Buscar

filiação hibrida sucessaõ

Prévia do material em texto

1 
Aqui, há uma primeira corrente que prevalece de forma considerável sobre a outra, o 
que torna a questão mais tranquila no âmbito doutrinário. 
Para a primeira vertente, majoritária, havendo sucessão híbrida, não se deve fazer a 
reserva da quarta parte ao cônjuge, tratando-se todos os descendentes como exclusivos 
do autor da herança. Nessa esteira, posicionam-se Caio Mário da Silva Pereira, 
Christiano Cassettari, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Gustavo René Nicolau, 
Inácio de Carvalho Neto, Jorge Fujita, Luiz Paulo Vieira de Carvalho, Maria Berenice 
Dias, Maria Helena Diniz, Maria Helena Braceiro Daneluzzi, Mário Delgado, Mário 
Roberto Carvalho de Faria, Rodrigo da Cunha Pereira, Rolf Madaleno, Sebastião Amorim, 
Euclides de Oliveira e Zeno Veloso, além do presente autor. Em sua obra lançada no 
ano de 2014, a essa corrente se alinham Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho 
(NOVO CURSO..., 2014, v. 7, p. 234). 
Esse posicionamento prestigia os filhos em detrimento do cônjuge, sendo essa a opção 
constitucional, na opinião deste autor. Adotando a premissa, na V Jornada de Direito 
Civil, evento promovido pelo Conselho da Justiça Federal e pelo Superior Tribunal de 
Justiça em 2011, aprovou-se o seguinte enunciado doutrinário, que confirma essa visão 
da maioria: “Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, não será 
reservada a quarta parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação híbrida” 
(Enunciado n. 527). 
 
Para uma segunda corrente, havendo sucessão híbrida, deve ser feita a reserva da 
quarta parte ao cônjuge, tratando-se todos os descendentes como se fossem comuns. 
Assim pensam Francisco José Cahali, José Fernando Simão e Sílvio de Salvo Venosa. 
Sustenta-se que a existência de filhos comuns justifica a incidência da reserva, não 
importando que com eles existam filhos exclusivos do autor da herança. 
Para fundar tal forma de pensar, em edições anteriores deste livro, apontava José 
Fernando Simão que, “se a lei não exigiu que concorresse o cônjuge com a totalidade 
dos descendentes para ter o direito à reserva de 1/4 da herança, basta que um 
descendente seja comum para que a reserva exista, ainda que o falecido tenha deixado 
outros descendentes exclusivos. Ademais, essa posição privilegia o cônjuge com relação 
aos descendentes e atende ao objetivo do sistema de concorrência criado pelo Código 
wim-
Highlight
wim-
Highlight
wim-
Highlight
wim-
Highlight
wim-
Highlight
 
 
 
 2 
Civil de 2002. Toda a mudança legislativa teve por escopo a proteção do cônjuge, ainda 
que em detrimento da participação dos descendentes na sucessão. A reserva da quarta 
parte vem de encontro com o objetivo do legislador: o amparo ao cônjuge sobrevivente” 
(TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando, 2013, v. 6, p. 184). 
No entanto, além dessas duas correntes primordiais, existem outros pensamentos 
isolados de alguns doutrinadores que também devem ser expostos nesta nova edição 
deste livro, na linha do que já constava das anteriores. Tais pensamentos estão 
baseados no que se denomina teoria das sub-heranças, tendo sido desenvolvidos pelos 
juristas Eduardo de Oliveira Leite, Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka e Flávio 
Augusto Monteiro de Barros. (TARTUCE, 2017, p. 191) 
Enunciado 527 da V Jornada de Direito Civil 
527 – Art. 1.832: Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, não 
será reservada a quarta parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação 
híbrida.

Continue navegando