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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 1° VARA DA COMARCA DE ANÁPOLIS/GO Processo n° 1234 AUTORA: EMPRESA XYZ RÉU: JOÃO PINHO JOÃO PINHO, espanhol, contador, cadastrado no registro geral de pessoas físicas sob o n° 60973922303, residente e domiciliado na rua JORNALISTA ARMANDO BASTOS, N° 3930, na cidade de TERESINA/PI, CEP 64045730, representado judicialmente através de seu advogado devidamente qualificado, número da ordem 45.768 em procuração mandamental específica juntada ao seguinte feito, com endereço profissional na avenida João XXIII, 234, bairro recanto das palmeiras, na cidade de Teresina, no estado do Piauí, cep 34678944, onde deverá ser intimado para dar andamento aos atos processuais, nos autos da Ação anulatória de negócio jurídico pelo rito comum, movida por EMPRESA XYZ, vem com o devido respeito e acato de estilo perante Vossa excelência apresentar sua CONTESTAÇÃO. I. DAS PRELIMINARES I.II. DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO Excelência, a presente ação não deveria ser proposta neste foro em que agora está, em virtude do contrato em questão ter a característica explícita de ordem pessoal, e não real. Deveria, por então, a pretensão anulatória ter sido proposta no foro do domicílio do réu, assim atendendo a regra geral que dispõe o Art. 46 do NCPC, e aos princípios da celeridade e economia processual. Nesse sentido: Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. (CPC) Portanto, desde logo requer o réu que seja declara a incompetência do presente foro para ajuizamento da ação em tela, e que seja remetido ao juízo pertencente ao foro de domicílio do Sr. João Pinho, parte demandada sendo o qual na cidade de TERESINA/PI, afim de que sejam atendidos os princípios da celeridade e economia processual, e facilite a uma efetiva defesa da parte presente no polo passivo do feito. I.III. DA INTEPESTIVIDADE DA AÇÃO INICIAL Ainda que por ventura se vença a primeira preliminar de mérito exposta, se faz necessário registrar, desde logo, excelência, que a ação inicial do caso em tela, resta-se fulminada pela ocorrência do prazo decadencial. Conforme se verificou na exposição dos fatos, a Autora impetrou a presente ação anulatória em 08 de novembro de 2016. Contudo, a doação dos imóveis feita pelo Sr. João Pinho ocorrera exatamente no dia 06 de janeiro de 2012, ou seja, mais de 4 anos antes da pretensão deste caso concreto. O código civil de 2002, traz em seu artigo 178, caput, e no inciso II, o prazo decadencial de 4 anos para que se pleiteei a anulação do negócio jurídico, sendo claro que a contagem de tal tempo decadencial se inicia a partir do dia em que se realizou a avença. Com isso, vislumbra-se decaído o pedido da autora, não podendo falar anulação de negócio jurídico já atingido pelo prazo decadencial. Nesses termos: Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Portanto, pelo exposto, douto magistrado, constata-se de modo inequívoco impossibilidade de sustentação no pedido da Autora, devendo, deste modo, ser extinto o processo com a resolução de mérito por decorrência da argumentação supra referida. Nos termos do Art. 487, II, do CPC/15. Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - Acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; II - Decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; I.III. DA LEGITIMIDADE PASSIVA Acrescenta-se, desde logo, ainda que passadas as preliminares já expostas, que o presente réu é parte passiva ilegítima para estar neste processo que ora de discute. Veja-se, Excelência, que o referido contrato de aluguel tinha por prazo fatal o decurso de 30 meses, sendo que fora prorrogado por tempo indeterminado sem qualquer anuência do Sr. João Pinho, ora Réu, não só por isso, mas também se faz importante lembrar que o mesmo senhor João já avisara, ao locador e ao locatário, em 120 (cento e vinte) dias antes do término do prazo da avença, que não aceitaria continuar como fiador caso o contrato fosse prorrogado, o que, como se vê, ocorreu sem a sua plena concordância. Assim, verifica-se que fora atendido o que se manda o Art. 835 Do CC, ao aduzir sobre a possibilidade de exoneração do fiador, quando assinado o ajuste contratual sem a limitação de tempo, devendo este ser responsabilizado nos 60 (sessenta) dias seguintes após a notificação do credor. Nesse mesmo sentido: Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor. Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos seguintes casos: X - prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) Portanto, Excelência, não resta outra maneira, senão declarar a ilegitimidade do Sr. João em ser réu deste feito. II. DO MÉRITO II.I. DA OCORRÊNCIA DA ANTECIPAÇÃO DE HERANÇA É de todo sabido, ínclito julgador, que é costume de afeto e cuidado dos pais que possuem algum recurso de monta, fornecerem meios que sustentem e deem segurança financeira aos seus filhos no caso de uma possível falta futura, quer seja repentina, quer seja natural de decurso da vida. Nada mais tenro e nítida demonstração de amor para com seus descendentes do qual dar-lhes os bens que possui e distribuí-los de forma eficaz e justa antes de uma possível desavença na partilha, o que vingaria decerto em confrontos entre filhos caso vejam-se sem batuta dos pais para um proveitoso deslinde. No caso exposto, nada mais aconteceu de que isto, Excelência, mera antecipação da herança de um pai caridoso para com suas filhas que se iniciam em suas próprias jornadas. Fornecendo-as de modo justo e escorreito, bens, em que para tantos, são o sonho de uma vida. A doação ocorrerá de modo efetivo com o registro, e a anuência das donatárias do dia 09 de janeiro de 2012, sendo que à época do ocorrido, o doador não possuía mais qualquer obrigação de fiança no contrato de aluguel do caso em análise, tendo em vista de que o mesmo pedira exoneração do encargo com 120 (cento e vinte) dias antes do término da avença, e ainda, cumpre ressaltar que o contrato passou-se para a qualidade de ser por tempo indeterminado em 2011, já com a efetiva saída do Sr. João da obrigação de fiança. Portanto, Excelência, resta-se verificado a impossibilidade de anulação do negócio jurídico aqui discutido, levando em consideração o tudo já exposto, e que não se passa mera antecipação de herança do Senhor João Pinha a suas filhas, liberalidade esta permitida claramente no código civil pátrio. Nesses termos: Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. III. DOS PEDIDOS Por todo o exposto, o réu, com o devido acatamento a respeito, desde logo, requer: I. O acolhimento das preliminares aludidas nesta peça, devendo ser reconhecida a incompetência deste juízo para análise do feito;II. O reconhecimento da preliminar peremptória de ilegitimidade passiva do Réu, em virtude do mesmo não ter mais o encargo de fiador à época da propositura da demanda; III. Seja declarado a extinção do presente processo, com resolução do mérito, nos termos do Art. 485, II, em razão da intempestividade da ação judicial; IV. O reconhecimento da improcedência do pedido do mérito da questão do caso em tela, visto a patente ocorrência de mera antecipação da herança, e que o Sr. João nada tinha de encargo como fiador quando doou os imóveis; V. Condenação da autora ao pagamento dos honorários advocatícios em 20% sobre o valor da causa (Art. 85 do CPC), bem como nas custas processuais a serem fixadas. IV. DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do autor. Nestes termos, Pede a espera deferimento. Teresina, 17 de novembro de 2018 PAULYANE FELIPE SILVA OAB/PI n° 14.283 SABRINA DE CARVALHO RODRIGUES OAB/PI n° 13.298
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