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Arbitragem e Direito Empresarial alterações da Lei nº 13.129 2015 Jus.com

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2017­5­26 Arbitragem e Direito Empresarial: alterações da Lei nº 13.129/2015 ­ Jus.com.br | Jus Navigandi
https://jus.com.br/imprimir/41169/arbitragem­e­o­direito­empresarial­alteracoes­da­lei­de­arbitragem­pela­lei­n­13­129­2015 1/11
Este  texto  foi  publicado  no  Jus  no  endereço
https://jus.com.br/artigos/41169 
Para ver outras publicações como esta, acesse https://jus.com.br
Arbitragem e o Direito Empresarial: alterações da Lei de Arbitragem pela Lei nº
13.129/2015
Arbitragem e o Direito Empresarial: alterações da Lei de Arbitragem pela Lei nº 13.129/2015
Bruna Nogueira Tosta Machado de Lima
Publicado em 07/2015. Elaborado em 07/2015.
O  novo  Código  de  Processo  Civil,  a  Lei  de  Arbitragem  (alterada  em  2015)  e  a  Lei  de  Mediação
fortaleceram os meios alternativos de resolução de conflitos, visando romper definitivamente com os
seus antigos paradigmas negativos.
Sumário.  1  Introdução;  2  Resgate  histórico  sobre  os meios  de  resolução  de  conflitos;  3  Breves  considerações  sobre  os Meios  de
Resolução  de  Conflitos;  3.1  Autotutela;  3.2  Autocomposição;  3.3  Conciliação;  3.4 Mediação;  3.5  Arbitragem;  3.5.1  Da  natureza
jurídica; 3.5.2 Dos pressupostos da formação do juízo arbitral; 4 As novas alterações da Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96); 5 Da
Arbitragem  no  Direito  Empresarial;  5.1  Dos  limites  subjetivos  da  arbitragem  no  Direito  Societário;  6  Dos Meios  Alternativos  de
Resolução de Conflitos e o Novo Código de Processo Civil; 7 Conclusão; Referências.
1 INTRODUÇÃO
Busca­se, com o presente artigo, apresentar as alternativas para a resolução pacífica de conflitos, com destaque, sobretudo, para a
Arbitragem no Direito Empresarial, bem como discorrer, de forma despretensiosa, quanto ao tratamento conferido a tais institutos no
novo Código de Processo Civil – Lei  nº 13.105, de 16 março de 2015 e a Lei de Arbitragem ­ Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996
alterada pela Lei nº 13.129, de 26 de maio de 2015.
Será necessário grande empenho dos doutrinadores e operadores do direito para que os meios alternativos de resolução de conflitos
sejam opções usuais e eficazes, rompendo com os paradigmas arraigados, intenção já flagrante na edição destas recentes legislações.
Espera­se pelo presente trabalho contribuir com o intuito de disseminar tais institutos.
2 RESGATE HISTÓRICO SOBRE OS MEIOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
Consabido é que a escolha de terceiros confiáveis para dirimir conflitos não é questão recente.
O dileto Professor Rosemiro Pereira Leal (2010) consigna ao Direito Romano, no período da legis actiones (século VIII ao V a.C.), o
primeiro registro da participação de figura semelhante a um árbitro nas decisões levadas a juízo.
Contudo,  foi  a partir do  estabelecimento da República Romana  (século V a.C.) que a  função do  então árbitro passou a  ser mais
evidenciada  quando,  eleito  pelas  próprias  partes,  recebiam  as  demandas  dos  jurisconsultos  e  pretores,  estando  as  decisões  em
consonância com os parâmetros culturais da sociedade à época.
Já na fase do período clássico e pós­clássico do direito romano, novos contornos foram conferidos aos primórdios da Mediação, como
com a nomeação do ‘’juiz de fato’’ realizada pelo próprio pretor e com a imposição da vontade do árbitro às partes, para, no final do
século III d. C., vir a prevalecer a decisão do pretor (pautada em leis estabelecidas), extinguindo­se a figura do árbitro, como forma do
Estado promover a arbitragem estatal obrigatória, isto é, a Jurisdição.
Depreende­se que a jurisdição, em sua origem, é a estratificação histórica
da  figura  da  arbitragem  legalmente  institucionalizada  e  praticada  de
modo exclusivo e monopolístico, pelo Estado. (LEAL, 2010, p. 26).
A história registra que os meios alternativos de resolução têm origem muito mais remota, quando era utilizada há mais de três mil anos
nos conflitos entre as cidades­nações da Grécia, Egito e Babilônia, assim como entre disputas por terras de cultivo pastoreio.
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Contudo, observa­se que, no século XX, sobretudo a Mediação passou a ser empregada como um sistema de resolução de contendas,
especialmente nos Estados Unidos, como forma de diminuir as demandas, e, consequentemente, os custos processuais, bem como,
e sobretudo, promover as resoluções dos conflitos de forma célere e eficaz. Desde então, vem sendo amplamente utilizada por países
como Argentina, França, Bélgica, e União Europeia como um todo.
No Brasil, a arbitragem já era  legalmente reconhecida desde o período de colônia portuguesa, quando vigoravam as Ordenações
Filipinas, inserida na Constituição Política Imperial de 1824, na qual também constava a primeira notícia do emprego do instituto da
Conciliação, esta empregada antes do julgamento da causa como requisito para a sua procedibilidade.
Embora  as  constituições  que  se  seguiram  não  a  tenham  expressamente  consagrado,  a  arbitragem  foi  mantida  pela  legislação
infraconstitucional, destacando­se, pelo Código de 1850, indicada para as causas entre os sócios das sociedades comerciais, durante
sua existência, liquidação ou em caso de partilha, o Decreto nº 3.084, de 5 de novembro de 1898, e os Códigos de Processo Civil de
1939 e de 1973.
A busca pelos meios alternativos de resolução de conflitos tornou­se crescente diante da flagrante sobrecarga e morosidade do Poder
Judicial, contexto o qual incentivou a edição da Lei nº 9.307 de 23 de setembro de 1996 que passou a ser um marco no ordenamento
jurídico.
Desde  então,  a  temática  tem  ganhado  merecida  efervescência,  o  que  reflete,  especialmente,  na  posterior  alteração  da  Lei  das
Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/1976) pela Lei 10.303, de 31 de outubro de 2001, que, dentre os seus acréscimos, constou a
expressa possibilidade de o estatuto social de determinada companhia estipular a arbitragem, bem como a inovação no Novo Código
de Processo Civil – Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, com a inclusão de seção específica para os meios alternativos de conflitos
como auxiliares da justiça (arts.165 a 175) e a alteração da Lei de Arbitragem, pela Lei nº 13.129, de 26 de maio de 2015, que, dentre
outras modificações,  passou  a  permitir  expressamente  a  utilização  da  arbitragem  pela  Administração  Pública  direta  e  indireta,
quando dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
Ainda, no mesmo contexto, editou­se a Lei nº 13.140, de 29 de junho de 2015, como marco legal da Mediação que vem consagrar os
esforços pela mudança de paradigma, incentivando o uso dos meios alternativos de resolução de contendas, incluindo o âmbito do
Direito Público.
Observa­se que os fundamentos históricos dos meios de resolução de conflitos assemelham­se, porquanto partem da premissa de
promoverem a autonomia das partes sob a decisão de suas contendas. O que os diferem, ao revés, são sua natureza e peculiaridades. O
que procuramos aclarar no próximo tópico.
3 BREVES CONSIDERAÇÕES DOS MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
3.1 AUTOTUTELA
Trata­se da forma de resolução de conflito mais primitiva, pela qual uma das partes emprega, à força, os seus interesses sob a outra, de
forma imediata e sem a participação de um terceiro na lide, correspondendo, pois, ao emprego da violência na defesa das próprias
razões.
Acerca desse instituto contextualiza­nos GRINOVER que:
Nas  fases  primitivas  da  civilização  dos  povos,  inexistia  um  Estado
suficientemente forte para superar os ímpetos individualistas dos homens
e  impor  o  direito  acima  da  vontade  dos  particulares:  por  isso,  não  só
existia  um  órgão  estatal  que,  com  soberania  eautoridade,  garantisse  o
cumprimento  do  direito,  como  ainda  não  havia  sequer  as  leis  (normas
gerais  e  abstratas  impostas  pelo  Estado  aos  particulares).  Assim,  quem
pretendesse  alguma  coisa  que  outrem  o  impedisse  de  obter  haveria  de,
com  sua  própria  força  e  na  medida  dela,  tratar  de  conseguir,  por  si
mesmo, a satisfação de sua pretensão. (GRINOVER, 2004, p.23).
Há divergência doutrinária quanto à previsão de tal instituto no ordenamento pátrio, verbi gratia, nas situações previstas nos artigos
24 e 25 do Código Penal Brasileiro, a saber:
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Art. 24. Considera­se em estado de necessidade quem pratica o fato para
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de
outro  modo  evitar,  direito  próprio  ou  alheio,  cujo  sacrifício,  nas
circunstâncias, não era razoável exigir­se. [...]
Art.  25.  Entende­se  em  legítima  defesa  quem,  usando  moderadamente
dos  meios  necessários,  repele  injusta  agressão,  atual  ou  iminente,  a
direito seu ou de outrem. (BRASIL, 1948).
Contudo, em consonância com o que pensa o Professor Rosemiro Pereira Leal (2010), não há que se falar em autotutela sob a égide do
Estado Democrático de Direito, porquanto a Constituição de 1988, em seu artigo 5º, recepcionou o princípio da reserva legal, pelo
qual a lei precede à violação.
O  instituto moderno  da  autodefesa  não  guarda  qualquer  relação  com  a
autotutela,  não  regulada  em  lei,  dos  povos  primitivos,  ou  dos  Estados
autocráticos  cuja  soberania  não  tem  origem  no  processo  constituinte
popular.  A  autotutela,  na  modernidade,  é  uma  tutela  substitutiva  do
provimento jurisdicional, legalmente permitida e que se faz pelos ditames
diretos  da  norma  preexistente  à  lesão  ou  ameaça  de  lesão  a  direitos.
(LEAL, 2010, p. 23)
Prevê, portanto, a lei, o instituto da autodefesa, reconhecida evolução histórica da autotutela.
3.2 AUTOCOMPOSIÇÃO
Comparada à autotutela, a autocomposição demonstrou significativo avanço na resolução dos conflitos, pois as partes buscaram entrar
em  consonância  através  da  disposição,  ainda  que  parcial  de  seus  interesses,  com  métodos  como  a  submissão,  a  renúncia  e  a
transação.
Tanto na submissão como na renúncia, partia apenas de uma das partes a solução do conflito. Ambas diferem porque a submissão
consiste na aceitação das condições estabelecidas, enquanto a renúncia consiste na abdicação do direito pretendido. Na transação,
por sua vez, as partes discutiam e cediam parcialmente seus direitos,  fazendo concessões recíprocas na tentativa de resolução do
conflito.
Dessa forma, na autocomposição, a solução era parcial, isto é, dependia da vontade e da ação de uma das partes (ou de ambas).
Quando, pouco a pouco, os  indivíduos  foram se apercebendo dos males
desse sistema, eles começaram a preferir, ao invés da solução parcial dos
seus  conflitos  (parcial  =  por  ato  das  próprias  partes),  uma  solução
amigável e imparcial através de árbitros [...]. (GRINOVER, 2004, p. 23).
Com o reconhecimento do dever de agir do Estado e, sobretudo, com o seu fortalecimento, sua participação na ordem privada tornou­
se cada vez mais necessária para dizer e garantir os direitos individuais e coletivos.
3.3 CONCILIAÇÃO
Quando  o  Estado  se  incumbiu  do  dever  legal  de  dirimir  formalmente  eventuais  conflitos  individuais  e  coletivos,  estabelecendo
normas abstratas e objetivas, instituiu a jurisdição, recaindo sobre os juízes o direito/dever de aplicarem o direito aos jurisdicionados.
Para  tanto,  normas  foram  estabelecidas  em  procedimentos  que,  dado  o  excessivo  formalismo,  tornavam­se  onerosos, morosos  e
angustiantes  para  as  partes,  evidenciando,  sobremaneira,  certa  deficiência  do  sistema  jurisdicional  em  dirimir  conflitos  com
agilidade e eficiência.
Insuficiência esta  ressaltada por GRINOVER (2004) nos  seguintes dizeres:  “O  ideal  seria a pronta  solução dos conflitos,  tão  logo
apresentados ao  juiz. Mas como  isso não é possível,  eis aí  a demora na  solução dos conflitos  como causa de enfraquecimento do
sistema.”. Por tais motivos, eis que vão sendo exercidos de forma contundente os meios de resolução de conflitos.
A conciliação, a seu turno, encontra previsão legal em diversos textos legais brasileiros, tais como: Código de Processo Civil (CPC),
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Código de Processo Penal (CPP), Leis dos Juizados Especiais (Lei no 9099/1995). Com o
condão de que os  envolvidos  entrem em acordo, difere pois,  da Mediação,  por não promover  a discussão  sobre os  aspectos que
particularizam o conflito, trabalhando­o com as partes, conforme será pormenorizado no item a seguir.
3.4 MEDIAÇÃO
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A recente Lei da Mediação – Lei nº 13.140, de 29 de junho de 2015, conceitua o instituto como a atividade técnica exercida por
terceiro  imparcial  sem poder  decisório,  que,  escolhido  ou  aceito  pelas  partes,  as  auxilia  e  estimula  a  identificar  ou desenvolver
soluções consensuais para a controvérsia.
A  edição  desta  legislação  foi  um  reconhecimento  ao  crescente  exercício  do  instituto,  que,  até  então,  não  possuía
regulamentação concedendo­lhe a devida legalidade.
Diferentemente  da  arbitragem,  que  é  mais  próxima  do  Judiciário  –  tendo  em  vista  o  fator  vinculante  da  decisão  pelo  árbitro
construída –, na mediação, o mediador não emite decisão, apenas auxilia as partes a chegarem ao consenso. O mediador exerce uma
função catalizadora das questões e necessidades do conflito e auxilia as partes a se tornarem autoras das soluções adequadas aos seus
próprios conflitos.
Como objeto tem a Mediação, nos termos do art.3º de sua Lei, os conflitos que versem sobre direitos disponíveis ou sobre direitos
indisponíveis que admitam transação, tendo, pois, um âmbito de aplicação extensa.
3.5 ARBITRAGEM
A arbitragem adveio da  transição da  resolução dos  conflitos entre os próprios particulares para a  indicação de um  terceiro,  com
caráter e condutas moralmente reconhecidas socialmente, para dirimir as controvérsias.
A arbitragem, embora regulada pela Lei nº 9.307/96, não é conceituada pela mesma, ficando à cargo das fontes informais do direito
sua delimitação.
A  arbitragem,  portanto,  é  definida  como  o meio  alternativo  de  solução  de  controvérsia,  através  de  intervenção  de  uma  ou mais
pessoas, que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nela, sem intervenção estatal, sendo a decisão
destinada a assumir a mesma eficácia da sentença judicial. Na arbitragem, portanto, um terceiro estranho às partes é chamado a
solucionar os litígios, relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Ao contrário do que ocorria quando da sua criação, época em que a decisão era incontestável, ainda que pessoalizada, favorecendo a
uma das partes, na atualidade, os árbitros devem agir com independência, imparcialidade e seguem normas preestabelecidas.
3.5.1 Da natureza jurídica
A Arbitragem para alguns doutrinadores possui natureza  jurídica contratual uma vez que advém do acordo mútuo das partes, as
quais, com interesses diversos, elegem um terceiro para que arbitre, reconhecendo, criando, modificando ou mesmo suprimindo
direitos.
Contudo, outros doutrinadores afirmam que o instituto possui caráter híbrido, pois há aspectos de Direito Privado e Público. Privado
por decorrer de uma declaraçãode vontade das partes, traduzida no compromisso arbitral ou na cláusula compromissória. Após a
instauração da arbitragem, surge a natureza pública, pois pelo árbitro é exercida a jurisdição, dever de dizer o direito, prerrogativa
que, inicialmente, é do Estado, por meio do Poder Judiciário.
Corrobora  nesse  entendimento  CARMONA  (2004,  apud  DIAS,  2007),  que  ressalta  que  “a  arbitragem,  embora  tenha  origem
contratual, desenvolve­se com garantia do devido processo e  termina com ato que  tende a assumir a mesma função da sentença
judicial”.
Na qualidade de contrato, pode­se classificá­lo como plurilateral, constituído por duas ou mais partes interessadas; informal, vez que
é pautado em regras que atendam às vontades das partes (regras estas flexíveis e variáveis de acordo com as particularidades do caso
em si); consensual, porquanto é erigido do acordo das partes; oneroso, considerando­se a contraprestação conferida ao árbitro, bem
como as eventuais despesas decorrentes do procedimento; e vinculante, uma vez que a decisão final irá gerar obrigações recíprocas
aos demandantes, com natureza de título executivo judicial.
Ademais, o procedimento é baseado nos princípios norteadores da teoria dos contratos, quais sejam: boa­fé, autonomia das vontades,
igualdade das partes, dentre outros princípios, podendo as partes,  inclusive, escolher,  livremente, as  regras de direito que serão
aplicadas, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.
Infere­se, ainda, que a Arbitragem busca referência na principiologia do Estado de Direito quando constatada a sua intenção em
oportunizar aos cidadãos meios e mecanismos de vincularem­se à ordem jurídica democrática.
Ademais, o instituto se reveste de caráter não adversarial, ainda que os envolvidos debatam sobre interesses antagônicos, pois estes,
mutatis mutandis, tal como no instituto da mediação, conforme salientado pelo Professor Fernando Horta Tavares (2013, p.68), “estão
desarmados do “espírito guerreiro”, talvez próprio das lides forenses, já que todos estão imbuídos de chegarem a um denominador
comum, que seja de soluções convergentes.”.
3.5.2 Dos pressupostos da formação do juízo arbitral
O procedimento arbitral  inicia­se  somente mediante a observância da arbitrabilidade  subjetiva, da arbitrabilidade objetiva  e da
declaração de vontade das partes de submeter a lide ao instituto.
Temos pela arbitrabilidade subjetiva que a arbitragem, uma vez que emana da vontade das partes, compete apenas àqueles capazes
civilmente de contratar. Já a arbitrabilidade objetiva delimita as matérias submetidas à arbitragem. Definiu o legislador que apenas
os direitos patrimoniais disponíveis serão objeto de solução por meio da arbitragem, quais sejam: aqueles direitos que possam ser
economicamente mensuráveis e que possam ser alienáveis, renunciáveis ou negociáveis.
O terceiro pressuposto é a declaração de vontade, a qual se materializa na celebração da convenção arbitral. A declaração pode ser
manifestada  em  dois  momentos  distintos:  na  forma  contratual,  inserida  por  meio  de  cláusula  compromissória,  ou  quando  do
surgimento do litígio, por força do compromisso arbitral. Seja em qualquer destas formas, a convenção de arbitragem tem natureza de
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negócio  jurídico processual, com poder vinculante das partes ao  instituto, no caso de existência do conflito, bem como reflete na
afastabilidade da competência do juiz estatal para processar e julgar a demanda perante o Poder Judiciário, sendo causa, até mesmo,
de extinção do processo sem resolução de mérito, desde que invocada pelo interessado, a tempo e modo, na sua contestação. O poder
vinculante da cláusula compromissória confere a possibilidade, em caso de resistência da parte, de ser esta compelida judicialmente
(via execução específica) à celebração do compromisso arbitral.
No  momento  da  celebração  da  cláusula  compromissória,  adverte­nos  os  doutrinadores,  quanto  ao  cuidado  da  cláusula
compromissória vazia, cuja disposição apenas revela a opção das partes pela arbitragem como método de solução de conflitos, sem
especificar de forma clara e precisa as regras de indicação dos árbitros ou o regulamento de arbitragem que será adotado, em caso de
arbitragem institucional.
Nesse sentido, enfatiza Tiago Fantini Magalhães (2012) os efeitos desse descuido:
Ora, é muito comum que as partes, evidentemente pelo desconhecimento
desse procedimento, ao fixarem a cláusula arbitral, estabeleçam, apenas,
que  desejam  a  solução  arbitral,  sem  qualquer  especificação  ou
detalhamento  das  regras.  Essa  situação  torna  a  cláusula  arbitral
imprópria,  não  sendo possível  qualquer  produção de  efeitos  a  partir  da
mesma, a não ser que as partes fixem o compromisso arbitral quando do
surgimento  do  litígio,  o  que  implicaria  num  procedimento  novo,
totalmente  desconectado  da  vazia  cláusula  compromissória,
anteriormente firmada. (...)
Strenger,  baseado  em Eisemann,  afirma  que  é  patológica  toda  cláusula
que  não  preencha  uma  das  quatro  funções  consideradas  essenciais:
produzir efeitos obrigatórios sobre as partes; descartar a  intervenção de
tribunais  estatais,  ao menos antes da prolação da  sentença arbitral; dar
aos  árbitros  poder  de  regular  os  litígios;  permitir  a  formação  de
procedimentos  que  conduzam  as  partes  nas  melhores  condições  de
pronunciamento de uma sentença eficaz.
O ideal é a elaborarão da cláusula compromissória cheia, ou seja, aquela que preveja a nomeação dos árbitros ou a forma pela qual se
dará, a forma de remuneração dos árbitros, a lei a ser aplicada e o procedimento a ser seguido, o prazo limite de proferimento da
decisão arbitral e demais elementos que se fizerem necessários.
Com  a  cláusula  compromissória  cheia  busca­se  evitar  cláusulas  compromissórias  patológicas  ou  lacunosas,  descartando­se,  por
conseguinte, uma possível intervenção do Judiciário quanto a sua existência, validade ou eficácia.
No que tange ao compromisso arbitral, entende­se este como a convenção através da qual as partes submetem o litígio à arbitragem,
podendo ser judicial ou extrajudicial. A existência do litígio é pressuposto da celebração do compromisso arbitral. Esta é a principal
diferença entre a cláusula compromissória e o compromisso arbitral: aquela é firmada previamente ao litígio, sendo este avençado
quando o conflito já instaurado.
Nesse quesito a relevância da cláusula compromissória cheia é novamente enaltecida por Jader Augusto Ferreira Dias, o qual afirma:
Apenas quando a cláusula compromissória for realizada pela forma cheia,
definindo com perfeição como deverá ser realizada a arbitragem, não será
necessária  a  celebração  de  compromisso  arbitral,  podendo  ser  o
procedimento  iniciado desde  logo, após a aceitação dos árbitros.  (DIAS,
2007, p.410)
O compromisso arbitral será igualmente exigido quando se tratar de arbitragem voluntária, que é aquela na qual não existe relação
contratual, mas, diante do surgimento do conflito, as partes optam pela via arbitral.
Cumpre ressaltar que a  força vinculante da cláusula compromissória  foi um dos mais  importantes marcos da Lei de Arbitragem,
correspondendo a uma mudança de paradigma conduzindo à efetividade do instituto. A partir de então, a cláusula compromissória
passou  a  gerar  dois  efeitos:  um  de  natureza  positiva,  uma  vez  que  os  futuros  litígios  necessariamente  deverão  ser  submetidos  à
arbitragem, e outro de natureza negativa, ao afastar o Poder Judiciário da análise desses conflitos, ressalvados os casos consignados na
lei.
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4 AS NOVAS ALTERAÇÕES DA LEI DE ARBITRAGEM (LEI Nº 9.307/96)
Seguindo a demanda de desenvolvimento efetivo da prática dos meios alternativos de conflitos e evidenciada na edição do novo
Código  de  Processo  Civil,  a  Lei  de  Arbitragem  foi  recentemente  alterada,  contendo  como  uma  das  principais  inovações  a  sua
aplicabilidade na Administração Pública Direta e Indireta.
Tal posição, segundo Silvia Rodrigues Pachikoski (2015), uma das juristas que compôs a comissão de elaboração da reforma da Lei de
Arbitragem,  buscou  respaldo  no  fato  de  que  a  Administração  Pública  já  vinha  sendo  parte  em  arbitragens,  baseando­se  na
jurisprudência de nossos Tribunais, na Lei das Parcerias Público­Privadas (Lei nº 11.079/04, art. 11), Leis estaduais (Lei Mineira de
Arbitragem: Lei Estadual nº 19.477/11) e na própria Lei de Arbitragem vigente, que não restringia expressamente a participação das
entidades públicas em procedimentos arbitrais.
A disposição expressa na Lei de Arbitragem é louvável, pois busca sedimentar as divergências doutrinárias quanto à arbitrabilidade
das pessoas jurídicas de Direito Público, não só pela capacidade em si desses entes de se submeter à arbitragem, mas também por eles
lidarem com interesse público, que, a princípio, seria indisponível e, portanto, não arbitrável.
Ao fazer apontamentos quanto à arbitrabilidade subjetiva de ente público, PACHIKOSKI (2015) ressalta o leading case do Supremo
Tribunal Federal da década de 1970, conhecido como Caso Lage, o qual reconheceu não haver proibição de per se para que pessoa de
Direto Público participe de arbitragem[2].
O fato de que no caso Lage havia decreto específico autorizando a arbitragem levou alguns autores a entenderem que a participação
de entes públicos na arbitragem dependeria de autorização legal específica, considerando, principalmente, a primazia do princípio
da legalidade aplicável a entes públicos. Essa “necessidade” de autorização passa a ser suprida pela nova disposição do artigo 1º da
Lei de Arbitragem.
Controvérsia maior  surgiu quanto  à  arbitrabilidade objetiva,  ou  seja,  quanto  a  qual matéria  a  pessoa  jurídica de direito público
poderia discutir em sede de arbitragem. A polêmica se dá em reflexo do princípio da indisponibilidade do interesse público e em que
matérias  esse  interesse  está  presente.  Os  doutrinadores  administrativistas  distinguem  atos  de  império  (aqueles  praticados  com
supremacia sobre o particular) de atos de gestão (aqueles em que o Estado se encontra no mesmo patamar que o particular).
Considerando tais conceituações teóricas do Direito Administrativo no âmbito da arbitragem, os atos de império seriam indisponíveis
e, portanto, inarbitráveis, já os atos de gestão, por serem atos concernentes a funções instrumentais, mesmo que efetuados por pessoas
jurídicas de direito público, seriam direitos disponíveis e transacionáveis.
Nesse ponto, a jurista PACHIKOSKI salienta que toma força o posicionamento de que:
(...)  sempre  que  a  controvérsia  possa  ser  resolvida  por meio  de  acordo
entre  as  partes,  sem  necessidade  de  intervenção  do  Judiciário,  será
arbitrável. Assim, o obstáculo à arbitrabilidade das disputas não residiria
na  natureza  dos  direitos  envolvidos,  mas  na  compatibilidade  do  meio
processual adotado com o pedido. (PACHIKOSKI, 2015, p.14)
Parece­nos que tal tendência tenha se consolidado, considerando a previsão do Novo Código de Processo Civil[3] da criação pelos
entes federados de câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito
administrativo.
O projeto de lei que culminou na Lei nº 13.129/2015 foi sancionado com três vetos presidenciais, precisamente aos §§ 2º, 3º e 4º,
constantes do art. 4º, que ampliavam o escopo da arbitragem para as relações de consumo e algumas situações trabalhistas.
No que tange aos motivos dos vetos, ressalta PACHIKOSKI (2015) que, “em sentido contrário ao defendido pela comunidade arbitral,
prevaleceu o entendimento tecnicamente equivocado e demagógico de que haveria prejuízos aos consumidores e trabalhadores”.
Não obstante tais vetos, permaneceu a tentativa de ampliação do uso da arbitragem nas relações trabalhistas e de consumo, dispondo
que a cláusula compromissória terá eficácia somente na hipótese de o trabalhador ou consumidor tomarem a iniciativa de instituir a
arbitragem, ou concordarem expressamente com a sua instituição. Já nos contratos de trabalho, a cláusula compromissória só poderá
ser pactuada  entre  empregadores  e  empregados que ocupem ou venham a ocupar  cargo ou  função de  administrador ou diretor
estatutário[4].
Uma notável alteração da Lei de Arbitragem no Direito Societário  foi a disposição expressa do direito de  recesso nas Sociedades
Anônimas  quando,  por  deliberação  da maioria,  insere­se  no  estatuto  social  a  convenção  de  arbitragem,  aspecto  que,  em  tópico
apropriado, analisaremos de forma pormenorizada.
5 DA ARBITRAGEM NO DIREITO EMPRESARIAL
A utilização da arbitragem em Direito societário, como se viu no capítulo dois, não é fato recente. A Lei de Arbitragem buscou sanar os
primeiros obstáculos no intuito de viabilizar sua utilização. Com a edição da Lei nº 13.129/2015, por sua vez, almeja­se a efetividade
do instituto e sua popularização, no sentido estrito do vernáculo.
No que tange ao Direito Societário, considerando que sua essência se perfaz na prosperidade da empresa, o instituto da arbitragem
coaduna­se, diametralmente, ao seu escopo, notadamente, no que se refere à solução de seus eventuais conflitos.
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A dinamicidade da atividade empresarial exige soluções igualmente céleres, o que, ao se buscar o Judiciário em eventual litígio, é
inviável, pois a formalidade exigida em juízo acaba por prejudicar a sociedade empresária, como bem salienta­nos DIAS:
Na prática, uma grande e demorada celeuma, estabelecida dentro de uma
sociedade empresária, indiretamente diminui sua credibilidade junto aos
parceiros  comerciais,  principalmente  seu  crédito  perante  as  instituições
financeiras nacionais. O custo operacional, consequentemente, aumenta,
diminuindo e, às vezes, até acabando com os lucros. (DIAS, 2007, p.414)
Além da dinamicidade do direito empresarial, a especificidade e a exigência técnica presentes em suas questões vão de encontro ao
instituto da arbitragem, que tem como princípios a informalidade, celeridade, confidencialidade e sigilo, bem como a primazia da
adequação da legislação aplicável ao caso; especificidade dos árbitros, que certamente serão escolhidos pela sua capacidade técnica
atrelada ao litígio; e economia, onde o custo benefício, capacidade técnica e consequente celeridade corresponde a um valor inferior
ao da demora do Judiciário e seus custos indiretos.
A arbitragem, portanto, é como ressalta DIAS (2007) “medida que se impõe à boa saúde das sociedades brasileiras”, podendo ser
utilizada por qualquer espécie societária.
5.1 DOS LIMITES SUBJETIVOS DA ARBITRAGEM NO DIREITO SOCIETÁRIO
Não obstante  ser  possível  a  utilização do  instituto  por  todas  as  sociedades  empresárias,  restringiremos nossa  análise  à  sociedade
limitada e à sociedade anônima por serem as mais usuais.
Uma vez inserida a cláusula compromissória nos estatutos e, por conseguinte, renunciando os sócios ou acionistas à jurisdição estatal,
surge, quanto ao alcance subjetivo, a celeuma relativa a quais sócios e acionistas estariam vinculados. A omissão legislativa aesse
respeito deixou a cargo da doutrina a interpretação de seu alcance,  levando os doutrinadores a longos debates e posicionamentos
divergentes.
Para melhor exame do tema os doutrinadores, dentre eles Luís Loria Flaks, distinguiam a natureza do acionista da seguinte forma:
(a)  é  fundador  da  companhia;  (b)  aprovou  em  assembleia  geral  a
alteração  do  estatuto  social  que  inseriu  a  cláusula  arbitral  ou  passou  a
deter  ações  da  companhia  após  a  referida  alteração  estatutária;  (c)
dissentiu  da  deliberação  assemblear  que  inseriu  a  cláusula  arbitral  no
estatuto  da  companhia,  absteve­se  de  votar  na  referida  deliberação  ou
não compareceu à respectiva assembleia geral; ou (d) era detentor apenas
de ações preferenciais sem direito a voto ou com voto restrito, quando da
aprovação  da  alteração  estatutária  que  inseriu  a  cláusula  arbitral.
(FLAKS, 2003, p.101)
A celeuma em questão não tem lugar nas pequenas companhias fechadas, onde, em regra, todos aprovam o estatuto original ou a
deliberação pela inclusão posterior da cláusula compromissória. Mesmo raciocínio se faz nas grandes companhias em que, em sua
criação ou na inclusão da cláusula compromissória, esta foi aprovada por unanimidade, pois, por óbvio, todos declararam a vontade
pela arbitragem, renunciando expressamente à jurisdição estatal.
A discussão se acirra, notadamente, em duas situações: quando o acionista adquire suas ações após a deliberação social que inseriu a
cláusula compromissória no estatuto; e quando a inclusão da cláusula compromissória não é por unanimidade.
Alguns doutrinadores afirmam que os sócios ou acionistas que não concordaram com a inclusão da cláusula compromissória, seja
porque ingressaram no quadro social após sua inclusão ou por não ter anuído com tal deliberação, não estariam sujeitos ao  juízo
arbitral e estariam, portanto, livres para levarem os eventuais litígios societários ao Judiciário, direito este, por sinal, constitucional.
Prosseguem os doutrinadores desse posicionamento ressaltando que eventual compulsoriedade fere os princípios do próprio instituto
da arbitragem o qual só se instaura pela manifestação de vontade do particular, portanto, incabível a obrigatoriedade de se submeter
ao processo arbitral em decorrência da concordância de terceiros.
Para  consubstanciar  este  posicionamento  seus  defensores  ainda  concluíam  que  a  cláusula  compromissória  trataria  de  pacto
parassocial  ou mesmo  que  o  estatuto  se  trataria  de  contrato  de  adesão  e,  sendo  assim,  estariam  vinculados  apenas  aqueles  que
formalmente, em documento em separado, manifestassem seu interesse de se submeter às regras arbitrais.
Tais  interpretações  somente depõem contra o  instituto em apreço, propondo unicamente o estímulo ao  seu desuso. Evidente é a
sujeição dos novos sócios à cláusula compromissória, pois, ao se adquirir determinadas ações, estará acatando, por conseguinte, as
disposições estatutárias que foram aprovadas pela maioria de seus acionistas.
Em consonância com este raciocínio, FLAKS assevera:
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Todos  os  acionistas  que,  posteriormente  à  constituição  da  companhia,
tenham  aprovado  a  introdução  da  cláusula  compromissória  em  seu
estatuto  social,  estarão  a  ela  vinculados,  sem  a  necessidade  do
cumprimento de qualquer outra exigência formal.
Da mesma forma, todas as pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas, que
passarem a fazer parte do quadro acionário de determinada companhia,
que já contenha em seu estatuto social cláusula compromissória arbitral,
estarão vinculados à arbitragem. Essa vinculação é imediata desde a data
da subscrição de capital ou aquisição de ações. (FLAKS, 2003, p.102)
Aos autores que aventavam ser os estatutos das sociedades contratos de adesão e, em decorrência da disposição do art. 4º, §2°, da Lei
de Arbitragem, deveriam formalizar o consentimento da escolha da arbitragem em documento anexo, adverte FLAKS (2003) que o
referido dispositivo legal se refere tão somente aos contratos de adesão, e "os estatutos sociais não podem jamais ser confundidos com
contratos de adesão”, vez que estes divergem conceitual e instrumentalmente dos contratos de sociedade.
(...) o contrato de adesão se caracteriza, em regra, pela bilateralidade da
relação jurídica, ou seja, pela existência de interesses distintos das partes
contratantes, diferentemente do que acontece em uma sociedade.
Ocorre  que  os  interesses  dos  acionistas  de  uma  companhia,
independentemente  de  seu  objeto  social,  convergem  necessariamente
para  um  mesmo  fim:  a  obtenção  de  lucro  pela  sociedade.  Essa
convergência  de  interesses  é  uma  das  principais  características  dos
chamados  contratos  plurilaterais  –  como  são  os  estatutos  sociais  –  os
quais,  de  modo  algum,  poderiam  ser  considerados  como  contratos  de
adesão. (FLAKS, 2003, p.103)
A alegação de alguns autores quanto ao eventual desconhecimento do novo sócio acerca da cláusula compromissória não procede, vez
que, ao buscar fazer parte de uma sociedade empresária, este deve procurar ter conhecimento de seu estatuto, e a publicidade deste
instrumento é tamanha que há, inclusive, a presunção deste conhecimento[5]. Caso o potencial novo sócio ou acionista discorde da
cláusula compromissória contida no estatuto tem a opção de não se vincular à sociedade empresária.
Na hipótese do sócio ou acionista dissidente da deliberação que inseriu a cláusula compromissória abstenha­se de votar na referida
deliberação  ou,  até  mesmo,  não  compareça  na  assembleia,  para  alguns  doutrinadores,  como  já  mencionado,  não  estariam
vinculados, notadamente,  em consonância  com princípio de que ninguém pode  ser  submetido,  contra  sua vontade,  ao processo
arbitral.  Nessa  linha  de  raciocínio,  estariam  os  sócios  vinculados  a  todas  as  disposições  do  estatuto  social,  exceto  à  cláusula
compromissória.
Nesse tocante, necessário evidenciar que a vontade de uma sociedade empresária, em regra, é expressada através da maioria, qual
seja,  a  vontade  social.  O  princípio majoritário  concede  a  segurança  jurídica  societária  necessária  para  que  sempre  prevaleça  a
vontade social, pois seria impraticável a exigência da unanimidade em todas as reuniões deliberativas de uma organização.
Sobre o princípio da maioria, DIAS (2007) ressalta a explanação de Trajano de Miranda Valverde:
Não  há  renúncia  de  direitos,  mas,  única  e  exclusivamente,  sujeição  de
pessoa, que adquire a qualidade de membro da sociedade ou corporação,
às regras que disciplinam as relações internas entre os seus componentes,
regras dentre as quais figura, como elementar, a de que as resoluções ou
deliberações  se  vencem  por  maioria.  (VALVERDE,  1959  apud  DIAS,
2003, p.423)
Ao cogitar a hipótese de que a cláusula compromissória não vincula a todos os sócios, tenham ou não aprovado a sua inclusão, cria­se
a  insegurança  jurídica  de  que  um mesmo  conflito  de  interesse  possa  ser  submetido,  ao mesmo  tempo,  à  apreciação  do  Poder
Judiciário e do juiz arbitral, podendo existir decisões conflitantes.
2017­5­26 Arbitragem e Direito Empresarial: alterações da Lei nº 13.129/2015 ­ Jus.com.br | Jus Navigandi
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A Lei nº 13.129/2015, visando superar a aparente incompatibilidade existente entre o princípio da maioria, vigente nas sociedades,
com a vontade individual do acionista e seu direito de acesso à Justiça, colocou fim a tais divergências e, tal como sugerido por alguns
doutrinadores, incluindoDIAS (2007), criou o direito de recesso nas companhias, quando, por deliberação da maioria, insere­se no
estatuto social a convenção de arbitragem.
Nos termos de seu art. 3º, a Lei previu que a Lei da S/A passa a vigorar acrescida do art. 136­A, na Subseção “Direito de Retirada” da
Seção III, do Capítulo XI, com a seguinte redação:
Art.  136­A.  A  aprovação  da  inserção  de  convenção  de  arbitragem  no
estatuto  social,  observado  o  quorum  do  art.  136,  obriga  a  todos  os
acionistas,  assegurado  ao  acionista  dissidente  o  direito  de  retirar­se  da
companhia mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do
art. 45.
§  1o A  convenção  somente  terá  eficácia  após  o  decurso  do  prazo  de  30
(trinta)  dias,  contado  da  publicação  da  ata  da  assembleia  geral  que  a
aprovou.
§ 2o O direito de retirada previsto no caput não será aplicável:
I  ­  caso  a  inclusão  da  convenção  de  arbitragem  no  estatuto  social
represente  condição  para  que  os  valores  mobiliários  de  emissão  da
companhia  sejam  admitidos  à  negociação  em  segmento  de  listagem  de
bolsa de valores ou de mercado de balcão organizado que exija dispersão
acionária  mínima  de  25%  (vinte  e  cinco  por  cento)  das  ações  de  cada
espécie ou classe;
II ­ caso a inclusão da convenção de arbitragem seja efetuada no estatuto
social  de  companhia  aberta  cujas  ações  sejam  dotadas  de  liquidez  e
dispersão no mercado, nos termos das alíneas “a” e “b” do inciso II do art.
137 desta Lei. (BRASIL, 2015)
Impende ressaltar que, ao se optar pela arbitragem, em nenhuma hipótese, retirar­se­á dos sócios ou acionistas o acesso às ações a
que têm direito. Para defenderem­se, sentindo­se prejudicado, deverão pleitear no juízo arbitral o que for de seu interesse.
6 DOS MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NO NOVO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL (LEI Nº 13.105/2015)
O  antigo  Código  de  Processo  Civil  Brasileiro  (Lei  nº  5.869)  data  de  1973  e,  portanto,  fora  promulgado  em momento  anterior  à
Constituição  da  República  Federativa  de  1988.  Ademais,  considerando  os  avanços  sociais,  jurídicos,  políticos,  econômicos  e
tecnológicos desde a sua promulgação até os dias hodiernos, uma reforma em seu texto fez­se cada vez mais salutar.
Por esse motivo, editou­se o Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), no qual estão contempladas
mudanças referentes à celeridade, desburocratização do procedimento judicial, dentre outras mais.
Os meios alternativos de resolução de conflitos, notadamente a conciliação e a mediação, encontram previsão expressa nos art.165 a
175, sendo­lhes dedicada seção específica dentro do capítulo referente aos auxiliares da justiça.
O novo Código inova não só pela forma incisiva de estimular o uso dos meios alternativos de conflitos em diversas disposições, mas,
notavelmente, por dispor quanto à estrutura que deverá garantir a efetividade dos meios alternativos de conflitos, com a criação de
centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação
e  pelo  desenvolvimento  de  programas  destinados  a  auxiliar,  orientar  e  estimular  a  autocomposição  (art.165);  por  elencar  como
requisito  da  petição  inicial  a  opção  das  partes  pela  conciliação  ou mediação  (art.319,  VII);  criando  capítulo  específico  sobre  a
audiência de conciliação ou de mediação (art.334); bem como por conceituar os institutos da conciliação e mediação, aclarando a
amplitude de ambos meios de resolução (art.165, §2º e 3º) e elencar os princípios que os regem (art.166).
Verifica­se, pois, que o novo Código de Processo Civil versa sobre a Mediação e Conciliação realizada no âmbito do Judiciário, o que
não afasta o seu uso prévio, tampouco o uso de outros meios alternativos de resolução de conflitos, que “deverão ser estimulados por
juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial”, conforme expresso
no art. 3º, §3º e art 175, ambos do referido Código.
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7 CONCLUSÃO
Diante dos aspectos  levantados, percebemos que não se  trata de  inovação o uso do  instituto da Arbitragem no Direito Societário,
pois, já pela edição da Lei nº 9.307/96, buscou o legislador sanar os primeiros obstáculos. Com a edição da Lei nº 13.129/2015, por
sua vez, almeja­se a efetividade do instituto e sua popularização, no sentido estrito do vernáculo.
O instituto da arbitragem encontrou respaldo e terreno fértil no ambiente empresarial, vez que suas especificidades vão de encontro
aos princípios do  instituto,  por  refereciar  a  celeridade,  a  especialidade  técnica dos  árbitros,  a  confidencialidade,  a  segurança,  a
flexibilidade das provas ou custos.
Em que pese as vantagens louváveis, divergiam os doutrinadores quanto aos alcances subjetivos do instituto no ambiente societário,
cuja celeuma o  legislador pôs  fim pela Lei nº  13.129/2015, ao criar o direito de  recesso nas Sociedades Anônimas, quando, por
deliberação da maioria, insere­se no estatuto social a convenção de arbitragem.
No mesmo contexto de busca pela efetividade dos meios alternativos de resolução de conflitos, o Novo Código de Processo Civil inova
não  só pela  forma  contundente de  incentivá­los  em diversas disposições, mas,  notavelmente,  por dispor quanto  à  estrutura,  por
conceituar os institutos da conciliação e mediação, aclarando a amplitude de ambos meios de resolução, por elencar os princípios que
os regem e evidenciar a possibilidade do uso dos demais meios autocompositivos, dentre os quais se encontra a arbitragem.
O instituto da arbitragem sai fortalecido, não só pela complementação das alterações da Lei de Arbitragem e disposições do Novo
Código de Processo Civil, mas também pela própria discussão gerada, o que acabou por unir a comunidade arbitral composta por
advogados, professores, entidades acadêmicas, câmaras de arbitragem e o setor empresarial em torno de tão relevante matéria, sendo
desfeitas as incertezas e solidificados os posicionamentos relevantes para a segurança jurídica no país
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.140. 26 de junho de 2015. Brasília: Senado, 2015.
BRASIL. Lei nº 13.129. 26 de maio de 2015. Brasília: Senado, 2015.
BRASIL. Lei nº 13.105 ­ Código de Processo Civil. 16 de março de 2015. Brasília: Senado, 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 5 outubro. 1988. Brasília: Senado, 2013.
CARMONA,  Carlos  Alberto;  apud  DIAS,  Jader  Augusto  Ferreira.  A  Arbitragem  como  meio  alternativo  na  solução  de  conflitos
societários. In: BERALDO, Leonardo de Faria (Org. e Coord.). Direito  societário na atualidade:  aspectos polêmicos. Belo
Horizonte: Del Rey, 2007. p.403 ­ 426
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido R. Teoria  geral do processo. 20. ed.
rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2004.
DIAS, Jader Augusto Ferreira. A Arbitragem como meio alternativo na solução de conflitos societários. In: BERALDO, Leonardo de
Faria (Org. e Coord.). Direito societário na atualidade: aspectos polêmicos. Belo Horizonte: Del Rey, 2007. p.403 – 426
FLAKS, Luís Loria. A arbitragem na reforma da Lei S/A. Revista de Direto Mercantil: industrial, econômico e financeiro nº 131.
São Paulo: Malheiros Editores, julho­setembro/2003. p. 100­121
LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Processual da Decisão Jurídica. São Paulo: Landy, 2002.
LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria geral do processo: primeiros estudos. 9a. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010.
MAGALHÃES, Tiago Fantini. Direito societário: análise crítica. Sergio Botrelcoord. São Paulo:Saraiva, 2012.
PACHIKOSKI, Silvia Rodrigues. Reforma da  lei de arbitragem:  comentários ao  texto  completo. Lei nº 9.307, de 23
de  setembro  de  1996,  com  as  alterações  da  Lei  nº  13.129,  de  26  de  maio  de  2015.  Disponível  em
http://oabam.org.br/downloads/comentarios_lei_arbitragem1.pdf.
TAVARES, Fernando Horta. Mediação, processo e Constituição: considerações sobre a autocomposição de conflitos no novo código de
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Salvador: JusPodivm, 2013, p. 56­74.
VALVERDE,  Trajano  de Miranda.  DIAS,  Jader  Augusto  Ferreira.  A  Arbitragem  como meio  alternativo  na  solução  de  conflitos
societários. In: BERALDO, Leonardo de Faria (Org. e Coord.). Direito  societário na atualidade:  aspectos polêmicos. Belo
Horizonte: Del Rey, 2007. p.403 ­ 426
NOTAS
[2]  Nesse  caso,  a  União  Federal  incorporou  ao  seu  patrimônio  bens  de  Henrique  Lage  durante  a  2ª  guerra  mundial.  Surgiu
controvérsia sobre o valor da indenização devida e, com base em autorização legal específica (Decreto­Lei 9.521/1946), a controvérsia
foi levada à arbitragem. Após a prolação do laudo arbitral, a União Federal impugnou a decisão por suposta inconstitucionalidade. Ao
final de um contencioso de quase  três décadas,  o STF  confirmou a  constitucionalidade da  submissão da União Federal  ao  juízo
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arbitral. Ratificando esse posicionamento, confira, por exemplo: STJ, MS 11308­DF, Rel. Min. Luiz Fux , j. em 09.04.2008; STJ,
REsp 904813­PR, Rel. Min. Nancy Andrighi,  j. em 20.10.2011; STJ, REsp 606345­RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. em
17.05.2007 (PACHIKOSKI, 2015, p.14)
[3] Art. 174.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições
relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: I ­ dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades
da administração pública; II ­ avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da
administração pública; III ­ promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
[4] Art. 4º (...) §2º. Nos contratos de adesão a cláusula compromissória só terá eficácia se for redigida em negrito ou em documento
apartado. §3º. Na relação de consumo estabelecida por meio de contrato de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o
aderente  tomar  a  iniciativa  de  instituir  a  arbitragem,  ou  concordar,  expressamente  com  a  sua  instituição.  §4º.  Desde  que  o
empregado ocupe ou venha a ocupar cargo ou função de administrador ou diretor estatutário, nos contratos individuais de trabalho
poderá ser pactuada cláusula compromissória, que só terá eficácia se o empregado tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou se
concordar, expressamente, com a sua instituição.
[5]  Alterações  relevantes,  como  a  inclusão  da  cláusula  compromissória  nas  companhias  abertas,  devem  ser  imediatamente
comunicadas à Comissão de Valores  Imobiliários e  tornadas públicas. No mesmo  intuito, a BOVESPA – Bolsa de Valores,  como
norma  de  boa  governança  corporativa,  divulga  no  endereço  eletrônico  a  relação  das  companhias  que  incluíram  compromissos
arbitrais em seus respectivos estatutos.
Autor
Bruna Nogueira Tosta Machado de Lima
Advogada.  Bacharel  em  Direito  pelo  Centro  Universitário  Newton  Paiva.  Especialista  em  Direito
Processual  pelo  Instituto  de  Educação  Continuada  na  Pontifícia  Universidade  Católica  de Minas
Gerais (IEC PUC Minas). Mestranda em Direito Empresarial na Faculdade Milton Campos.
Informações sobre o texto
Como citar este texto (NBR 6023:2002 ABNT)
LIMA, Bruna Nogueira Tosta Machado de. Arbitragem  e Direito Empresarial:  alterações  da  Lei  nº  13.129/2015  . Revista  Jus
Navigandi, ISSN 1518­4862, Teresina, ano 20, n. 4407, 26 jul. 2015. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/41169>. Acesso
em: 26 maio 2017.

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