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DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO II. CASO CONCRETO. SEMANA 7. ESTÁCIO. FIC. 2018

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DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO II. 
CASO CONCRETO SEMANA 7
 
João Guimarães é sócio da empresa Imobiliária Irmãos Guimarães Ltda. e
recebe uma citação em execução fiscal em razão de ser sócio gerente desta. O
fiscal pediu o redirecionamento da execução fiscal por haver identificado que o
que levou ao não pagamento do tributo foi escrituração fiscal irregular atribuída
ao sócio gerente, responsável por este ato de gestão. João, depois de
garantido o juízo, oferece embargos alegando a indispensabilidade de incidente
de desconsideração da personalidade jurídica para redirecionamento da
execução fiscal com fulcro no art. 135 do CTN. 
É necessário o incidente de desconsideração da personalidade jurídica? 
Não se mostra necessário o redirecionamento da execução fiscal,
vez que a responsabilidade no caso em tela é de caráter pessoal do
contribuinte (sócio-gerente) por decorrência de dissolução irregular,
assim, o agente, por ser sócio do agente causador, responde
solidariamente pelo pagamento do tributo, conforme detrai-se dos artigos
134 e 135 do CTN. Nesse sentido:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO FISCAL.
DÍVIDA NÃO TRIBUTÁRIA. SÓCIO-ADMINISTRADOR. ARTIGO 40, CC/2002.
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
ARTIGOS 133 E SEGUINTES, CPC/2015.
A recorrente aduz violação do art. 135, III, do CTN, do art. 4º, V e § 2º, da Lei
6.830/1980 e do art. 50 do Código Civil. Defende a inaplicabilidade do art. 133
do CPC/2015. Não há contrarrazões. É o relatório. Decido.
Os autos foram recebidos neste gabinete em 12 de junho de 2018. Registro,
inicialmente, que o apelo nobre é inadmissível em relação à tese de
infringência ao art. 135 do CTN, ao art. 4º da Lei 6.830/1980 e ao art. 50 do
CC/2002. Isso porque o Tribunal de origem expressamente consignou: a) o
débito possui natureza não-tributária, o que afasta a incidência do art. 135 do
CTN e b) não se discute o redirecionamento, mas apenas o procedimento para
a inclusão de terceiros no polo passivo da demanda. Não houve impugnação
aos fundamentos de que o CTN é inaplicável para justificar a responsabilidade
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por débitos não tributários, bem como de que o objeto da pretensão recursal
versa apenas sobre a necessidade de instauração do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica # e não sobre o preenchimento dos
requisitos previstos no art. 4º, V, da Lei 6.830/1980 e no art. 50 do CC/2002.
Aplicação, no ponto, da Súmula 283/STF. No que toca ao art. 133 do
CPC/2015, contudo, inclino-me a considerar procedente a alegação da
recorrente. Não se trata, propriamente, de discutir se o dispositivo em
questão
é ou não aplicável em Execução Fiscal (não localizei, a respeito,
precedentes sobre essa nova questão processual no STJ), mas sim
reconhecer que o emprego da lei, no contexto dos autos, se revelou
indevida. Isso porque, segundo a dicção do art. 50 do CC/2002, a
desconsideração da personalidade jurídica é instituto vinculado ao abuso
da personalidade jurídica, que se manifesta pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial. Consoante bem observa a autarquia federal, a
causa fática que ampara o pleito de redirecionamento não é o abuso da
personalidade jurídica da empresa, mas sim ato imputado direta e
pessoalmente ao sócio-gerente, isto é, a dissolução irregular. Ora, o
abuso da personalidade jurídica representa situação distinta e até mesmo
incompatível com a dissolução irregular (tanto o desvio de finalidade
como a confusão patrimonial pressupõem a coexistência da pessoa
jurídica e de seus sócios, ao passo que a dissolução irregular da
empresa se assenta na circunstância de que cessaram no mundo fático
as atividades empresariais). Em outras palavras, quando a inclusão dos
sócios com poderes de representação da empresa se assenta em sua
responsabilidade direta e pessoal, ou seja, independentemente da
responsabilidade da pessoa jurídica, não há interesse ou adequação
processual em suscitar a desconsideração da personalidade jurídica da
sociedade empresarial. Na hipótese dos autos, consta no voto condutor que
o pedido de redirecionamento tem por justificativa a ocorrência de dissolução
irregular. Diante do exposto, conheço parcialmente do Recurso Especial e,
nessa parte, dou-lhe provimento para afastar a aplicação do art. 133 do
CPC/2015. (REsp 1746170. 30/10/2018. Destaquei)
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Questão objetiva 
Determinado contribuinte, devedor de tributo, obtém parcelamento e vem
efetuado o pagamento conforme deferido. Apesar disso, sofre processo de
execução fiscal para a cobrança do referido tributo. Nos embargos de devedor,
o executado poderá alegar: 
( ) a. a carência da execução fiscal, em face da novação da dívida, que teria
perdido a natureza tributária pelo parcelamento. 
( ) b. a improcedência da execução fiscal, por iliquidez do título exequendo, em
face de parte da dívida já estar paga. 
( ) c. o reconhecimento do direito apenas parcial à execução fiscal, por parte do
Fisco, em face da existência de saldo devedor do parcelamento. 
( X ) d. a carência da execução fiscal, em face da suspensão da exigibilidade
do crédito tributário. Correto: Hipótese de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário expressa no artigo 151 do CTN: 
 Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
 I - moratória;
 II - o depósito do seu montante integral;
 III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo;
 IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
 V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras
espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
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 VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
 Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento
das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo
crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. (Lei nº. 5.172/66)
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