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PRINCÍPIOS DO CONSUMIDOR

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PRINCÍPIOS DO CONSUMIDOR
PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO DO CONSUMIDOR (ART. 1º, CDC)
Do texto legal, o princípio do protecionismo do consumidor pode ser retirado do art. 1º da Lei 8.078/1990, segundo o qual o Código Consumerista estabelece normas de ordem pública e interesse social, nos termos do art. 5º, inc. XXXII, e do art. 170, inc. V da Constituição Federal, além do art. 48 de suas Disposições Transitórias. Não se pode esquecer que, conforme o segundo comando constitucional citado, a proteção dos consumidores é um dos fundamentos da ordem econômica brasileira.
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR (ART. 4º, INC. I, DO CDC)
VUNERABILIDADE
A Lei nº 8.078/90 (CDC) parte do pressuposto de que o consumidor é um sujeito vulnerável ao adquirir produtos e serviços ou simplesmente se expor a práticas do mercado. A vulnerabilidade é o ponto fundamental do CDC e, na prática, traduz-se na insuficiência, na fragilidade de o consumidor se manter imune a práticas lesivas sem a intervenção auxiliadora de órgãos ou instrumentos para sua proteção. Por se tratar de conceito tão relevante, a vulnerabilidade permeia, direta ou indiretamente, todos os aspectos da proteção do consumidor.
TIPOS DE VUNERABILIDADE
VULNERABILIDADE TÉCNICA
pode-se resumir na ideia de que o consumidor não tem conhecimentos específicos sobre o produto ou serviço adquirido, conhecimento este que, em geral, o fornecedor possui. Para Bruno Miragem o exemplo típico de relação é aquele do médico e paciente. Um outro exemplo seria o do consumidor que, ao adquirir um medicamento, não pode identificar se o remédio que ele comprou possui os elementos químicos constantes na bula ou se está adquirindo uma simples pílula de farinha.
VULNERABILIDADE JURÍDICA
é aquela em que o consumidor não entende quais as consequências de firmar um contrato ou estabelecer uma relação de consumo. Para Claudia Lima Marques estaria incluída aqui a vulnerabilidade além de jurídica, também a contábil e a econômica. Em linhas gerais, verifica-se quando é marcante que, enquanto o fornecedor trabalha frequentemente com seu ramo econômico, contando com assessoramento jurídico especializado, habitualmente defendendo causas semelhantes, o consumidor que precisa com ele li􀀭gar (defender-se ou ajuizar ação judicial), terá, em contraste, poucos recursos. Obviamente, a experiência, os argumentos, os documentos e provas nestes assuntos já estão previamente organizados pelo fornecedor.
PRINCÍPIO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR (ART. 6º, INC. VIII, DO CDC)
Ao contrário do que ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuficiência é um conceito fático e não jurídico, fundado em uma disparidade ou discrepância notada no caso concreto
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA (ART. 4º, INC. III, DO CDC)
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA OU DA CONFIANÇA (ARTS. 4º, CAPUT, E 6º, INC. III, DO CDC). A TUTELA DA INFORMAÇÃO
PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL DOS DANOS (ART. 6º, INC. VI, DA LEI8.078/1990). OS DANOS REPARÁVEIS NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO
Para que se configure a relação de consumo são necessários que estejam presentes seus elementos subjetivos que são o consumidor tido como sujeito ativo, protegido pelas normas estabelecidas pelo CDC e o fornecedor como sujeito passivo que vende um produto ou presta um serviço no mercado de consumo.
	ELEMENTOS SUBJETIVOS
	CONSUMIDOR 
O CDC define o consumidor em seu art. 2º como “[...] toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
	TEORIA DO CONCEITO CONSUMIDOR
	TEORIA FINALISTA
Para a teoria finalista, o consumidor é o destinatário final que adquire um produto ou contrata um serviço para uso próprio sem fins lucrativos.
	TEORIA MAXIMALISTA
Nesta teoria, basta à aquisição de um produto ou serviço para ser tido como consumidor, ou seja, ser o destinatário fático
	TEORIA FINALISTA APROFUNDADA
Verifica-se, segundo Bolzan (2013, p. 103), que a teoria finalista aprofundada é “pautada na ideia de se enquadrar a pessoa jurídica como consumidora desde que comprovada a sua vulnerabilidade, ou seja, tal posicionamento realiza o exame in concreto do conceito de consumidor”
	FORNECEDOR
O CDC define o fornecedor em seu art. 3º
	ELEMENTOS OBJETIVOS
	PRODUTO
Nos termos do art. 3º, § 1°, do CDC
	SERVIÇOS
O serviço é previsto no art. 3º, § 2º, do CDC
A PROTEÇÃO CONTRATUAL PELO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
A revisão contratual por fato superveniente no Código de Defesa do Consumidor (ART. 6,V, CDC)
A função social do contrato e a não vinculação das cláusulas desconhecidas e incompreensíveis (art. 46 do CDC). 
A interpretação mais favorável ao consumidor (art. 47 do CDC)
Boa-fé (art. 48)
A garantia contratual do art. 50 da Lei 8.078/1990
As cláusulas abusivas no Código de Defesa do Consumidor. Análise do rol exemplificativo do art. 51 da Lei 8.078/1990 e suas decorrências
Cláusulas que impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos (art. 51, inc. I, do CDC)
Cláusulas que subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga (art. 51, inc. II, do CDC) Cláusulas que transfiram responsabilidades a terceiros (art. 51, inc. III, do CDC)
Cláusulas que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou que sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade (art. 51, inc. IV, do CDC)
Cláusulas que estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor (art. 51, inc. VI, do CDC) Cláusulas que determinem a utilização compulsória de arbitragem (art. 51, inc. VII, do CDC)
Cláusulas que imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor (art.51, inc. VIII, do CDC)
Cláusulas que deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor (art. 51, inc. IX, do CDC)
Cláusulas que permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral (art. 51, inc. X, do CDC)
Cláusulas que autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor (art. 51, inc. XI, do CDC)
Cláusulas que obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor (art. 51, inc. XII, do CDC)
Cláusulas que autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração (art. 51, inc. XIII, do CDC)
Cláusulas que infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais (art. 51, inc. XIV, do CDC)
Cláusulas que estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor (art. 51, inc. XV, do CDC) Cláusulas que possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias (art. 51, inc. XVI, do CDC)
Os contratos de fornecimento de crédito na Lei 8.078/1990 (art. 52) e o problema do superendividamento do consumidor. A nulidade absoluta da cláusula de decaimento (art. 53)
O tratamento dos contratos de adesão pelo art. 54 do Código de Defesa do Consumidor
PRÁTICAS ABUSIVAS
Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos (art. 39, inc. I, do CDC)
Recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes (art. 39, inc. II, do CDC)
Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço (art. 39, inc. III, do CDC)
Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista a sua idade, saúde e condição social, para vender-lhe produto ou serviço (art. 39, inc. IV, do CDC)
Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva (art. 39, inc. V, do CDC)
Executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor,ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes (art. 39, inc. VI, do CDC)
Repassar informação depreciativa referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos (art. 39, inc. VII, do CDC)
Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO (art. 39, inc. VIII, do CDC)
Recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais (art. 39, inc. IX, do CDC)
Elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços (art. 39, inc. X, do CDC)
Aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido (art. 39, inc. XIII, do CDC)
Deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério (art. 39, inc. XII, do CDC)
RESPOSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO
De início, há a responsabilidade por vício do produto (art. 18 da Lei 8.078/1990), presente quando existe um problema oculto ou aparente no bem de consumo, que o torna impróprio para uso ou diminui o seu valor, tido como um vício por inadequação. Em casos tais, repise-se, não há repercussões fora do produto, não se podendo falar em responsabilização por outros danos materiais – além do valor da coisa –, morais ou estéticos. Em suma, lembre-se que no vício o problema permanece no produto, não rompendo os seus limites. A título de ilustração, o § 6º do art. 18 do CDC lista algumas situações.
RESPOSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO
Como dantes exposto, no fato do produto ou defeito estão presentes outras consequências além do próprio produto, outros danos suportados pelo consumidor, a gerar a responsabilidade objetiva direta e imediata do fabricante (art. 12 do CDC). Além disso, há a responsabilidade subsidiária ou mediata do comerciante ou de quem o substitua (art. 13 da Lei 8.078/1990).
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR (art. 6º do CDC)
	DIREITO A PROTEÇÃO CONTRATUAL (ART. 6º, V, CDC)
Especificamente em relação ao contrato, o CDC garante ao consumidor, além da possibilidade de invalidar as cláusulas abusivas, mesmo tendo assinado o documento, o direito de modificar disposições que imponham ganho exagerado ao fornecedor em detrimento de prejuízo considerável do consumidor e de rever o contrato caso ocorra um fato posterior ao acordo das partes que torne inviável ao consumidor o cumprimento de sua prestação (art. 6º, V, CDC).
	DIREITO À PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS (ART. 6º VI, CDC)
Os danos (prejuízos/perdas) mencionados pelo dispositivo do CDC em referência são relativos ao patrimônio do consumidor (danos materiais), aos abalos que vier a sofrer quando agredido em sua personalidade (danos morais).
	DIREITO À FACILITAÇÃO DE ACESSO À JUSTIÇA (ART. 6º VIII, CDC)
A inversão do ônus da prova é justamente a possibilidade de o juiz considerar provados os fatos alegados pelo consumidor, desde que as afirmações sejam verossímeis (coerentes, plausíveis, razoáveis) ou ficar evidente a dificuldade de produzir determinada prova (hipossuficiência). Caberá ao fornecedor, para não perder a causa, demonstrar o contrário, ou seja, que os fatos não ocorreram como alegado pelo consumidor na ação.
No âmbito do Plano Nacional de Consumo e Cidadania, Plandec, com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento da proteção ao consumidor no âmbito do Poder Judiciário, foi criada a
Comissão Nacional de Proteção ao Consumidor e Acesso à Justiça, cujo objetivo é assegurar o direito de acesso do consumidor à Justiça, prevenir e reduzir conflitos de consumo, promover a proteção de defesa do consumidor, assegurar a efetividade das normas de proteção e defesa do consumidor, promover a aproximação entre Procons e Juizados Especiais Cíveis, bem como, fortalecer o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.
	DIREITO AO SERVIÇO PÚBLICO EFICAZ (art. 6º ,X, CDC)
É, por fim, direito básico do consumidor ter acesso a um serviço público adequado e eficaz, de acordo com o art. 6º, X, do CDC. Neste aspecto, a Lei nº 8.078/90 reforça o disposto na Constituição Federal que, em diversas passagens, ressalta a necessidade de eficiência dos serviços públicos.
POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO (PNRC)
O CDC estabelece a proteção específica dos consumidores a par􀀭r de um conjunto sistematizado de princípios reunidos e traduzidos dentro da Política Nacional das Relações de Consumo – PNRC, contidos no ar􀀭go 4º da Lei nº 8.078/90, envolvendo todos os integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, tanto públicos como privados. Este conjunto de diretrizes está organizado sob o nome de Política, o que se entende por um programa de metas e objetivos que devem ser obedecidos.
É dever do Estado exigir que se mantenha a qualidade, a segurança, a durabilidade e o desempenho dos produtos e serviços que são postos em circulação pelos fornecedores.

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