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Prova de Formação dos Estados Modernos e do poder. Andreza Ramos Sant’ana A Guerra dos Cem Anos se iniciou nos anos de 1337, com a invasão da Grã Bretanha a Normandia, a partir do processo de disputa do trono francês que colocava um fim à dinastia dos Capetíngios. A disputa foi travada pelos ingleses da Casa Angevina contra a Casa dos Capetos, francesa. Durante esse conflito, surgiram outros conflitos locais em áreas vizinhas que estavam intrinsecamente relacionados, como a Guerra Civil de Castela, Crise Portuguesa, Peste Negra, etc. causando, assim, uma grande ruína nos lugares em que passou. A partir desta introdução histórica, compreendemos que a Guerra dos Cem Anos possuiu caráter de conformação das monarquias que ali estavam surgindo, com ajuda de seu poderio bélico para invasão de outros territórios, como também pela hipótese econômica já que durante esse período, houve uma grande concentração de poder, havendo uma consequente expansão das relações de troca e a comutação da corveia, enfraquecendo os senhores feudais. Por isso, a conquista da região de Flandres, pela dinastia que herdasse o trono francês, era tão importante, pois naquele momento era um dos principais portos e onde o comércio mais se desenvolvia. É possível observar que as guerras se iniciavam, em sua maioria, pela centralização do poder, em que a partir da coerção, conseguiam dominar seus inimigos e suas terras, recolhendo a maior quantidade de impostos possível. Ou seja, quanto maior o território ocupado, maior era sua tributação, como descreve Eric Hobsbawn em a Era das Revoluções. Esses tributos recolhidos eram destinados a produção de maior poderio bélico para outros possíveis conflitos. Porém, ao mesmo tempo em que o aumento do poderio bélico era bom para a nova ocupação de territórios do ponto de vista da nobreza, o rei não conseguia administrar a todos, criando assim, uma função social da hipótese militar. A Revolução Militar faz jus ao aprimoramento das máquinas de guerra, que tem grande peso sobre a economia, já que os gastos para aprimorar a engenharia das fortalezas e melhores formas de artilharia, além de exércitos permanentes, são grandiosos e sempre foram prioridade para países que se encontram em zonas territoriais estratégicas, como a Grã Bretanha, que após sua conformação imperial, investiu massivamente neste processo, de forma que os impostos e tributos aumentaram, fato que ocorreu principalmente após a Guerra dos Cem Anos, pois Inglaterra e França necessitaram de recursos e pessoas no período pós-guerra, pelos gastos gigantescos durante a guerra. A organização militar, a tecnologia armamentista, o treinamento da população em formações táticas e o rearranjo do castelos, além da invenção da pólvora são exemplos dessa revolução. Costumeiramente, a população que vivia nesses locais apoiava em ter seus impostos aumentados; a ação primária do Estado era entrar em negociação: o aumento dos impostos é o que constituiria os direitos sociais, saúde, segurança, voto, participação democrática, salário, etc. O aprimoramento das técnicas de produção nos mercados conforme o tempo passava, além da aliança da burguesia com a nobreza, levou ao que chamamos de Estado Absolutista, um novo instrumento para a formação do Estado Moderno, que apareceu num momento de transição do feudalismo para o capitalismo, em que o mercantilismo era o conjunto de ideias e práticas econômicas adotadas até então. A partir deste momento, os poderes do rei passaram a ser soberanos, controlando as atividades econômicas, administrativas e militares, acabando, pouco a pouco, com os resquícios feudais. Aqui surge então a concepção de um estado como um contrato social, como explica Thomas Hobbes, em Leviatã: o Estado existe para proteger os homens que em seu Estado de natureza, são bons. Porém, esse acordo com o Estado surge dessa condição não-natural do homem. Hobbes defende aqui a tese da concentração de poder para que haja maior proteção do homem e o homem assim, garantiria sua sobrevivência. Nessa mesma época, Maquiavel escreve O Príncipe, que defende basicamente o mesmo que Hobbes, a concentração do poder na mão do soberano. Com o avanço na produção dos mercados, uma nova classe, a burguesia mercantil, dividia espaço com os senhores feudais e com a nobreza, modificando a antiga estrutura social que fragmentava o poder, agora pautava-se o uso do direito romano clássico, como explica Perry Anderson, em Linhagens do Estado Absolutista, que dava suporte a expansão do livre do capital, direito à propriedade privada a partir dos cercamentos que ocorreram posteriormente. Em resumo, o nascimento do Estado Absolutista trás consigo uma nova fase de reorganização territorial, emergindo uma nova economia mercantil em que o senhor feudal é deixado de lado.. Neste cenário de grandes mudanças na base social de uma grande população, em parte o campesinato, algumas lutas foram invisibilidades por essa crescente burguesia. Inúmeras revoltas camponesas, descontentes com os altos impostos cobrados pelos reis, descontentes com a fome, com a situação nas cidades foram massacradas em parte, tendo a punição exemplar como meio de desaglutinação de movimentos, mas também as negociações que os governantes faziam com estas pessoas, de forma que o Estado assumisse obrigações para com seus cidadãos. O maior exemplo que temos desse fato é a Inconfidência Mineira, em que Tiradentes como o principal líder da revolta foi enforcado em praça pública e houveram negociações para que os outros não fossem presos e continuassem com a rebelião. A Revolução Francesa, Revolução Americana e a Conjuração Baiana são exemplos desses movimentos, que Charles Tilly explica sob a dinâmica da contestação, em que todos os direitos são conquistados a partir de contestações sociais; as pessoas precisam contestar quando se sentem prejudicadas. É preciso compreender que os Estados passam por mudanças conforme seus modos de produção também passam por esse processo, dependendo do rearranjo da classe dominante de forma que a mesma tente se manter no poder. E é isso que acontece a partir das tentativas de centralização do poder, no feudalismo, no absolutismo ou no cerne do Estado Moderno. As mudanças que ocorrem dentro do perfil econômico de cada pedaço da história, por assim dizer, não ocorrem de maneira separada e rápida e sim, se comportam de acordo com seu contexto sócio-histórico. Sendo assim, a partir da Guerra dos Cem Anos, percebemos que as tentativas de manutenção do poder são o que levam França e Inglaterra a se edificarem como monarquias, a partir de seu poderio bélico, que impactou socialmente, causando desequilíbrios econômicos, como os gastos soberbos com artilharia e contestação social de pessoas que passaram a estar infelizes com o aumento de impostos por esses motivos, fato que ocorreu posteriormente a guerra, nos estados absolutistas, que foi o maior exemplo de comoo tipo de estado pode mudar dependendo da força maior que são os modos de produção, que nessa época, passavam por um processo turbulento de transição. Dessa forma, as hipóteses foram descritas conforme os gráficos mostram, principalmente em relação a Guerra dos Cem Anos, o cerne da formação dos Estados modernos e configuração do poder, e também do aumento das receitas da França e Inglaterra nos séculos XVI e XVII, que remontam o processo de revolução militar e seus gastos, e também do aumento nos gastos com serviços sociais estatais, que remetem a contestação de Tilly, a questão do aumento de impostos e a negociação do Estado com a população, cedendo direitos sociais em frente do aumento de tributos.
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