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LERNER,Delia LER E ESCREVER NA ESCOLA

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LER E ESCREVER NA ESCOLA: O REAL, O 
POSSÍVEL E O NECESSÁRIO. 
Delia Lerner 
 
LERNER, DELIA. LER E ESCREVER NA ESCOLA: O REAL, O POSSÍVEL E O NECESSÁRIO. 
PORTO ALEGRE: ARTMED, 2002 
 
Este livro traz a dimensão de trabalhar na escola as práticas de leitura e escrita como objetos de ensino isto é a 
transformação da prática docente na alfabetização básica. 
 
Capítulo 1: LER E ESCREVER NA ESCOLA: O REAL, O POSSÍVEL E O NECESSÁRIO 
O que se põe como necessário para nós é o enfrentamento do real no intuito de formar alunos praticantes da 
cultura escrita. 
Para tanto é necessário redimensionar o ensino das práticas de leitura e escrita como práticas sociais. Precisamos 
formar uma comunidade de leitores e escritores. 
Para esse redimensionamento é preciso olhar e analisar cinco questões presentes na escola: 
1-A escolarização das práticas de leitura e escrita e de escrita proporciona problemas intensos; 
Para trabalhar na escola as práticas sociais reais é necessário uma mudança no processo de democratização do 
conhecimento e da função implícita de reproduzir a ordem social estabelecida. 
2-Os fins que se notam na escola ao ler e escrever são diferentes dos que dirigem a leitura e a escrita fora dela – 
não há função social real; 
Para uma aprendizagem significativa é necessário aliar os propósitos didáticos e os propósitos comunicativos de 
ler e escrever. 
3-A inevitável distribuição dos conteúdos no tempo pode levar a parcelar o objeto de ensino; 
As práticas de leitura e escrita são totalmente indissociáveis que sobrevivem a divisão e à sequenciação dos 
conteúdos. 
4-A necessidade institucional de controlar a aprendizagem leva a pôr em primeiro lugar os aspectos mais 
compreensíveis da avaliação; 
5-A maneira como se distribuem os direitos e obrigações entre o professor e os alunos, determina quais são os 
conhecimentos e estratégias que as crianças têm ou não a oportunidade de exercer e, portanto quais poderão ou 
não aprender. 
Como o dever do professor é avaliar, o aluno tem poucas oportunidades de auto controlar o que compreendem ao 
ler e de auto corrigir seus escritos. 
 
O POSSÍVEL a fazer é aliar os propósitos da instituição escolar aos propósitos educativos de formar leitores e 
escritores, criando condições didáticas favoráveis a uma versão escolar mais próxima da versão social dessas 
práticas. 
 
 
Para esse fim é necessário: 
a)A elaboração de um projeto curricular; 
b)Articulação dos objetivos didáticos com objetivos comunicativos, essa articulação pode efetivar-se através de 
uma modalidade organizativa sabida que são os projetos de produção-interpretação; 
c)Os projetos orientam as ações para a realização de um objetivo compartilhado. 
É imprescindível compartilhar a função avaliadora. 
 
Capítulo 2 : PARA TRANSFORMAR O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA 
Para que a escola produza transformações substanciais com o objetivo de tornar as práticas de leitura e escrita 
significativas: 
 
Formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas decifradores do sistema de escrita. 
Formar seres humanos críticos aptos de ler entrelinhas e de adotar uma posição própria. 
Formar pessoas desejosas de embrenhar-se em outros mundos possíveis que a leitura oferece, disposta a 
identificar com o semelhante ou solidarizar-se com o desigual e hábil de admirar a qualidade literária. 
Orientar ações para constituição de escritores, de pessoas que saibam informar-se por escrito com os demais e 
com elas mesmas. 
Atingir produções de língua escrita conscientes da pertinência e da importância de dar certo tipo de mensagem em 
determinado tipo de posição social. 
O desafio é que as crianças manejem com eficácia os diversos escritos que circulam na sociedade. 
Obter que a escrita aceite de ser na escola apenas um objeto de avaliação para se constituir num objeto de 
ensino. 
Gerar a descoberta do emprego da escrita como instrumento de raciocínio sobre o próprio pensamento, como 
recurso para organizar e reorganizar o próprio conhecimento. 
Resistir a discriminação que a escola age atualmente, não só quando cria fracasso explícito daqueles que não 
conseguem alfabetizar, como também quando impede aos outros que aparentemente não fracassam, chegar a ser 
leitores e produtores de textos competentes e independentes. 
O desafio é combater a discriminação unir esforços para alfabetizar todos os alunos assegurando a apropriação da 
leitura e escrita como ferramentas essenciais ao progresso cognoscitivo e der crescimento pessoal. 
 
 
É POSSÍVEL MUDANÇA NA ESCOLA? 
 
A instituição sofre uma verdadeira tensão entre dois pólos contraditórios: 
A rotina repetitiva e a moda são obstáculos para a verdadeira mudança. 
As mudanças acima apontadas só serão possíveis através da capacitação qualitativa dos professores e da 
instituição escolar.Será preciso estudar os mecanismos ou fenômenos que ocorrem na escola e impedem que 
todas as crianças se apropriem dessas práticas sociais de leitura e escrita. 
 
ACERCA DO “CONTRATO DIDÁTICO” 
O contrato didático serve para deixar claro aos professores e alunos suas parcelas de responsabilidades na escola 
e na relação ensino/aprendizagem. 
Estabelecer objetivo por ciclo para diminuir a fragmentação do conhecimento; 
Atribuir maior visibilidade aos objetivos gerais do que aos específicos; 
Evitar o estabelecimento de uma correspondência termo a termo entre os objetivos e atividades; 
Ultrapassar o tradicional isolamento entre a “apropriação do sistema de escrita” e “”desenvolvimento da leitura e 
escrita” 
Vale lembrar que as mudanças são possíveis se o coletivo escolar assim o fizer. A escola deve se tornar um 
ambiente de formação da comunidade leitora e escritora. No caso da alfabetização, duas questões são 
fundamentais: assegurar a formação de leitores e produtores de textos e considerar como eixo de formação o 
conhecimento didático 
 
CAPÍTULO 3: APONTAMENTOS A PARTIR DA PERSPECTIVA CURRICULAR 
Os documentos curriculares devem aliar o objeto de ensino com as possibilidades do sujeito de atribuir um sentido 
pessoal a esse saber. Não devem se caracterizar documentos prescritivos. 
Os documentos curriculares devem ter como foco a adoção de decisões acerca de conteúdos que devem ser 
ensinados: importante decidir o que vai se ensinar com vistas no objeto social e com qual hierarquização, isto é, o 
que é prioritário. 
O que deve permear essas escolhas são os verdadeiros objetivos da educação: incorporar as crianças à 
comunidade de leitores e escritores, e formar cidadãos da cultura escrita. 
Lerner aponta que a leitura não deve ser sem um propósito específico. A leitura e a escrita nascem sempre 
interpoladas nas relações com as pessoas, supõem intercâmbios entre leitores acerca dos textos: interpretar, 
indicar, contestar, intercambiar e outros. Esse é o verdadeiro sentido social dessa prática. 
Os comportamentos do leitor e do escritor são conteúdos e não tarefas, porque são aspectos do que se espera que 
os alunos aprendam. 
Comportamento leitor: explanar, recomendar, repartir, confrontar, discutir, antecipar, reler, saltar, identificar, 
adaptar e outros. 
Comportamento do escritor: planejar, textualizar, revisar. 
A escola precisa permitir o acesso aos textos através da leitura em suas diferentes funções. 
CAPÍTULO 4: É POSSIVEL LER NA ESCOLA? 
Na escola é necessário trabalhar a leitura com duplo propósito: o propósito didático e o propósito comunicativo. 
O primeiro propósito corresponde a ensinar certos conteúdos constitutivos da prática social da leitura, com a 
finalidade de que o aluno possa utilizá-la no futuro, em situações não-didáticas. 
O segundo propósito é da perspectiva do aluno. 
Como trabalhar os dois propósitos: Através de projetos que aliam a aprendizagem a uma função real para os 
alunos. 
Ler para definir um problema problema prático; 
Ler para se informar de um tema interessante; 
Ler para escrever ou produzir um texto;Ler para buscar informações específicas; 
Ler para escolher, entre os contos, poemas ou romances. 
 
GESTÃO DO TEMPO, APRESENTAÇÃO DE CONTEÚDOS E ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES 
É fundamental para o trabalho com essa diferente visão produzir uma transformação qualitativa na utilização do 
tempo didático. 
Manejar com flexibilidade a duração das situações didáticas e tornar possível a retomada dos próprios conteúdos 
em diferentes ocasiões e a partir de perspectivas diversas. 
As práticas sociais de leitura e escrita tornam-se mais significativas e têm seus objetivos cumpridos ao organizar a 
rotina dentro das modalidades didáticas: 
Projetos – apresentam assuntos nos quais a leitura ganha sentido cujos múltipos aspectos se articulam para a 
elaboração de um produto tangível. 
Atividades Habituais – repetem-se de forma metódica previsível uma vez por semana ou por quinzena, durante 
vários meses ou ao longo de todo ano escolar. 
Sequências de atividades – são dirigidas para se ler com crianças diversos exemplares de um mesmo gênero de 
gêneros diferentes obras de um mesmo autor ou diferentes textos sobre um mesmo tema; incluem situações de 
leitura cujo único propósito explícito e compartilhado com as crianças, é ler. 
Situações independentes: estas dividem-se em situações ocasionais e situações de sistematização 
ACERCA DO CONTROLE: AVALIAR A LEITURA E ENSINAR A LER 
 
A avaliação é fundamental no processo escolar, pois possibilita verificar se os alunos aprenderam o que o 
professor se propôs ensinar. 
Para evitar que a pressão da avaliação se torne um obstáculo para a formação de leitores, é obrigatório, por um 
lado por em primeiro plano os propósitos referentes à aprendizagem de tal modo que não se subordinem ao 
controle e por outro lado criar modalidades de trabalho em o controle seja responsabilidade do aluno. 
 
O professor como um ator no papel de leitor 
O professor como leitor proficiente é um modelo fundamental para os alunos. É necessário que leia e informe aos 
alunos tudo que é pertinente à leitura,: estratégias eficazes quando a leitura é compartilhada, como delegar a 
leitura, individual ou coletiva, às crianças , o professor está ensinando a ler . Ele é modelo de leitor das crianças 
Nesta capítulo a autora conclui: É possível sim ler na escola se: se consegue produzir uma mudança qualitativa na 
gestão do tempo didático, se se concilia a necessidade de avaliar com as prioridades do ensino e da 
aprendizagem, se se redistribuem as responsabilidades de professor e alunos em relação à leitura para tornar 
possível a formação de leitores autônomos, se se desenvolvem na sala de aula e na instituição projetos que dêem 
sentido à leitura, que promovam o funcionamento da escola como uma microssociedade de leitores e escritores 
em que participem crianças, pai e professores, então..... sim é possível ler na escola. 
Capítulo 5: O PAPEL DO CONHECIMENTO DIDÁTICO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR 
A conceitualização da especificidade do conhecimento didático e a reflexão sobre a prática são apontadas pela 
autora como dois fatores importantes no trabalho de capacitação de professores. 
O saber didático ainda que se apóie em saberes produzidos por outras ciências, não pode ser deduzido 
simplesmente deles é também o resultado do estudo sistemático das interações que se produzem entre professor 
e aluno, os alunos e o objeto de ensino, é produto da análise das relações entre ensino e aprendizagem de cada 
conteúdo específico, é elaborado através da investigação rigorosa do funcionamento das situações didáticas. 
O registro realizado pelo professor é fundamental para dar vida ao conhecimento 
didático: quando se torna objeto de reflexão faz da prática do professor uma prática consciente e possível de 
mudança. 
Paulo Freire: PEDAGOGIA DA AUTONOMIA 
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA 
SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA 
 
CAPiTULO 1 - NAo HÁ DOCÊNCIA SEM DISCÊNCIA 
o autor ressalta a ímportância da reflexão crítica na formação docente 
na prática educativa. . 
Como exemplo cita o ato de cozinhar , que exige o conhecimento do fogão, da regulagem da chama, da 
harmonização dos temperos. Mas é a prática de cozinhar, ratificando alguns daqueles saberes e retificando outros, 
que transforma o) novato em cozinheiro. 
O autor alinha e discute saberes fundamentais à prática educativo-critica 
ou progressista que considera obrigatórios na organização dos programas de 
formação docente: 
» Ensinar inexiste sem aprender e vice- versa. Quem ensina aprende ao 
ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Foi aprendendo socialmente, ao 
longo dos séculos, que historicamente o Homem descobriu que era possível 
ensinar usando maneiras, caminhos e métodos. Não há validade no ensino, se 
este não resulta em aprendizado. 
» Ensinar é um processo que deve deflagrar no aprendiz uma curiosidade 
crescente que poderá torná-lo mais e mais criador. Caso o educando mantenha 
viva em si a curiosidade, a rebeldia, a capacidade de arriscar-se, de aventurar-se, 
poderá ficar imune ao ensino "bancário". Fazem parte da força criadora do 
aprender a comparação, a repetição, a constatação, a dúvida rebelde, que 
superam o falso ensinar; 
»Ensinar exige trabalhar com os educando. a rigorosidade metódica com 
que devem se aproximar do conhecimento. Não se trata apenas de transmitir o 
conteúdo, mas faze-lo de forma critica. Exige que os educadores sejam 
criadores, instigadores, inquietos, humildes e persistentes. - 
» Ensinar exige pesquisa.: Faz parte da natureza da prática docente a indagação, 
a busca, a pesquisa. É preciso ue em sua formação permanente, o professor 
assuma como pesquisador 
» Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos .construídos na prática 
comunitária. Exige também discutir com os alunos a razão de ser desses 
saberes, em relação com o ensino dos conteúdos. Ex.:.aproveitar a experiência 
que têm os alunos de viver em áreas das cidades descuidadas pelo poder 
público para discutir a poluição dos riachos, os lixões, os riscos à saúde que 
ocasionam. 
» Ensinar exige criticidade.:.A passagem da curiosidade ingênua à criticidade 
não se dá automaticamente. Uma das tarefas da prática educativo - 
progressista é desenvolver a curiosidade crítica, insatisfeita, indócil. Com ela 
podemos nos defender do excesso de "racionalidade" do nosso tempo altamente 
tecnológico. 
» Ensinar exige estética e ética. O ensino dos conteúdos não é puro 
treinamento técnico, não pode dar-se alheio à formação moral do educando. 
Exige profundidade e não superficialidade na compreensão te interpretação dos 
fatos. 
» Ensinar exige que as palavras sejam acompanhadas pelo exemplo. Pensar 
certo é fazer certo. O professor que rea1mente ensina, descarta o "faça o que eu 
mando e não o que eu faço". 
» Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de 
discriminação. Lembrando que o velho que é válido e que marca sua presença 
no tempo, continua novo. Quanto ao preconceito de raça de gênero e classe,- 
ofende a substantividade do ser humano e nega a democracia. I 
» Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática._Na educação, a reflexão critica 
sobre a prática impede que a teoria se torne blablablá e a prática se torne 
ativismo. Envolve o movimento dinâmico entre o fazer e o pensar sobre o fazer. 
A prática docente espontânea e "desarmada" produz um saber ingênuo feito só 
de experiência. Através da reflexão sobre a prática, a curiosidade ingênua, 
percebendo-se .como tal, vai se tornando crítica. Na sua formação docente 
inicial é preciso que o futuro professor saiba que o pensar certo não é um 
presente dos deuses, nem de iluminados intelectuais e nem se encontra pronto 
nos manuais. Ele tem que ser construído pelo próprio aprendiz em comunhão 
com o professor formador. Na formação permanente dos professores, o 
momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. Após assumir que 
a minha práticanão condiz, devo ser capaz de mudar. Ex.: o simples fato de o 
fumante assumir que o cigarro ameaça a sua vida não significa parar de fumar; 
ele deve fazer a ruptura do fumo e assumir novos compromissos. O emocional 
( a legítima raiva do fumo ) é um elemento fundamental na mudança. Na 
educação, a justa raiva contra as injustiças, contra a deslealdade, o desamor, 
a exploração e a violência tem um papel altamente formador. 
» Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural.-Uma 
das funções da educação crítica é dar condições aos alunos que se assumam 
como ser social e histórico: pensante, transformador, criador, realizador de 
sonhos. Isso se dá na relação uns com os outros e com o professor. Esta 
experiência histórica, política e social não se dá ao largo das forças que a 
favorecem ou daquelas que lhe são obstáculo. Os gestos de aprovação, de 
respeito aos sentimentos, às emoções do aluno, o cuidado com o espaço escolar 
ajudarão o educando a assumir-se a si mesmo e à sua classe social.. 
 
CAPÍTULO 2- ENSINAR NÃO Ê TRANSFERIR CONHECIMENTO ... 
Mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. 
» Ensinar exige consciência do inacabamento do ser humano. Onde há vida, 
esta não está acabada. Daí ser imperiosa a prática formadora carregada de 
ética e de esperança, pois é possível intervir e melhorar o "destino". Disso, o 
educador consciente não pode fugir. 
» Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado.:.Como ser inacabado e 
consciente da sua inconclusão, o ser humano é submetido a condições, 
obstáculos para evoluir. Ele deve se inserir num movimento de busca 
constante e ter a consciência de que esses obstáculos não são eternos nem 
intransponíveis. Ex.: temos que nos opor ao fatalismo do discurso neoliberal , 
quando afirma que nada se pode fazer contra o desemprego. 
» Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando. O respeito à 
autonomia de cada um não é um favor, mas um imperativo ético. O professor 
que desrespeita o gosto estético do aluno, sua linguagem, sua inquietude, que 
ironiza o aluno e o manda "se colocar no seu lugar" pratica uma transgressão. 
Também rompe com a ética aquele professor que não cumpre o seu dever de 
colocar limites à liberdade do aluno ou que se furta do seu dever de ensinar 
CAPÍTULO 2- ENSINAR NÃO Ê TRANSFERIR CONHECIMENTO ...Mas criar as possibilidades para a sua própria 
produção ou a sua construção. » Ensinar exige consciência do inacabamento do ser humano. Onde há vida, esta 
não está acabada. Daí ser imperiosa a prática formadora carregada de ética e de esperança, pois é possível 
intervir e melhorar o "destino". Disso, o educador consciente não pode fugir. » Ensinar exige o reconhecimento de 
ser condicionado.:.Como ser inacabado e consciente da sua inconclusão, o ser humano é submetido a condições, 
obstáculos para evoluir. Ele deve se inserir num movimento de busca constante e ter a consciência de que esses 
obstáculos não são eternos nem intransponíveis. Ex.: temos que nos opor ao fatalismo do discurso neoliberal , 
quando afirma que nada se pode fazer contra o desemprego. » Ensinar exige respeito à autonomia do ser do 
educando. O respeito à autonomia de cada um não é um favor, mas um imperativo ético. O professor que 
desrespeita o gosto estético do aluno, sua linguagem, sua inquietude, que ironiza o aluno e o manda "se colocar 
no seu lugar" pratica uma transgressão.Também rompe com a ética aquele professor que não cumpre o seu dever 
de colocar limites à liberdade do aluno ou que se furta do seu dever de ensinar. » Ensinar exige bom senso. E o 
bom senso que me faz analisar a todo instante a minha prática e a tomar as decisões. É o bom senso que adverte 
o professor de que:Exercer a autoridade tomando decisões, orientando atividades, cobrando a produção individual 
e coletiva da classe não é sinal de autoritarismo. 
Não aceitar o trabalho do aluno fora do prazo, apesar das justificativas que apresentou serem convincentes é 
insensibilidade. É negativo, da mesma forma, o desrespeito pleno pelos princípios reguladores da entrega dos 
trabalhos . Há algo a ser compreendido no comportamento do aluno assustado, distante, medroso, escondendo-se 
até de si mesmo. » Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores. 
A luta em favor da educação e dos educadores passa pela luta por salários dignos. O descaso do poder público 
nesse sentido é tanto que podemos correr o risco de cruzar os braços achando que "não há o que fazer". 
Entretanto, uma das formas de luta é a nossa recusa de transformar a nossa prática docente em um "bico" ou de 
exercê-Ia como prática afetiva de "tia ou tio". É como profissionais idôneos que se organizam politicamente que 
está a força dos educadores. Os órgãos de classe deveriam priorizar o empenho de formação permanente dos 
quadros do magistério como tarefa política e repensar a eficácia das greves. Não é parar de lutar, mas reinventar 
a forma 
histórica de lutar. » Ensinar exige apreensão da realidade. Se o professor tem uma prática progressista, sua 
prática não pode ser neutra. Deve estar atento ao fato de que seu trabalho pode ser um estimulo à superação. 
Deve haver o respeito à pessoa 
que queira mudar ou que se recuse a mudar. Contudo, o professor não deve esconder-lhe a sua postura. Ex.: 
numa conversa pública, um jovem disse a Paulo Freire: " Não entendo como o senhor defende os sem- terra, no 
fundo uns 
baderneiros" . "Pode haver baderneiros entre os sem- terra", respondeu o 
professor, "mas sua luta é legítima e ética; baderneira é a resistência de quem se opõe a ferro e fogo à reforma 
agrária". Embora a conversa tenha terminado aí, foi importante que o professor tenha dito o que pensava. » 
Ensinar exige alegria e esperança. Sem a esperança não haveria a História, mas puro determinismo. A 
desesperança nos imobiliza. A pessoa progressista que não teme a novidade, que se sente mal com as injustiças, 
que se ofende com as discriminações, que recusa o fatalismo, deve ser criticamente esperançosa. » Ensinar exige 
a convicção de que a mudança é possível.=.O educador progressista vê a História como possibilidade e não como 
determinação. O futuro para ele é problemático, mas não inexorável. Constata o mundo, não para adaptar-se, 
mas para mudar. 
. Percebe as resistências das classes populares como manhas necessárias à sobrevivência. Ex.: o sincretismo 
religioso afro- brasileiro expressa a resistência ou manha com que a cultura africana se defendia do colonizador 
branco. Uma das questões centrais é evoluir de posturas rebeldes para posturas revolucionárias que nos engajam 
no processo de transformação do mundo. Não se trata de impor à população oprimida que se rebele para mudar o 
mundo. Trata-se de, simultaneamente ao trabalho que se realiza - alfabetizar, evangelizar - desafiar os grupos 
populares a perceberem em termos críticos a violência concreta. Não como destino ou vontade de Deus, mas 
como algo que pode ser mudado. O poder dominante tenta inculcar no dominado a culpa pela sua situação. Isso 
deve ser desvelado também. O educador progressista, entretanto, descarta a -tática do "quanto pior melhor"; 
nem tampouco deixa relegado a um segundo plano o ensino, 
transformando a classe num "comício-libertador". » Ensinar exige curiosidade. O educador entregue a 
procedimentos autoritários dificulta o exercício da curiosidade do educando e tolhe sua própria curiosidade. O bom 
clima pedagógico é aquele em que o educando vai aprendendo na prática que o limite da sua curiosidade e da sua 
liberdade é a privacidade do outro.formas de autoritarismo e licenciosidade, que precisamos superar 
principalmente através do diálogo. CAPÍTULO 3 - ENSINAR Ê UMA ESPECIFICIDADE HUMANA» Ensinar exige 
segurança, competência profissional e generosidade. Nenhuma autoridade docente se exerce se não existe a 
competência 
profissional. O professordeve levar a sério sua tarefa, estudar, se esforçar para 
estar à altura dela, ou não terá força moral para coordenar as atividades de sua 
classe. Outra qualidade indispensável à autoridade é a generosidade. Esta descarta tanto a arrogância no trato 
com “os outros”, como à indulgência macia no trato com “os seus”. 
cap. 3 cont... 
”. O clima de respeito nasce de relações justas, sérias, humildes, generosas, em que a autoridade docente e as 
liberdades dos alunos se assumem eticamente. » Ensinar exige comprometimento._Não posso ser professor sem 
me colocar diante dos alunos, sem revelar minha maneira de ser, de pensar politicamente, sem me submeter à 
apreciação dos alunos. Não posso passar despercebido pelos alunos e isso aumenta em mim os cuidados com o 
meu desempenho. Minha presença de professor é uma presença política; não posso ser uma omissão, mas um 
sujeito de opções. 
» Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no 
mundo. Neutra, a educação nunca foi, é, ou será. Exige do professor uma 
definição, uma tomada de posição. A intervenção, além do conhecimento dos 
conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de 
reprodução da ideologia dominante, quanto o seu desmascaramento. É o aspecto 
contraditório da educação. Nem somos seres determinados, nem livres de 
condicionamentos genéticos, culturais, de classe, de gênero, que nos marcam. 
Do ponto de vista dos interesses dominantes, a educação deve ser prática 
imobilizadora e ocultadora. Quando a classe dominante é progressista, o é "pela 
metade". Ex.: o empresariado urbano pode mostrar-se progressista face à 
reforma agrária, mas retrógrado diante dos interesses do mercado. O educador 
consciente e critico não atribui a "forças cegas" os danos que a obediência 
irrestrita à lei do mercado causa aos seres humanos. Reconhece que não há 
fatalidade no desemprego e na miséria. » Ensinar exige liberdade e autoridade._Para o professor é dificil, muitas 
vezes, caminhar com naturalidade entre a autoridade e a liberdade. É importante se estabelecer os limites, sem os 
quais a liberdade se transforma em licenciosidade. 
A liberdade amadurece no confronto com outras liberdades, na 
defesa de seus direitos face à autoridade dos pais, professores, do Estado. Para 
exercitar a liberdade é preciso aprender a tomar decisões. É decidindo que se 
aprende a decidir. É correndo o risco e assumindo as conseqüências das 
decisões que se tomou. Este processo fundamenta a autonomia. Uma pedagogia 
da autonomia deve estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e 
da responsabilidade, que constroem a liberdade. » Ensinar exige tomada consciente de decisões._O que cabe ao 
educador consciente de que a educação não é neutra é forjar em si um saber especial, que jamais deve 
abandonar: se a educação não pode tudo, alguma coisa fundamental a educação pode. Se a educação não é a 
chave das transformações sociais, não é também simplesmente reprodutora da ideologia dominante. O educador 
não pode transformar o país, mas pode demonstrar que é possível mudar, dada a importância de sua tarefa 
político- pedagógica. » Ensinar exige saber escutar._Quem tem o que dizer deve assumir o dever de desafiar 
quem escuta para que este fale, responda. O educador autoritário comporta-se como proprietário da verdade e 
discorre sobre ela, numa atitude intolerável. Sua fala se dá num espaço silenciado. Ao contrário, o educador 
democrático aprende a falar escutando. Está mais interessado em comunicar do que em fazer comunicados, em 
escutar a indagação, a dúvida, a criação de quem escutou. » Ensinar exige reconhecer que a educação é 
ideológica. A força da ideologia fatalista é querer convencer os prejudicados das economias submetidas de que a 
realidade é assim mesmo, de que não há nada o que fazer a não ser seguir a ordem natural dos fatos. Quando o 
discurso da globalização fala de ética, se refere à do mercado. Não àquela da solidariedade, a favor dos legítimos 
interesses humanos. A liberdade do comércio não pode estar acima da liberdade do ser humano. 
.. O progresso científico e tecnológico que não responde aos interesses humanos , perde a sua significação. A todo 
avanço tecnológico que ameace mulheres e homens de perder o seu trabalho, deveria haver uma resposta 
imediata. Pois é uma questão ética e política e não só tecnológica. Não se trata de inibir a pesquisa, mas de 
colocá-Ia a serviço dos seres humanos. Por causa de tudo isso, como professor, deve-se estar atento ao discurso 
que proclama a morte das ideologias. Este, sim, altamente ideológico, que ameaça anestesiar as mentes, 
confundir , distorcer a percepção dos fatos.» Ensinar exige disponibilidade para o diá1ogoo~Nas relações com 
outros que não fizeram a mesma opção política, ética, estética ou pedagógica, é no respeito às diferenças, na 
coerência entre o que se diz e o que se faz que se constrói a disponibilidade para o diálogo. Deveria fazer parte da 
aventura docente a abertura respeitosa ao outro e a reflexão critica conjunta. A razão ética desta abertura 
possibilita o diálogo. » Ensinar exige querer bem aos educandos: É preciso descartar como falsa a separação entre 
seriedade docente e afetividade. A prática docente deve ser vivida com alegria, afetividade, emoção e sentimento 
.. Sem prescindir da formação científica séria, da clareza política, da luta por seus direitos e pela dignidade de sua 
tarefa.

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