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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia Cursos de Engenharia Civil e Engenharia Sanitária e Ambiental Mecânica dos Solos Tensões nos solos - capilaridade Prof. Eng. Rinaldo Pinheiro Abril / 2018 Conceito de tensões num meio particulado Considere-se que os solos são constituídos de partículas e que forças aplicadas a eles são transmitidas de partícula a partícula, alem das que são suportadas pela água dos vazios. Grãos de siltes e areias a transmissão de forças se faz através do contato direto de mineral a mineral. Partículas de mineral argila, sendo elas em número muito grande, as forças em cada contato são muito pequenas e a transmissão pode ocorrer através da água quimicamente adsorvida. Conceito de tensões em um meio particulado A somatória das componentes normais ao plano, dividida pela área total que abrange as partículas em que estes contatos ocorrem, é definida como tensão normal: A somatória das forças tangenciais, dividida pela área, é referida como tensão cisalhante: Esquema do contato entre grãos para definição de tensões Para efeitos práticos as áreas de contato são desprezíveis Tensão de um meio contínuo Tensões no solo • Tensões devidas ao peso próprio do solo (geostáticas ou iniciais no terreno) x h0 h0 v0 v0 z N.T. Tensões no solo • Tensões devidas a cargas aplicadas na superfície do terreno (induzidas – carregamento externo) x Q h + h0 h0 + h v + v0 t t v + v0 z N.T. v0 = z h0 = x Tensões devidas ao peso próprio do solo – iniciais - geostática • As tensões iniciais são aquelas originadas pelo próprio do maciço. O cálculo desse estado de tensões pode ser bastante complexo em casos de grande heterogeneidade e topografia irregular. • Existem situações, entretanto, frequentemente encontradas na Geotecnia, em que o peso do solo resulta em um padrão de distribuição de tensões bastante simplificado. • Esta situação, denominada GEOSTÁTICA, admite as seguintes características: – Superfície do terreno horizontal – Subcamadas horizontais – Pouca variação das propriedades do solo na direção horizontal σh σv σh = tensão normal (perpendicular ao plano) t = tensão cisalhante (no plano) = 0 N.T. Prisma A (elemento de solo) b b Z g Solo seco S = 0 % Tensões geostáticas Em uma situação de tensões geostáticas, portanto, a tensão normal Vertical inicial (vo) Ŷo poŶto ͞A͟ pode ser oďtida ĐoŶsideraŶdo o peso do solo aĐiŵa do poŶto ͞A͟ dividido pela área z b zb A W v gg 2 2 0 onde: W = g . V (peso do prisma) V = b2 . z (volume do prisma) A = b2 (área do prisma) g = peso específico natural do solo Tensão geostática vertical Tensões geostáticas – água no solo O ingresso de água no solo, através de infiltração no terreno e a ocorrência de um perfil estratificado, com uma sucessão de camadas permeáveis e impermeáveis, permitem a formação de lençóis freáticos ou artesianos Tensões devidas ao peso próprio do solo (geostáticas) • Maciço saturado com água em condições hidrostáticas (isto é, sem fluxo) a profundidade na qual a pressão na água é atmosférica é o Đhaŵado Ŷível d͛água Ŷatural (N.A.) ou lençol freático. • PortaŶto, aďaixo do Ŷível d͛água, a pressão Ŷa água, ou poro-pressão ou pressão neutra (u0) é positiva. N.T. / N.A. Prisma A (elemento de solo) b b Z, Zw gsat Solo saturado S = 100 % u0 = gw . zw u0 = pressão neutra ou poro-pressão gw = peso específico da água, tomado igual a 10 kN/m3 = 1g/cm3 zw = profundidade em relação ao nível da água. v0 = g sat . z Tensões geostáticas Tensões vertical total inicial - v0 z1 z2 zw A gSAT g NT NA v0 = g . z1 + gSAT . z2 u0 = gw . zw Princípio das tensões efetivas Terzaghi ao notar a diferença da natureza das forças atuantes, a tensão normal total () num plano qualquer deve ser considerada como a soma de duas parcelas: a.) a tensão transmitida pelos contatos entre as partículas, tensão efetiva (` , ef) b.) pela pressão da água, pressão neutra ou poro-pressão (u) ` = - u Todos os efeitos mensuráveis resultantes de variações de tensões nos solos, como compressão, distorção e resistência são devidos a variação das tensões efetivas. Princípio das tensões efetivas Simulação para o entendimento do conceito de tensão efetiva - água até a parte superior - tensões resultam do peso da esponja e da pressão da água - repouso - Peso de 10N (pressão de 1kN/m2) -tensões no interior da esponja serão majoradas deste mesmo valor -Esponja se deforma expulsando água. O acréscimo de tensão foi efetivo - NA elevado em 10cm - Pressão atuante esponja (1kN/m2) -Tensões no interior da esponja seriam majoradas deste mesmo valor -Esponja não se deforma -Pressão da água atua nos vazios da esponja Princípio das tensões efetivas Deformações no solo, que é um sistema de partículas, tem uma característica bastante distinta das deformações nos outros materiais. Concreto – as deformações correspondem a mudança de forma ou de volume com todos os elementos se deslocando de maneira contínua, mantendo suas posições relativas. Solo – ao contrário as deformações correspondem a variações de forma ou de volume do conjunto, resultantes do deslocamento relativo das partículas. A compressão das partículas, são desprezíveis, perante as deformações decorrentes dos deslocamento das partículas, uma em relação às outras. Deformações nos solos são devidas somente a variações de tensão efetiva Tensões no solo QUALQUER PONTO NO INTERIOR DE UMA MASSA DE SOLO É SOLICITADO POR FORÇAS EXTERNAS + PESO PRÓPRIO ’h0 ’v0 z y x txy tyz tyx txz txz txy tensões normais (positiva – compressão) t = tensões cisalhantes (positiva – sentido horário) PLANOS PRINCIPAIS DE TENSÕES SÃO PLANOS ORTOGONAIS ENTRE SI, ONDE AS TENSÕES CISALHANTES SÃO NULAS (t = 0) 1 = Tensão principal maior 2 = Tensão principal menor 3 = Tensão principal intermediária (não são consideradas em mecânica dos solos) NA MAIORIA DOS PROBLEMAS DE MECÂNICA DOS SOLOS É CONSIDERADO ESTADO PLANO DE TENSÕES (1 e 3), ONDE: ’V0 = g . z = 1 ’h0 = 0 . ’V0 = 3 EXEMPLO 1: Calcule as tensões total, neutra e efetiva para os pontos assinalados (tensões verticais). Faça um gráfico da variação da tensão por profundidade. 47,0 135,2 177,7 42,0 67,0 47,0 93,2 110,7 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 TENSÕES - (kN/m2) PR O FU N D ID A D E - (m ) Tensão total Pressão neutra Tensão efetiva N.T. A 0,0 m g = 16,8 kN/m3 N.A. - 2,8 m - 7,0 m - 9,5 m B C D g = 21,0 kN/m3 g = 17,0 kN/m3 argila areia silte Exemplo 1: Pontos Profundidade Tensão total (kN/m2) Pressão neutra (kN/m2) Tensão efetiva (kN/m2) (m) v0 = g . z1 + g sat . z2 u0 = gw . zw ‘v0 = v0 – u0 A 0 0 0 0 B 2,8 16,8 . 2,8 = 47,0 0 47 - 0 = 47,0 C 7,0 47 + 21 . 4,2 = 135,2 4,2 . 10 = 42,0 135 - 42 = 93,2 D 9,5 135 + 17 . 2,5 = 177,7 42 + 10 . 2,5 = 67,0 177,5 - 67,5 = 110,7 N.T. A 0,0 m g = 16,8 kN/m3 N.A. - 2,8 m- 7,0 m - 9,5 m B C D g = 21,0 kN/m3 g = 17,0 kN/m3 argila areia silte 47,0 135,2 177,7 42,0 67,0 47,0 93,2 110,7 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 TENSÕES - (kN/m2) PR O FU N D ID A D E - (m ) Tensão total Pressão neutra Tensão efetiva Solo submerso • v0 = gw . z1 + gsat . z • u0 = gw . zw = gw (z1 + z) • ‘v0 = v0 - u0 • ‘v0 = gsub . z N.T. A Z1 gsat N.A. gw (lâmina de água) Z Zw Pressões efetivas em condições hidrodinâmicas As tensões efetivas verticais em condições hidrodinâmicas são calculadas pela equação: ‘ = - u Nesta equação o valor da poro-pressão (u) é estimado ou medido (in situ) através de piezômetros. Piezômetro de Casagrande Exemplo 2: O perfil geotécnico abaixo apresenta um terreno onde os piezômetros de Casagrande instalados indicam artesianismo do lençol inferior. Calcular as tensões totais e efetivas iniciais e a pressão neutra nos pontos assinalados. 20 71 106106 142 50 115 0 21 31 27 95 75 11 0 20 40 60 80 100 120 140 160 TENSÕES - (kN/m2) PR O FU N D ID A D E - (m ) Tensão total Pressão neutra Tensão efetiva N.T. 0,0 m g = 10,0 kN/m3 N.A. - 2,0 m - 5,0 m - 7,5 m A B C g = 17,0 kN/m3 g = 14,0 kN/m3 areia água argila - 11,5 m D g = 18,0 kN/m3 areia 2,0 m - 9,5 m Exemplo 2: Pontos Profund. Tensão total (kN/m2) Pressão neutra (kN/m2) Tensão efetiva (kN/m2) (m) v0 = gw . z1 + gsat . z u0 = gw . zw ‘v0 = v0 – u0 A 2,0 10 . 2 = 20 10 . 2 = 20 20 - 20 = 0 B 5,0 20 + 17 . 3 = 71 10 . 5 = 50 71 - 50 = 21 C 7,5 71 + 14 . 2,5 = 106 10 . (5,5 + 2) = 75 (Argila) 106 - 75 = 31 10 . (5,5 + 4) = 95 (Areia) 106 – 95 = 11 D 9,5 106 + 18 . 2 = 142 10 . (7,5 + 4) = 115 142 - 115 = 27 N.T. 0,0 m g = 10 kN/m3 N.A. - 2,0 m - 5,0 m - 7,5 m A B C g = 17 kN/m3 g = 14 kN/m3 areia água argila - 11,5 m D g = 18 kN/m3 areia 2,0 m - 9,5 m 20 71 106106 142 50 115 0 21 31 27 95 75 11 0 20 40 60 80 100 120 140 160 TENSÕES - (kN/m2) PR OF UN DI DA DE - ( m) Tensão total Pressão neutra Tensão efetiva Tensões no solo – Estado de tensões Tensões horizontais ( h) - Coeficiente de tensão lateral – K (Depende do tipo de solo; da história de tensões) - Coeficiente de tensão lateral no repouso – Ko (Não ocorre deformação lateral) • Ex: extensos depósitos sedimentares Determinação de 0 Laboratório Ensaio Triaxial – Trajetória de tensões k0 (sem deformação lateral) Campo pressiômetro; dilatômetro, célula espada. 0 0 0 ' ' v hk v hk ' ' σh σv σh Ko – fórmulas de correlação Relações Tipo de solo Autor / Ano K0 = 1 - sen solos granulares Jaky, 1944 K0 = 0,95 - sen argilas normalmente adensadas Brooker e Ireland, 1965 K0 = (1 - sen ) . OCR1/2 argilas pré-adensadas Meyerhof, 1976 K0 = (1 - sen ) . OCRsen argilas pré-adensadas Mayne e Kulhawy, 1981 OCR – razão de pré-adensamento (Unidade 8) - ângulo de atrito interno (Unidade 9) 0V VmOCR (‘vm = tensão de pré-adensamento e ‘v0 = tensão efetiva atual) Ko – célula espada Valores típicos de ko Areia fofa = 0,55 Areia densa = 0,40 Argila de alta plast. = 0,65 Argila de baixa plast. = 0,50 Dilatômetro de Marchetti Pressiômetro de Menar Exemplo 3: Calcular tensão efetiva vertical inicial e a tensão efetiva horizontal inicial nos pontos A, B, C e D no perfil geotécnico da figura abaixo e traçar o diagrama de variação das tensões com a profundidade. 34,034,0 61,061,0 81,081,0 131,078,6 64,8 48,8 48,6 30,5 17,0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 TENSÕES - (kPa) PR O FU N D ID A D E - (m ) Tensão efetiva vertical Tensão efetiva horizontal N.T. A 0 m g = 17 e K0 = 0,5 N.A. - 2 m - 5 m - 14 m B C D argila areia areia - 9 m g = 19 e K0 = 0,5 g = 15 e K0 = 0,8 g = 20 e K0 = 0,6 Exemplo 3: Pontos Tensão efetiva vertical (kPa) Tensão efetiva horizontal (kPa) ͚vo = gsub . z = (gsat - gw) . z ͛h0 = k0 . ͛v0 A 17 . 2 = 34,0 34 . 0,5 = 17,0 B 34 + (19 - 10) . 3 = 61,0 61 . 0,5 = 30,5 61 . 0,8 = 48,8 C 61 + (15 - 10) . 4 = 81,0 81 . 0,8 = 64,8 81 . 0,6 = 48,6 D 81 + (20 - 10) . 5 = 131,0 131 . 0,6 = 78,6 34,034,0 61,061,0 81,081,0 131,078,6 64,8 48,8 48,6 30,5 17,0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 TENSÕES - (kPa) PR O FU N D ID A D E - (m ) Tensão efetiva vertical Tensão efetiva horizontal N.T. A 0 m g = 17 e K0 = 0,5 N.A. - 2 m - 5 m - 14 m B C D argila areia areia - 9 m g = 19 e K0 = 0,5 g = 15 e K0 = 0,8 g = 20 e K0 = 0,6 Capilaridade Ascensão capilar - movimento de água contrário à ação gravitacional - a água se eleva nos canais capilares (vazios e poros) – aĐiŵa do Ŷível d͛água - graças a capilaridade a poro-pressão acima do N.A. é negativa N.T. zw N.A. água de contato saturação capilar parcial saturação capilar S = 100% N capilar N de saturação S < 100% altura de ascenção capilar u0 = gw . zw - u0 ( - ) ( + ) Poro-Pressão gSAT gSUB franja capilar S = 100% Distribuição do teor de umidade e poro-pressão em um perfil de solo Altura de ascensão capilar TUBO CAPILAR = d MENISCO Patm h0 N.A. Ts . cos Ts Ts u = gw . hc P0 cos2 hc wr Ts g cos4 hc wd Ts g 2 r Ts cos = r2 gw hc Prof. Fernando Marinho (Aula Mec. Solos e Fundações) Prof. Fernando Marinho (Aula Mec. Solos e Fundações)
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