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APOSTILA LITERATURA INFANTIL (1)

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CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
COMPLEMENTAÇÕES PEDAGÓGICAS 
CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO 
 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
OFICINA DE TEXTOS E LITERATURA INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNAÍ-MG 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
1 
 
 
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
 
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: 
 Informativa e de reconhecimento; 
 Interpretativa. 
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o 
texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. 
Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; tente ligar 
uma palavra à ideia-central de cada parágrafo. 
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de 
respostas. Marque palavras com NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE, etc, pois, 
fazem diferença na escolha adequada. 
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior 
e posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor. 
 
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E IDEIA CENTRAL 
 
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e 
organizadas, através dos parágrafos que é composto pela ideia central, 
argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. 
Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas: 
 Declaração inicial; 
 Definição; 
 Divisão; 
 Alusão histórica. 
Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos 
enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha 
e um espaçamento da margem esquerda. 
Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia 
central extraída de maneira clara e resumida. 
Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um 
caminho que nos levará à compreensão do texto. 
 
OS TIPOS DE TEXTO 
 
Basicamente existem três tipos de texto: 
 Texto narrativo; 
 Texto descritivo; 
 Texto dissertativo. 
Cada um desses textos possui características próprias de construção. 
 
 
 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
2 
DESCRIÇÃO 
 
Descrever é explicar com palavras o que se viu e se observou. A descrição é 
estática, sem movimento, desprovida de ação. Na descrição o ser, o objeto ou 
ambiente são importantes, ocupando lugar de destaque na frase o substantivo e o 
adjetivo. 
O emissor capta e transmite a realidade através de seus sentidos, fazendo 
uso de recursos lingüísticos, tal que o receptor a identifique. A caracterização é 
indispensável, por isso existe uma grande quantidade de adjetivos no texto. 
Há duas descrições: 
1) Descrição denotativa 
2)Descrição conotativa. 
 
DESCRIÇÃO DENOTATIVA 
 
Quando a linguagem representativa do objeto é objetiva, direta sem 
metáforas ou outras figuras literárias, chamamos de descrição denotativa. Na 
descrição denotativa as palavras são utilizadas no seu sentido real, único de acordo 
com a definição do dicionário. 
Exemplo: 
Saímos do campus universitário às 14 horas com destino ao agreste 
pernambucano. À esquerda fica a reitoria e alguns pontos comerciais. À direita o 
término da construção de um novo centro tecnológico. Seguiremos pela BR-232 
onde encontraremos várias formas de relevo e vegetação. 
No início da viagem observamos uma típica agricultura de subsistência bem à 
margem da BR-232. Isso provavelmente facilitará o transporte desse cultivo a um 
grande centro de distribuição de alimentos a CEAGEPE. 
 
DESCRIÇÃO CONOTATIVA 
 
Em tal descrição as palavras são tomadas em sentido figurado, ricas em 
polivalência. 
Exemplo: 
João estava tão gordo que as pernas da cadeira estavam bambas do peso 
que carregava. Era notório o sofrimento daquele pobre objeto. 
Hoje o sol amanheceu sorridente; brilhava incansável, no céu alegre, leve e 
repleto de nuvens brancas. Os pássaros felizes cantarolavam pelo ar. 
 
NARRAÇÃO 
 
Narrar é falar sobre os fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto 
inserindo episódios, acontecimentos. 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
3 
A narração difere da descrição. A primeira é totalmente dinâmica, enquanto a 
segunda é estática e sem movimento. Os verbos são predominantes num texto 
narrativo. 
O indispensável da ficção é a narrativa, respondendo os seus elementos a 
uma série de perguntas: 
Quem participa nos acontecimentos? (personagens); 
O que acontece? (enredo); 
Onde e como acontece? (ambiente e situação dos fatos). 
Fazemos um texto narrativo com base em alguns elementos: 
O quê? - Fato narrado; 
Quem? – personagem principal e o anti-herói; 
Como? – o modo que os fatos aconteceram; 
Quando? – o tempo dos acontecimentos; 
Onde? – local onde se desenrolou o acontecimento; 
Por quê? – a razão, motivo do fato; 
Por isso: - a conseqüência dos fatos. 
 
No texto narrativo, o fato é o ponto central da ação, sendo o verbo o elemento 
principal. É importante só uma ação centralizadora para envolver as personagens. 
Deve haver um centro de conflito, um núcleo do enredo. 
A seguir um exemplo de texto narrativo: 
Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o Capitão Rodrigo 
Camborá entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém 
sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de 
macho altivamente erguida e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo 
tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava 
num alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto 
musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal. 
(Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo) 
 
A relação verbal emissor – receptor efetiva-se por intermédio do que 
chamamos discurso. A narrativa se vale de tal recurso, efetivando o ponto de vista 
ou foco narrativo. 
Quando o narrador participa dos acontecimentos diz-se que é narrador-
personagem. Isto constitui o foco narrativo da 1ª pessoa. 
Exemplo: 
Parei para conversar com o meu compadre que há muito não falava. Eu notei 
uma tristeza no seu olhar e perguntei: 
- Compadre por que tanta tristeza? 
Ele me respondeu: 
- Compadre minha senhora morreu há pouco tempo. Por isso, estou tão triste. 
Há tanto tempo sem nos falarmos e justamente num momento tão triste nos 
encontramos. Terá sido o destino? 
Já o narrador-observador é aquele que serve de intermediário entre o fato e o 
leitor. É o foco narrativo de 3ª pessoa. 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
4 
Exemplo: 
O jogo estava empatado e os torcedores pulavam e torciam sem parar. Os 
minutos finais eram decisivos, ambos precisavam da vitória, quando de repente o 
juiz apitou uma penalidade máxima. 
O técnico chamou Neco para bater o pênalti, já que ele era considerado o 
melhor batedor do time. 
Neco dirigiu-se até a marca do pênalti e bateu com grande perfeição. O 
goleiro não teve chance. O estádio quase veio abaixo de tanta alegria da torcida. 
Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo o juiz finalmente apontou 
para o centro do campo e encerrou a partida. 
 
A todo instante nos deparamos com situações que exigem a exposição de 
ideias, argumentos e pontos de vista, muitas vezes precisamos expor aquilo que 
pensamos sobre determinado assunto. Em muitas situações somos induzidos a 
organizar nossos pensamentos e ideias e utilizar a linguagem para dissertar. 
 
Mas o que é dissertar? 
 
Dissertar é, por meio da organização de palavras, frases e textos, apresentar 
ideias, desenvolver raciocínio, analisar contextos, dadose fatos. Neste momento 
temos a oportunidade de discutir, argumentar e defender o que pensamos 
utilizando-se da fundamentação, justificação, explicação, persuasão e de provas. 
A elaboração de textos dissertativos requer domínio da modalidade escrita da 
língua, desde a questão ortográfica ao uso de um vocabulário preciso e de 
construções sintáticas organizadas, além de conhecimento do assunto que se vai 
abordar e posição crítica (pessoal) diante desse assunto. A atividade dissertadora 
desenvolve o gosto de pensar e escrever o que pensa, de questionar o mundo, de 
procurar entender e transformar a realidade. 
 
Passos para escrever o texto dissertativo 
 
O texto deve ser produzido de forma a satisfazer os objetivos que o escritor 
se propôs a alcançar. Há uma estrutura consagrada para a organização desse tipo 
de texto. Consiste em organizar o material obtido em três partes: a introdução, o 
desenvolvimento e a conclusão. 
 
- Introdução: A introdução deve apresentar de maneira clara o assunto que será 
tratado e delimitar as questões, referentes ao assunto, que serão abordadas. 
Neste momento pode-se formular uma tese, que deverá ser discutida e provada no 
texto, propor uma pergunta, cuja resposta deverá constar no desenvolvimento e 
explicitada na conclusão. 
- Desenvolvimento: É a parte do texto em que as ideias, pontos de vista, 
conceitos, informações de que dispõe serão desenvolvidas; desenroladas e 
avaliadas progressivamente. 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
5 
- Conclusão: É o momento final do texto, este deverá apresentar um resumo forte 
de tudo o que já foi dito. A conclusão deve expor uma avaliação final do assunto 
discutido. 
 
Cada uma dessas partes se relaciona umas com as outras, seja preparando-
as ou retomando-as, portanto, não são isoladas. 
A produção de textos dissertativos está ligada à capacidade argumentativa 
daquele que se dispõe a essa construção. 
É importante destacar que a obtenção de informações, referentes aos 
diversos assuntos, seja por intermédio da leitura, de conversas, de viagens, de 
experiências do dia e dia e dos mais variados veículos de informação pode sanar a 
carência de informações e consequentemente dar suporte ao produzir um texto. 
 
FORMAS DE DISCURSO 
 
Discurso direto; 
Discurso indireto; 
Discurso indireto livre. 
 
DISCURSO DIRETO 
 
É aquele que reproduz exatamente o que escutou ou leu de outra pessoa. 
Podemos enumerar algumas características do discurso direto: 
1) Emprego de verbos do tipo: afirmar, negar, perguntar, responder, entre 
outros; 
2) Usam-se os seguintes sinais de pontuação: dois-pontos, travessão e 
vírgula. 
Exemplo: 
O juiz disse: 
- O réu é inocente. 
 
DISCURSO INDIRETO 
 
É aquele reproduzido pelo narrador com suas próprias palavras, aquilo que 
escutou ou leu de outra pessoa. 
No discurso indireto eliminamos os sinais de pontuação e usamos 
conjunções: que, se, como, etc. 
Exemplo: 
O juiz disse que o réu era inocente. 
 
DISCURSO INDIRETO LIVRE 
 
É aquele em que o narrador reconstitui o que ouviu ou leu por conta própria, 
servindo-se de orações absolutas ou coordenadas sindéticas e assindéticas. 
 
Exemplo: 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
6 
Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano franziu a testa, achando a frase 
extravagante. Aves matarem bois e cavalos, que lembrança! Olhou a mulher, 
desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando. (Graciliano Ramos) 
 
DICAS DE INTERPRETAÇÃO 
 
Não só os alunos afirmam gratuitamente que a interpretação depende de cada um. 
Na realidade isto é para fugir a um problema que não é de difícil solução por meio 
de sofisma (=argumento aparentemente válido, mas, na realidade, não conclusivo, 
e que supõe má fé por parte de quem o apresenta). 
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de texto. Para 
isso, devemos observar o seguinte: 
 
01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; 
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, 
ininterruptamente; 
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos umas três 
vezes; 
04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas; 
05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; 
06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; 
07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão; 
08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto correspondente; 
09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; 
10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não, correta, incorreta, 
certa, errada, falsa, verdadeira, exceto e outras; palavras que aparecem nas 
perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se 
pediu; 
11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a 
mais completa; 
12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de lógica 
objetiva; 
13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais; 
14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção 
que melhor se enquadre no sentido do texto; 
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a resposta; 
16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o 
tema e a mensagem; 
17. O autor defende ideias e você deve percebê-las; 
18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantíssimos na 
interpretação do texto. 
Ex.: Ele morreu de fome. 
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realização do fato (= 
morte de "ele"). 
Ex.: Ele morreu faminto. 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
7 
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontrava quando 
morreu.; 
19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as ideias estão 
coordenadas entre si; 
20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza de expressão, 
aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. 
Nota: Diante do que foi dito, espero que você mude o modo de pensar, pois a 
interpretação não depende de cada um, mas, sim, do que está escrito. "O que está 
escrito, escrito está." 
10 dicas para interpretar textos 
 
A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo assim, temos 
vários tipos de gêneros textuais, formas de escrita; mas a grande dificuldade 
encontrada pelas pessoas é a interpretação de textos. Muitos dizem que não 
sabem interpretar, ou que é muito difícil. Concordo. Se você tem pouca leitura, 
consequentemente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto de vista e 
um grande medo de interpretar. A interpretação é o alargamento dos horizontes. E 
esse alargamento acontece justamente quando há leitura. Somos fragmentos de 
nossos escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias, muitas vezes 
contadas por outros. Quantas vezes você não leu algo e pensou:"Nossa, ele disse 
tudo que eu penso." Com certeza, várias vezes. Temos aí a identificação de nossos 
pensamentos com os pensamentos dos autores, mas para que aconteça, pelo 
menos não tenha preguiça de pensar, refletir, formar ideias e escrever quando 
puder e quiser. 
A prática das escolas em relação à escrita e interpretação têm mudado, mas a 
passos lentos, aliás como tudo que acontece na educação. Ainda temos 
professores em sala de aula que cortam a veia literária de seus alunos com 
comentários medíocres, que permitem apenas uma interpretação possível, a que 
vem no livro do professor com a tarja "uso do professor/venda proibida". 
Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso país é uma tarefa 
árdua, mas acredite, valerá a pena para sua vida futura. E, mesmo, que você diga 
que interpretar é difícil, você exercitaisso a todo o momento. Exercita através de 
sua leitura de mundo. Você sabe, por exemplo, quando alguém lhe manda um 
olhar de desaprovação mesmo sem ter dito nada. Sabe, quando a menina ou o 
menino está a fim de você numa boate pela troca de olhares. A todo e qualquer 
tempo, em nossas vidas, interpretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de 
vista. Mas, basta o(a) professor(a) dizer "Vamos agora interpretar esse texto" para 
que as pessoas se calem. E ninguém sabe o que calado quer... pois ao se calar 
você perde oportunidades valiosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o 
medo de expor suas ideias. Faça isso como um exercício diário mesmo e verá que 
antes que pense, o medo terá ido embora. 
 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
8 
 
Vou colocar aqui algumas dicas para quando você interpretar um texto: 
1. O autor escreveu com uma intenção - tentar descobrir qual é ela é a chave. 
2. Leia todo o texto uma primeira vez de forma despreocupada - assim você 
verá apenas os aspectos superficiais primeiro 
3. Na segunda leitura observe os detalhes, visualize em sua mente o 
cenário, os personagens - Quanto mais real for a leitura na sua mente, mais 
fácil será para interpretar o texto. 
4. Duvide do(a) autor(a) - Leia as entrelinhas,perceba o que o(a) autor(a) te diz 
sem escrever no texto. 
5. Não tenha medo de opinar - Já vi em sala de aula muitos alunos terem 
medo de dizer o que achavam e a resposta estaria correta se tivessem dito. 
6. Visualize vários caminhos, várias opções e interpretações - Só não viaje 
muito na interpretação.Veja os caminhos apontados pela escrita do(a) 
autor(a). Apegue-se aos caminhos que lhe são mostrados. 
7. Identifique as características físicas e psicológicas dos personagens - 
Se um determinado personagem tem como característica ser mentiroso, por 
exemplo, o que ele diz no texto poderá ser mentira não é mesmo? Analisar e 
identificar os personagens são pontos necessário para uma boa interpretação 
de texto. 
8. Observe a linguagem, o tempo e espaço - A sequência dos 
acontecimentos, o feedback, conta muito na hora de interpretar. 
9. Analise os acontecimentos de acordo com a época do texto - É 
importante que você saiba ou pesquise sobre a época narrada no texto, 
assim, certas contradições ou estranhamentos vistos por você podem ser 
apenas a cultura da época sendo demonstrada. 
10. Leia quantas vezes achar que deve - Não entendeu? Leia de novo. 
Nem todo dia estamos concentrados e a rapidez na leitura vem com o hábito. 
 
Por: Professor França 
 
01. Considere o seguinte trecho: 
Em vez do médico do Milan, o doutor José Luiz Runco, da Seleção, é quem 
deverá ser o responsável pela cirurgia de Cafu. Foi ele quem operou o volante Edu 
e o atacante Ricardo Oliveira, dois jogadores que tiveram problemas semelhantes 
no ano passado. 
 
O termo “ele”, em destaque no texto, refere-se: 
a) ao médico do Milan. 
b) a Cafu. 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
9 
c) ao doutor José Luiz Runco. 
d) ao volante Edu. 
e) ao atacante Ricardo Oliveira. 
 
02. Considere o seguinte diálogo: 
I. A: Por que você está triste? 
II. B: Porque ela me deixou. 
III. A: E ela fez isso por quê? 
IV. B: Não sei o porquê. Tentei acabar com as causas da crise por que 
passávamos. 
V. A: Ah! Você se perdeu nos porquês. 
Do ponto de vista gramatical, os termos sublinhados estão corretamente 
empregados em: 
a) IV somente. 
b) I, III e V somente. 
c) II e IV somente. 
d) I, II, III, IV e V. 
e) II e V somente. 
 
03. “Você só precisa comprar a pipoca. O DVD é grátis. ” 
Assinale a alternativa que apresenta a forma correta para juntar os dois períodos da 
propaganda acima num só. 
a) Você só precisa comprar a pipoca, entretanto o DVD é grátis. 
b) Você só precisa comprar a pipoca, já que o DVD é grátis. 
c) Você só precisa comprar a pipoca, inclusive o DVD é grátis. 
d) Você só precisa comprar a pipoca e o DVD é grátis. 
e) Você só precisa comprar a pipoca, cujo DVD é grátis. 
 
04. Das alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO está de acordo com a 
norma culta. 
a) Foi ele quem comprou o carro. 
b) Alguns de nós seremos vitoriosos. 
c) A maior parte das pessoas faltou ao encontro. 
d) Os Estados Unidos importa muitos produtos brasileiros. 
e) Cada um de nós fez o que pôde. 
 
Caindo na gandaia 
O ex-campeão mundial dos pesos pesados Mike Tyson se esbaldou na noite 
paulistana. Em duas noites, foi ao Café Photo e ao Bahamas, casas freqüentadas 
por garotas de programa. Na madrugada da quinta-feira, foi barrado com seis delas 
no hotel onde estava hospedado, deu gorjeta de US$ 100 a cada uma e foi terminar 
a noite na boate Love Story. Irritado com o assédio, Tyson agrediu um cinegrafista e 
foi levado para a delegacia. Ele vai responder por lesões corporais, danos materiais 
e exercício arbitrário das próprias razões. (Época, nº 391, nov. 2005.) 
 
05. Segundo o texto, é correto afirmar: 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
10 
a) Mike Tyson estava irritado com o assédio das garotas de programa. 
b) Mike Tyson foi preso em companhia das garotas. 
c) Tyson foi liberado da delegacia por demonstrar exercício arbitrário de suas 
razões. 
d) Mike Tyson, em duas noites, esteve em três boates e uma delegacia. 
e) Mike Tyson distribuiu US$ 100 em gorjetas e se esbaldou na noite paulistana. 
 
06. Considere as seguintes sentenças: 
I. Ele sempre falou por meias palavras. 
II. É meio-dia e meio. 
III. Estava meia nervosa por causa da mãe. 
IV. Quero meia maçã para a sobremesa. 
V. Ficaram meio revoltados com a situação. 
 
Do ponto de vista da gramática normativa, estão corretas as sentenças: 
a) III e IV somente. b) II e V somente. 
c) I, II e III somente. d) II e IV somente. 
e) I, IV e V somente. 
 
07. _____________ fábricas _________ produtos são _________ feitos. 
Assinale a alternativa cujos termos completam as lacunas de acordo com a norma 
culta. 
a) Existe, aonde, mal. b) Existem, onde, mau. 
c) Há, aonde, mau. d) Há, onde, mal. 
e) Há, onde, mau. 
 
08. Considere as seguintes previsões astrológicas: 
I. Tanto a Lua como Vênus _______ a semana mais propícia a negociações. 
(deixar) 
II. Calma e tranqüilidade _______ em seus relacionamentos. (ajudar) 
III. Discussões, contratempos financeiros, problemas sentimentais, nada o 
________ nesta semana. (atrapalhar) 
Assinale a alternativa em que os verbos entre parênteses completam o texto do 
horóscopo acima de acordo com a norma culta. 
a) deixará, ajudará, atrapalhará. 
b) deixarão, ajudará, atrapalhará. 
c) deixará, ajudarão, atrapalharão. 
d) deixarão, ajudarão, atrapalharão. 
e) deixarão, ajudarão, atrapalhará. 
 
09. Considere o seguinte anúncio de jornal: 
No próximo dia 20/03, às 7 horas, desembarcam no aeroporto de Guarulhos a dupla 
sertaneja Antenor e Secundino, onde excursionaram pela Europa, que fizeram 
grande sucesso se divulgando a nossa música sertaneja. 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
11 
 
Assinale a alternativa que reescreve o texto acima de acordo com a norma culta. 
a) No próximo dia 20/03, às 7 horas, desembarca no aeroporto de Guarulhos a 
dupla de cantores Antenor e Secundino,que excursionou pela Europa, com grande 
sucesso na divulgação da nossa música sertaneja. 
b) No próximo dia 20/03, às 7 horas, desembarcam no aeroporto de Guarulhos a 
dupla de cantores Antenor e Secundino,onde excursionaram pela Europa, em que 
fizeram grande sucesso e divulgando a nossa música sertaneja. 
c) No próximo dia 20/03, às 7 horas, desembarcam no aeroporto de Guarulhos a 
dupla de cantores Antenor e Secundino,cujos excursionaram pela Europa e fizeram 
grande sucesso, ondedivulgaram a nossa música sertaneja. 
d) No próximo dia 20/03, às 7 horas, desembarcam no aeroporto de Guarulhos a 
dupla de cantores Antenor e Secundino, os quais excursionaram pela Europa com 
grande sucesso, se divulgando a nossa música sertaneja. 
e) No próximo dia 20/03, às 7 horas, desembarca no aeroporto de Guarulhos a 
dupla de cantores Antenor e Secundino, que excursionaram pela Europa, inclusive 
que fizeram grande sucesso, onde divulgou a nossa música sertaneja. 
 
10. Enquanto na fala muitas vezes nem todos os verbos e substantivos são 
flexionados, na escrita isso pode ser considerado um erro. Considere as 
seguintes sentenças: 
I. Saíram os resultados. 
II. Foi inaugurado as usina. 
III. Apareceu cinqüenta pessoas na festa. 
IV. O time apresentou os jogadores. 
V. Saiu os nomes dos jogadores. 
VI. Também vieram os juízes. 
 
Seguem as normas da escrita padrão as sentenças: 
a) I, IV e VI apenas. b) II, III e V apenas. c) I, II e III apenas. 
d) IV, V e VI apenas. e) I, III e V apenas. 
 
11. Assinale a alternativa que NÃO está de acordo com a norma culta. 
a) Vitamina é bom para o adequado funcionamento do organismo. 
b) É necessária a contribuição de todas as pessoas. 
c) É necessário autorização para entrar na festa. 
d) Embora fossem belos, os moços estavam só. 
e) Anexas ao documento, vão as fotos da criança. 
 
12. Considere as seguintes sentenças: 
I. Eu ___ fé em suas promessas. (pôr) 
II. Os ministros ____ as decisões. (manter) 
III. Ficará tudo bem, se você ____ o estoque. (repor) 
Assinale a alternativa em que os verbos entre parênteses foram empregados de 
acordo com a norma culta. 
 
 
 
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12 
a) ponhei, manteram, repuser. b) pus, mantiveram, repuser. 
c) pus, manteram, repor. d) ponhei, mantiveram, repor. 
e) ponhei, mantém, repuser. 
 
Aparecem novos casos 
 
Cinco novos casos de febre maculosa foram identificados no Rio de Janeiro depois 
que a doença foi confirmada como causa da morte do superintendente da Vigilância 
Sanitária Fernando Villas-Boas. A doença também provocou a morte do jornalista 
Roberto Moura e a internação de um professor aposentado, um menino de 8 anos e 
uma turista. Em São Paulo, uma garota de 12 anos morreu em decorrência da 
doença. Ela foi picada por um carrapato quando passeava em um parque. (Época, 
nº 391, nov. 2005.) 
 
13. De acordo com as informações do texto acima, assinale a alternativa 
correta. 
a) O texto não aponta a forma provável como a vítima paulista contraiu a febre 
maculosa. 
b) Todas as vítimas da febre maculosa morreram. 
c) As vítimas fatais da febre maculosa foram infectadas no Rio de Janeiro. 
d) Dos seis infectados, apenas dois sobreviveram. 
e) O texto inclui Fernando Villas-Boas na contagem de casos de febre maculosa no 
Rio de Janeiro. 
 
14. O Projeto Genoma, que envolve centenas de cientistas de todos os cantos 
do globo, às vezes tem de competir com laboratórios privados na corrida pelo 
desenvolvimento de novos conhecimentos que possam promover avanços em 
diversas áreas. 
Assinale a alternativa em que o termo “privado” foi usado no mesmo sentido que 
apresenta acima. 
a) Muitos laboratórios acabam privados de participar da concorrência pelos 
obstáculos legais que se impõem aos participantes. 
b) Nem sempre os projetos que envolvem ciência básica podem contar com a 
injeção de recursos privados, que privilegiam as pesquisas com perspectivas de 
retorno econômico no curto prazo. 
c) Mesmo alguns dos grandes laboratórios que atuam no mercado vêem-se 
privados de condições materiais para investir em pesquisa de ponta. 
d) Os laboratórios privados da licença para desenvolver pesquisas com clonagem 
de seres humanos prometem recorrer da decisão. 
e) Muitos projetos desenvolvidos em centros universitários, privados de recursos, 
acabam sendo engavetados. 
 
O texto a seguir é referência para as questões 15 a 18. 
 
 
 
 
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13 
Reduzir a poluição causada pelos aerossóis – partículas em suspensão na 
atmosfera, compostas principalmente por fuligem e enxofre – pode virar um enorme 
tiro pela culatra. Estudo de pesquisadores britânicos e alemães revelou que os 
aerossóis, na verdade, seguravam o aquecimento global. Isso porque eles rebatem 
a luz solar para o espaço, estimulando a formação de nuvens (que também 
funcionam como barreiras para a energia do sol). Ainda é difícil quantificar a 
influência exata dos aerossóis nesse processo todo, mas as estimativas mais 
otimistas indicam que, sem eles, a temperatura global poderia subir 4 ºC até 2100 – 
as pessimistas falam em um aumento de até 10º, o que nos colocaria “dentro” de 
uma churrasqueira. Como os aerossóis podem causar doenças respiratórias, o 
único jeito de lutar contra a alta dos termômetros é diminuir as emissões de gás 
carbônico, o verdadeiro vilão da história. (Superinteressante, dez. 2005, p. 16.) 
15. Assinale a alternativa cujo sentido NÃO está de acordo com o sentido que 
a expressão “pode virar um enorme tiro pela culatra” apresenta no texto. 
a) Pode ter o efeito contrário do que se pretende. 
b) Pode aumentar ainda mais o problema que se quer combater. 
c) Pode fazer com que o aquecimento global aumente. 
d) Pode provocar diminuição na formação de nuvens. 
e) Pode aumentar a ocorrência de doenças respiratórias. 
 
16. Assinale a alternativa cuja afirmativa mantém relações lógicas de acordo 
com o texto. 
a) Os aerossóis seguram o aquecimento global porém estimulam a formação de 
nuvens. 
b) Os aerossóis seguram o aquecimento global mas estimulam a formação de 
nuvens. 
c) Os aerossóis seguram o aquecimento global pois estimulam a formação de 
nuvens. 
d) Os aerossóis seguram o aquecimento global e estimulam a formação de nuvens. 
e) Os aerossóis seguram o aquecimento global entretanto estimulam a formação de 
nuvens. 
 
17. Segundo o texto, “o verdadeiro vilão da história” é (são): 
a) o aquecimento global. b) as emissões de gás carbônico. 
c) a formação de nuvens. d) as doenças respiratórias. 
e) as barreiras para a energia do sol. 
 
18. O termo “pessimistas” em destaque no texto está se referindo às: 
a) temperaturas. b) pessoas. 
c) influências. d) estimativas. 
e) barreiras. 
 
A ordem de serviço fictícia abaixo é referência para as questões 19 e 20. 
 
ORDEM DE SERVIÇO Nº 01 – DRH 
 
 
 
 
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14 
O Chefe Geral do Departamento de Recursos Humanos, no uso de suas 
atribuições legais e CONSIDERANDO que o regulamento interno admite que sejam 
relevadas até três faltas do funcionário durante o mês, motivadas por doença 
comprovada mediante apresentação imediata do atestado médico; 
CONSIDERANDO a necessidade de haver controle rigoroso com relação às 
faltas do funcionário até 03 (três) dias, justificadas mediante a utilização de 
atestados médicos emitidos por profissionais particulares e/ou SAS; 
CONSIDERANDO, ainda, o dever funcional imposto ao funcionário de se 
submeter à inspeção médica sempre que for determinado pela autoridade 
competente, até como forma de assegurar melhores condições de saúde dos 
funcionários pertencentes ao Quadro de Pessoal dessa Empresa; 
RESOLVE: 
RECOMENDAR aos chefes de Departamento, sempre que lhes forem 
apresentados atestados médicos particulares para justificar até três ausências no 
período de um mês, ou que excederem o limite de 09 (nove) ao ano, que adotem 
providências para que seja o funcionário encaminhado à Divisão de Medicina e 
Saúde Ocupacional, para submeter-se à inspeção e avaliação de suas condições 
de saúde.19. De acordo com o texto, é correto afirmar: 
a) O funcionário tem assegurado o direito de faltar ao serviço, sem necessidade de 
comprovação, três vezes por mês. 
b) Os funcionários deverão ser encaminhados à Divisão de Medicina e Saúde 
Ocupacional da empresa toda vez que justificar faltas apresentando atestados 
médicos emitidos por profissionais particulares ou SAS. 
c) Os chefes de Departamento têm até três dias para apurar com rigor as faltas de 
funcionários. 
d) Deverão ser encaminhados à Divisão de Medicina e Saúde Ocupacional os 
funcionários que apresentarem três atestados médicos no período de um mês e os 
que apresentarem mais de nove faltas durante o ano. 
e) A finalidade do chefe do Departamento de Recursos Humanos é informar os 
chefes de departamento sobre os direitos dos funcionários de poderem faltar três 
dias por mês. 
 
20. O termo “relevadas”, em destaque no texto, pode ser substituído, sem 
perda do sentido, por: 
a) perdoadas. b) punidas. c) confirmadas. d) impostas. e) reexaminadas. 
 
21. Considere as seguintes previsões astrológicas: 
I. A Lua em Aquário fará com que menas pessoas o aborreçam. 
II. Com otimismo, os aquarianos poderão conseguir grandes conquistas no campo 
econômico durante a semana. 
III. Deixe abandonadas as preocupações e os sofrimentos. 
Assinale a alternativa que identifica as sentenças que estão de acordo com a norma 
culta. 
 
 
 
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15 
a) I, II e III. b) I e II somente. c) I e III somente. d) II somente. e) II e III 
somente. 
 
22. Considere as seguintes sentenças: 
 
I. Falava tão alto 
 que precisei sair da sala. 
II. Vim até aqui 
 para que me contassem a verdade. 
III. Poderei fazer um grande banquete 
 se você me ajudar. 
IV. Estava triste 
 porque o cachorro fugiu. 
 
Com relação às orações da coluna 1, as orações na coluna 2 indicam: 
 
a) Em I, conseqüência; em II, finalidade; em III, condição; em IV, causa. 
b) Em I, finalidade; em II, condição; em III, causa; em IV, conseqüência. 
c) Em I, condição; em II, causa; em III, conseqüência; em IV, finalidade. 
d) Em I, causa; em II, conseqüência; em III, finalidade; em IV, condição. 
e) Em I, conseqüência; em II, condição; em III, causa; em IV, finalidade. 
 
Considere o seguinte texto: 
Reunidos altas horas da madrugada, cinco governadores debatiam a distribuição da 
verba que caberia aos seus estados naquele plano orçamentário. O deputado da 
Bahia prontamente se manifestou: 
─ Tendo em vista que os recursos foram reduzidos pela metade, proponho que eles 
sejam divididos entre três de nós, ficando dois estados sem recursos neste 
semestre. 
O governador do Piauí concordou, acrescentando que a proposta parecia justa e 
que fazia tempo que não recebia nenhum recurso. Lembrou ainda aos colegas que, 
na reunião anterior, o presidente da comissão orçamentária, o governador do Rio 
de Janeiro, havia dito que os estados mais carentes teriam garantida sua parte na 
próxima distribuição de verbas. 
O governador de Minas dirigiu-se ao colega capixaba, que na reunião anterior 
dissera que não tinha nenhum projeto em desenvolvimento que necessitasse de 
apoio financeiro: 
─ Fico com a sua parte! 
─ O momento é outro ─ tornou-lhe o governador do Espírito Santo. ─ Agora estou 
precisando de recursos para investir na malha viária estadual. 
 
23. Acerca do texto acima, é correto afirmar: 
a) A fala “O momento é outro” pertence ao governador mineiro. 
b) É do governador de Minas a fala de quem declarou não haver projeto em 
desenvolvimento que necessitasse de apoio 
financeiro. 
 
 
 
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16 
c) A garantia de que os estados mais carentes teriam sua parte na distribuição de 
verbas é mencionada pelo governador piauiense e atribuída ao governador do Rio. 
d) A declaração de que precisava de verba para aplicar na malha viária pertence ao 
governador mineiro. 
e) A fala “Fico com a sua parte!” Pertence ao governador do Espírito Santo. 
 
Em 10 de dezembro de 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) 
assinou a Declaração Universal dos Direitos dos Seres Humanos. Essa declaração 
é composta por trinta (30) artigos que representam os desejos e anseios dos seres 
humanos de viverem em igualdade, fraternidade e liberdade no planeta Terra. 
 
24. Sobre o conceito de seres humanos contido na Declaração dos Direitos 
Humanos, é correto afirmar: 
a) Engloba a maioria dos povos que habitam o planeta terra. 
b) Circunscreve-se aos cidadãos de um determinado país. 
c) Corresponde aos indivíduos com poder de decisão em suas respectivas 
comunidades. 
d) Limita-se ao conjunto de indivíduos em pleno gozo do direito à liberdade. 
e) Estabelece um critério universal para julgar as ações humanas. 
 
25. “[...] uma sociedade somente poderá existir plenamente se respeitar os 
anseios de todos os seus cidadãos e respeitar seus direitos fundamentais, 
incluindo aí o direito de se ter uma vida digna.” 
(SANTOS, Antonio Silveira Ribeiro dos. Dignidade humana e reorganização social. 
Disponível em: Acesso em 25 mar.2004). 
Com base nos conhecimentos sobre dignidade, direitos e deveres fundamentais, é 
correto afirmar: 
a) O fato de a humanidade ter ingressado em um estágio de relações plenamente 
mercantilizadas justifica a hierarquização na definição de direitos e deveres dos 
seres humanos. 
b) Entre os homens, existem papéis inalienáveis, a alguns é reservado o direito à 
caridade e a outros o dever de serem caridosos. 
c) Dignidade é sinônimo de complacência com os indivíduos cujas práticas 
restringem direitos fundamentais. 
d) O rol dos direitos fundamentais dos seres humanos deve ser diretamente 
proporcional à satisfação incondicional dos anseios individuais. 
e) O respeito devido a todo e qualquer indivíduo, em face de sua condição humana, 
confere significado à dignidade. 
 
Leia o texto a seguir e responda às questões 26 a 28. 
 
“Depois de 119 dias, o horário de verão termina à meia-noite de hoje [...] mas 
a meta de economia de energia não foi atingida. A redução de demanda por energia 
nas regiões Sudeste e Centro-Oeste foi de 4,5%, enquanto o governo esperava 5%. 
Na região Sul, a redução de demanda foi de 5%, mas o governo esperava 6%. 
 
 
 
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17 
Com os resultados obtidos, a redução média da demanda por energia no 
horário de pico foi de aproximadamente 4,5% em toda a área de abrangência da 
medida [...]. A redução da demanda conseguida equivale ao consumo, no horário 
de pico, de cidades do porte de Belo Horizonte, Contagem, Betim e Porto Alegre 
somadas, ou à energia produzida pelas usinas nucleares de Angra 1 e 2. [...] 
A economia média de energia seria suficiente para atender a metade do 
consumo de cidades do porte de Florianópolis e Belo Horizonte. A adoção da 
medida significou ainda uma economia de 0,4% no nível de água dos reservatórios 
das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste e de 1% nos reservatórios da 
região Sul. A medida também tem efeito na tarifa de energia, evitando reajustes 
ainda maiores. 
(Adaptado de: Horário de verão termina hoje sem atingir a meta. Jornal de Londrina, 
Londrina, 14 fev. 2004. Economia. p. 6 A). 
 
26. Assinale a alternativa em que a frase “Na região Sul, a redução de 
demanda foi de 5%, mas o governo esperava 6%” está reescrita de acordo 
com as normas de pontuação. 
a) A região Sul, teve redução de demanda de 5%, mas o Governo esperava 6%. 
b) Embora, o governo esperasse 6% de redução de demanda, na região Sul, a 
redução foi de 5%. 
c) A redução de demanda na região Sul, foi de 5%, mas o governo esperava 6%. 
d) O governo esperava 6%, mas a redução de demanda na região Sul, foi de 5%. 
e) A redução de demanda, na região Sul, foi de 5%, mas o governo esperava 6%. 
 
27. Observea frase “A medida também tem efeito na tarifa de energia, 
evitando reajustes ainda maiores”. Assinale a alternativa que apresenta a 
conjunção adequada ao sentido que se pretendia expressar na frase 
a) A medida também tem efeito na tarifa de energia, se evitar reajustes ainda 
maiores. 
b) A medida também tem efeito na tarifa de energia, embora evite reajustes ainda 
maiores. 
c) A medida também tem efeito na tarifa de energia, pois reajustes ainda maiores 
são evitados. 
d) A medida também tem efeito na tarifa de energia, quando reajustes ainda 
maiores forem evitados. 
e) A medida também tem efeito na tarifa de energia, porém reajustes ainda maiores 
são evitados. 
 
28. Na reportagem sobre o término do horário de verão, são fornecidas 
equivalências de consumo para o leitor ter a dimensão dos gastos e da 
economia alcançados durante o período em que a medida vigorou. 
Com base nessas comparações, considere as afirmativas a seguir. 
I. Belo Horizonte, Contagem, Betim e Porto Alegre são cidades que apresentam o 
mesmo consumo no horário de pico. 
 
 
 
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18 
II. A energia produzida pelas usinas nucleares de Angra 1 e 2 é maior do que o 
consumo das cidades de Belo Horizonte e Porto Alegre no horário de pico. 
III. O consumo de cidades como Florianópolis e Belo Horizonte, durante a vigência 
do horário de verão, é o dobro do que é economizado no mesmo período no Brasil. 
IV. As usinas nucleares de Angra 1 e 2 produzem a mesma quantidade de energia 
que as cidades de Belo Horizonte, Contagem, Betim e Porto Alegre economizaram 
no horário de pico, durante o horário de verão. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
a) I e II. b) II e III. c) III e IV. d) I, II e IV. e) I, III e IV. 
 
Leia o texto a seguir e responda às questões 29 e 30. 
“Recepcionistas atenciosos, roupa de cama limpa e serviço de quarto eficiente: 
quem já se hospedou em um hotel sabe como esses fatores são importantes. Para 
além dos saguões, existe uma rede de profissionais responsáveis por orquestrar o 
funcionamento de tudo nesses empreendimentos – desde a contratação e a 
supervisão dos funcionários até a checagem das instalações e a negociação com 
os fornecedores. Nos últimos anos, com o mercado exigindo cada vez mais esse 
tipo de profissional, as faculdades têm investido na criação de cursos específicos de 
Hotelaria. Em São Paulo, são pelo menos sete instituições que formam 
administradores hoteleiros, aptos também a gerenciar flats, pousadas, parques 
temáticos e spas. Antes, a Hotelaria era vinculada à área de Turismo, mas hoje o 
setor se desdobrou”. (Disponível em: . Acesso em 14 abr. 2004). 
 
29. Na frase: “Antes, a Hotelaria era vinculada à área de Turismo, mas hoje o 
setor se desdobrou. ”, a conjunção sublinhada indica a ideia de: a) Tempo. 
b) Consequência. 
c) Causa. 
d) Adição. 
e) Contrariedade. 
 
30. Indique a alternativa que expressa adequadamente a ideia veiculada na 
frase citada na questão anterior: 
a) A ligação entre as áreas de Turismo e Hotelaria deixou de existir. 
b) A Hotelaria requer uma formação específica de profissionais altamente 
especializados, desvinculados de outras áreas e campos de conhecimento. 
c) A independência da área de Hotelaria em relação ao Turismo tem origem no 
enfraquecimento das atividades deste último. 
d) O desdobramento do setor de Hotelaria aponta para a valorização de atividades 
específicas da área, que deixam de estar restritas ao Turismo. 
e) O profissional formado pelos cursos de Hotelaria deixará de estar habilitado para 
exercer atividades no âmbito turístico. 
 
Leia o texto a seguir e responda as questões 31 a 34. 
 
 
 
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19 
 
A anfitriã americana 
Diretora da maior agência de intercâmbio de estudantes nos EUA pede a 
consulados no Brasil que facilitem vistos para brasileiros 
As empresas de intercâmbio de estudantes, que enviam 13 mil jovens todo ano aos 
Estados Unidos para estudar, podem definhar por conta das dificuldades impostas 
para conceder vistos. Para evitar que isso aconteça, a vice-presidente do American 
Institute for Foreign Study (Aifs), Marcie Schneider, veio ao Brasil conversar com os 
responsáveis nas embaixadas americanas no Rio de Janeiro e em São Paulo. A 
ideia é divulgar os programas de intercâmbio da empresa e de sua parceira no 
Brasil, a Experimento, além de entender como o processo de obtenção de visto está 
correndo por aqui. Depois de deixar foto e impressões digitais no Aeroporto 
Internacional do Rio de Janeiro, Marcie falou a ÉPOCA. 
ÉPOCA – A dificuldade de conseguir visto para os EUA está prejudicando o 
intercâmbio? 
Marcie Schneider – Ainda não quantificamos o problema, mas estamos 
preocupados. Há políticos americanos receosos de que essas medidas afetem o 
turismo e o número de estrangeiros interessados em estudar em universidades 
americanas, por exemplo. Temos de prevenir para que isso não aconteça. 
ÉPOCA – Como? 
Marcie – Estou me concentrando nos responsáveis pela concessão de visto a 
estudantes nas embaixadas. Pretendo ver como esse processo está acontecendo 
por aqui. Não queremos que as novas regras de obtenção de visto prejudiquem a 
procura de estudantes brasileiros pelo intercâmbio. Boa parte dos estudantes que 
atendemos é do Brasil. O que fazemos é um lobby com o governo americano para 
que isso não se torne um obstáculo grande demais para quem deseja estudar nos 
Estados Unidos. 
ÉPOCA – Que tipo de lobby? 
Marcie – Pressionamos para que não haja muitos entraves à obtenção do visto. 
Explicamos quão positiva pode ser a experiência de intercâmbio, tanto para o 
estudante estrangeiro como para o americano que o recebe. Nesse ponto, as 
embaixadas até têm nos ouvido bem. Elas também querem ter certeza de que, se o 
estudante pega o visto de um ano, vai voltar para casa quando esse tempo passar. 
ÉPOCA - Há um perfil específico do brasileiro que tem chances de conseguir o visto 
e do que não tem? 
Marcie – As embaixadas americanas dão preferência aos que sabem realmente o 
que querem fazer. A maior preocupação não é em relação a terrorismo vindo do 
Brasil. Um brasileiro que, na entrevista na embaixada, diz que vai estudar nos 
Estados Unidos porque quer ser professor, aprimorar o inglês ou conseguir um 
emprego melhor quando voltar tem maiores chances de conseguir o visto. A pessoa 
deve mostrar que possui objetivos claros. Já quem tem muitos parentes nos 
Estados Unidos vai ter dificuldades. 
 
 
 
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20 
ÉPOCA – A determinação do governo de Bush de exigir a identificação de 
brasileiros que pisam nos Estados Unidos fez com que o Brasil passasse a exigir o 
mesmo dos americanos. O que você acha disso? 
Marcie – O Brasil é o único país que está fazendo isso e acho justo. Se os 
brasileiros têm de ser identificados quando vão para os Estados Unidos, é justo que 
façam o mesmo com os americanos. (Época, 09 fev. 2004, p. 49.) 
 
31. Assinale a alternativa que apresenta adequadamente o grupo defendido 
pela empresária norte-americana no texto: 
a) Embaixadas norte-americanas anti-terroristas. 
b) Estudantes brasileiros em busca de intercâmbio nos Estados Unidos. 
c) Estudantes estrangeiros que permanecem nos Estados Unidos após o fim da 
validade do visto. 
d) Políticos norte-americanos preocupados com estudantes estrangeiros no Brasil. 
e) Professores brasileiros que pretendem se aperfeiçoar nos Estados Unidos. 
 
 
A LITERATURA INFANTIL 
 
Afinal, o que é Literatura Infantil? 
 
A designação infantil faz com que esta modalidade literária seja considerada 
"menor" por alguns, infelizmente. 
Principalmente os educadores vivenciam de perto a evolução do maravilhososer que é a criança. O contato com textos recheados de encantamento faz-nos 
perceber quão importante e cheia de responsabilidade é toda forma de literatura. 
A palavra literatura é intransitiva e, independente do adjetivo que receba, é 
arte e deleite. Sendo assim, o termo infantil associado à literatura não significa que 
ela tenha sido feita necessariamente para crianças. Na verdade, a literatura infantil 
acaba sendo aquela que corresponde, de alguma forma, aos anseios do leitor e que 
se identifique com ele. 
A autêntica literatura infantil não deve ser feita essencialmente com intenção 
pedagógica, didática ou para incentivar hábito de leitura. Este tipo de texto deve ser 
produzido pela criança que há em cada um de nós. Assim o poder de cativar esse 
público tão exigente e importante aparece. 
O grande segredo é trabalhar o imaginário e a fantasia. E como foi que tudo 
começou? 
 
Origens da Literatura Infantil 
 
O impulso de contar histórias deve ter nascido no homem, no momento em 
que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experiência sua, que 
poderia ter significação para todos. Não há povo que não se orgulhe de suas 
 
 
 
Oficina de Textos e Literatura Infantil 
 
21 
histórias, tradições e lendas, pois são a expressão de sua cultura e devem ser 
preservadas. Concentra-se aqui a íntima relação entre a literatura e a oralidade. 
A célula máter da Literatura Infantil, hoje conhecida como "clássica", encontra-
se na Novelística Popular Medieval que tem suas origens na Índia. Descobriu-se 
que, desde essa época, a palavra impôs-se ao homem como algo mágico, como um 
poder misterioso, que tanto poderia proteger, como ameaçar, construir ou destruir. 
São também de caráter mágico ou fantasioso as narrativas conhecidas hoje como 
literatura primordial. Nela foi descoberto o fundo fabuloso das narrativas orientais, 
que se forjaram durante séculos a.C., e se difundiram por todo o mundo, através da 
tradição oral. 
A Literatura Infantil constitui-se como gênero durante o século XVII, época em 
que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no 
âmbito artístico. 
O aparecimento da Literatura Infantil tem características próprias, pois decorre 
da ascensão da família burguesa, do novo "status" concedido à infância na 
sociedade e da reorganização da escola. Sua emergência deveu-se, antes de tudo, 
à sua associação com a Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se 
converterem em instrumento dela. 
É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser 
diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria 
distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a 
preparasse para a vida adulta. 
 
As Mil e Uma Noites 
 
Coleção de contos árabes (Alf Lailah Oua Lailah) compilados provavelmente 
entre os séculos XIII e XVI. São estruturados como histórias em cadeia, em que 
cada conto termina com uma deixa que o liga ao seguinte. Essa estruturação força 
o ouvinte curioso a retornar para continuar a história, interrompida com suspense no 
ar. 
Foi o orientalista francês Antoine Galland o responsável por tornar o livro de 
As mil e uma Noites conhecido no ocidente (1704). Não existe texto fixo para a 
obra, variando seu conteúdo de manuscrito a manuscrito. Os árabes foram reunindo 
e adaptando esses contos maravilhosos de várias tradições. Assim, os contos mais 
antigos são provavelmente do Egito do séc. XII. A eles foram sendo agregados 
contos hindus, persas, siríacos e judaicos. 
O uso do número 1001 sugere que podem aparecer mais histórias, ligadas por 
um fio condutor infinito. Usar 1000 talvez desse a ideia de fechamento, inteiro, que 
não caracteriza a proposta da obra. 
Os mais famosos contos são: 
 O Mercador e o Gênio 
 Aladim ou a Lâmpada Maravilhosa 
 Ali-Babá e os Quarenta Ladrões Exterminados por uma Escrava 
 As Sete Viagens de Simbá, o Marinheiro 
 
 
 
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22 
O rei persa Shariar, vitimado pela infidelidade de sua mulher, mandou matá-
la e resolveu passar cada noite com uma esposa diferente, que mandava degolar 
na manhã seguinte. Recebendo como mulher a Sherazade, esta iniciou um conto 
que despertou o interesse do rei em ouvir-lhe a continuação na noite seguinte. 
Sherazade, por artificiosa ligação dos seus contos, conseguiu encantar o monarca 
por mil e uma noites e foi poupada da morte. 
A história conta que, durante três anos, moças eram sacrificadas pelo rei, até 
que já não havia mais virgens no reino, e o vizir não sabia mais o que fazer para 
atender o desejo do rei. Foi quando uma de suas filhas, Sherazade, pediu-lhe que a 
levasse como noiva do rei, pois sabia um estratagema para escapar ao triste fim 
que a esperava. A princesa, após ser possuída pelo rei, começa a contar a 
extraordinária "História do Mercador e do Efrit", mas, antes que a manhã rompesse, 
ela parava seu relato, deixando um clima de suspense, só dando continuidade à 
narrativa na manhã seguinte. Assim, Sherazade conseguiu sobreviver, graças à sua 
palavra sábia e à curiosidade do rei. Ao fim desse tempo, ela já havia tido três filhos 
e, na milésima primeira noite, pede ao rei que a poupe, por amor às crianças. O rei 
finalmente responde que lhe perdoaria, sobretudo pela dignidade de Sherazade. 
Fica então a metáfora traduzida por Sherazade: a liberdade se conquista com 
o exercício da criatividade. 
 
A importância do Maravilhoso na Literatura Infantil 
 
Em seus primórdios, a Literatura foi essencialmente fantástica. Nessa época 
era inacessível à humanidade o conhecimento científico dos fenômenos da vida 
natural ou humana, assim sendo o pensamento mágico dominava em lugar da 
lógica que conhecemos. A essa fase mágica, e já revelando preocupação crítica às 
relações humanas ao nível do social, correspondem as fábulas. Compreende-se, 
pois, porque essa literatura arcaica acabou se transformando em Literatura Infantil: 
a natureza mágica de sua matéria atrai espontaneamente as crianças. 
A literatura fantasista foi a forma privilegiada da Literatura Infantil, desde seus 
primórdios (sec. VII), até a entrada do Romantismo, quando o maravilhoso dos 
contos populares é definitivamente incorporado ao seu acervo (pelo trabalho dos 
Irmãos Grimm, na Alemanha; de Hans Christian Andersen, na Dinamarca; Garret e 
Herculano em Portugal; etc.) 
Considera-se como Maravilhoso todas as situações que ocorrem fora do 
nosso entendimento da dicotomia espaço/tempo ou realizada em local vago ou 
indeterminado na terra. Tais fenômenos não obedecem às leis naturais que regem 
o planeta. 
O Maravilhoso sempre foi e continua sendo um dos elementos mais 
importantes na literatura destinada às crianças. Através do prazer ou das emoções 
que as estórias lhes proporcionam, o simbolismo que está implícito nas tramas e 
personagens vai agir em seu inconsciente, atuando pouco a pouco para ajudar a 
resolver os conflitos interiores normais nessa fase da vida. 
 
 
 
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A Psicanálise afirma que os significados simbólicos dos contos maravilhosos 
estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu 
amadurecimento emocional. É durante essa fase que surge a necessidade da 
criança em defender sua vontade e sua independência em relação ao poder dos 
pais ou à rivalidade com os irmãos ou amigos. 
É nesse sentido que a Literatura Infantil e, principalmente, os contos de fadas 
podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao 
mundo à sua volta. O maniqueísmo que divide as personagens em boas e más, 
belas ou feias, poderosas ou fracas, etc. facilita à criança a compreensão de certos 
valores básicos da conduta humana ou convívio social. Tal dicotomia, se transmitida 
atravésde uma linguagem simbólica, e durante a infância, não será prejudicial à 
formação de sua consciência ética. O que as crianças encontram nos contos de 
fadas são, na verdade, categorias de valor que são perenes. O que muda é apenas 
o conteúdo rotulado de bom ou mau, certo ou errado. 
Lembra a Psicanálise, que a criança é levada a se identificar com o herói bom 
e belo, não devido à sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a própria 
personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente desejo de bondade e 
beleza e, principalmente, sua necessidade de segurança e proteção. Pode assim 
superar o medo que a inibe e enfrentar os perigos e ameaças que sente à sua volta, 
podendo alcançar gradativamente o equilíbrio adulto. 
A área do Maravilhoso, da fábula, dos mitos e das lendas tem linguagem 
metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das 
crianças. 
Segundo a Psicanálise, os significados simbólicos dos contos maravilhosos 
estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu 
amadurecimento emocional. 
 
Estudo das diversas modalidades de textos infantis 
 
 FÁBULAS 
 CONTOS DE FADAS 
 LENDAS 
 POESIA 
 
Fábulas (do latim- fari - falar e do grego - Phao - contar algo) 
 
Narrativa alegórica de uma situação vivida por animais, que referencia uma 
situação humana e tem por objetivo transmitir moralidade. A exemplaridade desses 
textos espelha a moralidade social da época e o caráter pedagógico que encerram. 
É oferecido, então, um modelo de comportamento maniqueísta; em que o "certo" 
deve ser copiado e o "errado", evitado. A importância dada à moralidade era tanta 
 
 
 
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que os copistas da Idade Média escreviam as lições finais das fábulas com letras 
vermelhas ou douradas para destacar. 
A presença dos animais deve-se, sobretudo, ao convívio mais efetivo entre 
homens e animais naquela época. O uso constante da natureza e dos animais para 
a alegorização da existência humana aproximam o público das "moralidades". 
Assim apresentam similaridade com a proposta das parábolas bíblicas. 
Algumas associações entre animais e características humanas, feitas pelas 
fábulas, mantiveram-se fixas em várias histórias e permanecem até os dias de hoje. 
 leão - poder real 
 lobo - dominação do mais forte 
 raposa - astúcia e esperteza 
 cordeiro - ingenuidade 
A proposta principal da fábula é a fusão de dois elementos: o lúdico e o 
pedagógico. As histórias, ao mesmo tempo em que distraem o leitor, apresentam as 
virtudes e os defeitos humanos através de animais. Acreditavam que a moral, para 
ser assimilada, precisava da alegria e distração contida na história dos animais que 
possuem características humanas. Desta maneira, a aparência de entretenimento 
camufla a proposta didática presente. 
A fabulação ou a fabulação é a lição moral apresentada através da narrativa. 
O epitímio constitui o texto que explicita a moral da fábula, sendo o cerne da 
transmissão dos valores ideológicos sociais. 
Acredita-se que esse tipo de texto tenha nascido no século XVIII a.C., na 
Suméria. Há registros de fábulas egípcias e hindus, mas atribui-se à Grécia a 
criação efetiva desse gênero narrativo. Nascido no Oriente vai ser reinventado no 
Ocidente por Esopo (Séc. V a.C.) e aperfeiçoado, séculos mais tarde, pelo escravo 
romano Fedro (Séc. I a.C.) que o enriqueceu estilisticamente. Entretanto, somente 
no século X, começaram a ser conhecidas as fábulas latinas de Fedro. 
Ao francês Jean La Fontaine (1621/1692) coube o mérito de dar a forma 
definitiva a uma das espécies literárias mais resistentes ao desgaste dos tempos: a 
fábula, introduzindo-a definitivamente na literatura ocidental. Embora tenha escrito 
originalmente para adultos, La Fontaine tem sido leitura obrigatória para crianças de 
todo mundo. 
Podem-se citar algumas fábulas imortalizadas por La Fontaine: "O lobo e o 
cordeiro", "A raposa e o esquilo", "Animais enfermos da peste", "A corte do leão", "O 
leão e o rato", "O pastor e o rei", "O leão, o lobo e a raposa", "A cigarra e a formiga", 
"O leão doente e a raposa", "A corte e o leão", "Os funerais da leoa", "A leiteira e o 
pote de leite". 
O brasileiro Monteiro Lobato dedica um volume de sua produção literária para 
crianças às fábulas, muitas delas adaptadas de Fontaine. Dessa coletânea, 
destacam-se os seguintes textos: "A cigarra e a formiga", "A coruja e a águia", "O 
lobo e o cordeiro", "A galinha dos ovos de ouro" e "A raposa e as uvas". 
 
 
 
 
 
 
 
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Contos de Fadas 
 
Quem lê "Cinderela" não imagina que há registros de que essa história já era 
contada na China, durante o século IX d. C.. E, assim como tantas outras, tem-se 
perpetuado há milênios, atravessando toda a força e a perenidade do folclore dos 
povos, sobretudo, através da tradição oral. 
Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão literária, atualizam ou 
reinterpretam, em suas variantes questões universais, como os conflitos do poder e 
a formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do "Era uma 
vez...". 
Por lidarem com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais 
da condição humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-
se até hoje. Neles encontramos o amor, os medos, as dificuldades de ser criança, 
as carências (materiais e afetivas), as auto-descobertas, as perdas, as buscas, a 
solidão e o encontro. 
Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento "fada". 
Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum (destino, fatalidade, oráculo). 
Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, 
que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes 
sobrenaturais, interferem na vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, 
quando já nenhuma solução natural seria possível. 
Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como o avesso da imagem 
anterior, isto é, como bruxas. Vulgarmente, se diz que fada e bruxa são formas 
simbólicas da eterna dualidade da mulher, ou da condição feminina. 
O enredo básico dos contos de fadas expressa os obstáculos, ou provas, que 
precisam ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciático, para que o herói 
alcance sua auto-realização existencial, seja pelo encontro de seu verdadeiro "eu", 
seja pelo encontro da princesa, que encarna o ideal a ser alcançado. 
 
Estrutura básica dos contos de fadas 
 
 Início - nele aparece o herói (ou heroína) e sua dificuldade ou restrição. 
Problemas vinculados à realidade, como estados de carência, penúria, 
conflitos, etc., que desequilibram a tranqüilidade inicial; 
 Ruptura - é quando o herói se desliga de sua vida concreta, sai da proteção e 
mergulha no completo desconhecido; 
 Confronto e superação de obstáculos e perigos - busca de soluções no plano 
da fantasia com a introdução de elementos imaginários; 
 Restauração - início do processo de descobrir o novo, possibilidades, 
potencialidades e polaridades opostas; 
 Desfecho - volta à realidade. União dos opostos, germinação, florescimento, 
colheita e transcendência. 
 
 
 
 
 
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Lendas (do latim legenda/legen - ler) 
 
Nas primeiras idades do mundo, os seres humanos não escreviam, mas 
conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a 
imaginação para suprir-lhe a falta. Assim, esse tipo de texto constitui o resumo do 
assombro e do temor dos seres humanos diante do mundo e uma explicação 
necessária das coisas da vida. 
A lenda é uma narrativa baseada na tradição oral e de caráter maravilhoso, 
cujo argumento é tirado da tradição de um dado lugar. Sendo assim, relata os 
acontecimentosnuma mistura entre referenciais históricos e imaginários. Um 
sistema de lendas que tratem de um mesmo tema central constiruem um mito (mais 
abrangente geograficamente e sem fixação no tempo e no espaço). 
A respeito das lendas, registra o folclorista brasileiro Câmara Cascudo no 
livro. 
 
Literatura Oral no Brasil 
 
Iguais em várias partes do mundo, semelhantes há dezenas de séculos, 
diferem em pormenores, e essa diferenciação caracteriza, sinalando o 
típico, imobilizando-a num ponto certo da terra. Sem que o documento 
histórico garanta veracidade, o povo ressuscita o passado, indicando as 
passagens, mostrando, como referências indiscutíveis para a verificação 
racionalista, os lugares onde o fato ocorreu. (CASCUDO, 1978 , p. 51) 
 
A lenda tem caráter anônimo e, geralmente, está marcada por um profundo 
sentimento de fatalidade. Tal sentimento é importante, porque fixa a presença do 
Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra o pensamento humano 
dominado pela força do desconhecido. 
O folclore brasileiro é rico em lendas regionais. Destacam-se entre as lendas 
brasileiras os seguintes títulos: "Boitatá", "Boto cor-de-rosa", "Caipora ou Curupira", 
"Iara", "Lobisomem", "Mula-sem-cabeça", "Negrinho do Pastoreio", "Saci Pererê" e 
"Vitória Régia". 
Nas primeiras idades do mundo, os homens não escreviam. Conservavam 
suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação 
para supri-la e a imaginação era o que povoava de seres o seu mundo. 
Todas as formas expressivas nasceram, certamente, a partir do momento em 
que o homem sentiu necessidade de procurar uma explicação qualquer para os 
fatos que aconteciam a seu redor: os sucessos de sua luta contra a natureza, os 
animais e as inclemências do meio ambiente, uma espécie de exorcismo para 
espantar os espíritos do mal e trazer para sua vida os atos dos espíritos do bem. 
A lenda, em especial as mitológicas, constitui o resumo do assombro e do 
temor do homem diante do mundo e uma explicação necessária das coisas. A 
lenda, assim, não é mais do que o pensamento infantil da humanidade, em sua 
primeira etapa, refletindo o drama humano ante o outro, em que atuam os astros e 
meteoros, forças desencadeadas e ocultas. 
 
 
 
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A lenda é uma forma de narrativa antiqüíssima, cujo argumento é tirado da 
tradição. Relato de acontecimentos, onde o maravilhoso e o imaginário superam o 
histórico e o verdadeiro. 
Geralmente, a lenda está marcada por um profundo sentimento de fatalidade. 
Este sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o 
que não se pode lutar e demonstrar a recusa, do pensamento do homem dominado 
pela força do desconhecido. 
De origem muitas vezes anônima, a lenda é transmitida e conservada pela 
tradição oral. 
 
Poesia 
 
O gênero poético tem uma configuração distinta dos demais gêneros literários. 
Sua brevidade, aliada ao potencial simbólico apresentado, transforma a poesia em 
uma atraente e lúdica forma de contato com o texto literário. 
Há poetas que quase brincam com as palavras, de modo a cativar as crianças 
que ouvem, ou lêem esse tipo de texto. Lidam com toda uma ludicidade verbal, 
sonora e musical, no jeito como vão juntando as palavras e acabam por tornar a 
leitura algo muito divertido. 
Como recursos para despertar o interesse do pequeno leitor, os autores 
utilizam-se de rimas bem simples e que usem palavras do cotidiano infantil; um 
ritmo que apresente certa musicalidade ao texto; repetição, para fixação das ideias, 
e melhor compreensão dentre outros. 
Pode-se refletir, acerca da receptividade das crianças à poesia, lendo as 
considerações de Jesualdo: 
 
(...) a criança tem uma alma poética. E é essencialmente criadora. Assim, 
as palavras do poeta, as que procuraram chegar até ela pelos caminhos 
mais naturais, mesmo sendo os mais profundos em sua síntese, não 
importa, nunca serão melhor recebidas em lugar algum do que em sua 
alma, por ser mais nova, mais virgem (...) 
 
Livros e Infância 
 
As histórias infantis como forma de consciência de mundo 
 
É no encontro com qualquer forma de Literatura que os homens têm a 
oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. 
Nesse sentido, a Literatura apresenta-se não só como veículo de manifestação de 
cultura, mas também de ideologias. 
A Literatura Infantil, por iniciar o homem no mundo literário, deve ser utilizada 
como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da 
capacidade e interesse de analisar o mundo. Sendo fundamental mostrar que a 
literatura deve ser encarada, sempre, de modo global e complexo em sua 
ambigüidade e pluralidade. 
 
 
 
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28 
Até bem pouco tempo, em nosso século, a Literatura Infantil era considerada 
como um gênero secundário, e vista pelo adulto como algo pueril (nivelada ao 
brinquedo) ou útil (forma de entretenimento). A valorização da Literatura Infantil, 
como formadora de consciência dentro da vida cultural das sociedades, é bem 
recente. 
Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade, 
não há melhor sugestão do que obras infantis que abordem questões de nosso 
tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano. 
"Infantilizar" as crianças não cria cidadãos capazes de interferir na 
organização de uma sociedade mais consciente e democrática. 
 
Fases normais no desenvolvimento da criança 
 
O caminho para a redescoberta da Literatura Infantil, em nosso século, foi 
aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a Inteligência como um 
elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama 
a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à 
adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da 
personalidade do futuro adulto. A sucessão das fases evolutivas da inteligência (ou 
estruturas mentais) é constante e igual para todos. As idades correspondentes a 
cada uma delas podem mudar, dependendo da criança, ou do meio em que ela 
vive. 
 
Primeira Infância: Movimento X Atividade (15/17 meses aos 3 anos) 
 Maturação, início do desenvolvimento mental; 
 Fase da invenção da mão - reconhecimento da realidade pelo tato; 
 Descoberta de si mesmo e dos outros; 
 Necessidade grande de contatos afetivos; 
 Explora o mundo dos sentidos; 
 Descoberta das formas concretas e dos seres; 
 Conquista da linguagem; 
 Nomeação de objetos e coisas - atribui vida aos objetos; 
 Começa a formar sua auto-imagem, de acordo com o que o adulto diz que ela 
é, assimilando, sem questionamento, o que lhe é dito; 
 Egocentrismo, jogo simbólico; 
 Reconhece e nomeia partes do corpo; 
 Forma frases completas; 
 Nomeia o que desenha e constrói; 
 Imita, principalmente, o adulto. 
 
Segunda Infância: Fantasia e Imaginação (dos 3 aos 6 anos) 
 Fase lúdica e predomínio do pensamento mágico; 
 Aumenta, rapidamente, seu vocabulário; 
 Faz muitas perguntas. Quer saber "como" e "por quê?"; 
 
 
 
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 Egocentrismo - narcisismo; 
 Não diferenciação entre a realidade externa e os produtos da fantasia infantil; 
 Desenvolvimento do sentido do "eu"; 
 Tem mais noção de limites (meu/teu/nosso/certo/errado); 
 Tempo não tem significação - não há passado nem futuro, a vida é o 
momento presente; 
 Muitas imagens ainda completando, ou sugerindo os textos; 
 Textos curtos e elucidativos; 
 Consolidação da linguagem, onde as palavras devem corresponder às figuras; 
 Para Piaget, etapa animista, pois todas as coisas são dotadas de vida e 
vontade; 
 O elemento maravilhoso começa a despertar interesse na criança. 
 
Dos 6 aos6 anos e 11 meses, aproximadamente 
 
 Interesse por ler e escrever. A atenção da criança esta voltada para o 
significado das coisas; 
 O egocentrismo está diminuindo. Já inclui outras pessoas no seu universo; 
 Seu pensamento está se tornando estável e lógico, mas ainda não é capaz de 
compreender ideias totalmente abstratas; 
 Só consegue raciocinar a partir do concreto; 
 Começa a agir cooperativamente; 
 Textos mais longos, mas as imagens ainda devem predominar sobre o texto; 
 O elemento maravilhoso exerce um grande fascínio sobre a criança. 
 
Histórias para crianças (faixa etária / áreas de interesse / materiais / livros) 
 
1 a 2 anos 
A criança, nessa faixa etária, prende-se ao movimento, ao tom de voz, e não 
ao conteúdo do que é contado. Ela presta atenção ao movimento de fantoches e a 
objetos que conversam com ela. As histórias devem ser rápidas e curtas. O ideal é 
inventá-las na hora. Os livros de pano, madeira e plástico, também prendem a 
atenção. Devem ter, somente, uma gravura em cada página, mostrando coisas 
simples e atrativas visualmente. Nesta fase, há uma grande necessidade de pegar 
a história, segurar o fantoche, agarrar o livro, etc.. 
 
2 a 3 anos 
Nessa fase, as histórias ainda devem ser rápidas, com pouco texto de um 
enredo simples e vivo, poucos personagens, aproximando-se, ao máximo, das 
vivências da criança. Devem ser contadas com muito ritmo e entonação. Tem 
grande interesse por histórias de bichinhos, brinquedos e seres da natureza 
humanizados. Identifica-se, facilmente, com todos eles. Prendem-se a gravuras 
grandes e com poucos detalhes. Os fantoches continuam sendo o material mais 
adequado. A música exerce um grande fascínio sobre ela. A criança acredita que 
 
 
 
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tudo ao seu redor tem vida e vivência, por isso, a história transforma-se em algo 
real, como se estivesse acontecendo mesmo. 
 
3 a 6 anos 
Os livros adequados a essa fase devem propor "vivências radicadas" no 
cotidiano familiar da criança e apresentar determinadas características estilísticas. 
Predomínio absoluto da imagem, (gravuras, ilustrações, desenhos, etc.), sem texto 
escrito, ou com textos brevíssimos, que podem ser lidos, ou dramatizados pelo 
adulto, a fim de que a criança perceba a inter-relação existente entre o "mundo 
real", que a cerca, e o "mundo da palavra", que nomeia o real. É a nomeação das 
coisas que leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a 
realidade circundante. 
As imagens devem sugerir uma situação que seja significativa para a criança, 
ou que lhe seja, de alguma forma, atraente. 
A graça, o humor, o clima de expectativa, ou mistério são fatores essenciais 
nos livros para o pré-leitor. 
As crianças, nessa fase, gostam de ouvir a história várias vezes. É a fase de 
"conte outra vez". 
Histórias com dobraduras simples, que a criança possa acompanhar, também 
exercem grande fascínio. Outro recurso é a transformação do contador de histórias 
com roupas e objetos característicos. A criança acredita, realmente, que o contador 
de histórias se transformou no personagem ao colocar uma máscara, chapéu, capa, 
etc.. 
Podemos enriquecer a base de experiências da criança, variando o material 
que lhe é oferecido. Materiais como massa de modelar e argila atraem a criança 
para novas experimentações. Por exemplo, a história do "Bonequinho Doce" sugere 
a confecção de um bonequinho de massa, e a história da "Galinha Ruiva" pode 
sugerir amassar e assar um pão. 
Assim como as histórias infantis, os contos de fadas têm um determinado 
momento para serem introduzidos no desenvolvimento da criança, variando de 
acordo com o grau de complexidade de cada história. 
Os contos de fadas, tais como: "O Lobo e os Sete Cabritinhos", "Os Três 
Porquinhos", "Cachinhos de Ouro", "A Galinha Ruiva" e "O Patinho Feio" 
apresentam uma estrutura bastante simples e têm poucos personagens, sendo 
adequados à crianças entre 3 e 4 anos. Enquanto, "Chapeuzinho Vermelho", "O 
Soldadinho de Chumbo" (conto de Andersen), "Pedro e o Lobo", "João e Maria", 
"Mindinha" e o "Pequeno Polegar" são adequados a crianças entre 4 e 6 anos. 
 
6 anos a 6 anos e 11 meses 
 
Os contos de fadas citados na fase anterior ainda exercem fascínio nessa 
fase. "Branca de Neve e os Sete Anões", "Cinderela", "A Bela Adormecida", "João e 
o Pé de Feijão", "Pinóquio" e "O Gato de Botas" podem ser contadas com poucos 
detalhes. 
 
 
 
 
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ANEXOS 
Entrevista à revista Alternativa 
 
Entrevista cedida à revista Alternativa, de circulação no Japão 
 
Qual o critério que os pais devem levar em conta na hora de escolher livros para os 
pequenos? 
 
Escolher livros para outros leitores implica considerar um 
conjunto de fatores, sobretudo se estivermos tratando de crianças. 
Nesse processo, é de suma importância observar a faixa etária da 
criança em consonância com a fase de desenvolvimento em que ela 
se encontra. Cada uma das fases de desenvolvimento apresenta 
um conjunto de características que interferem no nível de interesse 
pelas atividades, principalmente as mais elaboradas como a leitura. 
É possível incentivar a leitura desde antes do nascimento, com o bebê ainda na 
barriga. A melodia da voz materna contando histórias cria um vínculo afetivo que pode ser 
resgatado nas primeiras fases de desenvolvimento quando a criança ainda não tem 
autonomia de leitura. O afetivo envolvido nesse período inicial de vida da criança cria um 
vínculo positivo com o objeto livro que passa a fazer parte do cotidiano do indivíduo desde 
cedo. Para crianças pequenas, podem ser oferecidos livros que de fato são brinquedos 
para que se crie a relação prazerosa com o manuseio do livro. Nesse grupo se incluem 
livros de pano, de banho e outros em que o efeito lúdico é o principal. Geralmente esses 
livros são brinquedos que favorecem a ambientação do livro com o cotidiano infantil, uma 
vez que a leitura é um ato de base cultural muito forte. 
Quando a criança já começa a dominar razoavelmente a fala, cresce a importância 
da figura adulta que conta histórias. O desejo por conhecer e até por ouvir várias vezes a 
mesma história precisa ser alimentado por um leitor. O papel desse adulto leitor é muito 
importante para gerar interesse pelas narrativas e suas ilustrações. Como conseqüência 
desse processo, o interesse por conhecer as letras e ler sozinho surge naturalmente na 
criança. Por conta disso, nesse período os livros devem conter muitas imagens atrativas e 
de qualidade em consonância com texto em pequena proporção. Com o crescimento da 
criança e o nível de concentração apresentado por ela, pode-se ampliar o tamanho do 
texto em relação à quantidade das ilustrações. Nessa fase, a criatividade é 
importantíssima e devem ser usados fantoches, máscaras, fantasias, objetos 
caracterizadores, para que a criança de fato viva a história. Nesse momento, pode-se 
também inserir teatro na realidade infantil, mas sempre com pequena duração por causa 
do nível de concentração infantil. 
Na fase inicial de alfabetização, ganham destaque a palavra e as construções 
frasais. Brincar com a linguagem e com seus recursos estimula o processo de 
alfabetização. Nesse momento, a poesia se mostra como uma excelente fonte de textos, 
bem como os trava-línguas. Construir e desconstruir palavras em suas sílabas, brincar 
com novas combinações de vocábulos são brincadeiras que podem interferir 
significativamente na formação do futuro leitor autônomo. 
O fato de a criança ter ingressado na escola não significa que a responsabilidade 
dos pais no incentivo à leitura de seus filhos tenha acabado. Se a leitura não fizer parte do 
cotidiano familiar, fica mais difícil que a escola dê conta de seduzir para o universo mágico

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