada situação jurídica” (p. 186). São aplicáveis à jurisdição voluntária os princípios e corolários fundamentais ínsitos ao processo, sobretudo, porque a função jurisdicional estriba-se na ordem constitucional. Afasta-se, portanto, a idéia de que jurisdição voluntária tem natureza de função administrativa. É mais correto afirmar que se trata de uma atividade jurisdicional. 
No mesmo sentido Nelson Nery Jr. Entende que na “jurisdição voluntária” ou “jurisdição graciosa”, o juiz não diz o direito substituindo a vontade das partes, mas prática atividade integrativa do negócio jurídico privado administrado pelo Poder Judiciário. Há, sim, um “negócio jurídico privado”, que não terá validade, enquanto não integrado pelo juiz, donde é lícito concluir não ser voluntária essa “jurisdição”, mas sim forçada. Não há processo, mas procedimento; não há lide, mas controvérsia; não há partes, mas interessados; não incide o princípio dispositivo, mas o inquisitório; não há legalidade estrita, pois pode o juiz decidir por equidade (p. 283). Possui previsão legal no CPC/15 nos arts. 719-725. Por fim, são procedimentos especiais de jurisdição voluntária: notificação, interpelação e protesto; alienação judicial; homologação de divórcio e separação consensuais; homologação de extinção consensual da união estável; alteração consensual de regime de bens do matrimônio; abertura de testamento e codicilo; arrecadação de bens da herança jacente; arrecadação de bens dos ausentes; arrecadação de coisas vagas; interdição; organização e fiscalização das fundações; ratificação dos protestos marítimos e dos processos testemunháveis formados a bordo. 
O que é jurisdição contenciosa?
Segundo Humberto Theodóro Júnior, é uma ''lide ou litígio padecido de um conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida, esse Interesse é posição favorável para a satisfação de uma necessidade assumida por uma das partes e a pretensão é a exigência de uma parte de subordinação de um interesse alheio a um interesse próprio". Na jurisdição contenciosa, também chamada de jurisdição propriamente dita, existe um conflito de interesses apresentado em juízo, para que seja solucionado pelo Estado-juiz, com a consequente produção da coisa julgada. A título de exemplo, temos uma ação de cobrança ou uma separação judicial litigiosa. No entanto, pode ocorrer que, embora não haja a presença de um conflito de interesses, dada a relevância ou a própria natureza da matéria discutida, impõe o legislador, para a validade de alguns atos, a participação de um órgão público, sendo indispensável a presença do juiz. 
Possui previsão nos arts. 539-718 CPC/15, São elas: Da ação de consignação em pagamento, da ação de exigir contas, das ações possessórias, da ação de divisão e da demarcação de terras particulares da ação de dissolução parcial de sociedade, do inventário e da partilha, dos embargos de terceiro, da oposição, da habilitação, das ações de família, da ação monitória, da homologação do penhor legal, da regulação de avaria grossa, da restauração de autos. 
Concluímos que na Jurisdição contenciosa, existem: atividade jurisdicional; composição de litígios; bilateralidade da causa; lides ou litígios em busca ou questionando-se direitos e obrigações contrapostas; partes (autor e réu). Jurisdição; ação; processo; legalidade estrita - o juiz deve conceder o que está na lei à uma das partes; há coisa julgada formal e material; pode ocorrer a revelia; há contraditório ou a sua possibilidade.
Qual é a distinção entre jurisdição voluntária e contenciosa?
O novo código de processo civil manteve a cisão das jurisdições contenciosa e voluntária nos procedimentos especiais. Há algumas distinções de uma para outra, na jurisdição contenciosa observa-se o princípio da legalidade estrita, no sentido de que o juiz deve decidir em função da existência ou inexistência de um direito subjetivo, Já na jurisdição voluntária, o juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considera mais conveniente ou oportuna. 
Na jurisdição voluntária há interessados, na contenciosa há partes, na contenciosa a jurisdição há lide, na voluntária há acordo de vontades, na voluntária há homologação na contenciosa há sentença de mérito, função jurisdicional, na voluntária atribuição administrativa. 
Referência Bibliográfica
DIDIER JR, Fredie.Curso de Direito Processual Civil. 9. ed. Bahia: JusPodivm, 2008, p. 68. 
DIDIER JR, Fredie.Curso de Direito Processual Civil. 9. ed. Bahia: JusPodivm, 2008, p. 70. 
THEODORO JÚNIOR, Humberto.Curso de Direito Processual Civil. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 41. 
THEODORO JÚNIOR, Humberto.Curso de Direito Processual Civil. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 44.
NERY JR., Nelson. Comentários ao Código de Processo Civil Comentado, 1ª ed. São Paulo: Revista dos Trbunais, 2015, p. 283.
DIDIER JR., Fredie.Curso de Direito Processual Civil, vol. 1. 17ª ed. Salvador: Juspodvim, 2015 p. 186.
WWW.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.

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