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Nação e nacionalismo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FACULDADE DE HISTÓRIA 
DISCIPLINA: FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS (HT01015)
DOCENTE: WILLIAM GAIA FARIAS 
DISCENTE: EUNICE CAROLINE SOUZA DOS SANTOS (201808640089)
NAÇÃO E NACIONALISMO NOS PENSAMENTOS DE FRANÇOIS CHÂTELET E ÉRIC HOBSBAWM : Variações de um conceito que está em constante transformações 
 
BELÉM
2022
2ª AVALIAÇÃO DE FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS. 
1ª) Baseando-se na leitura dos Textos de CHÂTELET, François, et alô. O Estado – Nação. In: História da ideias políticas. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Jorge zahar Editor, 2000, PP. 85 -95. HOBSBAWM, Eric. A nação como novidade da revolução do liberalismo. In: Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. São Paulo: Paz e Terra, 1990. HOBSBAWM, Eric. As transformações do nacionalismo. In: Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. São Paulo: Paz e Terra, 1990, construa um texto dissertativo sobre as concepções de nação e nacionalismo.
NAÇÃO E NACIONALISMO NOS PENSAMENTOS DE FRANÇOIS CHÂTELET E ÉRIC HOBSBAWM : Variações de um conceito que está em constante transformações 
Os conceito de nação e nacionalismo, são termos corriqueiros em diversos âmbitos da vida social, econômica e política de uma sociedade, que ganharam notoriedade a partir dos três últimos séculos da história mundial. É incrível pensar que essa ideia de união cultural, étnica, linguística, regional , territorial , governamental que une hoje um País ou, os 206 países, reconhecidos como Estados-nações pela ONU, não existiam enquanto sentimento de pertencimento hegemônico até o século XVIII, com o surgimento do conceito de nação.
Tanto é que o Historiador Éric Hobsbawm, em seu livro Nação e Nacionalismo Desde 1780, apontam que o último dois século da história mundial são incompreensíveis sem o entendimento do termo Nação. Essa obra, é um convite provocativo a compreensão do balanços bibliográfico do desenvolvimento do léxico do termo Nação e Nacionalismo ao longo do finais do século XIX e início do século XX. O autor considera o termo “Nação” pertencente a um período particular recente e não considera como uma entidade social originário ou imutáveis. tal termo só é considerada entidade social quando atrelada a uma certa forma de Estado territorial moderno. Quanto a Noção de Nacionalismo, Na Europa do século XIX, estaria ligado à presença de poderes do Estado estreitando laços comuns entre os membros da sociedade.
Investigando profundamente também, François Châtelet, no Capítulo III, sob o título de “ Estado-Nação”, procura a partir textos partidários, programáticos, críticos dos que participaram dos eventos da revolução Gloriosa, Americana e Francesa, analisar as tomadas de decisões e concepção de poder, como o percurso de tais pensamentos na concepção de Nação e nacionalismo. O Estado-Nação constitui o quadro obrigatório da existência social, ele é a realidade política por excelência em torno da qual se organizam os atos Históricos; Já Nacionalismo, surge anteriormente ao Século XIX, ganha destaque somente nesse período, O estudo mostra a diversidade da importância do tema.
Haja vista disso, Entendemos que a palavra nação alude ao sentimento de pertencer a um certo País, a construção de uma imagem que une um determinado agrupamento de indivíduos, todavia que não corresponde à realidade cotidiana de todos que habitavam aquele espaço. Como exemplo, hoje pode-se considerar que o Brasil é o país do Carnaval e do Futebol. Estende-se que essa imagem projetada não engloba todas as realidades , mas grande parte dos brasileiros se vê como parte da nação do Carnaval e do Futebol .
Portanto, objetivo do texto é realizar uma reflexão sobre as concepções de Nação e Nacionalismo, por meio das duas obras comentada anteriormente, o texto de Éric Hobsbawm e François Châtelet. Convém ressaltar, que não pretendo contrapor o pensamento de ambos autores, já que ambos podem ser complementar, devido às temporalidades. O referencial de embasamento são os próprios escritos. Metodologicamente, o texto foi construído visando apenas apresentar os pontos chaves de cada pensamento, então, foi dividido em Introdução, nação e nacionalismo, e considerações finais. 
Nação, termo de origem Latina, natio, que baseia-se em, em Natus, significando de uma forma literal, Nascer, dar a luz, ser natural de algum lugar, local de nascimento. O Dicionário da Real Academia Espanhola(1884), designa o termo, como um Estado ou corpo político que reconhece um centro supremo de governo comum” e também “ o território constituído por esse estado e seus habitantes considerados como um todo”; Já na recente enciclopédia Brasileira Mérito, a palavra designa “ a comunidade de cidadãos de um estado, vivendo sobre um mesmo regime ou governos e tendo uma comunhão de interesses ( Hobsbawm, 1990, p. 27-28)
Existe uma vasta produção bibliográfica de autores que trabalharam com essa questão, algumas reflexões permeiam os debates, como a” data de nascimento”, o surgimento do termo nos diversos países, porem há, às vezes falta de critérios precisos e discussões confusas. Outra questão é perceber a primeira identificação nesse ou naquele território. “ Certa discussões relativa ao momento de tais fundações, cruzam-se em parte com as revoluções americana e Francesa. “ ( Châtelet, 2000, p.86) .Tais discussões têm sido objeto de estudos de muitos pesquisadores, como Anderson (1983); Armstrong (1982); Breuilly (1982); Châtelet (2000); Cole, Wolf (1974); Fishman ( 1968); Gellner ( 1983); Hobsbawm ( 1983); Smith (1983); Szūcs (1981); Tily (1975).
De acordo com Châtelet (2000. P,85), O Estado-Nação, enquanto representação política, implica o fato de que as populações que constituem uma sociedade no mesmo Território reconhecem-se como pertencentes essencialmente a um poder soberano que emana delas e que expressas. Surge com a restauração Gloriosa de 1860, firma-se com a revolução América de 1776, e com a revolução Francesa.
No capítulo III, o estado-nação, do Livro história das ideias políticas, François Châtelet( 1925- 1985), procura mostrar os caminhos de acontecimentos que servem de trama para a constituição de Nação e Nacionalismo. Dividido em duas partes, uma aborda o estado nação desde as revoluções americana e Francesa até os aspectos de ambas renovações na contemporaneidade, a outra sobre nacionalismo na Europa, enfatizando o papel da história, doutrinas e literatura que intensificaram o movimento. Utilizando como fonte textos partidários, programáticos, ou críticos dos que participaram do eventos importante entre o Séc. XVIII e XX, entre os principais autores estão, Burke (1790);Chateaubriand (1797); Fichte (1993); Manzini (1849); Michele ( 1833); Ranke (1845); Renan ( 1882); Robespierre (1965); Saint-just (1791); Sieyès (1789); Taine (1875); Tocqueville (1951); Thierry (1851) entre outros. 
 Uma das primeiras concepções de Nação relacionado com Estado, parece na revolução americana, Châtelet mostra que essa revolução é importante por múltiplos aspectos, um desse aspectos é que tal evento, não deixa de insistir sobre o papel motor das instituições na instauração da sociedade. Como se o Estado fosse o criador da Nação, esforçando por manter o equilíbrio entre a tradição puritana e a novidade republicana, entre poderes locais e a autoridade federal , entre os costumes da vida rural e os desejos de entrar no concerto do mundo industrial nascente.
Na revolução Francesa, a imagem da Nação está implantada na representação da coletividade do povo, a população contra a tirania. Dessa forma, projeta-se uma mobilização universal contra os senhores que oprimem injustamente os povos. Emmanuel Joseph Sieyès(1748-1836), é um dos pioneiros a ser posicionar contra tal situação, sua obra o que o Estado? (1789), teve grande repercussão nos primórdios da revolução; Sua realidade se baseia na Nação, segundo Sieyès, ela é um dado anterior à qualquer ato político ou legislativo;é construída de indivíduos, livres, iguais e independentes, diferentes uns dos outros, mas únicos por necessidades comuns à natureza humana e pela vontade de viverem em conjunto. Sem a Nação como representante, os indivíduos estariam à mercê sem segurança de bandidos e charlatães. O cidadão, povo, liga a sua vontade a vontade nacional. A nação é una é indivisível, como ser da Razão.
No que concerne ao Nacionalismo, é uma ideologia, que ganharam destaque em meio às ondas de Revoltas presente na Europa do século XIX, tal concepção era dirigida em argumento destinado a justificar algum tipo de poder, O nacionalismo serviu como princípio para formação de uma identidade coletiva que constituiu a base política-ideológica da integração e unificação dos agrupamentos humanos. Dessa, forma expressava ideias como a independência nacional( direito dos povos de lutar por sua independência) e o da autodeterminação( direito do povo de escolher seu sistema político, sua forma de governo, dentro de um território soberano). Tais ideias tiveram grande influência nos movimentos pela unificação da Itália.
O estudo do Nacionalismo, do sentimento nacional acaba-se muito por se confundir com a questão a origem e desenvolvimento do Estado Moderno. Diversos cientistas, intelectuais, historiadores , escritores, jornalistas e políticos, buscaram por meio de sua obras literárias, construir narrativas sobre a origens do povos. Utilizando as instituições escolares como meio para a construção de amor à pátria, criar sentimentos de Nacionalidade. Tanto é que a escolas fundadas no Brasil durante esse período, buscavam construir uma narrativa para vangloriar a nação, é criado os heróis nacionais, a história do Brasil. Alguns critérios eram utilizando como fundamental para sustentar o nacionalismo, como a língua, a Raça, a Região, Território, padrões culturais. Tais questões vislumbrada anteriormente, pode ser observado em Hobsbawm (1990, P.102) , 
Ao longo do século XIX, [...] uma família teria que vive em um lugar muito inacessível se um de seus membros não quisesse entrar em contato regular com o Estado nacional e seus agentes: através do carteiro, do policial ou do guarda, e oportunamente do Professor; através dos homens que trabalhavam nas estradas de Ferro, quando estás eram públicas; para não mencionar quartéis de soldados ou mesmo as bandas militares amplamente audíveis. Cada vez mais o Estado detinha informações sobre cada um dos [...] cidadãos através do instrumento representado por seus censos periódicos [...] ( que só se tornaram comuns depois da metade do século XIX), através da educação primária teoricamente compulsória e através do serviço militar obrigatório [...], como nunca até então, o governo e os indivíduos e cidadãos estavam inevitavelmente ligados por laços diários. E as revoluções nos transportes e nas comunicações, verificadas no século XIX, estreitaram e rotinizaram os líamos entre a autoridade central e os lugares mais remotos.

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