Buscar

ÓRTESES MMSS

Prévia do material em texto

CONCEITO
Segundo Colditz (1996) órteses são dispositivos externos, confeccionados com diferentes materiais e aplicados para tratar problemas do tronco, dos membros superiores (MMSS) e dos membros inferiores (MMII) decorrentes de lesões, doenças, defeitos congênitos ou do processo do envelhecimento. Órteses, splints ou férulas segundo são dispositivos externos destinados a corrigir e melhorar a função do corpo e, em geral, estão indicadas para:
• Imobilizar uma articulação ou um segmento do corpo;
• Limitar movimentos indesejáveis;
• Controlar a motricidade;
• Auxiliar o movimento;
• Reduzir a força de sustentação de peso;
• Prevenir a instalação de deformidades;
• Reduzir a dor pela imobilização.
A órtese deve ser simples, confortável e a mais discreta possível. Na escolha dos materiais para produção de órteses devem ser consideradas as forças a que estarão submetidas, a durabilidade, a flexibilidade e peso. 
Na sua confecção podem ser usados:
• Metais (ferro, aço cromado, aço inox, alumínio e titânio);
• Termoplásticos (polivinil carbonato/PVC, polietileno,
polipropileno, resinas);
• Fibras (vidro e carbono);
• Couro, espumas, borracha, cortiça e silicone;
• Tecidos sintéticos, lona e velcro.
Tais materiais utilizados na confecção desses dispositivos ficaram restritos, por muito tempo, ao gesso, metal, arame, ferro e couro.
 Historicamente, as órteses para membros superiores são classificadas de acordo com o objetivo, configuração, tipo de força aplicada, material ou área anatômica. Uma das classificações mais usadas é a que as agrupa quanto às características mecânicas podendo ser divididas em estáticas, dinâmicas, estáticas seriadas e funcionais.
As órteses estáticas não possuem, em sua estrutura, trações elásticas, tensores, esticadores ou molas que são os componentes das órteses dinâmicas , cuja finalidade é a aplicação de forças nos segmentos articulares. A órtese estática seriada, pode ser remodelada ou substituída, conforme a progressão do tratamento indicado. A angulação da órtese vai sendo modificada de acordo com o ganho da amplitude de movimento do cotovelo da pessoa. As órteses funcionais são assim definidas, porque auxiliam a pessoa na execução de alguma tarefa. Estas podem ser tanto estáticas como dinâmicas. 
Referências: 
- ARTIGO: ELUI, V.M.C. et al. Órteses: um importante recurso no tratamento da mão em garra móvel de Hansenianos.
file:///C:/Users/ellen%20daiana/Downloads/782-2518-1-PB.pdf.
-LIVRO : Técnico em Órteses e Próteses – Ministério da Saúde;Brasília-DF 2014
PRINCÍPIOS ANATÔMICOS DA MÃO
Para que uma órtese de mão ou punho atenda ao propósito que se destina é obrigatório que o técnico em órteses e próteses, que a confecciona, conheça os fundamentos da anatomia da mão e do punho e as correlações dos mesmos com a função.(FESS, 2002).
A mão pode ser considerada um dos segmentos com estruturas anatômicas mais complexas do corpo humano, pois é capaz de realizar movimentos que combinam precisão, resistência e força. 
Na sua estrutura óssea se encontram oito ossos do carpo, que se subdividem nas fileiras proximal e distal, cinco metacarpos, numerados do primeiro ao quinto a partir do polegar, as falanges proximal e distal do polegar e as falanges proximais, médias e distais do segundo ao quinto dedo.
As articulações da mão são denominadas, tomando como referência os ossos que se articulam e sua descrição inclui o número do dedo correspondente. (ARTICULAÇÕES DA IMAGEM) 
As caracteristicas anatômicas e disposição dos ossos devem ser levados em conta na confecção de órteses pois o contato constante dessas áreas com os velcros, plásticos ou outros materiais do próprio aparelho podem provocar lesões decorrentes de isquemia seguida de necrose (FESS et al., 2005) (ÁREAS MAIS SUSCETÍVEIS A LESÕES NA IMAGEM) 
A órtese deve alinhar-se à estrutura da mão e qualquer posicionamento inadequado da mesma pode provocar força de estresse desigual nas estruturas dos ligamentos, o que pode causar desvios articulares, processos inflamatórios e em casos extremos, até ruptura do tecido ligamentar (FESS et al., 2005). 
Durante a moldagem da órtese de membro superior é fundamental que o técnico em órteses e próteses se atente para o respeito à conformação dos arcos palmares que são três: 
• Transverso proximal, formado pela fileira distal do carpo e o
2º e 3º metacarpianos;
• Transverso distal, composto pelas cabeças dos metacarpianos;
• Arco longitudinal, do qual fazem parte os quatro raios digitais (espaços entre dois dedos adjacentes) e os ossos do carpo. 
Uma órtese plana, que desrespeite ou até inverta a estrutura dos arcos, pode ocasionar problemas que vão desde pressão, dor e desconforto até o encurtamento dos músculos intrínsecos da mão em posições disfuncionais e lesões por contato. (ARCOS PALMARES TAMBÉM TEM IMAGENS) 
É obrigatório também que o técnico em órteses e próteses conheça e respeite as pregas palmares (volares e dorsais).
Referência: 
-LIVRO : Técnico em Órteses e Próteses – Ministério da Saúde;Brasília-DF 2014
TIPOS E CARACTERISTICAS
·	TIRANTE CLAVICULAR OU TIRANTE AXILAR EM OITO
É indicado para fratura de clavícula. Mantém retração das escápulas e dos ombros, restringindo o movimento clavicular para promover cicatrização da fratura. 
·	TIPÓIAS
São indicadas para repousar ou imobilizar o membro superior acometido. Os tirantes de fixação devem ser ajustados para posicionar corretamente a angulação do cotovelo, a depender da proposta terapêutica, e a posição do punho para evitar deformidades em desvio ulnar e edema postural. 
Em caso de sub luxação ou de luxação, é recomendado fixar o ombro junto ao corpo por meio de um tirante, para impedir movimentos de rotação externa e abdução. 
Pacientes com hemiplegia por AVC, que apresentam ombro doloroso, podem utilizar as tipóias com o objetivo de melhorar a dor e o equilíbrio durante a marcha, intercalando seu uso com exercícios de alongamento para evitar o padrão flexor. 
·	ÓRTESE PARA ESTABILIZAÇÃO DE FRATURA
Também conhecida como órtese de Sarmiento, é indicada para fraturas que não se encontram em fase aguda, ou seja, fraturas reduzidas, sem edema, dor e com neoformação óssea. Confeccionada em termoplástico de alta ou baixa temperatura e fechos em velcro, apresenta vantagens em relação ao gesso, pois não precisa ser trocado com frenquencia. 
Para as fraturas proximais, é necessário envolver a articulação do cotovelo, tomando cuidado com o excesso de pressão para não provocar edema. 
·	 ÓRTESE ESTÁTICA PARA COTOVELO
Indicada para casos de fraturas intra-articulares, queimaduras, contraturas, ressecção de tumor, artroplastia, reparação nervosa, transferência tendinosa e processos degenerativos, essa órtese tem como objetivo imobilizar ou limitar a ADM do cotovelo. 
São confeccionadas sob medida com termoplásticos de alta ou baixa temperatura, onde a de baixa pode ser reaquecida para alterar angulação da articulação e, ambas, podem ter apoio anterior ou posterior a depender da proposta terapêutica. 
·	ÓRTESE ARTICULADA PARA COTOVELO
Indicada para pacientes com grande instabilidade articular ou para tratamento em que é preciso limitar a extensão e flexão do cotovelo. 
·	TIRANTE PROXIMAL DE ANTEBRAÇO
Conhecido como tirante ou braçadeira para cotovelo de twnista (tennis elbow), é indicado para aliviar a dor e a inflamação por reduzir a tensão exercida pelos flexores de punho e dedos, nas inserções dos epicôndilos laterais e medias. 
Devem ser posicionados imediatamente abaixo do cotovelo posicionado a 90°, com tensão sobre o músculo inflamado. O paciente deve essa órtese somente durante atividades que causam dor.
·	ÓRTESE PARA PUNHO
Podem ser indicadas para reduzir dor e inflamação, limitar movimentos, proteger lesão articular, melhorar função da mão, prevenir ou corrigir contraturas e desvios radial ou ulnar. 
Seu uso pode ser associado a técnicas terapêuticas nos casos de inflamação articulares, tendinites e tenossinovites, fraturas, instabilidade articular, fraqueza dos extensorese síndromes compressivas, entre outras. 
Podem ser prè-fabricadas ou sob medida que devem levar em conta o posicionamento da articulação do punho, a qual deverá ser mantida em posição fisiológica sem flexão e desvios radial e ulnar, com as pressões em saliências ósseas dos processos estilóides de rádio e ulna, e com a preservação da amplitude total de movimento do polegar e das articulações metacarpofalangianas.
·	ÓRTESE PARA PUNHO E POLEGAR
 Buscam imobilização, estabilização e repouso local. Indicadas para tenossinovite De Quervain, fratura do escafóide, fratura de Bennett e sequelas de TRMs, mantém o punho e o polegar em posição neutra com um bom suporte para os ósseos do carpo , sendo que a articulação interfalangiana distal não precisa ser envolvida pela órtese.
·	ÓRTESE PARA REPOUSO ( PUNHO/MÃO /DEDOS)
Ela deve manter punho/mão/dedos em posição fisiológica. Seus objetivos se resumem em imobilizar, repousar, prevenir/reduzir contraturas ou diminuir hipertonia muscular. 
Para pacientes neurológicos hipertônicos, portadores de seqüelas por AVC, AVC, TRM, TCE, recomendamos as órteses estáticas de posicionamento para manter a mão em posição de reposo com o objetivo de relaxamento muscular. 
Para casos de traumas e fraturas, o posicionamento deve ser realizado com 20° de extensão de punho, 60° de flexão da metacarpofalangiana e discreta flexão das articulações interfalangianas, com o objetivo de equilibrar a tensão entre os flexores e os extensores longos dos dedos.
Referencia: 
-Livro Órteses: um recurso terapêutico complementar,2006, de José André Carvalho. 
USO NA ABORDAGEM FISIOTERAPEUTICA
A avaliação fisioterapêutica deve ser realizada como de costume, porém, para a indicação de órteses, alguns fatores devem ser considerados.
Um exame organizado e claramente documentado pode ser a base para o desenvolvimento de um plano de tratamento e para a escolha do tipo de órtese mais adequado. O exame requer a reunião de dados de várias fontes, como um laudo médico, um relato cirúrgico, o relato do paciente, além de uma avaliação fisioterapêutica detalhada.
Levando em conta:
·	 A idade do paciente: crianças são pouco colaborativas com este tipo de tratamento). Idosos necessitam de cuidados especiais, devido à fragilidade da pele;
·	Ocupação, mão dominante, habilidades funcionais: dizem respeito ao impacto social da lesão e as conseqüências que possa ter trazido para a subsistência da família, assim como para a situação econômica do paciente, seu bem estar social e emocional;
·	Composição familiar: importante do ponto de vista social (quem colabora para o sustento da família ? ), assim como para saber se o paciente terá algum auxílio nos cuidados com a órtese;
·	Queixas do paciente: quais são as suas reais limitações. Deve-se investigar o nível de motivação do paciente para o tratamento;
·	Posicionamento: Avaliar a presença de postura antálgica ou de defesa/proteção;
·	Condições de pele: coloração, temperatura e textura; presença de ferimentos ou cicatrizes, edemas ou massas anormais. 
·	Avaliar presença de fraturas, lesões articulares, musculares, tendinosas ou nervosas: é fundamental uma avaliação minuciosa da sensibilidade para evitar áreas de pressão na colocação da órtese;
·	Avaliar força e amplitude de movimento articular: para a escolha do melhor tipo de órtese a ser intituído. 
Também deve ser feita algumas abordagens especiais como:
· Abordagem Biomecânica: Baseia-se no princípio do movimento e da aplicação de forças no corpo; 
· Abordagem Sensorimotora: É usada quando o paciente apresenta lesão no SNC para inibir ou facilitar respostas motoras normais;
· Abordagem Reabilitativa: Enfoca-se nas habilidades remanescentes mais do que nas desabilidades e facilita o retorno à melhor função individual, usando as potencialidades dos pacientes.
Sendo necessario que façam a colocação correta das órteses para evitar edemas, lesões ou outros agravos, além de ajudar que sirvam para o objetivo preescrito, agregando ao uso das órteses tratamentos como exercícios de alongamento, para melhorar amplitude de movimento, para redução ou evitar edemas, exercícios proprioceptivos, entre outros. Não esquecendo de orientar o paciente e familiares quando aos cuidados que devem ser tomados quando a colocar ou tirar as órteses levando em conta a pressão que devem estar, chegando assim ao seu objetivo final que é proporcionar ao paciente uma maior funcionalidade do membro e a preservação de sua mobilidade e autonomia.
Referências: 
Artigo: A FISIOTERAPIA NO ALÍVIO DA DOR: UMA VISÃO REABILITADORA EM CUIDADOS PALIATIVOS, 2012. http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=326
https://interfisio.com.br/orteses-e-suas-aplicacoes-em-fisioterapia/
https://hospitalsiriolibanes.org.br/sua-saude/Paginas/orteses-tambem-sao-usadas-para-membros-superiores.aspx
http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/download/1961/990
CONCLUSÃO
As órteses são ferramentas indispensáveis para a assistência em reabilitação. No entanto, para serem efetivas, elas dependem da correta prescrição, confecção e rotina de uso. O encadeamento destas ações constitui um processo complexo e altamente técnico que, caso não seja seguido com rigor, pode levar a ineficácia do aparelho, piora do quadro da pessoa com deficiência, perda de procedimentos cirúrgicos e até provocar lesões graves e irreversíveis.
LIVRO : Técnico em Órteses e Próteses – Ministério da Saúde;Brasília-DF 2014

Continue navegando