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Formação Sócio-Histórica do Brasil - Slides de Aula Unidade II

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Prof. Vinícius Albuquerque
UNIDADE II
Formação Sócio-histórica
do Brasil
 Livro-texto: apresentação de um percurso sócio-histórico da formação do Brasil.
 Perspectiva histórico-crítica.
 Ir além das informações, buscando as interpretações.
 Debates de autores que influenciaram os discursos sobre a Formação do Brasil.
 As diferentes obras e correntes de pensamento apresentadas devem contribuir 
para uma melhor compreensão de características sócio-históricas tais como 
desigualdades econômicas, sociais e étnicas.
 Estudo da formação social, política e econômica 
do Brasil.
Apresentação: Formação Sócio-histórica do Brasil 
 Na Unidade I já vimos Gilberto Freyre, com Casa Grande & Senzala; e Darcy 
Ribeiro, O Povo Brasileiro. 
 Na Unidade II veremos: Raymundo Faoro e a Ideologia do estamento; Celso 
Furtado e seu pensamento. 
 Depois, na Unidade III: Octavio Ianni e Marilena Chauí Brasil: Mito Fundador e 
Sociedade Autoritária.
 Destaque para as obras que trataram da construção 
da cultura e da identidade nacional.
Apresentação: Formação Sócio-histórica do Brasil 
 Faoro inicia sua carreira na área do direito, como procurador e estuda a realidade 
brasileira a partir de suas origens e formação. 
 Fontes: documentos jurídicos e de arquivos de tabelionatos e cartórios. 
 Isso coloca o problema da natureza das fontes e como isso compromete o olhar.
 O livro aborda a história da formação do Brasil começando pelas origens de 
Portugal passando pela colonização do Brasil e chegando até o Estado Novo de 
Vargas (1937-45). 
 No livro-texto a abordagem vai até a Independência 
do Brasil em 1822.
Raimundo Faoro e os Donos do Poder
 Max Weber é a inspiração teórica de Faoro para a organização de suas categorias 
de análise.
 Para o autor as categorias de Weber são as mais adequadas para se pensar a 
formação sócio-histórica brasileira do que a tradicional metodologia marxista.
 Weber não aceita interpretações totalizantes e busca compreender os eventos 
em sua singularidade.
 Interpretação da ação social pensada como conduta 
humana dotada de sentido.
Raimundo Faoro e Max Weber
 Valorização das raízes portuguesas da formação política do Brasil. 
 Apresentação de uma história marcada por guerras/confrontos de interesses. 
 Sobre Portugal, “começa sua história, com as lutas contra o domínio romano, 
foi o teatro das investidas dos exércitos de Aníbal, viveu a ocupação das tribos 
dos visigodos, de origem germânica, e foi finalmente dominada pelos mouros” 
(FAORO, 2001, p. 13).
“é tão guerreiro, que nasceu com a espada na mão, 
armas lhe deram o primeiro berço, com as armas 
cresceu, delas vive, e vestido delas, como bom 
cavaleiro, há de ir para a cova no dia do juízo”
(FAORO, 2001, p. 13).
Raimundo Faoro e formação de Portugal 
 Para Faoro havia supremacia do rei, como senhor do reino, era único proprietário 
da terra, instrumento de poder em uma época em que as rendas eram 
predominantemente derivadas do solo.
 A Coroa conseguiu formar, desde as primeiras batalhas da Reconquista, um 
imenso patrimônio rural, cuja propriedade se confundia com o domínio da 
casa real. 
 As conquistas respeitaram a propriedade individual. 
Os antigos cristãos arabizados, chamados 
moçárabes, também os descendentes dos colonos da 
África e da Ásia (...) tiveram seus bens reconhecidos.
Raimundo Faoro e formação de Portugal: Supremacia do Rei 
 Do patrimônio do rei, maior do que o do clero e da nobreza, saía o dinheiro para 
sustentar os soldados.
 Rei: grandes doações rurais em recompensa aos serviços prestados.
 Para Faoro (2001), duas características unidas determinaram a história 
do reino de Portugal.
 Rei senhor da guerra. 
 Rei senhor de terras imensas. 
 Por ser o centro supremo das decisões, a figura de rei 
todo poderoso impediu que Portugal tivesse o poder 
real disperso em domínios, como no feudalismo, todos 
obedecem. 
Raimundo Faoro e formação de Portugal: Supremacia do Rei 
 Qualquer reclamação contra a palavra suprema era considerada traição, rebeldia 
contra a vontade de quem tomava as deliberações superiores.
 O rei não admitia nem aliados nem sócios, pois acima dele só a Santa Sé, o 
Papa, mas não o clero. 
 Portugal exibia uma estrutura diferente da Europa medieval, pois o absolutismo 
centralizador ainda era uma modernidade.
 Cargos eram determinados pelo príncipe e 
dependiam da sua riqueza e de seus poderes. 
Quando ordenava o serviço militar da nobreza 
territorial, o rei a contratava como um funcionário.
Raimundo Faoro e formação de Portugal: Supremacia do Rei 
 Pacto entre o rei e o povo: os forais – a carta de foral – asseguravam o 
predomínio do soberano já apontando o caminho do absolutismo.
 A terra não teria outro senhor senão o rei.
 Nesse ponto vale observar o mecanismo analítico de Faoro pois ao 
acreditar na existência do absolutismo em Portugal, procura os 
mecanismos de seu funcionamento.
 Havia uma enorme confusão do que era propriedade 
do rei, pois terras e tesouros se confundiam como 
patrimônio público e particular.
Raimundo Faoro e formação de Portugal: Supremacia do Rei 
 A terra, o comércio e a indústria dependiam das concessões régias,
 das delegações graciosas e dos arrendamentos onerosos, que, a qualquer 
momento, poderiam ser substituídos por empresas monárquicas.
 sementes do mercantilismo lançadas em chão fértil.
 Com os privilégios concedidos para exportar e para importar, o rei arrecadava 
sua parte, numa apropriação de renda que só analogicamente se compara aos 
modernos tributos.
 Diversos impostos eram cobrados.
 A Coroa criava rendas com seus bens e cobrava 
impostos do patrimônio particular.
Raimundo Faoro e formação de Portugal: Supremacia do Rei 
 O rei era um poderoso sócio e patrão, submetendo todo proprietário a 
cuidar da produção. 
 A nobreza tentava defender os velhos privilégios, se mantendo como aliada do 
soberano, mas logo ela vai preferir se juntar à burguesia.
 O Estado patrimonial não respeitou os privilégios dos nobres. 
 Para Faoro a estrutura da formação econômica de 
Portugal apresenta contornos que podem ser 
comparados com as demais fases da história do 
Brasil.
Estado Patrimonial
 O barão português se define como funcionário e não como senhor.
 Havia um traço do feudalismo, mas não o feudalismo como instituição.
 Faoro (2001) contesta a ideia que acredita instituída por pensadores de esquerda, 
como Caio Prado Jr., que veria nas capitanias hereditárias um feudalismo tardio. 
 Segundo Faoro (2001), não pode ter existido no Brasil 
algo que tampouco existia na história portuguesa, 
pois os portugueses nem saberiam como legislar com 
ideias medievais.
Estado Patrimonial
Para construir suas categorias analíticas Raimundo Faoro:
a) Lançou mão do pensamento de Max Weber.
b) Tornou-se ferrenho defensor da democracia racial.
c) Ignorou documentos históricos produzindo uma história filosófica.
d) Tornou-se o introdutor do pensamento marxista no Brasil.
e) Rompeu com a tradicional visão patrimonialista de história do Brasil.
Interatividade
 O Estado moderno teria uma linha própria de crescimento, sem vínculo necessário 
com o sistema feudal da Europa central? 
 A economia da Idade Média, identificada como feudalismo, reside na propriedade 
dos meios de produção. 
 Para Faoro (2001), a historiografia marxista segue um curso linear e não a 
peculiaridade de certas relações sociais tidas como específicas da Idade Média na 
formação sócio-histórica do Brasil.
 Afirma que essa doutrina marxista, construída sobre uma tradição histórica, 
e ensinada sem exame crítico de profundidade, 
infiltrou-se na teoriaacadêmica, ganhando o prestígio 
dos lugares-comuns. 
Faoro e a formação sócio-histórica do Brasil: evitar lugares comuns
 Faoro insiste que, como Portugal era patrimonial e não feudal, os efeitos estavam 
presentes na sociedade brasileira, principalmente naquilo que diz respeito às 
relações entre o homem e o poder, são de outra ordem. 
 Também a forma econômica que organiza a economia do Brasil.
 Quando o patrimonialismo é dominante, há uma ordem burocrática que determina 
que o soberano é sobreposto ao cidadão na qualidade de chefe para funcionário: 
“manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Faoro e o Patrimonialismo
 Para Faoro: [...] o chamado feudalismo português e brasileiro não é, na verdade, 
outra coisa do que a valorização autônoma, truncada, de reminiscências 
históricas, colhidas, por falsa analogia, de nações de outra índole, sujeitas 
a outros acontecimentos, teatro de outras lutas e diferentes tradições 
(FAORO, 2001, p. 34).
 Faoro (2001) conclui que, desde a Idade Média, Portugal era um Estado 
patrimonial e não feudal.
 Faoro (2001) evoca também a lembrança de 
Maquiavel, que reconhecia dois tipos de principado, 
o feudal e o patrimonial.
Faoro e o Estado Patrimonial 
 Em uma monarquia patrimonial, o rei está acima de todos os súditos. 
 Só a vontade do rei poderia lhes conceder grandezas. 
 O rei enquanto dirigente centralizador conduzia as operações comerciais como se 
fosse uma empresa.
 É a estrutura patrimonial que permitirá a estabilização da economia. 
 Ela [a estrutura patrimonial] permitiu a expansão do capitalismo comercial e 
fez do Estado uma gigantesca empresa comercial, que impediu o 
desenvolvimento em Portugal e no Brasil do capitalismo 
industrial até o século XX. 
Faoro e o Estado Patrimonial 
 Para Faoro (2001), o que melhor explica a formação sócio-histórica do 
Brasil é o estamento.
 O estamento é camada social e não econômica.
 “Os estamentos são órgãos do Estado, as classes são categorias sociais 
(econômicas)” (FAORO, 2001, p. 60).
 O estamento político que Faoro conceitua é constituído de uma comunidade que 
faz seus membros pensarem e agirem conscientes de pertencer a um mesmo 
grupo, a um círculo elevado, qualificado para o exercício do poder.
 A situação estamental proposta seria a do indivíduo 
que aspira aos privilégios do grupo, e se fixa no 
prestígio da camada e na honra social que ela infunde 
sobre toda a sociedade.
Faoro: o Patrimonialismo e o Estamento
 O absolutismo e o funcionalismo estavam nascendo no Estado patrimonial de 
estamento, sem com elas se identificar.
 O estamento era uma comunidade de dependentes do tesouro da Coroa e se 
converteu na burocracia. Era uma burocracia de caráter aristocrático, com uma 
ética e um estilo de vida próprios, impregnados do espírito pré-capitalista.
 No Estado absoluto, o estamento vivia atuante e seus privilégios estavam 
condicionados pela vontade do soberano.
 O estamento, que era o estado maior da autoridade 
pública, apressou e consolidou a separação entre a 
coisa pública e os bens do príncipe. 
Faoro: o Patrimonialismo e o Estamento
 Os direitos e privilégios do estamento obrigaram o rei a se amparar nele.
 A ação real acontece por meio de pactos, acordos e negociações.
 Dentro do estamento havia disputas; a teia jurídica que envolve o estamento não 
tem o caráter moderno da impessoalidade e da generalidade. 
 O Estado patrimonial, articulado pelo estamento, foi o elemento que permitiu o 
alargamento do mundo comercial europeu, pois seu crescimento não cabia na 
capacidade dos financistas particulares.
 Foi o Estado patrimonial que orientou o comércio 
marítimo e a formação territorial.
Faoro: o Patrimonialismo e o Estamento
 O direito português também serviu quase exclusivamente à organização política. 
Para Faoro (2001), o direito articulou-se no Estado de estamento, como elo de 
união, cimento de solidariedade de interesses, expressando sua doutrina 
prática e sua ideologia. 
 O soberano deixou de lado sua função de árbitro dos dissídios e fonte das 
decisões para o papel de chefe do governo e chefe do Estado.
 O padrão de comportamento do estamento é outra 
característica percebida por Faoro (2001) e que veio 
também se instalar no Brasil.
Faoro: o Patrimonialismo e o Estamento
 As regras do comércio e da vida do reino.
 O rei acumulava os títulos de regente e senhor.
 O rei comerciante confundia a exploração econômica com a guerra e a 
administração pública.
 Para Faoro (2001), tudo acabou em grossa corrupção, com o excesso do 
luxo que uma geração desperdiçou, deixando o povo na miséria e o fidalgo 
avesso ao trabalho.
 Portugal seria uma imensa burocracia presidida pelo 
rei onde havia disputas por cargos e funções.
Faoro: o Patrimonialismo, o Estamento, o Comércio e a Burocracia
 Para Faoro (2011) havia “a arte de furtar”.
 Sua posição pessoal de crítica e de censura dessa prática caracterizava o 
enriquecimento no cargo como atividade ilícita, sem respeito nem à ética 
medieval, nem à ética burguesa. 
 Onde havia comércio, havia governo. A administração seguia a economia, 
organizando-a para proveito do rei.
Faoro: o Patrimonialismo, o Estamento, o Comércio e a Burocracia
Podemos identificar a principal contribuição analítica desenvolvida por Faoro como 
sendo:
a) A recusa da prevalência da burocracia no Brasil.
b) A recusa do passado de exploração colonial. 
c) A luta de classes. 
d) A teorização do Patrimonialismo e do Estamento.
e) A recusa da ideia de Estamento, apesar da valorização do Patrimonialismo.
Interatividade
 Colonização do Brasil / América Portuguesa.
 A Coroa era dona de todos os monopólios comerciais: da pimenta, do pau-brasil 
e dos escravos.
 O capitalismo era politicamente orientado para servir o estamento. 
 Não havia nenhuma vontade de permitir a livre iniciativa, pois o rei 
constituía seu capital graças ao imposto sobre as atividades comerciais e 
industriais privadas e para Faoro (2001) esse mercantilismo prático português 
foi herdado pelo Estado brasileiro.
 Acentuação do papel diretor, interventor e 
participante do Estado na atividade econômica.
Faoro e a Colonização do Brasil
 Para Faoro organização política do patrimonialismo estava fechada em si mesma, 
formando um estamento burocrático. 
 Essa burocracia não tinha o sentido moderno exposto por Weber de 
aparelhamento racional do Estado, mas visava apenas a apropriação dos cargos.
 Essa agonia não matava, mas paralisava. 
“Nem o açúcar do Brasil, nem o escravo africano, nem 
o ouro de Minas Gerais, nada salvou este mundo 
condenado à mansa agonia de muitos séculos” Faoro 
(2001, p. 103).
Faoro e a Colonização do Brasil: Patrimonialismo
 A camada superior desdenhava o trabalho e a produção ou qualquer 
outra virtude burguesa.
 Havia (talvez haja até hoje) um preconceito universal contra o trabalho manual, 
que sempre foi caracterizado como uma atividade servil.
 De acordo com Faoro (2001), a história de Portugal e do Brasil é um cemitério de 
elites. As brigas pelo poder não dizem respeito ao povo; são disputas entre 
funcionários do Estado.
 O estamento, o quadro administrativo e o 
estado-maior de domínio configuravam o governo de 
uma minoria.
Faoro e a Colonização do Brasil: Patrimonialismo e Estamento
 Faoro escreveu que o nosso modelo, o Estado português prolongado no Brasil, 
não conheceu nunca um período verdadeiro de soberania popular. O poder 
minoritário adquiriu um caráter pétreo, independente da forma de governo da 
nação e, dessa maneira, ficava isolado do povo.
 Os funcionários mantiveram sempre o mesmo conteúdo ideológico.
 Para Faoro (2001), oestamento é seu conceito fundamental, mas podemos 
chamá-lo de elite, de classe dirigente, classe política ou intelligentsia. 
 É quase uma casta, sem nunca se tornar de fato uma 
classe social, como a grande burguesia industrial.
Faoro e a Colonização do Brasil: Patrimonialismo e Estamento
 Segundo Faoro (2001), no primeiro ato da abordagem americana, o Brasil figura 
como uma conquista.
 O monopólio real não era exercido diretamente, mas mediante concessão.
 O sentido da colonização estava claro: era o povoamento como obra 
auxiliar da conquista.
 A organização jurídica modelou o estabelecimento social e a empresa econômica. 
A colonização e a conquista do território avançam pela vontade da burocracia, 
expressa na atividade legislativa e regulamentar.
Faoro e a Colonização do Brasil: Patrimonialismo e Estamento
 A sociedade brasileira não se tornou portuguesa em seu processo de tomada de 
consciência, mas também não se apropriou do papel do governo. O Estado não 
era percebido como o protetor dos interesses da população, nem defensor das 
atividades dos particulares. 
 Estado: monstro sem alma, titular da violência e impiedoso cobrador de impostos.
 Ninguém colaborava com o Estado, só aqueles que buscavam benefícios escusos 
e de cargos públicos.
 Faoro (2001) chama o povo de “ficção”, pois 
considerava que ele nunca pode participar de fato 
dos destinos 
do País.
Faoro e a Colonização do Brasil: Patrimonialismo e Estamento
 O rei queria súditos e não senhores, soldados e não caudilhos. As minas 
aceleraram a disciplina no Brasil, já que o soberano mantinha as rédeas 
firmes e curtas. 
 O patrimônio real, preservado pelo estamento burocrático, esqueceu os antigos 
serviços e adotou novos aliados para espalhar seus tentáculos pela imensa 
colônia. A máquina administrativa se tornou um órgão de controle com 
feições de polícia. 
 Esse círculo de privilégios e honras confere mando, superioridade e fidalguia. 
 A conciliação entre a unidade do governo e a 
tendência regionalista e desintegradora foi resolvida 
pela camada dos fiéis agentes do rei e dos 
funcionários.
Faoro e a Colonização do Brasil: Patrimonialismo e Estamento
 A conciliação entre a unidade do governo e a tendência regionalista e 
desintegradora foi resolvida pela camada dos fiéis agentes do 
rei e dos funcionários.
 Esse círculo de privilégios e honras confere mando, superioridade e fidalguia.
 Faoro (2001) percebe que, com esse sistema, a burguesia não subjugou, nem 
aniquilou a nobreza, mas incorporou a nobreza à burguesia, aderindo-a à sua 
consciência social.
 O caminho que atraiu todas as classes, fundindo-as 
ao estamento que dominou. O setor privado usurpava 
as funções públicas.
Faoro e a Colonização do Brasil: Patrimonialismo e Estamento
 A descrição da Independência do Brasil.
 1817 – República em PE, reações contra a opressão do governo no RJ.
 O contribuinte sentia que o imposto não era uma aplicação em benefício geral, 
mas um pagamento forçado feito à pessoa do soberano, que dele dispunha sem 
prestar contas. O sistema colonial, baseado no trânsito de mercadorias e nas 
extorsões da renda dele derivada, apresentava as suas deficiências percebidas 
claramente por uma quase integrada rede de produtores rurais brasileiros.
 Violenta repressão.
Faoro e a Independência do Brasil e a crise desde 1817
 Crise de 1820 e as Cortes de Lisboa: 
 As capitanias se tornaram províncias, comandadas por juntas de governo. 
 A fraqueza da burocracia civil e a anemia do comércio luso permitiram aos 
senhores de terra tomarem o poder.
 Em São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, foram criados governos provinciais.
 Alianças com Pedro.
Faoro e a Independência do Brasil e a crise desde 1820
 Para Faoro (2001), o regime colonial não se extinguiu, apenas se modernizou. 
Houve uma continuidade entre a distância do Estado, monumental, aparatoso, 
pesado, e a nação, informe, indefinida, inquieta. 
 A ordem metropolitana foi reorganizada no estamento de aristocratas 
improvisados, servidores nomeados e conselheiros escolhidos, e se superporia 
ao País, calado e distante.
 O imperador tendia ao despotismo, e os 
representantes da nação, à anarquia.
Faoro e o Brasil Independente: modernização do regime colonial
 O capitalismo politicamente orientado, também conhecido como capitalismo 
político, ou pré-capitalismo, moldou a realidade estatal. 
 Para sobreviver, ele incorporou o capitalismo moderno, do tipo industrial, baseado 
na liberdade do indivíduo. Foi conquistada a liberdade de negociar, de contratar e 
de gerir a propriedade sob a garantia das instituições.
 Contudo, a comunidade política conduz, comanda e 
supervisiona os negócios como se fossem negócios 
privados na origem e transformados cinicamente em 
negócios públicos.
Faoro e sua visão sobre o Brasil: olhar sobre o capitalismo
 O patrimonialismo, cuja legitimidade se assenta no tradicionalismo do “assim é 
porque sempre foi”. 
 Faoro (2001) insiste que a realidade histórica brasileira demonstrou a persistência 
secular da estrutura patrimonial, resistindo a todo desenvolvimento capitalista, 
além de adotar do capitalismo a técnica, as máquinas e as empresas, sem aceitar 
a vontade de mudança.
 O Estado não fornece as condições para que possamos pesquisar e fabricar 
máquinas e equipamentos eletrônicos. 
 O que importa é arrecadar para o Estado, e não 
educar o povo de fato.
Faoro e sua visão sobre o Brasil: o Patrimonialismo
 O domínio tradicional se configurou no patrimonialismo.
 O patrimonialismo está presente quando aparece o estado-maior do chefe em 
comando, que mantém poder sobre o território, subordinando muitas unidades 
políticas. Sem contar com esse quadro administrativo, o pequeno chefe local 
assume um caráter patriarcal, que podemos reconhecer no mando do 
fazendeiro, na ideologia do senhor de engenho e nos coronéis.
 Presença do Patrimonialismo em diversas épocas e não apenas na colônia.
 Enquanto o povo espera, o estamento burocrático 
desenvolve a sua política, superior e autônoma, 
remediando as crises com as revoluções de 
cima para baixo.
Faoro e sua visão sobre o Brasil: o Patrimonialismo
Em sua análise, quando fala do povo, Faoro considera:
a) O povo como uma ‘ficção’ pois é constantemente desconsiderado em seus 
interesses e necessidades. 
b) Que o povo é a principal categoria analítica que pode explicar a história do Brasil.
c) Que o povo tornou-se um estamento voltado sobre si mesmo. 
d) Que o povo provoca as constantes mudanças na política nacional. 
e) Que é apenas na época da crise do Antigo Regime que se fala em povo.
Interatividade
 Celso Furtado foi um importante cientista social brasileiro.
 governos JK e João Goulart; 
 SUDAM e SUDENE;
 ação do Estado para industrialização.
 Organização da produção, empregos e inclusão de pessoas.
 mercado de bens de consumo. 
 Furtado pensou sobre quais eram os obstáculos ao desenvolvimento das 
economias dos países pobres e formulou várias interpretações 
históricas sobre as formações econômicas 
latino-americana e brasileira.
Entendendo o pensamento de Celso Furtado
 Estudo do legado colonial:
 Continuidade das famílias que controlavam o território latino-americano. 
 As antigas metrópoles teriam sido substituídas principalmente pelos Estados 
Unidos, pela Franca, pela Inglaterra e pela Alemanha.
 Furtado não foi um economista convencional. 
 Acreditava que os problemas econômicos não podiam ser separados das suas 
condicionantes socioculturais e políticas.
 O Estado Nacional seria a grande unidade de referência da sua teoria do 
desenvolvimento econômico.
Furtado e o legadocolonial
 Para Furtado existe uma estrutura de poder fundada na coação 
e/ou no consentimento. 
 No presente, a ordem internacional expressaria essas relações consentidas ou 
impostas entre poderes nacionais.
 Pós-Segunda Guerra
 Desenvolvimentismo latino-americano.
Furtado e o Desenvolvimentismo
Desenvolvimentismo:
 Crença de que era possível estabelecer bases técnicas e econômicas que 
permitissem a incorporação do progresso.
 Questão primordial era a da acumulação capitalista e sugeria mecanismos que 
pudessem melhorar a distribuição dessa renda acumulada.
 Os países devem se industrializar sem depender do capital ou das 
tecnologias estrangeiras.
 Celso Furtado não era um intelectual marxista; assim 
como FHC, ele utilizava o pensamento social 
weberiano e um pensamento econômico keynesiano.
Furtado e o Desenvolvimentismo
 Furtado (2005) construiu uma metodologia de análise histórica própria em que a 
Teoria da Demanda Efetiva de Keynes e a Teoria das Decisões de Weber e 
Mannheim se estruturavam a partir da ideia da relação entre centro e periferia 
exposta por Prebisch.
 Para ele, a espinha dorsal dos sistemas econômicos nacionais decorria de uma 
racionalidade econômica que deveria orientar o processo de industrialização.
 Segundo ele, havia relações de causa e efeito entre a 
expansão de forças produtivas e a modernização dos 
padrões de consumo. 
Furtado e o Desenvolvimentismo: Keynes e Weber
 Aquilo que parece uma ideia de fundo exclusivamente marxista, na verdade, 
não é: o próprio Henry Ford tinha como uma das suas ideias básicas a crença 
de que seus operários deveriam ganhar bem o bastante para comprar os 
automóveis que fabricavam. 
 Por outro lado, os automóveis fabricados tinham de ser bons e baratos 
suficientemente para que os operários pudessem comprá-los.
 O próprio mercado começava pela possibilidade de os operários adquirirem o 
produto que estavam fabricando.
 Documentário “O longo amanhecer”. Cinebiografia 
de Celso Furtado.
 Dir. José Mariani. 2004 (1h13min).
Furtado: o Desenvolvimentismo e o longo amanhecer
 O aumento progressivo da riqueza da nação levaria a uma crescente elevação do 
bem-estar do conjunto da população.
 Equidade social não era pensada de forma marxista, visando a uma distribuição 
igualitária do capital.
 Acreditava que, na medida em que houvesse um desenvolvimento industrial, 
esse desenvolvimento iria permitir o desenvolvimento de uma quantidade 
cada vez maior de empresas, as quais iriam absorver, 
cada vez mais, mão de obra.
Furtado: o Desenvolvimentismo e o longo amanhecer
Em “Pequena Introdução ao Desenvolvimento”, Furtado sintetizou a questão nos 
seguintes termos:
 “A pressão no sentido de reduzir a importância relativa do excedente – decorrente 
da crescente organização das massas assalariadas – opera como acicate 
(acelerador) do progresso da técnica, ao mesmo tempo que orienta a tecnologia 
para poupar mão de obra. [...] A manipulação da criatividade técnica tende a ser o 
mais importante instrumento dos agentes que controlam o sistema produtivo, em 
sua luta pela preservação das estruturas sociais” (FURTADO, 2005, p. 6).
 Por estarem na periferia dos países centrais e por 
haver grande assimetria social interna, seria 
necessário identificar esses bloqueios à inovação e à 
difusão do progresso tecnológico que impediu o 
próprio capitalismo nesses países.
Furtado: a questão da Periferia
 Furtado (2005) acreditava que seria possível que as sociedades periféricas 
pudessem decidir politicamente o ritmo e a intensidade com que se deseja 
assimilar as novas tecnologias. 
 A teoria do subdesenvolvimento de Furtado (2005) pode ser vista como uma crítica 
à forma racional que as elites dominantes dos países periféricos fazem a 
incorporação do progresso tecnológico, causando, assim, uma eterna dependência 
externa dos bens de consumo e, ao mesmo tempo, uma grande assimetria 
social interna. 
 Furtado busca identificar e explicar o processo 
histórico da constituição das bases técnicas nas 
economias nacionais subdesenvolvidas.
Furtado: a questão da Periferia
 “Formação Econômica do Brasil” foi escrito no final da década de 1950, quando as 
lutas sociais no Brasil pediam reformas da base da sociedade brasileira. 
 Expôs as raízes históricas do nosso subdesenvolvimento e deixou claros quais 
obstáculos bloqueavam a formação da economia nacional. 
 Noção histórica do acúmulo de mazelas impostas pela condição de colônia, 
responsável pelo atraso na formação do mercado interno, e pela crença de que 
a substituição das importações iria modernizar o acesso 
aos bens de consumo modernos.
 Exemplo histórico: influências do café na economia e 
industrialização do Brasil. 
Furtado e a Formação Econômica do Brasil
 A crise da industrialização na década de 1980 fez Furtado ter uma nova opinião.
 Nova dependência da dívida externa e o Monetarismo: 
 Alertou que a transnacionalização do capitalismo estaria diminuindo a 
possibilidade de independência das economias periféricas:
 “A enorme concentração de poder que caracteriza o mundo contemporâneo [...] 
coloca a América Latina em posição de flagrante 
inferioridade, dado o atraso que acumularam as economias 
da região e as exíguas dimensões dos mercados nacionais.”
Furtado e a concentração de poder contemporânea
 Em 1992, Furtado publicou “Brasil, A Construção Interrompida”. 
 Explicação da desnacionalização crescente da economia e a maior 
concentração de renda.
 Manifesto final do seu pensamento, expôs, de uma forma normalmente 
atribuída aos pensadores de esquerda, que era necessária uma ruptura com a 
situação de dependência externa: 
 Em meio milênio de história, partindo de uma constelação de feitorias, de 
populações indígenas desgarradas, de escravos transplantados de 
outro continente, de aventureiros europeus e asiáticos 
a um povo de extraordinária polivalência cultural.
Furtado e a Construção Interrompida
Celso Furtado lançou mão de um sofisticado instrumental teórico para pensar 
fundamentalmente:
a) Como o povo participa como agente central na história nacional. 
b) Como a economia interfere na construção da corrupção no país. 
c) Como a ameaça comunista desestabilizou o Brasil no decorrer de sua história.
d) Como a globalização era benéfica para os países antes vistos como periféricos.
e) As condições de subdesenvolvimento e de sua superação no Brasil.
Interatividade
ATÉ A PRÓXIMA!

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