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DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO II. CASO CONCRETO SEMANA 7 João Guimarães é sócio da empresa Imobiliária Irmãos Guimarães Ltda. e recebe uma citação em execução fiscal em razão de ser sócio gerente desta. O fiscal pediu o redirecionamento da execução fiscal por haver identificado que o que levou ao não pagamento do tributo foi escrituração fiscal irregular atribuída ao sócio gerente, responsável por este ato de gestão. João, depois de garantido o juízo, oferece embargos alegando a indispensabilidade de incidente de desconsideração da personalidade jurídica para redirecionamento da execução fiscal com fulcro no art. 135 do CTN. É necessário o incidente de desconsideração da personalidade jurídica? Não se mostra necessário o redirecionamento da execução fiscal, vez que a responsabilidade no caso em tela é de caráter pessoal do contribuinte (sócio-gerente) por decorrência de dissolução irregular, assim, o agente, por ser sócio do agente causador, responde solidariamente pelo pagamento do tributo, conforme detrai-se dos artigos 134 e 135 do CTN. Nesse sentido: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO FISCAL. DÍVIDA NÃO TRIBUTÁRIA. SÓCIO-ADMINISTRADOR. ARTIGO 40, CC/2002. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ARTIGOS 133 E SEGUINTES, CPC/2015. A recorrente aduz violação do art. 135, III, do CTN, do art. 4º, V e § 2º, da Lei 6.830/1980 e do art. 50 do Código Civil. Defende a inaplicabilidade do art. 133 do CPC/2015. Não há contrarrazões. É o relatório. Decido. Os autos foram recebidos neste gabinete em 12 de junho de 2018. Registro, inicialmente, que o apelo nobre é inadmissível em relação à tese de infringência ao art. 135 do CTN, ao art. 4º da Lei 6.830/1980 e ao art. 50 do CC/2002. Isso porque o Tribunal de origem expressamente consignou: a) o débito possui natureza não-tributária, o que afasta a incidência do art. 135 do CTN e b) não se discute o redirecionamento, mas apenas o procedimento para a inclusão de terceiros no polo passivo da demanda. Não houve impugnação aos fundamentos de que o CTN é inaplicável para justificar a responsabilidade 1 por débitos não tributários, bem como de que o objeto da pretensão recursal versa apenas sobre a necessidade de instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica # e não sobre o preenchimento dos requisitos previstos no art. 4º, V, da Lei 6.830/1980 e no art. 50 do CC/2002. Aplicação, no ponto, da Súmula 283/STF. No que toca ao art. 133 do CPC/2015, contudo, inclino-me a considerar procedente a alegação da recorrente. Não se trata, propriamente, de discutir se o dispositivo em questão é ou não aplicável em Execução Fiscal (não localizei, a respeito, precedentes sobre essa nova questão processual no STJ), mas sim reconhecer que o emprego da lei, no contexto dos autos, se revelou indevida. Isso porque, segundo a dicção do art. 50 do CC/2002, a desconsideração da personalidade jurídica é instituto vinculado ao abuso da personalidade jurídica, que se manifesta pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Consoante bem observa a autarquia federal, a causa fática que ampara o pleito de redirecionamento não é o abuso da personalidade jurídica da empresa, mas sim ato imputado direta e pessoalmente ao sócio-gerente, isto é, a dissolução irregular. Ora, o abuso da personalidade jurídica representa situação distinta e até mesmo incompatível com a dissolução irregular (tanto o desvio de finalidade como a confusão patrimonial pressupõem a coexistência da pessoa jurídica e de seus sócios, ao passo que a dissolução irregular da empresa se assenta na circunstância de que cessaram no mundo fático as atividades empresariais). Em outras palavras, quando a inclusão dos sócios com poderes de representação da empresa se assenta em sua responsabilidade direta e pessoal, ou seja, independentemente da responsabilidade da pessoa jurídica, não há interesse ou adequação processual em suscitar a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade empresarial. Na hipótese dos autos, consta no voto condutor que o pedido de redirecionamento tem por justificativa a ocorrência de dissolução irregular. Diante do exposto, conheço parcialmente do Recurso Especial e, nessa parte, dou-lhe provimento para afastar a aplicação do art. 133 do CPC/2015. (REsp 1746170. 30/10/2018. Destaquei) 2 Questão objetiva Determinado contribuinte, devedor de tributo, obtém parcelamento e vem efetuado o pagamento conforme deferido. Apesar disso, sofre processo de execução fiscal para a cobrança do referido tributo. Nos embargos de devedor, o executado poderá alegar: ( ) a. a carência da execução fiscal, em face da novação da dívida, que teria perdido a natureza tributária pelo parcelamento. ( ) b. a improcedência da execução fiscal, por iliquidez do título exequendo, em face de parte da dívida já estar paga. ( ) c. o reconhecimento do direito apenas parcial à execução fiscal, por parte do Fisco, em face da existência de saldo devedor do parcelamento. ( X ) d. a carência da execução fiscal, em face da suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Correto: Hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário expressa no artigo 151 do CTN: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 3 VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. (Lei nº. 5.172/66) 4
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