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Trabalho de aula -> A REFORMA TRABALHISTA: O NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE DIREITO
DIREITO DO TRABALHO I
ANNA CAROLINA QUINTEIRO SILVEIRA
GUILHERME BUENO DA SILVA SCHAUN
A REFORMA TRABALHISTA: O NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO
PELOTAS/RS
2018
1. INTRODUÇÃO
Impulsionado por ondas de desemprego e considerável calamidade social, coube ao legislador brasileiro tomar as medidas necessárias à satisfação de uma estabilidade social na qual o brasileiro tivesse suficiente amparo para desenvolver-se.
Para alcançar o dito patamar, dentre outras medidas de viés econômico – e, diga-se de passagem, impopulares – o legislativo brasileiro, duramente influenciado pelo chefe do executivo à época, o Presidente Michel Temer, decidiu, através do PL 6787/2016, modificar o bojo de garantias e regulamentações do trabalhador brasileiro, a fim de facilitar o estabelecimento de novos vínculos empregatícios sob o sacrifício de vantagens trabalhistas aos empregados nos postos de trabalho.
Dentre as justificativas para a reforma trabalhista estão, dentre outras, a excessiva regulamentação das normas trabalhistas, enrijecimento das possibilidades de negociações trabalhistas e imperativo poder sindical, objetos mediatos do nosso estudo.
Na redação do Deputado Federal Ronaldo Nogueira de Oliveira:
O Brasil vem desde a redemocratização em 1985 evoluindo no diálogo social entre trabalhadores e empregadores. A Constituição Federal de 1988 é um marco nesse processo, ao reconhecer no inciso XXVI do art. 7º as convenções e acordos coletivos de trabalho. O amadurecimento das relações entre capital e trabalho vem se dando com as sucessivas negociações coletivas que ocorrem no ambiente das empresas a cada data-base, ou fora dela. Categorias de trabalhadores como bancários, metalúrgicos e petroleiros, dentre outras, prescindem há muito tempo da atuação do Estado, para promover-lhes o entendimento com as empresas. Contudo, esses pactos laborais vem tendo a sua autonomia questionada judicialmente, trazendo insegurança jurídica às partes quanto ao que foi negociado. Decisões judiciais vem, reiteradamente, revendo pactos laborais firmado entre empregadores e trabalhadores, pois não se tem um marco legal claro dos limites da autonomia da norma coletiva de trabalho.
Portanto resta claro que o legislador objetivou, incontinenti, dar mais autonomia negocial ao empregado junto dos empresários (autonomia privada coletiva), facilitar a contratação de novos empregados e diminuir a influência histórica dos sindicatos sobre as relações trabalhistas, razão pela qual a reforma foi alvo de muitas críticas e controvérsias. 
Isso posto, o objetivo do presente trabalho é analisar, com a devida justificação e brevidade, as atualizações legais supracitadas, sua repercussão, críticas, vantagens e desvantagens no âmbito trabalhista.
2. DO HISTÓRICO ACERCA DO NEGOCIADO E LEGISLADO
	Feitos os devidos apontamentos em sede introdutória, cumpre levantar os entendimentos jurisprudenciais (precedentes) e as devidas regras constitucionais e trabalhistas que causaram, ou não, tangencial ou certeira mudança de paradigma nas relações trabalhistas.
	Depreende-se da carta magna brasileira que as convenções e acordos coletivos sempre foram privilegiados e incentivados, com a devida parcimônia, pelo constituinte. A CF/88 disciplinou no seu art. 7ª, inciso XVII, o direito social dos trabalhadores urbanos e rurais ao reconhecimento das convenções e acordos de trabalho, assim exalando fumus de autonomia ao trabalhador brasileiro, de uma maneira geral
	Em outra marcha, a interpretação do Tribunal Superior do Trabalho sobre o tema sempre foi restritiva e de comedimento na extensão do dispositivo, observado que o entendimento majoritário da corte é de que a negociação coletiva não é instrumento hábil a perpassar direitos indisponíveis dos trabalhadores, portanto mitigando a regra constitucional.
	Sobre o tema: 
NEGOCIAÇÃO COLETIVA. DIREITO INDISPONÍVEL. INVALIDADE. É certo que a Constituição da República valorizou a autocomposição dos conflitos de trabalho, tanto é que as condições inseridas em Acordo Coletivo são eficazes e contra elas não prepondera o interesse individual. Isto porque o ajuste normativo resulta de livre manifestação de vontade das partes de transacionarem em torno das condições de trabalho. Por outro lado, a mesma Constituição estabelece, em seu art. 7º, XVI, que é direito do trabalhador a remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal. A seu turno, o artigo 457, § 1º da CLT dispõe que integram a remuneração não só a importância fixa estipulada, como também todas as demais parcelas de natureza salarial. Exatamente por isso, a Súmula 264 do TST estabelece que a remuneração do serviço suplementar deve ser composta de todas as parcelas de natureza salarial quitadas ao empregado. Nesse contexto, não se admite que as negociações coletivas sejam utilizadas para transacionar, além dos limites legais, direitos indisponíveis, revestidos de interesse público, como aqueles atinentes à saúde e segurança do obreiro, aí incluídos aqueles que se referem à jornada de trabalho, o que leva ao reconhecimento da invalidade das cláusulas dos acordos coletivos da categoria que estabelecem como base de cálculo das horas extras o salário-base do empregado. Recurso obreiro provido . (TRT-3 - RO: 00106603620155030158 0010660-36.2015.5.03.0158, Relator: Juliana Vignoli Cordeiro, Decima Primeira Turma)
	Corroborado por Maurício Goudinho Delgado, que afirma: [1: 2008, p.160]
Há limites objetivos à adequação setorial negociada; limites jurídicos objetivos à criatividade jurídica da negociação coletiva trabalhista.
Desse modo, ela não prevalece se concretizada mediante ato estrito de renúncia (e não transação). É que ao processo negocial coletivo falece poderes de renúncia sobre direito de terceiros, (isto é, despojamento unilateral sem contrapartida do agente adverso). Cabe-lhe, essencialmente, promover transação (ou seja, despojamento bilateral ou multilateral, com reciprocidade entre os agentes envolvidos), hábil a gerar normas jurídicas.
Também não prevalece a adequação setorial negociada se concernente a diretos revestidos de indisponibilidade absoluta (e não indisponibilidade relativa), os quais não podem ser transacionados nem mesmo por uma negociação sindical coletiva. Tais parcelas são imantadas por uma tutela de interesse público, por constituírem um patamar mínimo civilizatório que a sociedade democrática não concebe ver reduzido em qualquer segmento econômico-profissional, sob pena de se afrontarem a própria dignidade da pessoa humana e valorização mínima deferível ao trabalho (art.1º, III e art. 170, caput, CF/88). Expressam, ilustrativamente, essas parcelas de indisponibilidade absoluta a anotação na CTPS, o pagamento de salário mínimo, as normas de medicina e segurança do trabalho.
	Em razão dos posicionamentos supracitados, optou o legislador por modificar a lei brasileira de maneira que houvesse mais segurança jurídica ao que é acordado em âmbito trabalhista, bem como flexibilizar as negociações e vincular as decisões por meio de novo amparo legislativo, tudo a fim de promover maior incentivo empresarial para contratação e estipulação de regras mais próximas da realidade possível que o ambiente econômico propicia. 
3. DAS MODIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA REFORMA E SEUS EFEITOS
	Para combater o cenário apresentado, a lei 13.467/17 introduziu dois importantes artigos à CLT, ambicionando elencar, em rol não taxativo, os direitos e garantias que podem ser objeto de flexibilização em acordos coletivos, bem como os que não podem. O efeito prático decorreu na “disponibilização” de vários direitos antes intocáveis e abrangidos pela CLT.
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho, observados os incisos III e VI do caput do art. 8º da Constituição, têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
II - banco de horas anual;
III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas;
IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015; 
V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; 
VI - regulamento empresarial; 
 VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; 
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; 
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual; 
X - modalidade de registro de jornada de trabalho;
XI - troca do dia de feriado;
XII - enquadramento do grau de insalubridade e prorrogação de jornada em locais insalubres, incluída a possibilidade de contratação de perícia, afastada a licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho, desde que respeitadas, na integralidade, as normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo;
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.
§ 1o No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho observará o disposto no § 3o do art. 8o desta Consolidação.
§ 2o A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negócio jurídico.
§ 3o Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.
§ 4o Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser igualmente anulada, sem repetição do indébito.
§ 5º Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho participarão, como litisconsortes necessários, em ação coletiva que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos, vedada a apreciação por ação individual.
Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: 
I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS;
IV - salário mínimo;
V - valor nominal do décimo terceiro salário;
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; 
VIII - salário-família;
IX - repouso semanal remunerado;
X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal;
XI - número de dias de férias devidas ao empregado;
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias; 
XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei;
XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas;
XIX – aposentadoria;
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência;
XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;
XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso;
XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho;
XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender;
XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve;
XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;
XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta Consolidação.
Parágrafo único. Regras sobre duração do trabalho e intervalos não são consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins do disposto neste artigo.”
	Da leitura da novatio legis, não é possível dizer se é prejudicial ou privilegiador ao trabalhador, pois, ao passo que facilita a abertura dos postos de trabalho com melhores condições para contratação de novos funcionários, há de se reconhecer a carência de alguns direitos que precisarão ser abdicados pelos trabalhadores para isso.
	Pode-se arguir que as novas modificações ataram as mãos do judiciário, na medida em que limitam a análise de alguns litígios a tão somente o que está previsto na norma, impedido uma análise aprofundada de mérito em desconformidade com o texto de lei.
	Não houve grande exagero do legislador, já que no artigo subsequente ao 611-A, estipulou-se rédeas ao que se convencionou chamar de autonomia negocial privada, portanto mitigada a regra, não é autonomia absoluta.
	Ao concluir desse trecho do trabalho, cabe registrar que, por ser matéria de sui generis, é de difícil estipulação o andamento dos debates e o fim dos mesmos, visto que, considerando notórias divergências sociais e jurídicas sobre o assunto de uma maneira geral, não houve o transcurso de considerável lapso temporal para apontar para qual lado reside razão diante da duplicidade da matéria. 
	Por outro lado, há de se anotar que, de fato, há uma redução de direitos e garantias, pela possibilidade de negociação – na via privada - dos mesmos, bem como isso decorre de calamidade social pela ampliação dos postos de trabalho e regularização das relações trabalhistas modernas, que decorrem de vínculos que possuem carências e necessidades diferentes das previstas na lei inalterada.
4. DOS GANHOS E DAS PERDAS
	Feitos os devidos apontamentos, torna-se cristalina a grande vantagem e desvantagem da autonomia do negociado sobre o legislado, bem como da ampliação do que pode ser negociado.
	Por um lado, o trabalhador recebeu mais artifícios para colocar no jogo das negociações - em busca de melhor salário ou condições de trabalho - facilitando e ampliando os limites destas, de modo que o resultado pode ser bilateralmente positivo, no fim das contas. Além disso, alguns empresários podem utilizar-se da ferramenta, agora expandida por meios legais, para constituir mais contratações e diminuir os custos do desempenho da atividade de mercado.A autonomia privada dará maior poder de barganha às entidades representativas de ambos os lados.
	Macroeconomicamente, é muito cedo para apontar se haverá, ou não, maior geração de emprego a partir das medidas adotadas a partir da reforma trabalhista. Em contramão, alguns olhares pessimistas já apontam para a inércia dos índices econômicos, como o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Alexandre de Douza Agra Belmonte, que afirmou em debate sobre a reforma trabalhista que:[2: Disponível em: <http://justificando.cartacapital.com.br/2017/08/07/para-ministro-do-tst-reforma-trabalhista-nao-tera-impacto-na-geracao-de-empregos/>. Acesso em: 24 fev. 2018]
O Brasil teve crescimento econômico significativo de 1995 a 2013 sem mudanças na CLT. Ou seja, o crescimento está relacionado as mudanças econômicas e programas sociais. Isso só prova que a reforma trabalhista não terá impacto na geração de empregos.
	Depreende-se que, a curto prazo, realmente não foram constatadas consideráveis mudanças, visto que, em recente pesquisa, foi declarado pelo IBGE que 26,3 milhões de brasileiros ainda não têm emprego ou trabalham menos horas do que gostariam.[3: Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/economia/IBGE-falta-trabalho-para-263-milhoes-de-brasileiros>. Acesso em: 24 fev. 2018]
	Socialmente, o trabalhador pode acabar tendo um trabalho de qualidade mais precária, considerando a possibilidade de disposição de alguns direitos que antes não poderiam ser abdicados por convenções, bem como a impossibilidade ou dificuldade de intervenção judicial nas “más escolhas” das entidades representativas.
	Nesse sentido, entende Pedro Mahin Araujo Trindade, bacharel em Direito, especialista em Direito Material e Processual do Trabalho, e, João Gabriel Pimentel Lopes:[4: Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI260869,91041-Reforma+trabalhista+prevalencia+do+negociado+sobre+o+legislado+e>. Acesso em: 24 fev. 2018]
A prevalência do negociado sobre o legislado, conforme disposta no texto do projeto de reforma trabalhista aprovado pela Câmara de Deputados, com o propósito escancarado de suprimir direitos da classe trabalhadora, sem qualquer tipo de salvaguarda que permita aos trabalhadores resistirem contra as investidas do patronato, é francamente inconstitucional, pois contraria os objetivos da República brasileira e promove o retrocesso social, e constitui, a rigor, um desprestígio à negociação coletiva entre empregados e empregadores, e aos acordos e às convenções coletivas de trabalho.
	É certo que a reforma trabalhista e, em específico, o novo princípio fortalecido do “negociado sobre legislado” geram divergências, com razões para ambos os lados, que frutificam em debates ricos, que navegam pelas ondas de direito constitucional, trabalhista e até comparado. Para se obter noções mais aproximadas da realidade, é necessário tempo e adequação do mercado às normas recém postas em jogo, motivo que se faz difícil afirmar se as modificações trazidas, no sopesar, são positivas ou negativas.
5. ENFRAQUECIMENTO OU DESREGULAMENTAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS
	Mesmo que não haja, de forma alguma, convergência a respeito da eficácia da reforma da legislação trabalhista, é importante ressaltar que, no momento de sua concepção, foi levada em consideração a desregulamentação das próprias normas trabalhistas existentes.
Na visão de Volia Cassar, a desregulamentação busca a ascenção de um Estado mínimo, onde há revogação dos direitos impostos pela norma, a retirada total da proteção trazida pela legislação, permitindo a manifestação de vontade, a autonomia do privado para que este regule a relação de trabalho, sendo este individual ou coletivo.[5: 2014, p.77.]
	Assim, neste caso, esse instituto tem como base a falta de observância de princípios constitucionais e, especialmente, da garantia da dignidade do trabalhador.
	Ainda, faz-se necessário lembrar que a desregulamentação implica no acordo de vontades entre empregado e empregador, de forma que ambos ditam as regras da relação de emprego por meio do contrato individual de trabalho, afastando a normatização positivada em Convenção.
6. SINDICÂNCIA E A PRESENÇA DO SINDICATO
	Com a desregulamentação da legislação trabalhista, é ainda mais importante o trabalho dos sindicatos, representantes dos trabalhadores. 
Sindicatos são, conforme Maurício Godinho Delgado, [6: 2017, p. 1511.]
entidades associativas permanentes, que representam trabalhadores vinculados por laços profissionais e laborativos comuns, visando tratar de problemas coletivos das respectivas bases representadas, defendendo seus interesses trabalhistas e conexos, com o objetivo de lhes alcançar melhores condições de labor e vida.
Considerando que o Direito do Trabalho é o ramo da ciência jurídica que procura amenizar as contradições entre o capital e o trabalho, o sindicato é uma das formas que se encontra na legislação trabalhista de proteção e fortalecimento dos trabalhadores. Para Vanessa dos Reis Pereira, a função fundamental do sindicato é representar os interesses da categoria, considerando que é um dos mecanismos para controlar e impor os limites quanto da flexibilização da legislação trabalhista.
A legitimidade dos sindicatos vem do art. 8º, VI, da Constituição Federal, cujo texto permite a associação sindical, porém com algumas ressalvas:
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; 
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; 
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. 
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Os sindicatos, além da legislação constitucional, devem sempre ser regidos pelos princípios da liberdade associativa e da autonomia. Estes princípios não só regem os sindicatos como também determinam a prerrogativa de criação, estruturação e desenvolvimento das entidades sindicais, para que estas se tornem efetivos sujeitos do Direito Coletivo do Trabalho.
Ainda, os sindicatos contam com as receitas sindicais, que nada mais são do que contribuições. Marcos Abílio Domingues determina que existem os seguintes tipos de receitas sindicais: a contribuição obrigatória, presente entre os arts. 578 e 610 da CLT; a contribuição confederativa, presente no art. 8º, IV, da CF, transcrito anteriormente; a contribuição assistencial, presente no art. 513, da CLT, que deve ser aprovada em assembleia geral, denominada taxa de reforço sindical (uma mensalidade dos associados do sindicato).[7: 2000, p. 21.]
A contribuição obrigatória, hoje, é tida como tal somente quando autorizada pelo empregado, como informam os reformados arts. 545,578, 579, 582, 583, 587 e 602:
Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados.
Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. 
Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação.
Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos.
Art. 587. Os empregadores que optarem pelo recolhimento da contribuição sindical deverão fazê-lo no mês de janeiro de cada ano, ou, para os que venham a se estabelecer após o referido mês, na ocasião em que requererem às repartições o registro ou a licença para o exercício da respectiva atividade.
Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando no mês destinado ao desconto da contribuição sindical e que venham a autorizar prévia e expressamente o recolhimento serão descontados no primeiro mês subsequente ao do reinício do trabalho.
Ainda, a contribuição assistencial faz parte das prerrogativas dos sindicatos, presente na CLT:
Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:
[...] e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas.
Na atualidade, há quem critique a presença dos sindicatos, criticando-os ao identificar a crise de identidade deles. Para Pereira, é urgente “a busca de identidade e fortalecimento dos sindicatos para que sua contribuição no processo de flexibilização seja decisivo”.
7. CONCLUSÃO
Vivemos em uma era de informações que permeiam a vida e circulam de maneira rápida e dinâmica, de modo que as relações humanas do mesmo modo e velocidade. É pacífico que o mundo de hoje não é o mesmo mundo de 1943, ano do Decreto-Lei nº 5.452, portanto as pessoas têm necessidades, hábitos e interesses diferentes.
A atualização da lei precisa ser feita ao passo da progressão social, então a modernização da vida e do dia-a-dia impõe reflexos legais. 
Neste cerne, observa-se que a atual conjuntura da sociedade é de abruptas modificações, de modo que a legislação anterior não podia acompanhar. A flexibilização das normas trouxe possibilidades mais vastas às ânsias de uma geração que procura realidades diferentes frente a um mundo alterado.
Talvez, em um panorama geral, haja, realmente, considerável perda de direitos, mas não se sabe ao certo se é mais garantias o almejo das pessoas que estão ingressando no mercado de trabalho. 
Evidente também que o Brasil está em pé de crise, razão pela qual tem muitos desempregados que poderão ser beneficiados por maiores flexibilizações para as futuras relações de trabalho.
A onerosidade das modificações ao cidadão brasileiro é dual, visto que, por um lado há perdas, mas também há ganhos, como já trazido. Para apurar essa situação, carece de tempo e distanciamento das calamidades para uma análise multifacetada da condição que se encontram os brasileiros.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Projeto de Lei N. 6.787, de 2016 (da Câmara dos Deputados). Altera o Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 - Consolidação das Leis do Trabalho, e a Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, para dispor sobre eleições de representantes dos trabalhadores no local de trabalho e sobre trabalho temporário, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2122076> . Acesso em: 24 fev. 2018. Texto Original.
BRASIL. Lei Nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 14 jul. 2017. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm>. Acesso em 24 fev. 2018.
BRASIL. Decreto-Lei N.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 9 ago. 1943. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em 24 fev. 2018.
CASSAR, Volia Bomfim. 9 ed. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método, 2014, p.77.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 16ª ed rev. e ampl..— São Paulo: LTr, 2017.
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