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Fundac¸a˜o Centro de Cieˆncias e Educac¸a˜o Superior a Distaˆncia do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educac¸a˜o Superior a Distaˆncia do Estado do Rio de Janeiro Gabarito da AP1 - EAR - 16/09/2018 Questa˜o 1 [2,0 pontos] (a) [1,0 pt] Sejam a ∈ R∗ = R \ {0} e b ∈ R. Mostre, usando rigorosamente as propriedades alge´bricas de R, que a equac¸a˜o ax+ b = 0 (?) tem pelo menos uma soluc¸a˜o (existeˆncia) e que a soluc¸a˜o e´ u´nica (unicidade). (b) [1,0 pt] Mostre que, se x ∈ Q∗ = Q \ {0} e y ∈ R \ Q enta˜o x · y ∈ R \ Q, onde R \ Q indica o conjunto dos nu´meros irracionais. Observac¸a˜o: Note que em (a) ha´ duas afirmac¸o˜es a serem provadas. Sugesta˜o para (b): raciocine por absurdo. Prova: (a) Existeˆncia: Como b ∈ R enta˜o existe −b ∈ R. Adicionando −b a ambos os lados de (?) e em seguinda usando as propriedade alge´brica de R, leˆ-se: (ax+ b)− b = 0 + (−b) ∴ ax+ (b− b) = −b ∴ ax+ 0 = −b ∴ ax = −b. (2?) Como a ∈ R e a 6= 0 enta˜o existe 1 a ∈ R. Multiplicando ambos os lados da u´ltima igualdade em (2?) por 1 a ∈ R e em seguida usando propriedades alge´bricas de R, resulta 1 a (ax) = 1 a (−b) ∴ (1 a a ) x = − b a ∴ 1 · x = − b a ∴ x = − b a . Logo, a equac¸a˜o alge´brica (?) tem, para a ∈ R∗ e b ∈ R, pelo menos uma soluc¸a˜o, x = − b a . 2 Unicidade: Suponha que a equac¸a˜o (?) tem duas soluc¸o˜es β e γ. Enta˜o, β e γ satisfazem a equac¸a˜o (?). Ou seja, aβ = −b e aγ = −b. Da´ı, pela transitividade da relac¸a˜o de igualdade, aβ = aγ. Como a ∈ R∗ enta˜o 1 a ∈ R e 1 a (aβ) = 1 a (aγ) ∴ (1 a a ) β = (1 a a ) γ ∴ 1 · β = 1 · γ ∴ β = γ. Portanto, se a equac¸a˜o (?) teˆm duas soluc¸o˜es β e γ enta˜o β = γ. Logo, a soluc¸a˜o e´ u´nica. 2 (b) Suponha, por contradic¸a˜o que, x · y /∈ R \Q. Assim, x · y ∈ Q. Seja r = x · y. Como, por hipo´tese, x ∈ Q∗ enta˜o 1 x ∈ Q e sendo r = x · y tem-se r x = y. Da´ı, y ∈ Q, pois r x = r · 1 x ∈ Q, ja´ que o produto de dois racionais e´ um racional. Isto contradiz a hipo´tese y ∈ R \Q. Esta contradic¸a˜o e´ fruto de ter sido suposto x · y /∈ R \Q. Logo, x · y ∈ R \Q. Notar que, se x ∈ Q, em particular x pode ser zero, enta˜o neste caso, 0 · y = 0 ∈ Q. 1 Questa˜o 2 [2,0 pontos] Fac¸a o que se pede: (a) [0,5 pt] Mostre que: se k ∈ R e 1 2 < k < 1 enta˜o −1 + 2k > 0 e 1 + 2k < 3. (b) [1,5 pts] Sejam �, x ∈ R, � > 0, 1 2 < k < 1 e |x− k| < min{1, � 3 } . Mostre que |x2 − k2| < �. Sugesta˜o: Use o item (a) no seu desenvolvimento. Prova: (a) Por hipo´tese: k ∈ R e 1 2 < k < 1. Enta˜o, multiplicando cada termo por 2, obte´m-se 1 < 2k < 2. Da´ı 1 < 2k e 2k < 2. Da primeira desigualdade, segue que 2k − 1 > 0. Somando-se 1 a cada membro da segunda desigualdade, obte´m-se 1 + 2k < 3. 2 (b) Sendo, por hipo´tese, |x− k| < min{1, � 3 } tem-se que |x− k| < 1 e |x− k| < � 3 . (a) De (a)1 tem-se que −1 < x− k < 1, e da´ı resulta que −1+2k < x+ k < 1+2k. Como 12 < k < 1 enta˜o−1 + 2k > 0 e 1 + 2k < 3, pelo item (a). Assim, |x+ k| = x+ k < 3. (b) Usando nesta ordem (b) e (a)2 obte´m-se |x2 − k2| = |x− k||x+ k| (b)< |x− k| · 3 (a)2< � 3 · 3 = �. Logo, |x− k2| < �. Questa˜o 3 [2,0 pontos] Considere X = { n n+ 3 ; n ∈ N } . Mostre que supX = 1. Justifique cuidado- samente suas afirmac¸o˜es. Prova: (i) Se n ∈ N enta˜o n < n + 3 e´ verdade. Como n + 3 > 0 segue que n n+ 3 < 1. Portanto, n n+ 3 ≤ 1 para todo n ∈ N. Logo, por definic¸a˜o, 1 e´ uma conta superior de X. (ii) Seja β ∈ R tal que β < 1. Deve-se encontrar x ∈ X tal que β < x. Como β < 1 enta˜o 1− β > 0 e 3β 1− β ∈ R. Assim, pela propriedade arquimediana existe n0 ∈ N tal que n0 > 3β 1− β . Da´ı, e como 1− β > 0 enta˜o n0(1− β) > 3β ∴ n0 − n0β > 3β ∴ n0 > n0β + 3β = (n0 + 3)β ∴ β < n0 n0 + 3 . Da´ı e da definic¸a˜o do conjunto X tem-se que n0 n0 + 3 ∈ X. Portanto, existe x = n0 n0 + 3 ∈ X tal que β < x. Ou seja, β < 1 na˜o e´ uma cota superior para X. Como β e´ um nu´mero real arbitra´rio e β < 1 enta˜o nenhum nu´mero real β < 1 e´ uma cota superior para X. Pelas etapas (i), (ii) e definic¸a˜o de supremo, 1 e´ a menor das cotas superiores de X. Logo, 1 = supX. 2 Questa˜o 4 [2,0 pontos] (a) [1,0 pt] Mostre, por meio da definic¸a˜o de limite de sequeˆncia, que lim n→∞ √ n√ n+ 2 = 1. (b) [1,0 pt] Sejam f : N → R uma func¸a˜o e M > 0 um nu´mero real tais que |f(n)| ≤ M para todo n ∈ N. Mostre, justificando detalhadamente suas afirmac¸o˜es, que a sequeˆncia (xn)n∈N definida por xn = f(n) n2 converge a zero quando n→∞. Prova: (a) Seja � ∈ R e � > 0. Pela propriedade arquimediana, existe um natural n0 > 4 �2 . Suponha n ∈ N tal que n > n0. Enta˜o∣∣∣∣ √n√n+ 2 − 1 ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣√n−√n− 2√n+ 2 ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣ −2√n+ 2 ∣∣∣∣ = 2√n+ 2 < 2√n < 2√n0 . Como n0 > 4 �2 e �2 > 0 enta˜o: n0� 2 > 4 ∴ √n0� > 2 ∴ 2√ n0 < �. Como n ∈ N e´ arbitra´rio, enta˜o para todo n ∈ N com n > n0 > 4 �2 tem-se que∣∣∣∣ √n√n+ 2 − 1 ∣∣∣∣ < 2√n < 2√n0 < �. Assim, para todo � ∈ R∗+, existe n0 ∈ N tal para todo n ∈ N, se n > n0 enta˜o ∣∣∣∣ √n√n+ 2 − 1 ∣∣∣∣ < �. Logo, pela definic¸a˜o de limite, conclui-se que lim n→∞ √ n√ n+ 2 = 1. 2 (b) Por hipo´tese |f(n)| ≤M para todo n ∈ N. Da´ı, −M < f(n) ≤M para todo n ∈ N. Enta˜o −M n2 ≤ f(n) n2 ≤ M n2 para todo n ∈ N. Como lim n→∞ 1 n2 = 0 enta˜o 0 = − lim n→∞ M n2 ≤ lim n→∞ senn n2 ≤ lim n→∞ M n2 = 0. Aplicando o Teorema do Sandu´ıche (ou confronto) tem-se (xn)n∈N converge a zero quando n→∞. Questa˜o 5 [2,0 pontos] Mostre, por meio da definic¸a˜o de convergeˆncia de se´rie, que se β ∈ R e β > 1 enta˜o ∞∑ n=0 ( 1 β )n = β β − 1 . Sugesta˜o: Use que: 1− xn+1 = (1− x) (1 + x+ · · ·+ xn−1 + xn) para todos n ∈ N e x ∈ R− {1}. Prova: Sendo x ∈ R− {1} tem-se da sugesta˜o que 1 + x+ · · ·+ xn−1 + xn = 1− x n+1 1− x . (?) 3 As somas parciais da se´rie ∞∑ n=0 ( 1 β )n e´ dada por Sn = 1 + 1 β + ( 1 β )2 + · · · + ( 1 β )n . Como β > 1 enta˜o 1 β < 1 e, consequentemente, 1− 1 β > 0. Da´ı, tomando x = 1 β em (?), resulta Sn = 1 + 1 β + ( 1 β )2 + · · ·+ ( 1 β )n = 1− ( 1 β )n+1 1− 1 β . (2?) Como β > 1 enta˜o lim n→∞ ( 1 β )n+1 = 1 lim n→∞ βn+1 = 0. Portanto de (2?), lim n→∞ Sn = 1 1− 1 β = β β − 1 . Logo, por definic¸a˜o, ∞∑ n=0 ( 1 β )n = β β−1 . 4
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