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Bioquímica Humana UNIDADE 4 1 Palavras do Professor Olá, querido (a) estudante! Como vai você? Chegamos à unidade IV da disciplina de Bioquímica Humana Aplicada à Nutrição. Até o presente momento, você já estudou quatro classes das principais biomoléculas que estão envolvidas em importantes processos metabólicos em nosso organismo: proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas. Na segunda unidade você aprendeu sobre a importância das vitaminas e dos lipídeos em nossa dieta. Destacamos a função de cofator enzimático das vitaminas em inúmeras reações catalisadas por enzimas, porém alguns representantes desses compostos orgânicos podem apresentar função antioxidante. Em relação aos lipídeos, sobressaem três atividades: armazenamento (triacilgliceróis), constituinte das membranas biológicas (fosfolipídeos e colesterol) e sinalizadores celulares (hormônios esteroides). Na terceira unidade você estudou as principais vias metabólicas dos carboidratos e como suas reações catabólicas fornecem a energia para a manutenção da vida, todavia, a partir de agora você vai entender como é sintetizado primeiramente a molécula de ATP. orientações da disciPlina Na presente unidade vamos continuar com a discussão do metabolismo energético, entretanto iremos, de fato, detalhar a produção de energia em nosso organismo através da biossíntese de ATP. Caro (a) aluno (a), para isso você irá conhecerá duas importantes rotas metabólicas: o ciclo de Krebs e a Fosforilação Oxidativa. Além disso, vamos discutir e ampliar os conhecimentos sobre o metabolismo de aminoácidos. Neste guia de estudos vamos abordar especificamente os seguintes conteúdos: • Ciclo de Krebs; • Cadeia Transportadora de elétrons e Fosforilação Oxidativa; • Digestão de proteínas na dieta; • Transporte de aminoácidos; • Catabolismo de aminoácidos; • Ciclo da uréia; • Defeitos metabólicos; • Ciclo de jejum e alimentado; • Efeitos da insulina e do glucagon. 2 Antes de continuar a leitura, é necessário que você leia a unidade 4 do livro texto que fala sobre balanço nitrogenado, catabolismo e anabolismo de aminoácidos, só então retorne para o guia. Ressaltamos que qualquer dúvida pode ser esclarecida com os tutores. Além disso, acesse o a Biblioteca Virtual e consulte os materiais disponíveis. Bons estudos! ciclo de KreBs O ciclo de Krebs que é uma via intermediária entre a glicólise e a cadeia transportadora de elétrons (CTE). Ele também pode ser chamado de ciclo do ácido cítrico ou ainda por ciclo dos ácidos tricarboxílicos. Guarde essa ideia! Não esqueça que antes do início do ciclo de Krebs propriamente dito, Piruvato é convertido irreversivelmente a acetil-CoA, etapa catalisada pelo complexo enzimático piruvato desidrogenase. O acetil-CoA é o substrato que alimenta o ciclo, visto que a primeira reação do ciclo do ácido cítrico se inicia pela reação do acetil-CoA com o oxaloacetato. Agora, observe atentamente o esquema a seguir que descreve todas as etapas desse ciclo. Figura 1 Fonte: http://sereduc.com/uS4dx1 http://sereduc.com/uS4dx1 3 Para facilitar o seu entendimento, sequenciamos em tópicos algumas características importantes do ciclo de Krebs: • Composto por oitos etapas enzimáticas; • Ocorre na matriz mitocondrial; • Através dessa via ocorre a síntese de moléculas intermediárias (NADH e FADH2) que transferem energia para a produção de grandes quantidades de ATP. Por volta no ciclo (ou por cada acetil- CoA oxidado) são produzidos: • 3 NADH – Na CTE leva a formação de 7.5 ATPs • 1 FADH2 – Na CTE fornecerá 1.5 ATPs • 1 GTP – equivale a 1 ATP • 10 ATPs são formados por cada molécula de acetil-CoA que é oxidada. • Ocorre a liberação de duas moléculas de CO2; • É uma via anfibólica, pois alguns intermediários estão envolvidos em rotas anabólicas (biossintéticas) enquanto que outros são catabolizados para gerar energia, propriamente dita; • É uma via aeróbica, já que tem que haver a presença do oxigênio para capturar os elétrons na CTE. Lembrando que a participação do oxigênio é na cadeia respiratória e não diretamente no ciclo de Krebs, entretanto elas são sistemas acoplados, de modo que o correto funcionamento de uma estra atrelado ao aprimorado funcionamento da outra; • O ciclo de Krebs não tem apenas função no metabolismo energético (produção de ATP), mas estando diretamente ligado à produção de intermediários de outras biomoléculas. Por exemplo, o α-cetoglutarato e oxalacetato são precursores de alguns aminoácidos. Mas uma vez evidenciando que o ciclo tem características tanto anabólicas quanto catabólicas. cadeia transPortadora de elÉtrons (cte) e fosforilaçÃo oXidativa Você algum dia se questionou como que nós conseguimos produzir energia para podermos correr, brincar, respirar ou até mesmo para ler esse material? Como já discutimos, tudo começa no processo de Nutrição. Retiramos a energia do meio através da nossa alimentação, em que moléculas maiores são degradadas em compostos menores que serão absorvidos pelas células para serem metabolizados para gerar energia no nosso organismo. Contudo o que foi estudo até o presente momento, prezado (a) estudante, podemos concluir que a obtenção da molécula de ATP é uma etapa final no catabolismo de macronutrientes, já que a energia livre, proveniente da hidrolise da ligação fosfato presente no ATP, impulsionará as reações de anabólicas. Então, nada mais do que justo, estudar prontamente a produção de ATP, não é verdade? 4 Mas, antes de aprofundarmos o conhecimento sobre essa parte da bioenergética gostaria que você refletisse nas seguintes indagações: • Como as células sintetizam ATP? • Melhor dizendo, como que dentro da célula o ADP reage com o fosfato inorgânico para formar o ATP? • Esse processo é eficiente, porém podem existir falhas durante sua execução? • O que a glicose e outros nutrientes têm haver com geração de ATP? Para você responder estas perguntas, você terá de compreender a Cadeia Transportadora de Elétrons e Fosforilação Oxidativa. Então, vamos lá! cadeia transPortadora de elÉtrons Os elétrons são estruturas subatômicas ricas em energia. A energia elétrica que utilizamos nos eletrodomésticos nada mais é do que uma corrente de elétrons. Na bioquímica, quando falamos de transformação de energia, podemos associar com a transferência de elétrons entre compostos químicos. A geração de energia em nosso metabolismo se baseia na passagem de elétrons de uma substância para outra. Quimicamente esse processo de transferência de elétrons entre moléculas é conhecido como reações de oxirredução. No catabolismo as moléculas são quebradas (o tamanho molecular é diminuído), logo há uma diminuição do numero de elétrons, então elas sofrem um processo de oxidação. Entretanto na síntese (anabolismo) de novos compostos (aumento de tamanho molecular) se observa o ganho de elétrons para formar as ligações químicas, nesse caso dizemos que houve uma redução. visite a PáGina Acesse o link para saber os conceitos que norteiam as reações de oxidação e de redução. A Cadeia Transportadora de Elétrons (CTE) é um conjunto de complexos enzimáticos que à medida que os elétrons trafegam entre eles, liberam energia que é direcionada para produção de ATP (fosforilação oxidativa). Agora, você conhecerá as características da Cadeia Transportadora de Elétrons - CTE: Localizada na Membrana Mitocondrial Interna. As mitocôndrias são organelas responsáveis pela respiração celular e produção de energia. Para saber mais sobre as mitocôndrias, acesse o link a seguir: http://sereduc.com/fRDwN3 5 visite a PáGina Acesse o seguinte link. É composto por quatro complexos enzimáticos (I, II, III e IV) e dois carreadores de elétrons: coenzima Q e o citocromo C. Observe na figura a seguir que a coenzima Q (CoQ) conecta os complexos I e II ao complexo III, já o citocromo C transfere os elétrons do complexo III ao complexo IV. Figura 2 Fonte: http://sereduc.com/rpsPk8• É o ponto de convergência de diferentes vias metabólicas. Isso quer dizer que os elétrons dos metabólitos de vias distintas são direcionados para a CTE; • A produção de ATP está vinculada diretamente à cadeia transportadora de elétrons, e como os complexos estão localizados a membrana mitocondrial interna, então só existirá síntese de ATP em células que possui mitocôndrias; • O final de sucessivas transferências eletrônicas entre complexos e os carreadores, os elétrons se ligam com oxigênio e com prótons (H+) formando água; • No complexo IV destaca-se a participação do oxigênio, sendo este o aceptor final dos elétrons oriundos dos substratos energéticos. Como existe a participação do oxigênio, esse processo é conhecido também como respiração celular; http://sereduc.com/mI0hxX http://sereduc.com/rpsPk8 6 • A entrada dos elétrons na CTE ocorre por duas coenzimas reduzidas: • NADH (Nicotinamida de dinucleotídeo) - É oxidado (perde elétrons) no complexo I, se transformando em NAD+. • FADH2 (Flavina adeninadinucleotídeo) – É oxidado no complexo II se modificando para FAD. Caro (a) estudante não esqueça onde as coenzimas reduzidas NADH e FADH2 foram obtidas! Moléculas energéticas oriundas do catabolismo das biomoléculas como NADH e FADH2 são bons doadores de elétrons, enquanto que o oxigênio é um excelente receptor de elétrons. Isso é a combinação ideal que favorece a transferência de elétrons pelos complexos. veja o vídeo! Assista ao vídeo com duração de três minutos e cinquenta segundos que descreve a transferência de elétrons. fosforilaçÃo oXidativa Querido (a) estudante, volte à ilustração anterior (figura 2) e identifique na membrana mitocondrial interna, após o complexo IV, um complexo proteico denominado de ATP- sintase. Esse conjunto enzimático é comumente designado de complexo V, estando envolvida diretamente com a produção de ATP. Ainda não respondemos como que, de fato, se produz o ATP. O que podemos afirmar é que moléculas ricas em energia (originadas do catabolismo) transferem seus elétrons para as enzimas da cadeia transportadoras de elétrons... Você já deve ter percebido que o fluxo de elétrons pelos quatro complexos não está diretamente relacionado com a produção de ATP, visto que a produção só ocorrerá na ATP sintase (complexo V). Porém, novamente retorne a imagem anterior (figura 2) e note que na passagem dos elétrons pelos complexos I, III e IV existe uma liberação de prótons (H+) no espaço intermembranar. Você conseguiu identificar? Vamos analisar? analisando Esse mecanismo é que produz um gradiente de prótons (H+), isto é, uma diferença da concentração de íons H+ entre a matriz mitocondrial e o espaço intermembranar, que representa a sinalização para o funcionamento da proteína ATP sintase. Como é gerado o gradiente de H+, naturalmente um mecanismo é solicitado para diminuir o gradiente elétrico. https://www.youtube.com/watch?v=md6JdC98dTU 7 Então, os prótons regressam para dentro da matriz mitocondrial através de um canal disponível na ATP- sintase e simultaneamente o ADP reage com o Pi (fosfato inorgânico) para obter o ATP. Ou seja, ao passo que o gradiente de prótons é desfeito (retorno dos H+ à matriz), as moléculas de ATP são sintetizadas. Esse mecanismo de síntese de ATP é conhecido como hipótese quimiosmótica ou hipótese de Mitchell. veja o vídeo! Para facilitar o entendimento do funcionamento da ATP- sintase, assista ao vídeo com duração de três minutos e quarenta e cinco segundos. Disponível no seguinte link. diGestÃo de Proteínas Você se lembra que na unidade 1 estudamos as proteínas no que se refere à composição química e características estruturais? Pois bem, a partir de agora iniciaremos o estudo do metabolismo das proteínas e aminoácidos desde sua ingestão até a síntese dos aminoácidos não essenciais. Embora esse tópico esteja disponível em seu livro-texto na unidade 3, você irá estudá-lo no presente guia, visto que seria um conteúdo muito extensão para ser discutido na unidade 1. Antes de falar do metabolismo de proteínas propriamente dito, é importante que você relembre alguns conceitos básicos observados na primeira unidade. Você está lembrado da definição de proteínas, bem como os níveis de organização? Qual a diferença de aminoácidos essenciais e não essenciais? O que é a desnaturação proteica? Para que você aproveite e absorva melhor as informações a seguir, é interessante que você tenha em mente as respondas às perguntas anteriormente descritas. Caso haja alguma dúvida, leia o guia 1 e/ou o livro texto. Vamos continuar então a leitura deste guia! Você já deve ter escutado que a carne de boi é uma excelente fonte de proteína, porém você, em algum momento, pensou como que essas proteínas são integradas em nosso metabolismo? Outra pergunta: as proteínas em nosso corpo têm prazo de validade ou uma vez sintetizadas duram para sempre? https://www.youtube.com/watch?v=JdjCzhAS2N8 8 Vamos a resposta: a digestão das proteínas da alimentação, bem como a degradação de proteínas dentro da célula é uma fonte de aminoácidos para o metabolismo celular. Dependendo da demanda as proteínas podem ser degradadas e, se necessário, podem ser sintetizadas novamente. Portanto, a digestão proteica ou o reaproveitamento de aminoácidos é o mecanismo utilizado para a síntese de novas proteínas assim como de outros compostos nitrogenados (bases nitrogenadas presentes no DNA). Não esqueça que os aminoácidos são compostos que têm um grupamento amina (NH3). As proteínas oriundas da dieta são hidrolisadas na digestão graças à atuação de enzimas. Lembre-se que hidrólise representa quebra das proteínas liberando os aminoácidos que a formaram. É importante que você saiba as enzimas envolvidas no processo digestivo sofrem ação do pH ambiente. Por exemplo, o pH ácido presente no estômago é o ambiente ideal atividade catalítica da pepsina além de favorecer o processo de desnaturação das proteínas. Como citamos no parágrafo anterior, para promover a digestão das proteínas participam um conjunto de enzimas digestivas. Já mencionamos a pepsina no estômago, porém existem as enzimas pancreáticas como a tripsina, quimotripsina, elastase e as carboxipeptidases. Ainda colaboram na digestão proteica as endopeptidases, aminopeptidases e as dipeptidases, estão ancoradas nas microvilosidades da membrana dos enterócitos. As enzimas digestivas podem ser classificadas em dois grupos de acordo com o mecanismo de quebra das ligações peptídicas: • Endopeptidases: São enzimas que quebram as ligações peptídicas em regiões internas da cadeia peptídica. Como exemplos desse grupo, temos a pepsina, tripsina, quimotripsina e a elastase; • Exopeptidases: Diferentemente das endopeptidases, as enzimas desse grupo hidrolisam as ligações peptídicas em porções terminais, de modo que permite a liberação dos aminoácidos. Compõe esse grupo as carboxipeptidases, aminopeptidases, e as dipeptidases. Uma informação importante, que não foi comentada quando estudamos as enzimas, é que quando uma enzima atua em uma região extracelular (trato gastrointestinal), ela é sintetizada de forma de um precursor inativo o qual é designado de zimogênio. No caso, algumas enzimas digestivas são sintetizadas e armazenadas na forma de zimogênio. A tripsina, por exemplo, é a forma ativa do seu precursor imediato o tripsinogênio que é não apresenta atividade catalítica. Outro bom exemplo é a pepsina que é secretada pelo estômago na forma de pepsinogênio, porém o pH ácido do estômago permite a ativação do zimogênio produzindo a pepsina. Portanto, a atuação das enzimas digestivas permite a quebra das proteínas da dieta em peptídeos (endopeptidases) e em aminoácidos (exopeptidases). Podemos fazer o seguinte resumo: • As enzimas do estômago, principalmente a pepsina, atuam sobre as proteínas liberando polipeptídeos; • As enzimas proteolíticas do pâncreas (tripsina, quimotripsina, elastase, carboxipeptidases)atuam sobre os polipeptídeos, provenientes do estômago, liberando aminoácidos livres (40%) e pequenos peptídeos (60%); 9 • As enzimas localizadas nas membranas das células que compõe a borda em escova, (endopeptidases, aminopeptidases e dipeptidadese) agem nos pequenos peptídeos hidrolisando-os a aminoácidos livres ou a di e tripeptídeos. Caro (a) aluno (a), a absorção das proteínas pode ocorrer na forma de aminoácidos ou de pequenos peptídeos (di e tripeptídeos). É importante destacar que essa absorção ocorre nos enterócitos, que são células do tecido do intestino delgado que apresentam microvilosidades. visite a PáGina Acesse o link para saber sobre a função das microvilosidades. Figura 3: http://images.slideplayer.com.br/1/52282/slides/slide_18.jpg transPorte de aMinoácidos Como você pode observar na ilustração anterior, os transportes dos aminoácidos do lúmen do intestino até a corrente sanguínea (veia porta) correspondem aos processos de absorção dos aminoácidos e pequenos peptídeos. Os mecanismos de absorção podem ser: • Difusão simples; • Difusão facilitada; http://www.ufrgs.br/biologiacelularatlas/memb2.htm http://images.slideplayer.com.br/1/52282/slides/slide_18.jpg 10 • Transporte ativo associado à cotransporte; • Em algumas situações pode ocorrer a pinocitose. visite a PáGina Acesse o seguinte link e relembre os principais mecanismos de transporte. turnover das Proteínas A renovação proteica também se disponibiliza como uma reserva de aminoácidos que podem ser integrados ao metabolismo tanto na síntese de novas proteínas como de outros compostos que necessitem do nitrogênio. A renovação é comumente é conhecida também como turnover de proteínas. Esse processo nada mais é do que a degradação e ressíntese de proteínas. O turnover de proteínas pode ocorrer pelos seguintes fatores: • Sinalização de vias metabólicas; • Eliminação de proteínas defeituosas (dobramentos inadequados); • Fornecimento de aminoácidos às células em estados não alimentados. O tempo de meio-vida das proteínas varia de proteína a proteína. Por exemplo, a hemoglobina tem um prazo de validade ligado diretamente à vida útil das hemácias que é de 120 dias. Já a ornitina descaboxilase tem meia-vida de 11 minutos. cataBolisMo dos aMinoácidos Você acabou de compreender como os aminoácidos são disponibilizados após dois processos proteolíticos: Um exógeno (dieta) e outro endógeno (turnover). Antes de continuar a leitura responda o seguinte questionamento: qual é o destino dos aminoácidos disponibilizados na digestão ou da renovação de proteínas? Uma resposta possível seria: “eles serão destinados à síntese de novas proteínas e compostos nitrogenados”. Se você respondeu exatamente ou algo parecido, você está de parabéns! Agora imagine que você fez uma dieta rica em proteínas. Você saberia informar se todos os aminoácidos ingeridos são convertidos em proteínas e derivados nitrogenados? Nem todos os aminoácidos ingeridos no exemplo acima são requeridos para a biossíntese de outras moléculas, entretanto não são descartados, ao invés disso, eles são direcionados para outras vias metabólicas importantes. Nesse processo de aproveitamento dos aminoácidos, prontamente a amina é segregada do aminoácido de a cadeia carbônica pode ser metabolizada à glicose, aos intermediários do ciclo de Krebs ou ainda à acetil-CoA. http://sereduc.com/RW0Kmw 11 Complementando a informação do parágrafo anterior, é interessante destacar que o catabolismo de aminoácidos ocorre principalmente no fígado, todavia, o esqueleto carbônico não é oxidado completamente a CO2 nesse órgão, visto que além de não apresentar uma oferta de oxigênio, o fígado também não necessitaria de todo ATP produzido. Então, os aminoácidos são parcialmente oxidados a substratos para a gliconeogênese ou para a cetogênese. Isto quer dizer que, as cadeias carbônicas são oxidadas completamente em outras regiões do corpo. Em relação a tais produtos que podem ser formados, os aminoácidos podem ser classificados em: • Glicogênicos – O catabolismo da maioria dos aminoácidos pode gerar intermediários da glicólise ou do ciclo de Krebs. No fígado, em estado de jejum, os aminoácidos denominados de Glicogênicos podem produzir a glicose e manter a glicemia sanguínea – gliconeogênese; • Cetogênicos – O catabolismo desses aminoácidos não produz intermediários da via glicolítica ou do ciclo de Krebs. No caso desses aminoácidos, os produtos obtidos na sua degradação são o acetoacetato (corpo cetônico) e o acetil-CoA, que não são moléculas de entrada na gliconeogênese. Alguns aminoácidos podem gerar tanto intermediário da glicólise ou do ciclo de Krebs quanto acetil-CoA ou acetato, logo são classificados pelas duas terminologias acima. OBS: É recomendável que você leia novamente sobre gliconeogênese (disponível no livro texto na unidade 3) e sobre corpos cetônicos (disponível no livro texto na unidade 3) Os aminoácidos são degradados no fígado, porém nos músculos também se observa o catabolismo dos aminoácidos de cadeia ramificada (Leucina, Isoleucina e Valina). Você deve prestar bastante atenção em outra observação no que se refere ao metabolismo de aminoácidos. Assim ocorre com os carboidratos e os ácidos graxos, a degradação de aminoácidos produz energia livre. Inclusive, as células que revestem o intestino utilizam como fonte de energia os aminoácidos oriundos da alimentação e não a glicose disponível no sangue. Antes de aprofundar no catabolismo dos aminoácidos é necessário conhecer os aminoácidos que compõe nossas proteínas. Você está preparado? Então vamos lá! 12 visite a PáGina Na unidade 1 você aprendeu que os aminoácidos podem ser classificados também como essenciais e não essenciais. Porém, até o momento não descrevemos qual o grupo que cada um dos vinte aminoácidos integra. Então é imprescindível que você acesse o seguinte link, para conhecer os nomes de cada um e sua classificação: Você acabou de ler no site disponível no link anterior que existem alguns aminoácidos que são classificados como condicionalmente essenciais, ou seja, em situações de doenças ou fases do ciclo da vida que necessite de uma demanda nutricional elevada, como por exemplo, nos recém-nascidos prematuros e lactentes, é necessária sua ingestão através da dieta. Como você acabou de conhecer os aminoácidos, vamos então identificar em quais intermediários os aminoácidos são convertidos para que possam ser classificados como glicogênico, cetogênicos ou ainda misto Através da reação de transaminação, os aminoácidos alanina, aspartato e o glutamato são convertidos em piruvato, oxalacetato e α-cetoglutarato respectivamente. Não esqueça que o piruvato é um substrato da via glicolítica enquanto que o oxalacetato e o α-cetoglutarato são intermediários do ciclo de Krebs: • A asparagina sofre também uma desaminação liberando aspartato que posteriormente, como você acabou de ler, é transformado em oxalacetato; • A glutamina é desaminada à glutamato que em seguida é transformado em α-cetoglutarato; • A serina é convertida em piruvato; • A prolina, arginina e histidina são transformadas também em glutamato o qual é catabolizado em α-cetoglutarato. Observe que o aminoácido glutamato é formado pela degradação de outros quatro aminoácidos: Glutamina, prolina, arginina e histidina. O conjunto desses aminoácidos representa cerca de 25% dos aminoácidos da dieta. Isto quer dizer que, o catabolismo da família do glutamato corresponde a uma acentuada contribuição para a obtenção de energia em nosso metabolismo; • A cisteína é um aminoácido que possui um grupo sulfidrila (-SH) em sua estrutura química o qual é liberado juntamente com amônia formando o piruvato; • A treonina é considerada um aminoácido tanto glicogênico quanto cetogê-nico, uma vez que, produz acetil-CoA e a glicina (aminoácido glicogênico); • Em relação aos aminoácidos de cadeia ramificada, a valina é catabolizada a succinil-CoA(intermediário do ciclo de Krebs); a isoleucina é transformada em succinil-CoA e acetil-CoA, ou seja, a isoleucina é glicogênica e cetogênica; E a leucina é catabolizada em acetil-CoA e acetoacetato (corpo cetônico), logo sendo classificada como um aminoácido cetônico; • Assim como a leucina, a lisina é um aminoácido puramente cetogênico, pois se degrada em acetil-CoA e em acetoacetato; • A metionina é um aminoácido glicogênico, produzindo em seu catabolismo a succinil-CoA; http://sereduc.com/OK3aPH 13 • A fenilalanina, a tirosina e o triptofano são aminoácidos classificados como aromáticos, pois possuem em sua estrutura o “anel benzênico”. São classificados como glico e cetogênicos, pois originam de seu catabolismo o acetoacetato bem como a alanina e o fumarato. Como você acabou de ler, a alanina é um aminoácido glicogênico que libera o piruvato enquanto que o fumarato é um intermediário do ciclo dos ácidos tricarboxílicos, que pode ser convertido no ciclo em oxalacetato, dessa forma entrando na gliconeogênese. Observe a tabela abaixo que os aminoácidos foram classificados tanto quando à capacidade do organismo de sintetizá-los quanto aos intermediários produzidos no seu catabolismo. Quadro 1 – Imagem adaptada pelo (a) professor (a) Fonte: http://biomenu.zip.net/images/Slide1.JPG Figura 4 – Imagem adaptada pelo (a) professor Fonte: http://html.rincondelvago.com/0006398713.jpg http://biomenu.zip.net/images/Slide1.JPG http://html.rincondelvago.com/0006398713.jpg 14 ciclo da urÉia Você acabou de entender como a estrutura carbônica dos aminoácidos é direcionada para a produção dos intermediários sintéticos da gliconeogênese ou da cetogênese. Mas, você deve estar lembrado que os aminoácidos possuem uma amina em sua estrutura que não compõe a cadeia de carbonos. Então como que vamos liberar o excesso de nitrogênio, visto que normalmente ingerimos em nossa dieta uma acentuada quantidade de proteínas? Uma parcela pode ser utilizada para a biossíntese de moléculas nitrogenadas, mas o restante das aminas que serão ingeridas durante a alimentação o que fazemos com elas? Infelizmente, os compostos nitrogenados não apresentam significância energética, o que é bem diferente dos compostos com esqueletos carbônicos, que podem ser oxidados completamente a CO2 produzindo o ATP. Além disso, o excesso das biomoléculas energéticas é estocado na forma de glicogênio e ou de triglicerídeos, a partir do anabolismo do acetil-CoA. Deste modo, você deve compreender o processo de excreção do nitrogênio do nosso organismo. Para que a oxidação dos aminoácidos ocorra é imprescindível que os mesmos sofram uma reação de desaminação. Em outras palavras, é necessário que amina seja separada da cadeia carbônica. Alguns aminoácidos quando degradados liberam a amina em forma de amônia (NH3), porém sabe-se que níveis elevados de amônia causam uma neurotoxicidade (hiperamonemia). Portanto, a excreção do nitrogênio mediante a produção de amônia não é uma via interessante! Todavia, aproximadamente 80% do nitrogênio em excesso no organismo é eliminado na forma de uréia, que é menos tóxica. A produção de ureia ocorre no fígado, procedimento conhecido como o ciclo da uréia. A uréia é então formada no fígado e em seguinte entra na circulação sanguínea e nos rins é excretada na forma de urina. Figura 5 – Imagem adaptada pelo (a) professor (a) Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ureia#mediaviewer/File:Urea.png Observe no esquema a seguir que, antes de ocorrer a desaminação propriamente dita, existe uma etapa, que mediada pelas enzimas transaminases, que faz a transferência da amina de um aminoácido a ser catabolizado para um aceptor, geralmente é o α-cetoglutarato, produzindo o glutamato. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ureia#mediaviewer/File:Urea.png 15 Figura 6 – Imagem adaptada pelo (a) professor Fonte: http://sereduc.com/BMrAiJ Pelo fato do α-cetoglutarato ser o principal aceptor de aminas, faz com que o glutamato tenha a maior concentração celular entre todos os aminoácidos. Nas imagens a seguir podemos observar a alanina é convertida em piruvato (α-cetoácido), pela ação da alanina-aminotransferase, transferindo a sua amina para outro α-cetoácido, o α-cetoglutarato. Já a enzima aspartato-aminotransferase catalisa a reação em que o aspartato é transformado em oxalacetato quando ele transfere sua amina para o α-cetoglutarato, dessa maneira forma-se o glutamato. Figura 7 – Imagem adaptada pelo (a) professor Fonte: http://sereduc.com/N8lQuv A desaminação ocorrer quando a enzima glutamato desidrogenase restaura o α-cetoglutarato e ocorre a liberação da amônia (NH3) na sua forma protonada, o amônio (NH4+). Você pode observar no esquema abaixo que essa reação pode ser reversível, ou seja, a glutamato desidrogenase pode capturar e incorporar http://sereduc.com/BMrAiJ http://sereduc.com/N8lQuv 16 no α-cetoglutarato o NH4+ para formar o glutamato. O sentido da reação irá depender da concentração do α-cetoglutarato e do glutamato. É importante destacar que essa reação é a principal via para fornecer a amônia para o ciclo da uréia. Figura 8 Fonte:Imagem adaptada pelo (a) professor (a) Você já sabe que o ciclo da uréia ocorre no fígado, porém faça uma reflexão sobre a seguinte pergunta? Como foi que a amônia chegou ao fígado para se transformar em ureia? Existem duas maneiras de carrear essa amônia para o fígado. A primeira ocorre na maioria dos tecidos, em que o glutamato é convertido à glutamina pela ação da glutamina sintetase. Quando o glutamato chega ao fígado é transformado em α-cetoglutarato liberando a amônia para o ciclo da uréia. A segunda via de transporte de amônia é um caminho metabólico conhecido como ciclo da glicose-alanina, cujo procedimento se dá principalmente nos músculos que degradam aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, valina e isoleucina) para obten-ção de energia durante a atividade física ou em situações de jejum. Observe a figura abaixo. A alanina, assim como a glutamina são as maneiras de carregar as aminas oriundas do metabolismo dos aminoácidos para o fígado. Nesse órgão, a alanina transfere para o α-cetoglutarato a grupamento amina se transformando em piruvato. Lembre-se que na gliconeogênese no fígado o piruvato é convertido em glicose a qual é prontamente disponibilizada na corrente sanguínea. Quando atinge os músculos, ela é catabolizada a piruvato que poderá seguir para o ciclo de Krebs ou ser transaminado pela alanina-aminotransferase formando novamente a alanina, dessa forma o ciclo é realimentado. 17 Figura 9 Fonte: http://sereduc.com/YVA1nN As reações bioquímicas para a formação da ureia iniciam-se dentro da mitocôndria e terminam no citosol. Observe a ilustração a seguir. Figura 10 Fonte: https://nutrisdoexercicio.files.wordpress.com/2013/04/4-ciclo_da_ureia.jpg http://sereduc.com/YVA1nN https://nutrisdoexercicio.files.wordpress.com/2013/04/4-ciclo_da_ureia.jpg 18 Na imagem acima, a amônia (NH3) está na sua forma protonada, ou seja, na forma de amônio (NH4+) – circulado em vermelho. O substrato que inicia o ciclo é o carbamil fosfato (seta amarela), que é molécula ativada, pois para sua formação ocorre o investimento energético de duas moléculas de ATP. O bicarbonato (HCO3-) é o fornecedor do átomo de carbono da ureia. Principais características do Ciclo da Ureia: • Composto por quatro reações enzimáticas (4 etapas); • O ciclo é uma maneira de fornecimento de arginina (aminoácido essencial); • A clivagem do argininossuccinato além de produzir a arginina, gera também o fumarato. Este pode ser convertido a malato e posteriormente a oxalacetato que é um intermediário tanto do ciclo do acido cítrico (empregado na gliconeogênese) quando da síntese de aspartato; • A 1ª etapa do ciclo é a reação da ornitina com o carbamil fosfato. Ao final do ciclo a ornitina é reconstituída e uma nova volta para a síntese da ureia é permitida; • Asíntese da ureia é um processo irreversível; • O carbono da ureia é oriundo do produto da respiração celular o CO2, que é convertido em HCO3-. A uréia possui dois átomos de nitrogênio, um deles é proveniente do NH4+ livre na mitocôndria (desaminação) e o outro é oriundo do aspartato que entra posteriormente no ciclo; • O ciclo da ureia é regulado pela enzima alostérica carbamil-fosfato-sintetase. Essa proteína esta relacionado com a formação da molécula ativa car-bamil-fosfato. A carbamil-fosfato- sintetase I sofre um controle alostérico do N-acetil-glutamato, esse é um potente ativador dessa enzima. erros inatos do MetaBolisMo Você já observou que alguns alimentos contêm nos rótulos a expressão “contém fenilalanina”? Esse aminoácido é comumente encontrado nos refrigerantes diet, pois os mesmos são adocicados artificialmente com o aspartame, que é um dipeptídeo que contém o aminoácido fenilalanina. Mas, qual seria a importância dessa advertência nos rótulos dos alimentos? Você deve estar pensando: provavelmente é de suma importante, pois uma indústria de alimentos não iria gastar dinheiro e tempo com informações desnecessárias. Realmente, essa advertência é extremamente válida, principalmente para os portadores de uma doença denominada de fenilcetonúria. É um quadro patológico que apresenta retardamento mental em seus portadores, porém é diagnosticada em recém--nascidos, e o indivíduo que apresenta a doença pode se desenvolver normalmente ao fazer uma dieta pobre no teor desse aminoácido. A fenilcetonúria é causada por uma ausência ou deficiência da enzima fenilalanina hidroxila. Logo, a fenilalanina não pode ser degradada à tirosina, se acumulando nos tecidos corporais. 19 leituras coMPleMentares Existem outros erros inatos de aminoácidos. Para ampliar seu conhecimento, disponibilizamos os sites a seguir, como leituras complementares: • Citrulinemia - http://www.infoescola.com/doencas/citrulinemia/ • Tirosinemia - http://www.infoescola.com/doencas/tirosinemia/ • Albinismo - http://pt.wikipedia.org/wiki/Albinismo • Homocistinúria - http://www.infoescola.com/doencas/homocistinuria/ • Hiperlisinemia - http://sereduc.com/zBGMtg inteGraçÃo MetaBÓlica Acabamos de descrever uma parte do metabolismo dos aminoácidos, o Catabolismo. Leia no seu livro- texto sobre o anabolismo desses compostos importantes para a construção das proteínas. Praticamente você conheceu as principais biomoléculas, bem como suas funções nas diversas vias metabólicas. A partir de agora, vamos estudar como todos os caminhos metabólicos são devidamente orquestrados (regulados), visto que algumas rotas anabólicas ou catabólicas podem estar ocorrendo de forma simultânea ou ainda quando uma via estiver em plena atividade, a outra via deverá estar inativada. Nesse contexto, destacamos a participação de quatro tecidos: • Tecido hepático (fígado); • Tecido adiposo; • Tecido muscular; • Tecido nervoso (encéfalo). Você está lembrado (a) da participação de cada um desses sistemas no metabolismo energético? Alguns deles apresentam função de armazenamento energético, outros estão envolvidos diretamente com a utilização de biomoléculas no fornecimento de energia. Prezado (a) estudante, antes de prosseguir a leitura reflita em algumas vias metabólicas que estudamos até o momento e responda a seguinte indagação: nosso modelo de captação e recondicionamento energético ocorre em sistemas isolados, isto é, uma via ocorre independentemente das necessidades de outras rotas ou existe uma integração entre os metabolismos dos nutrientes estudados até o momento? http://www.infoescola.com/doencas/citrulinemia/ http://www.infoescola.com/doencas/tirosinemia/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Albinismo http://www.infoescola.com/doencas/homocistinuria/ http://sereduc.com/zBGMtg 20 Para recordar Para responder essa pergunta você pode recordar de duas importantes vias as quais estudamos na unidade 2: a GLICÓLISE e a GLICONEOGÊNESE. Embora à primeira vista uma aparente ser o inverso da outra, pois na glicólise ocorre a degradação da glicose (catabolismo) enquanto que na gliconeogênese acontece a síntese desse carboidrato (anabolismo). Todavia, numa análise minuciosa de cada rota encontramos alguns pontos que torna incorreto dizer que a glicólise é o inverso da gliconeogênese. Como exemplo, podemos identificar a existência de reações que são catalisadas por enzimas específicas que pertencem apenas na glicólise. Uma característica bastante marcante é que a gliconeogênese ocorre principalmente no fígado em quanto que a glicólise ocorre em praticamente todos os tecidos. Portanto, fica bem claro que a via glicolítica não pode ser o inverso da gliconeogênese. Contudo, ainda que utilizem rotas metabólicas distintas e mesmo que suas reações enzimáticas ocorram em diferentes regiões em nosso corpo, elas apresentam uma característica em comum: produção de energia. Na glicólise o carboidrato é oxidado no citosol para que em etapas posteriores haja a produção de ATP em nível mitocondrial, ou seja, é uma produção direta de energia já que a glicose e outros monossacarídeos estão disponibilizados na célula. No caso da gliconeogênese, quando existe uma diminuição da glicose sanguínea, o fígado utiliza intermediários não glicídicos como matéria-prima para produzir a glicose, pois esse órgão tem por função a manutenção dos níveis de glicose no sangue. Então, a glicose formada é disponibilizada para outros tecidos que necessitem uma demanda energética maior. Observe que no último parágrafo listamos outra importante diferença entre essas duas vias: a oferta de glicose. A presença dos carboidratos pode ser representada por dois estados: o estado de jejum e o estado alimentado. As circunstancias em que um organismo se encontra vai determinar qual a via que estará em funcionamento. Isso quer dizer que, a gliconeogênese e a glicólise são coordenadas de modo que, dentro de uma célula, uma via irá estar inativada enquanto a outra estiver em plena atividade. Com o exemplo da glicólise e da gliconeogênese fica bem nítido que há uma interação entre as vias, de maneira que elas funcionam de modo preciso, atendendo às necessidades vitais das células. Novamente destacando que tecidos têm diferentes funções no que se refere ao armazenamento e a utilização da energia. Por exemplo, o tecido adiposo pode armazenar energia na forma de triglicerois, os músculos podem acumular energia na forma de glicogênio, enquanto que o tecido cerebral não tem a capacidade de armazenar energia na forma de lipídeos ou de glicogênio e que depende principalmente da glicose para realizar sua função. A integração dos metabolismos pode ser entendida como mecanismos de controle, que necessariamente não tem que estar em oposição, como no caso da glicólise e da gliconeogênese. A integração metabólica é controlada principalmente pela ação de dois hormônios: a insulina e o glucagon. Auxiliam também nesse papel de regulação metabólica as catecolaminas adrenalina e noradrenalina. 21 Hormônios são compostos químicos sintetizados e excretados por um tecido, porém atuam modulando (regulação) as atividades celulares de outros tecidos. O mecanismo que uma célula desenvolveu para responder à ação hormonal envolve um complexo de proteínas que identificam a presença do hormônio, sinaliza a informação para o interior da célula para só então se obter o efeito metabólico. insulina É um hormônio peptídico constituído por 51 aminoácidos que é sintetizado pelas células β das ilhotas de Langerhans no pâncreas. A síntese e a secreção de insulina são estimuladas pelo aumento da concentração de: • Glicose; • Aminoácidos; • Hormônios Gastrointestinais Guarde essa ideia! A glicose é o estimulo mais importante para a liberação de insulina. Alguns estudos mostram que o próprio metabolismo celular da glicose é o “start” para a secreção do hormônio. Para tal justificativa observa-se nas células β pancreáticas enos hepatócitos existe uma isoforma da enzima hexocinase, a glicocinase. Uma diferença entre as duas isoenzimas é o valor de Km, ou seja, a afinidade delas pela glicose (substrato). A hexocinase tem um Km bem menor que o da glicocinase, de modo que em concentrações fisiológicas a hexocinase está completamente ligada à glicose promovendo a sua fosforilação, isto quer dizer que, a hexocinase não teria a sensibilidade necessária para responder às alterações de concentração do substrato. Entretanto, o comportamento da glicocinase é diferente, pois em condições normais ela nunca está saturada, de maneira que sua atividade catalítica é regulada pela concentração de glicose disponível, ou seja, os níveis elevados de glicose no sangue estimulam a via glicolítica nas células β, o que culmina com a liberação da insulina. Acabamos de ver que a insulina é liberada quando o indivíduo está alimentado, considerando, evidentemente, que houve uma ingestão adequada de carboidratos, proteínas etc. Porém, qual ou quais seriam seus efeitos sobre o metabolismo energético? Principais efeitos Metabólicos da insulina A seguir temos a relação dos principais efeitos metabólicos da Insulina: • Estimula o armazenamento de energia nos músculos e no fígado na forma de glicogênio (glicogênese); 22 • Aumenta a quantidade de transportadores GLUT-4, de modo que eleva a captação de glicose principalmente para as células musculares e do tecido adiposo; • A glicose que é captada pelo tecido adiposo é então convertida a glicerol-3--fosfato a qual é direcionado para a síntese de triacilgliceróis; • Estimula a captação de ácidos graxos, através do aumento da síntese da enzima lipoproteína lipase, que auxilia na remoção dos ácidos graxos das lipoproteínas circulantes, destinando-os para o armazenamento nos adipócitos na forma de triacilgliceróis; • A lipólise é diminuída pela ação da enzima, visto que esse hormônio inibe a atividade da lipase sensível a hormônio no tecido adiposo. E o efeito global é a diminuição da degradação de triacilgliceróis; • Estimula a absorção dos aminoácidos pelas células bem como a síntese proteica. Como resumo, podemos descrever que os efeitos metabólicos da insulina são: • Inibição da glicogenólise, gliconeogênese, cetogênese e lipólise; • Estímulo da via glicolítica e da glicogênese. A ação da insulina é inibida em estados de falta de combustíveis da alimentação (jejum) e de estresse como traumas e exercício físico intenso. O efeito inibitório se deve a ação da adrenalina, que é um hormônio sintetizado pelas glândulas suprarrenais. GlucaGon O outro hormônio que afeta diretamente o metabolismo de aminoácidos é o glucagon. Assim como a insulina, o glucagon é um hormônio peptídico pancreático, porém é sintetizado e excretado pelas células α localizadas também nas ilhotas de Langerhans. É formado por uma cadeia de 29 resíduos de aminoácidos é sua liberação ocorre quando se observa uma diminuição dos níveis de glicose no sangue. Você não pode esquecer que alguns tecidos utilizam exclusivamente como combustível a glicose, como o cérebro. Porém, quando se observa um período de decaimento dos níveis aceitáveis de glicose e o indivíduo entra no estado de jejum o que o organismo faz para disponibilizar o carboidrato para o cérebro? Como já descrevemos, o fígado exerce essa imprescindível função, porém nessa etapa do metabolismo energético a ação da insulina não contribui com muita coisa, visto que a atuação desse hormônio depende da disponibilidade da glicose e outros combustíveis energéticos. Contudo, o glucagon atua de maneira contrária a insulina, estimulando o fígado a liberar a glicose. No fígado a glicose pode ser produzida por dois processos: glicogenólise e a gliconeogênese. Uma informação relevante é que o glucagon tem um efeito significante sobre o glicogênio hepático. Já quando esse polissacarídeo está estocado nos músculos, ele não sofre a regulação pelo glucagon. Efeitos similares aos do glucagon podem ser obti-dos com o emprego das catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). Nos músculos a glicogenólise é estimulada pela ação da adrenalina, dessa maneira, ocorre o forneci-mento da glicose que será empregada na contração muscular. 23 Os principais efeitos metabólicos observados pela ação o glucagon sobre os diversos metabolismos são: • Estimula a glicogenólise e a gliconeogênese no fígado; • Estimula a oxidação dos ácidos graxos no fígado com formação de corpos cetônicos (cetogênese). Você estudou no livro texto sobre a definição de cetogênese. Não se esqueça dessa via metabólica, pois os tecidos que necessitam exclusivamente de glicose não podem queimar os ácidos graxos em situações nas quais as reservas de carboidratos foram totalmente consumidas. Embora a gliconeogênese atenda às necessidades desses tecidos, existe também uma suplementação energética com formação dos corpos cetônicos no fígado. Se necessário for, retorne ao livro texto na unidade 2 - tópico 2.5; • Aumenta a absorção de aminoácidos pelo fígado, os quais serão empregados na gliconeogênese. Caro (a) aluno (a), retorne para o livro texto e leia na unidade 4 sobre os estados de jejum e alimentado, bem como o mecanismo de ação tanto da insulina quando do glucagon. Com a mesma importância leia todo conteúdo sobre os tópicos de diabetes, obesidade e síndrome metabólica. Estamos encerrando este último guia de estudos, lembrando que em caso de dúvidas procure entrar em contato com os tutores. É interessante no processo de aprendizado que você esteja acompanhado todo conteúdo abordado nesta unidade na Biblioteca Virtual. acesse o aMBiente virtual Para fixar melhor todo o conteúdo, faça os exercícios disponíveis no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA. Sucesso na sua vida acadêmica e profissional! Bons estudos!
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