Buscar

Direito do Trabalho

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Coletivo e Direito Sindical 
 
Os autores que adotam a denominação “Direito Sindical” afirmam ser o 
sindicato a figura de maior destaque neste ramo do direito. 
Relações coletiva de trabalho não se restringem ao sindicato, assim parte 
da doutrina adota a expressão “Direito Coletivo do Trabalho”. 
Natureza jurídica e autonomia 
Direito Coletivo do Trabalho possui autonomia em relação aos demais 
ramos do direito, inclusive Direito do Trabalho (minoritaria). 
O Direito do Trabalho, como ramo dotado de autonomia científica, possui 
como um de seus setores o Direito Coletivo do Trabalho, com 
peculiaridades próprias, mas sem se desvincular do Direito do Trabalho. 
 a) Não há autonomia jurisdicional, pois a Justiça do Trabalho decide 
tanto controvérsias envolvendo Direito Individual do Trabalho, quanto 
Direito Coletivo do Trabalho. 
 b) a natureza jurídica do Direito Coletivo do Trabalho é de 
segmento ou setor do Direito do Trabalho, o qual possui autonomia 
científica. 
Conceito 
O Direito Coletivo do Trabalho pode ser conceituado como segmento do 
Direito do Trabalho que regula a organização sindical, a negociação 
coletiva e os instrumentos normativos decorrentes, a representação dos 
trabalhadores na empresa e a greve. (G.F.Barbosa). 
Para Maurício Godinho Delgado: Direito Coletivo do Trabalho é o conjunto 
de regras, princípios e institutos regulatórios das relações entre os seres 
coletivos trabalhistas: de um lado, os obreiros, representados pelas 
entidades sindicais, e, de outro, os seres coletivos empresariais, atuando 
quer isoladamente, quer através de seus sindicatos”, identificando, desde 
logo, os sindicatos e os próprios empregadores como sujeitos. (Adalberto 
Martins). 
ORIGEM E EVOLUÇÃO 
O Direito Coletivo do Trabalho surgiu após a Revolução Industrial do 
século XVIII; 
Desaparecimento das corporações de ofício; 
Surgimento da “chamada questão social”; 
É possível identificar três fases distintas do Direito Coletivo do Trabalho: 
a- a fase da proibição; 
b- a fase da tolerância; 
c- a fase do reconhecimento. 
 
Fase da proibição: França, por força da Lei Le Chapelier, de 1791, que 
proibia a coalização de trabalhadores; Revolução Francesa (1789); Código 
Penal de Napoleão (1810) que tipificou como crime a associação de 
trabalhadores, o que inviabilizava a organização sindical. 
 Fase de tolerância: início no ano de 1824, na Grã-Bretanha, quando 
foram revogadas as leis que proibiam as associações de trabalhadores 
(seguido por outros países europeus e Estados Unidos da América). 
Fase de reconhecimento: Trade Unions Act (1871) na Inglaterra, Waldeck-
Rousseau (1884) na França e ao Clayton Act (1914) nos Estados Unidos, à 
Constituição do México (1917) e à Constituição de Weimar, da Alemanha 
(1919), onde se verifica o reconhecimento do movimento sindical pelos 
Estados. 
Evolução no Brasil 
A Constituição imperial de 1824, no art. 179, inciso XXV, estabelecia a 
abolição das corporações de ofício. 
Instituições assistenciais: “Liga Operária de Socorros Mútuos”, “Liga de 
Resistência dos Trabalhadores em Madeira”, “Liga de Resistência das 
Costureiras”, no início do século XX. 
A Constituição 1891, art. 72, § 8º “A todos é lícito associarem-se e 
reunirem-se livremente e sem armas; não podendo intervir a polícia senão 
para manter a ordem pública”. 
Em 1907 surge o primeiro sindicato urbano, que criou sociedades 
corporativas, facultando a qualquer trabalhador, inclusive de profissões 
liberais, a associação a sindicatos, com objetivos de estudo e defesa dos 
interesses da sua profissão e de seus membros. 
O Decreto 19.770 de 19 de março de 1931, conhecido como a “Lei dos 
Sindicatos”, estabeleceu a distinção entre sindicato de empregados e 
sindicato de empregadores, exigindo o reconhecimento do Ministério do 
Trabalho para aquisição de personalidade jurídica, bem como instituiu o 
sindicato único para cada profissão da mesma região. 
A Constituição de 1937, seguindo o regime corporativista, previa no art. 
138: 
“A associação profissional ou sindical é livre. Somente, porém, o sindicato 
regulamente reconhecido pelo Estado tem o direito de representação 
legal dos que participarem da categoria de produção para que foi 
constituído, e de defender-lhes os direitos perante o Estado e as outras 
associações profissionais, estipular contratos coletivos de trabalho 
obrigatórios para todos os seus associados, impor-lhes contribuições e 
exercer em relação a eles funções delegadas de Poder Público” 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO 
princípios próprios. 
1- Liberdade sindical: 
 a) veda a intervenção do Estado na criação ou funcionamento do 
sindicato; 
b) liberdade de fundação, organização, filiação, administração e atuação 
dos entes sindicais; 
 A liberdade sindical é regulada pela Convenção 87 da OIT, embora ainda 
não ratificada pelo Brasil. 
Autonomia coletiva privada 
Trata-se do poder de que são titulares os atores sociais, inseridos nas 
relações coletivas, possibilitando a criação de normas que regulem os 
conflitos laborais, ao mesmos tempo em que estabelecem condições de 
trabalho (Gustavo Felipe Barbosa Garcia in Curso de Direito do Trabalho). 
O direito positivo não é de responsabilidade exclusiva do Estado. 
Os sindicatos negociam com a finalidade de criarem, alterarem ou 
suprimirem direitos trabalhistas normalmente de caráter privado, que irão 
vincular as partes atingidas pelo convênio resultante da negociação 
coletiva. (Vólia Bomfim Cassar in Direito do Trabalho). 
3- Princípio da adequação setorial negociada 
Indica as possibilidades e os limites que devem ser observados pelas 
normas coletivas, decorrentes de negociação coletiva de trabalho. 
Referidos instrumentos coletivos podem estabelecer direitos mais 
benéficos aos empregados, conforme os princípio da norma mais 
favorável, adotado pelo art. 7º, caput, da Constituição Federal. 
O objetivo da negociação coletiva é o de adequar as relações trabalhistas 
à realidade enfrentada pelos interessados, que e modifica a cada dia, a 
depender da base territorial, empresa e época. Busca a harmonia 
temporária dos interesses antagônicos. 
 
O grupo deve avaliar, em cada caso, o quanto aquela coletividade deve 
ceder para não perder seus empregos ou ganhos de forma coletiva. 
As normas coletivas que atuam na relação trabalhista devam garantir 
equilíbrio entre empregador e empregado e salvaguardar garantias e 
direitos mínimos do trabalhador nas relações empregatícias. 
 
Art. 611 – A, § 2º da CLT: 
“A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em 
convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua 
nulidade por não caracterizar um vício do negócio jurídico.” 
 
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm 
prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: 
- olhar a CLT 
 
Art 611 B – olhar a CLT 
 
Princípio da preponderância do interesse coletivo sobre o individual 
O interesse da maioria prevalece sobre o interesse da minoria. 
princípio da solidariedade social da coletividade conjugado com o da 
democracia interna, pois a solução é tomada no interesse do grupo de 
acordo como que lhe for, naquele momento melhor. 
A solução tomada em nome da coletividade e seus efeitos poderão 
repercutir no campo social, econômico e político do país. 
A negociação não se preocupa com o indivíduo e sim com a coletividade. 
 
Princípio da boa-fé entre os negociantes 
Os sindicatos devem agir no interesse da categoria e não no interesse 
próprio. 
 
O direito à informação deve ser garantido aos negociantes, para que os 
trabalhadores tenham a exata noção da contabilidade da empresa e os 
empregadores, dos reais problemas enfrentados pelos empregados. 
 
Princípio da intervenção obrigatória dos sindicatos 
Para a validade da negociação coletiva a lei (art. 8, III e VIda Constituição 
Federal c/c art. 611 da CLT) exige a intervenção obrigatória dos sindicatos, 
salvo rara exceções como nos casos de ausência de sindicato da categoria 
ou recursa nas negociações. 
ORGANIZAÇÃO SINDICAL NA CF DE 1988 
 
A organização sindical estabelecida na Constituição Federal DE 1988 adota 
o princípio da liberdade sindical, com certas restrições. 
 
Art. 8º, inc. I da Constituição Federal: veda e interferência e intervenção 
do Estado na organização sindical. 
 
Art. 8º, inc. V da Constituição Federal: ninguém será obrigado a filiar-se ou 
manter-se filiado a sindicato. 
Sistema da unicidade sindical, art. 8º, inciso II: e vedada a criação de mais 
de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa da 
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será 
definida pelos trabalhadores e empregadores interessados, não podendo 
ser inferior à área de um município. 
O sistema sindical é organizados em categorias, o que não afasta a 
presença de categorias diferenciadas (art. 511, § 3º da CLT). 
 
UNICIDADE SINDICAL e PLURALIDADE SINDICAL 
 
Unicidade sindical 
 
Sistema no qual a lei exige que apenas um ente sindical seja 
representativo de determinada categoria, em certo espaço territorial. 
 
Conceito de Wilson de Campos Batalha: “a unicidade sindical implica na 
existência de uma única entidade representativa da mesma categoria em 
determinada base territorial. 
 
Vantagem: possibilidade de união maciça de vontades e a maior coalizão e 
solidez dos interessados, tanto na tomada de deliberações como na 
colocação de reivindicações perante a categoria contraposta. 
 
 
Desvantagem: artificialismo da vontade dos atores sociais interessados, 
porquanto imposta por lei; o cerceamento do direito de liberdade na 
constituição de sindicatos, não restando opções para a criação de nova 
organização sindical; intervencionismo exacerbado por parte do Estado. 
 
Pluralidade sindical 
facultada a criação, simultânea ou não, numa mesma base territorial, de 
mais de um sindicato representativo de trabalhadores ou de empresários 
da mesma profissão. 
 
Desvantagem: dispersão da força do sindicato dificultando a ação eficaz e 
conjunta dos membros do grupo ou da categoria especialmente a 
profissional. 
 
O sistema brasileiro, ainda que seja de unicidade sindical, admite o 
desmembramento ou dissociação da categoria, dando origem a categoria 
específicas, seja quanto à atividade econômica, seja quanto à área 
territorial de atuação. 
 
SOLUÇÕES ADEQUADAS DE CONFLITOS: 
 
A palavra “conflito” vem do latim conflictus que significa lutar, combater, 
indicando posições antagônicas entre as partes. 
 
Conflito tem conotação de controvérsia, divergência. Podem ser 
individuais ou coletivo. 
 
Conflito coletivo de trabalho: 
 
Conflitos econômicos: quando versarem sobre salários e vantagens 
econômicas em sentido amplo. 
 
Conflitos sociais: quando tiverem por objeto medidas sociais para os 
trabalhadores. 
 
Conflitos jurídicos ou de direito: interpretação e/ou aplicação de normas 
jurídicas pré-existentes. 
 
 
As novas condições de vida, consistentes na globalização, processos 
tecnológicos, automação, expressiva competitividade do mercado, 
necessidade de redução dos custos, acarretam forte insatisfação social da 
classe trabalhadora e empresarial, desaguando em sucessivas batalhas em 
face dos interesses antagônicos. Nesse contexto, surge o conflito coletivo 
de trabalho, onde cada grupo pretende defender seus próprios interesses. 
 
Segundo Américo Plá Rodriguez, há seis formas básicas de solução dos 
conflitos coletivos: 
 a) Ajuste direto: quando há o entendimento direto entre o patrão e os 
operários, sem a participação de terceiros, como ocorre com o acordo 
coletivo de trabalho. 
 
Investigação: as partes lançam mão de um perito para analisar e 
apresentar parecer técnico sobre a questão, de forma que as partes 
possam com justiça, fixar as novas condições de trabalho. 
 
Conciliação: pressupõe a participação de um terceiro na negociação 
coletiva, que pode ser um particular ou algum órgão do Estado. O terceiro 
tenta aproximar os pontos de vista das partes, na tentativa de buscar 
concessões mútuas para compor o litígio voluntariamente. 
d) Mediação: Intervenção de um terceiro que formula recomendações, 
conselhos e faz indicações das melhores soluções, sempre na tentativa de 
ajudar a partes a resolverem voluntariamente o conflito. 
 
e) Arbitragem: as partes convencionam submeter o litígio à solução de um 
terceiro por elas eleito. Este árbitro formulará laudo que será respeitado 
pelas partes. O árbitro pode ser técnico, perito o leigo e a arbitragem 
pode ser jurídica ou por equidade. 
 
f) Decisão judicial ou jurisdição: é a submissão do litígio à jurisdição estatal 
que solucionará o conflito através de uma sentença coletiva (sentença 
normativa). 
Outras forma de divisão: 
 
Autodefesa: greve, lockout, boicotagem, sabotagem, piquetes obstativos. 
Com essas medidas a parte tenta impor, pela força, seu ponto de vista, 
sua reivindicação. 
 
Autocomposição: forma de composição voluntária, onde as partes fazem 
concessões recíprocas, mesmo que sob a intervenção de um terceiro 
(conciliação ou mediação). 
 
Heterocomposição: é a solução obtida pela imposição de terceiro 
estranho à relação (arbitragem ou decisão judicial). 
AUTODEFESA OU AUTOTUTELA 
 
Nas fases primitivas da civilização a autotutela se dava quando aquele que 
pretendia alguma coisa de outrem o impedia de obtê-la e, para tanto, 
utilizava da própria força e, por si mesmo, obtinha a satisfação de sua 
pretensão. Vencia o mais forte. 
 
Traços característicos da autotutela: 
 
ausência de juiz distinto das partes; 
 
imposição da decisão por uma das partes à outra. 
Espécies de autotutela: 
 
Sabotagem: à a destruição ou deterioração sorrateira dos produtos, das 
mercadorias, da matéria prima ou dos instrumentos de trabalho. Pode vir 
com a greve ou não. Atualmente é usada através da “greve tartaruga”. 
Dependendo do ato praticado pode configurar crime contra o patrimônio 
do empregador. 
 
Picketing: impedimento por parte de grevistas de que outros 
trabalhadores assumam seus postos de trabalho no dia de greve. Visam a 
impedir ação de outros trabalhadores que tentam furar a greve. É 
considerado recurso antissocial: impede direito de ir e vir, enseja justa 
causa. 
 
Boicotagem: é ato de difamação de uma pessoa para impedir que outras 
celebrem contrato ou estabeleçam relações com ela. Sujeita a penalidades 
legais criminais e justa causa. 
d) Greve: é a suspensão total ou parcial de trabalho, de forma pacífica e 
temporária. Finalidade de reivindicar melhoria de condições de trabalho. 
Deve respeitar procedimentos legais. Lei 7.783/89. A greve é reconhecida 
pela Constituição Federal art. 9º. 
 
e) Lockout: é uma espécie de greve patronal. Fechamento da empresa 
para impedir o trabalho de seus empregados. Finalidade é a de inibir e 
impedir o trabalho de seus empregados. Muitas vezes a finalidade é 
impedir a reunião de trabalhadores. É proibido por lei: art. 722 da CLT c/c 
art. 17 da Lei 7.783/89. 
 
Segundo Maurício Godinho Delgado: 
“Locaute é a paralisação provisória das atividades da empresa, 
estabelecimento ou seu setor, realizada por determinação empresarial, 
com o objetivo de exercer pressões sobre os trabalhadores, frustrando 
negociação coletiva ou dificultando o atendimento e reivindicações 
coletivas obreiras.” 
AUTOCOMPOSIÇÃO 
Ocorre quando as partes ou uma delas abrem mão do interesse ou parte 
deles para chegarem a uma solução. 
 
São três as formas de autocomposição: 
Desistência: renúncia à pretensão; 
Submissão: renúncia à resistência oferecida à pretensão; 
Transação: concessões recíprocas. 
 
Há divergência na doutrina quanto à autocomposição e a participação de 
um terceiro. 
Para alguns, só é autocomposição se não houver participação de terceiros, 
ou seja, as partes chegam à solução dos conflitos por si mesmas.Para outros, há autocomposição mesmo quando há inclusão de um 
conciliador ou mediador. – entendimento majoritário 
Mediação 
Na mediação, existe proposta de terceiro, mas as partes não estão 
obrigadas a aceitar. 
 
Embora haja entendimento de que a mediação é uma forma de 
autocomposição, trata-se na verdade de heterocomposição. BUSCAR 
CONCEITO 
 
A mediação pode ocorrer no âmbito da Delegacia Regional do Trabalho, 
atualmente Superintendência Regional do Trabalho), podendo ser 
realizada também pelo Ministério Público do Trabalho. 
A Lei 10.101/2000, prevê que a participação nos lucros e resultados pode 
ser fixada por meio de mediação. 
 
O Ato 168/2016 da Presidência do TST instituiu procedimento de 
mediação e conciliação pré-processual em dissídio coletivo a ser 
conduzido e processado no âmbito da Vice-Presidência do Tribunal 
Superior do Trabalho. 
 
Art. 1º Fica instituído por meio do presente ato o procedimento de 
mediação e conciliação pré-processual em dissídios coletivos, a ser 
conduzido e processado no âmbito da Vice-Presidência do Tribunal 
Superior do Trabalho. 
Art. 5º Recebido o pedido de mediação e conciliação pré-processual, a 
Vice-Presidência do Tribunal poderá designar audiência e encaminhar o 
feito à Secretaria-Geral Judiciária, que providenciará a notificação das 
partes acerca do dia, hora e local da audiência de mediação, conforme 
pauta previamente estabelecida. 
 
§ 1º As audiências de conciliação serão realizadas na sede do Tribunal 
Superior do Trabalho, sob a condução do Ministro Vice-Presidente do 
Tribunal. 
HETEROCOMPOSIÇÃO 
 
A heterocomposição caracteriza-se pela intervenção de um terceiro na 
disputa entre dois ou mais sujeitos, podendo decidir a questão ou 
aconselhar as partes para que cheguem a uma solução. 
 
As principais espécies de heterocomposição são: 
 
Arbitragem 
 
Conciliação 
 
Mediação 
Arbitragem 
 
 
A arbitragem é tratada pela Lei 9.307/96: importante instrumento para 
dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponível entre pessoas 
capazes. Art. 1º 
 
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem 
para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
 
Os árbitros são escolhidos pelas partes sempre em número ímpar e fazem 
papel de juiz de direito e de fato. 
A sentença que proferir tem a mesma força de um título executivo judicial 
e tem requisitos similares ao da sentença judicial (relatório, 
fundamentação, dispositivo). 
 
Apesar de fazer coisa julgada, a sentença arbitral não pode ser 
desconstituída por ação rescisórias, mas sim por ação anulatória (art. 33 
da Lei 9.307/96). 
 
A arbitragem é forma alternativa de solução de conflitos de interesses 
onde estes são resolvidos pela participação de uma terceira pessoa, qual 
seja, o árbitro, tendo sido esta modalidade de resolução e solução de 
conflito pactuada pelas próprias partes, através da confecção de uma 
cláusula compromissória ou do compromisso arbitral, onde 
voluntariamente, os contratantes avençam que eventual conflito entre os 
mesmos deverá ser solucionado através da arbitragem, desde que os 
direitos em jogo sejam patrimoniais e disponíveis. 
Cláusula compromissória: é um pacto em que se estabelece que, na 
eventualidade de uma divergência futura entre os interessados na 
execução do negócio principal, estes deverão lançar mão do juízo arbitral. 
 
A cláusula compromissória transfere a solução de futuros e eventuais 
conflitos para a arbitragem, logo, é feita antes da existência da lide, 
enquanto no compromisso arbitral as partes submetem a lide (o conflito) 
atual ao julgamento do árbitro, logo o compromisso é ajustado durante a 
controvérsia. 
Compromisso arbitral: é o acordo bilateral em que as partes interessadas 
submetem suas controvérsias jurídicas à decisão de árbitros, 
comprometendo-se a acatar a decisão. Pode ser judicial ou extrajudicial. 
 
Em se tratando de opção feita pelas partes, a exclusão da lide da 
apreciação do Poder Judiciário não afronta a garantia de acesso ao Poder 
Judiciário (art. 5º, XXXV da Constituição Federal). 
 
Em se tratando de arbitragem obrigatória, há inconstitucionalidade, eis 
que estaria impondo a alguém a submissão prévia da lide a um meio de 
solução extrajudicial não escolhido pelas partes. 
COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA 
 
Instituída pela Lei 9.958/2000. 
 
Veio como tentativa de descongestionar o Poder Judiciário Trabalhista. 
 
A doutrina majoritária entendeu como meio de impedir o acesso à justiça 
do trabalhador, configurando flagrante ofensa ao art. 5º, XXXV da 
Constituição Federal. 
 
O Supremo Tribunal Federal Entendeu que sendo facultativa a instituição 
das CCPs a propositura de ação trabalhista perante a Justiça do Trabalho 
independe de prévia passagem pelas referidas comissões. 
Art. 625-A - As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de 
Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos 
empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os 
conflitos individuais do trabalho. 
 
Parágrafo único - As Comissões referidas no caput deste artigo poderão 
ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical. 
 
Art. 625-D - Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à 
Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, 
houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato 
da categoria. (vide ADI nº 2139) 
Decisão Final ADI 2139 
 
A Comissão de Conciliação Prévia constitui meio legítimo, mas não 
obrigatório de solução de conflitos, permanecendo o acesso à justiça 
resguardado para todos os que venham a ajuizar demanda diretamente ao 
órgão judiciário competente. 
SÚMULA Nº 2 TRT 2ª REGIÃO 
COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EXTINÇÃO DE PROCESSO. (RA nº 
08/2002 - DJE 12/11/02, 19/11/2002, 10/12/2002 e 13/12/2002) 
 
O comparecimento perante a Comissão de Conciliação Prévia é uma 
faculdade assegurada ao obreiro, objetivando a obtenção de um título 
executivo extrajudicial, conforme previsto pelo artigo 625-E, parágrafo 
único da CLT, mas não constitui condição da ação, nem tampouco 
pressuposto processual na reclamatória trabalhista, diante do comando 
emergente do artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal. 
Art. 625-E - Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo 
empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da 
Comissão, fornecendo-se cópia às partes.(vide ADI nº 2139) 
 
Parágrafo único - O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e 
terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente 
ressalvadas. 
Art. 625-B (...) 
§ 1º - É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros 
da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após 
o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei. 
§ 2º - O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal 
na empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado 
para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho 
efetivo o despendido nessa atividade. 
SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO 
 
Constituição Federal – CAP. VI 
 
 
O conceito fundamental de meio ambiente é extraído do art. 225 da 
Constituição Federal: 
 
 
Art. 225. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo 
e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.” 
O estudo do meio ambiente do trabalho envolve considerar as seguintes 
normas constitucionais: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
III – dignidade da pessoa humana; 
IV – valor social do trabalho e da livre iniciativa; 
 
 
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na 
forma desta Constituição. (Artigo alterado pela Emenda Constitucional nº 
90, de 15/09/2015 - DOU 16/09/2015) 
 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança; 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei; 
 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem 
excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo 
ou culpa; 
 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) 
 
 
Bem como os Tratados Internacionais: 
Convenções da OIT. 
Convenção 148. Contaminação do Ar, Ruídos e Vibrações; 
Convenção 155. Segurança e Saúde dos Trabalhadores; 
Convenção 161. Serviços de Saúde no Trabalho; 
Convenção 170. Segurança no Trabalho com produtos químicos. 
 
 
 
As normas relativas à segurança e medicina do trabalho: 
 
CLT, Título II, Capítulo V (art. 154 a 223) 
 
Lei 6.514/977 e Portaria 3.214/78 e respectivas Normas Regulamentares 
 
Tratados internacionais 
 
 
A concepção moderna de meio ambiente do trabalho está relacionada 
com os direitos humanos, notadamente direito à vida, à segurança e à 
saúde, que são corolários dos princípios da dignidade da pessoa humana, 
superando a doutrina quanto à estrita observância de normas técnicas 
expedidas pelo antigo Ministério do Trabalho 
 
INSALUBRIDADE 
 
 O Decreto 1.313/1891 - primeira norma estatal de caráter tutelar 
trabalhista. 
- Proibiu o trabalho de menores de 18 anos em depósitos de carvão, 
fábrica de ácidos, de algodão-pólvora, de nitroglicerina, de fulminatos de 
manipulações diretas de fumo, chumbo e fósforo, tarefas conhecidas 
como insalubre e/ou perigosas. 
 
Constituição Federal de 1934: foi a primeira a externar preocupação com 
o trabalho de menores e proibiu o trabalho de menores de 18 anos em 
“indústrias insalubres”. 
 
A definição de atividade insalubre pode ser encontrada no art. 189 da CLT: 
- Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas 
que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os 
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância 
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de 
exposição aos seus efeitos 
 
“O trabalho insalubre é aquele que afeta ou causa danos à saúde, provoca 
doenças, ou seja é o trabalho não salubre, não saudável. Muitas 
enfermidades estão diretamente relacionadas e outras são agravadas pela 
profissão do trabalhador ou as condições em que o serviço é prestado, o 
que possibilita o nexo causal entre o trabalho e doenças” Sebastião 
Geraldo de Oliveira in Proteção jurídica à saúde do Trabalhador. 
 
Enquadramento: 
inclusão no quadro de atividades e operações insalubres do Ministério do 
Trabalho 
Avaliação quantitativa e qualitativa dos riscos inerentes à atividade, nos 
termos da NR 15 e seus 14 anexos, da Portaria 3.214/1978. 
Avaliação quantitativa: limites de tolerância. A NR 15 estabelece que o 
limite de tolerância é “a concentração ou intensidade máxima ou mínima, 
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não 
causará dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral” 
 
Avaliação qualitativa: disciplinadas nos Anexos 7, 8, 9 e 10 da NR 15, 
segundo os quais a insalubridade é comprovada mediante inspeção 
realizada pelo perito no local de trabalho, e não foram fixados limites de 
segurança. Agente agressivo exposição (Portaria 3.211/89): 
 - permanente 
 - intermitente 
 - eventual 
eventualidade afasta a caracterização da insalubridade. 
 
 
Art. 194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de 
periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou 
integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo 
Ministério do Trabalho. 
 
Há situações em que a insalubridade é inerente à própria atividade, 
independentemente da avaliação qualitativa ou quantitativa. 
 
Exemplos: Atividades hiperbáricas (trabalho sob ar comprimido), túnel de 
ar comprimido; com contato com agentes químicos (arsênio, carvão, 
chumbo, cromo, fósforo, mercúrio, silicatos, substâncias cancerígenas, 
hidrocarbonetos; trabalho em hospitais, ambulatórios, postos de 
vacinação). 
 
Os serviços cujo risco é inerente à função jamais poderá ser realizado por 
menores de 18 anos. 
 
Súmula n. 460 do STF: “para efeito de adicional de insalubridade, a perícia 
judicial, em reclamação trabalhista, não dispensa o enquadramento da 
atividade entre as insalubres, que é ato de competência do Ministério do 
Trabalho e Previdência Social”, atual Secretaria do Trabalho do Ministério 
da Economia. Ou seja: não serão consideradas atividades insalubres as 
atividades que não estiverem mencionadas nos anexos da NR – 15, da 
Portaria 3.214/1978. 
 
A NR- 15 relaciona os agentes insalubres que podem ser divididos em 3 
blocos: 
Agente físicos: ruído, calor, radiações, frio, vibrações, umidade; 
 
Agentes químicos: poeira, gases, vapores, névoas e fumo; 
 
Agentes biológicos: micro-organismos, vírus e bactérias. 
 
Art. 192 da CLT: 
 
40% (quarenta por cento do salário mínimo) – grau máximo 
 
20% (vinte por cento do salário mínimo) – grau médio 
 
10% (dez por cento do salário mínimo) – grau mínimo 
 
 
Súmula Vinculante n. 4 - Salvo nos casos previstos na Constituição, o 
salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de 
vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por 
decisão judicial. (Divulgada em 08/05/2008 e publicada no DJe do STF de 
09/05/2008) 
 
 
MONETIZAÇÃO 
 
Com relação aos menores, impõe-se observar a relação de atividades de 
que trata o art. 405, I da CLT e que deve ser revista bienalmente, a teor do 
art. 441 da CLT. 
 
ART 394 A – OLHAR CLT 
 
O agente atua instantaneamente! 
 
 Efeitos danosos imediatos (perda de membro, lesão, morte). 
 
Lei 2.573/1955 contemplou empregados que trabalhavam em contato 
permanente com inflamáveis. 
 
E explosivos? 
 
Lei 5.880/1973 – Explosivos. 
 
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas 
 
inflamáveis, explosivos ou energia elétrica 
 
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais 
de segurança pessoal ou patrimonial (Lei 12.470/2012) 
 
São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em 
motocicleta (Lei 12.997/2014) Portaria 458/2018 anula a portaria que 
anulava os efeitos da Portaria 1565/2014 
 
Radiações ionizantes 
 
§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado 
um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos 
resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da 
empresa. 
 
§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que 
porventura lhe seja devido 
Art. 194 - o direito ao adicional de insalubridade ou de periculosidade 
cessa com a eliminação do risco 
 
A regulamentação das condições de periculosidade em face do explosivos 
e inflamáveis encontram-se nos Anexos 1 e 2 da NR 16 da Portaria 
3.214/78. 
 
Portaria 3.393/1987, posteriormente substituída pela Portaria GM/TEM 
518/2003 
 
MENORES E AGENTES NOCIVOS 
 
A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a proibir trabalho periculoso 
aos menores, antes disso a lei apenas proibia o trabalho nas “industrias 
insalubres”. 
 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. 
 
O art.405, I da CLT dispõe que : Art. 405 - Ao menor não será permitido o 
trabalho: 
 
I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres, constantes de quadro para 
esse fim aprovado pela Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho; 
 
 
Na verdade, as atividades consideradas insalubres ou perigosas ao menos 
de 18 anos são aquelas que integram as piores formas de trabalho infantil, 
conforme previstas na Convenção 182 da OIT. 
 
 todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, tais 
como a venda e tráfico de crianças, a servidão por dívida e a condição de 
servo, e o trabalho forçado ou obrigatório de crianças para serem 
utilizadas em conflitos armados: b) a utilização, o recrutamento ou a 
oferta de crianças para a prostituição, a produção de pornografia ou 
atuações pornográficas; c) a utilização, recrutamento ou a oferta de 
crianças para a realização de atividades ilícitas, em particular a produção e 
o tráfico de entorpecentes, tais como definidos nos tratados 
internacionais pertinentes e; d) o trabalho que, por sua natureza ou pelas 
condições em que é realizado, e suscetível de prejudicar a saúde, a 
segurança ou a moral das crianças. 
 
O art. 193, § 2º dispõe que “O empregado poderá optar pelo adicional de 
insalubridade que porventura lhe seja devido.” 
 
 
art. 5º, § 2º da Constituição Federal: os direitos e garantias expressos na 
Constituição Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adorados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte. 
 
A Convenção 155 da OIT, segurança e saúde dos trabalhadores e do meio 
ambiente de trabalho de 1981 prevê que devem ser levados em 
consideração os riscos para a saúde decorrentes da exposição simultânea 
a diversas substâncias ou agentes. Ou seja, as normas internacionais 
admitem recebimento simultâneo dos adicionais de insalubridade e 
periculosidade. 
Súmula 191 - Adicional de periculosidade. Incidência. Base de cálculo. 
(Res. 13/1983, DJ 09.11.1983. Nova redação - Res. nº 121/2003, DJ 
19.11.2003 - Redação alterada pela Res. nº 214/2016, DeJT 30/11/2016. 
Cancelada a parte final da antiga redação e inseridos o itens II e III) 
I – O adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário básico e 
não sobre este acrescido de outros adicionais. 
 
II – O adicional de periculosidade do empregado eletricitário, contratado 
sob a égide da Lei nº 7.369/1985, deve ser calculado sobre a totalidade 
das parcelas de natureza salarial. Não é válida norma coletiva mediante a 
qual se determina a incidência do referido adicional sobre o salário básico. 
 
III - A alteração da base de cálculo do adicional de periculosidade do 
eletricitário promovida pela Lei nº 12.740/2012 atinge somente contrato 
de trabalho firmado a partir de sua vigência, de modo que, nesse caso, o 
cálculo será realizado exclusivamente sobre o salário básico, conforme 
determina o § 1º do art. 193 da CLT. 
Nos termos do art. 19 da Lei 8.213/91, considera-se que acidente de 
trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa 
ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados 
referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou 
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, 
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 
 
Consideram-se acidente do trabalho , as seguintes entidades mórbidas 
(art. 20) 
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada 
pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante 
da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da 
Previdência Social; 
 
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em 
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se 
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. 
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho: 
 
a doença degenerativa; 
 
b) a inerente a grupo etário; 
 
c) a que não produza incapacidade laborativa; 
 
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que 
ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou 
contato direto determinado pela natureza do trabalho. 
 
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na 
relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições 
especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona 
diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. 
 
O art. 21: Acidente de trabalho por equiparação: 
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa 
única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para 
redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão 
que exija atenção médica para a sua recuperação; 
 
 
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em 
consequência de: 
ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou 
companheiro de trabalho; 
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa 
relacionada ao trabalho; 
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de 
companheiro de trabalho; 
d) ato de pessoa privada do uso da razão; 
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou 
decorrentes de força maior; 
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no 
exercício de sua atividade; 
 
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de 
trabalho: 
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da 
empresa; 
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar 
prejuízo ou proporcionar proveito; 
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando 
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da 
mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, 
inclusive veículo de propriedade do segurado; 
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para 
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de 
propriedade do segurado. (Revogado pela Medida Provisória nº 905, de 
2019) 
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da 
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou 
durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. 
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho 
a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se 
superponha às consequências do anterior. 
Questões: 
 
Quais as hipóteses previstas para o pagamento de adicional de 
periculosidade? 
 
Quais os valores pagos quando fica caracterizada a insalubridade? 
Hipóteses e base de cálculo. 
 
Em quais hipótese a mulher pode trabalhar em atividade insalubre? 
 
Quais as normas que disciplinam o trabalho do menor, no que se refere ao 
trabalho em condições insalubres ou perigosas? 
 
O que se considera acidente de trabalho? 
 
Sílvio é empregado da sociedade empresária Onda Azul Ltda. e, em 
determinado dia, no horário de almoço, ao se dirigir a um restaurante 
para fazer sua refeição, foi atropelado por um veículo, sofrendo lesões 
que o afastaram do serviço por 30 dias, inclusive com recebimento de 
benefício previdenciário. 
 
 
 
Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. 
A O fato não caracteriza acidente do trabalho, porque não aconteceu na 
empresa nem em deslocamento a serviço. 
 
B O fato caracteriza acidente do trabalho, e, ao retornar, Sílvio tem 
garantia no emprego de 12 meses. 
 
C A Lei é omissa a respeito, daí porque caberá ao juiz, no caso concreto, 
dizer se o evento foi acidente de trabalho. 
 
D A empresa será obrigada a ressarcir o empregado, porque tem o dever 
de fornecer alimentação. 
 
 
 
 
NEGOCIAÇÃO COLETIVA 
Conceito de negociação: forma primária de um interessado obter daquele 
que tem interesse contraposto umasolução que atenda aos dois. As 
partes buscam aproximar seus entendimentos, discutindo e rediscutindo o 
assunto, sempre com a finalidade de resolver as questões. (Vólia Bomfim 
Cassar). 
A negociação é, portanto, o conjunto de técnicas que leva as partes a uma 
solução pacífica, normalmente transacionada. 
 
A negociação coletiva tem como função; 
 
criação; 
 
modificação; 
 
supressão de condições de trabalho; 
 
função normativa ou flexibilizadora; 
 
composição de conflitos. 
 
Tem função política, econômica e social. 
 
Função política: é forma de diálogo entre grupos antagônicos, capazes de 
desequilibrar a estrutura política em que o Estado se desenvolve. O Estado 
tem interesse que a luta de classes se resolva pacificamente e com isso 
valoriza as ações destes interlocutores sociais quando espontaneamente 
resolvem o conflito. 
Função econômica: através da normas são distribuídas riquezas que 
ordenam a economia. Pode também ter caráter de concessões quando há 
necessidade de adaptação ao quadro social da empresa à realidade 
socioeconômica do país, reduzindo custos operacionais e funcionais para 
sua sobrevivência (redução de salário e flexibilização). 
Função social: caracterizada pela participação dos trabalhadores nas 
decisões empresariais, seja para harmonia do ambiente social de trabalho 
seja para a criação de novas e boas condições de trabalho, o que resolve 
inúmeras questões sociais. 
 
Negociação coletiva e princípio da legalidade 
 
O art. 611 – A da CLT, dispõe que a convenção coletiva e o acordo coletivo 
de trabalho têm prevalência sobre a lei quando entre outros, dispuserem 
sobre as matérias exemplificativamente arroladas em seus incisos. 
 
Art. 8º, inc. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses 
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas; 
 
A depender da negociação, a norma feriria o princípio da legalidade, 
quando o acordo ou convenção afrontarem normas legais imperativas 
eliminando ou reduzindo direitos trabalhistas de ordem pública. 
Negociação coletiva e princípio da proteção 
 
A exigência de aplicação da norma mais favorável ao empregado, na 
verdade, decorre do princípio da proteção, inerente ao Direito do 
Trabalho. 
 
O princípio da proteção engloba três vertentes: 
 
in dubio pro operario 
 
aplicação da norma mais favorável 
 
condição mais benéfica 
 
Assim, apenas nas situações especificamente excepcionadas na 
Constituição Federal (art. 7º, incisos VI, XIII e XIV) é que se pode admitir a 
flexibilização in pejus, possibilitando a aplicação das regras menos 
benéficas ao trabalhador. Mesmo nesse caso, exige-se que a medida seja 
justificada e demonstrada a sua adequação à proteção do trabalhador, 
notadamente do emprego, em que pese o disposto no art. 611, § 2º da 
CLT, segundo o qual: § 2° A inexistência de expressa indicação de 
contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de 
trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do 
negócio jurídico. 
 
Procedimento da negociação coletiva 
 
Sindicatos e empresas, inclusive as que não tenham representação 
sindical, quando provocadas, não podem se recusar à negociação coletiva, 
na forma do art. 616 da CLT. 
 
Art. 616 - Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou 
profissionais e as empresas, inclusive as que não tenham representação 
sindical, quando provocados, não podem recusar-se à negociação coletiva. 
(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28-02-67, DOU 28-02-67) 
 
O procedimento da negociação coletiva é disciplinado pela CLT da 
seguinte forma: 
 
Em caso de acordo coletivo, o primeiro passo é a provocação de uma das 
partes, por insatisfeita, reivindicando vantagens para o grupo; 
 
Notificação do sindicato que terá oito dias para dizer se assume ou não a 
negociação (art. 617 da CLT); 
 
Para todos os casos: assembleia sindical, devidamente convocada, para 
autorizar a diretoria a iniciar as negociações (art. 612 da CLT); 
 
d. notificação da parte contrária para iniciar os debates e discussões a 
respeito das propostas; 
 
e. a parte contrária é obrigada a negociar (art. 616 CLT), sob pena de um 
terceiro intervir nas negociações; 
 
f. chegando a parte a um consenso, será reduzida a termo uma minuta das 
cláusulas negociadas (art. 613 da CLT); 
 
g. nova assembleia para aprovação das cláusulas ajustadas; 
 
h. o documento final é redigido com todo os requisitos contidos nos art. 
613 e 614 da CLT; 
 
i. depósito do documento no Departamento Nacional do Trabalho, em se 
tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos 
órgãos regionais do Ministério do Trabalho nos demais casos, no prazo de 
oito dias de sua assinatura (art. 614 da CLT); 
 
j. publicidade da norma coletiva, de forma visível, na sede dos sindicatos e 
das empresas, dentro de cinco dias do depósito; 
 
k. início da vigência três dias após o depósito. 
Convenção e acordo coletivo de trabalho 
 
Acordo coletivo de trabalho é o negócio jurídico extrajudicial efetuado 
entre sindicato dos empregados e uma ou mais empresas, onde se 
estabelecem condições de trabalho, obrigando as partes acordantes 
dentro do período de vigência predeterminado e na base territorial da 
categoria – Art. 611, § 1º da CLT. 
 
São comandos abstratos, gerais, impessoais, em face disso, convenção 
coletiva de trabalho (CCT) e acordo coletivo de trabalho (ACT) se 
assemelham à lei. Segundo Carnelutti esses instrumentos normativos tem 
corpo de contrato e alma de lei. 
 
 
Art. 611, § 1º - É facultado aos Sindicatos representativos de categorias 
profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da 
correspondente categoria econômica, que estipulem condições de 
trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às 
respectivas relações de trabalho. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 
2.693, de 23/12/55, DOU 29/12/55 e alterado pelo Decreto-lei nº 229, de 
28/02/67, DOU 28/02/67). 
 
Convenção coletiva de trabalho é um negócio jurídico extrajudicial 
pactuado entre o sindicato dos empregados e o sindicado dos 
empregadores, estabelecendo condições de trabalho para toda a 
categoria. Também tem vigência temporária e aplicação apenas na base 
territorial dos respectivos sindicatos – art. 611, caput da CLT. 
 Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter 
normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de 
categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho 
aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações 
individuais do trabalho. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28-02-
67, DOU 28-02-67) 
 
De acordo com o art. 614, § 3º da CLT, o prazo de duração do acordo e da 
convenção coletiva de trabalho será de 2 (dois) anos. 
 
Tem direito de negociar coletivamente: trabalhadores urbanos, rurais e 
avulsos. 
 
A Emenda Constitucional 72/2013 estendeu aos empregados domésticos 
as convenções e os acordos coletivos. 
Prorrogação, revisão, denúncia e revogação 
 Art. 615 - O processo de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação 
total ou parcial de Convenção ou Acordo ficará subordinado, em qualquer 
caso, à aprovação de Assembleia Geral dos Sindicatos convenentes ou 
partes acordantes, com observância do disposto no art. 612. 
 
Prorrogação: é o processo pelo qual o prazo de vigência da convenção ou 
do acordo coletivo é estendido, mantendo as mesmas condições da norma 
prorrogada. 
 
§ 3° Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou 
acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a 
ultratividade. (Parágrafo alterado pela Lei n° 13.467/2017 - DOU 
14/07/2017). 
Revisão: é o processo em que os interessados pactuam a alteração total 
ou parcial da norma coletiva ainda durante sua vigência. Pode ser para 
conceder condições mais favoráveis ou não. 
 
Denúncia: ocorre quando uma das parte notifica a outra deque não vai 
mais cumprir a norma coletiva. Só extinguirá a obrigação de cumprimento 
da norma coletiva se a outra parte concordar com a denúncia. Segundo 
Amauri Mascaro Nascimento, se a outra parte não concordar com a 
denúncia, os efeitos são suspensivos até as parte renegociarem, sob pena 
de o conflito ser decidido por um terceiro (mediador, arbitragem, 
conciliador ou jurisdição). 
 
Revogação: ocorre quando as partes, de comum acordo, decidem 
desfazer total ou parcialmente o ajustado na norma coletiva. Enquanto a 
denúncia é unilateral, a revogação é bilateral. 
 
Efeito das cláusulas coletivas sobre os contratos de trabalho 
As cláusulas coletivas aplicam-se a todos os membros da categoria, 
associados e não associados - art. 611 da CLT. 
 
Enquanto vigentes, as partes estão obrigadas da cumpri-las. 
 
Após o término de vigência dos instrumentos normativos, os 
empregadores estão obrigados a cumpri-las? 
 
Art. 614 (...) § 3° Não será permitido estipular duração de convenção 
coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo 
vedada a ultratividade. (Parágrafo alterado pela Lei n° 13.467/2017 - 
DOU 14/07/2017) 
 
Maurício Godinho denomina de “tese da aderência limitada pelo prazo”, 
segundo a qual, extinta a vigência da norma coletiva, os empregadores 
poderão suprimir as benesses concedidas 
Conflito entre acordo e convenção coletiva de trabalho 
 
Antes da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), havendo conflito entre 
acordo coletivo e convenção coletiva de trabalho deveria ser aplicada a 
norma mais favorável ao trabalhador. 
 
Após a Lei 13.467/2017, o art. 620 da CLT foi alterado expressamente para 
determinar expressamente a prevalência do acordo coletivo de trabalho 
sobre a convenção coletiva: 
Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho 
sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de 
trabalho. (Artigo alterado pela Lei n° 13.467/2017 - DOU 14/07/2017) 
 
 
Trata-se de exceção ao princípio da prevalência do princípio da norma 
mais favorável. Demonstra a intenção flexibilizadora do legislador. 
 
Dissídio coletivo e greve 
 
Poder normativo da Justiça do Trabalho 
 
Montesquieu: Funções estatais de cada um dos três poderes: 
 
Legislativo: poder de legislar 
Executivo: chefia do governo e prática de atos de administração 
Judiciário: atuação no caso concreto: julgar 
 
 
A Constituição Federal, para que cada poder possa de fato funcionar, 
destinou a eles funções atípicas, cabendo a cada um deles também 
poderes de poderes de legislar, administrar e julgar. 
 
Poder Normativo da Justiça do Trabalho: consiste na competência 
legislativa conferida constitucionalmente para a solução dos conflitos 
coletivos de trabalho. 
 
A primeira Carta Política que conferiu esse poder à Justiça do Trabalho foi 
a de 1946, a qual no seu art. 123, § 2º estabelecia que: 
 
A lei especificará os casos em que as decisões, nos dissídios coletivos, 
poderão estabelecer normas e condições de trabalho. 
 
A mesma redação se manteve nas Constituições de 1967 e de 1969 
(Emenda à Constituição). 
 
Corporativismo de origem italiana: fundamento na colaboração e não na 
luta de classes para o desenvolvimento do Estado. Assim, também na 
Itália, nas relações trabalhistas, a solução do conflito coletivo se dava 
através do Poder Judiciário, o qual passou a ser fundamental para 
harmonizar capital e trabalho, de forma que o trabalhador pudesse ser 
inserido como fator essencial ao desenvolvimento da empresa. 
 
O Brasil se inspirou na Carta del Lavoro (italiana 1927). 
A Constituição Federal de 1988 manteve o Poder Normativo da Justiça do 
Trabalho: 
 
Art. 114, § 2ª: Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à 
arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo, 
podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições, 
respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção do 
trabalho. (grifo nosso). (ANTIGA REDAÇÃO) 
 
 
Os Tribunais confirmaram a manutenção desse poder, mas limitou às 
questões não julgadas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal – 
A Sumula 190 do TST dispõe: 
190 - Poder normativo do TST. Condições de trabalho. 
Inconstitucionalidade. Decisões contrárias ao STF (Res. 12/1983, DJ 
09.11.1983) 
Ao julgar ou homologar ação coletiva ou acordo nela havido, o Tribunal 
Superior do Trabalho exerce o poder normativo constitucional, não 
podendo criar ou homologar condições de trabalho que o Supremo 
Tribunal Federal julgue iterativamente inconstitucionais. 
 
Através do RE 19.799911.9 de 24/09/1996, o Supremo Tribunal Federal 
reduziu a amplitude do poder normativo da Justiça do Trabalho ao decidir 
que a Justiça do Trabalho 
 
 “(...) pode criar obrigações para as partes envolvidas no dissídio desde 
que atue no vazio deixado pelo legislador e não se sobreponha ou 
contrarie a legislação em vigor, sendo-lhe vedado estabelecer normas e 
condições vedadas pela Constituição ou dispor sobre matéria cuja 
disciplina seja reservada pela Constituição ao domínio da lei formal.” 
Segundo Vólia Bomfim Cassar, “Da forma como foi concebido até a EC nº 
45/2004 o poder normativo era a forma que o Judiciário dispunha de 
fazer, através dos julgamentos por equidade feitos nos dissídios coletivos 
de natureza econômica, o preenchimento da lacunas normativas, 
pacificando o conflito coletivo. 
 
Com o poder normativo, a Justiça do Trabalho pode completar ou 
suplementar o ordenamento jurídico, permitindo a adaptação das normas 
cogentes a peculiaridades regionais, empresariais ou profissionais, para 
adaptá-las aos métodos de trabalho. 
 
O Brasil é um país desigualmente desenvolvido convivendo com regiões 
desenvolvidas. 
A Emenda Constitucional n. 45/2004 
 
Alterou a redação do § 2º e acrescentou o § 3º ao art. 114 que passou a 
ter a seguinte redação: 
 
§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à 
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio 
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o 
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao 
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Inciso alterado 
pela Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004) 
 
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão 
do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar 
dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. 
(Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98 e 
alterado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004) 
 
A expressão “estabelecer normas e condições” foi retirada da relação. 
 
A intenção do projeto foi o de restringir o poder normativo da Justiça do 
Trabalho. 
 
Através da Emenda Constitucional 45/2004 foi incluída a exigência “de 
comum acordo” para o ajuizamento de dissídio de natureza econômica e 
foi e incluída a expressão “decidir o conflito”, no lugar de “estabelecer 
normas” de trabalho. 
 
Assim, criou um requisito de procedibilidade para o ajuizamento do 
dissídio de natureza econômica: concordância da parte dissidente. 
 
Com essa medida a ação coletiva de natureza econômica passou a ser 
bilateral, isto é, interposta de comum acordo. Esta exigência equiparou o 
procedimento a uma arbitragem judicial voluntária. 
Muitos entendem que a alteração foi salutar por eliminar o viés 
normativo-legislativo atípico do Judiciário e diminuir a intervenção estatal 
nas relações de trabalho, incentivando os agentes sociais à composição 
fora do judiciário. Alegam que partes se mostravam pouco dispostas à 
negociação, porque se acomodavam na solução paternalista da Justiça do 
Trabalho, enfraquecendo os sindicatos. 
 
Há quem entenda ainda pela total extinção do poder normativo em face 
da expressão “decidir”, ao invés da anterior, “estabelecer normas e 
condições” de trabalho. 
 
Há argumento de que o consentimentonão precisa ser prévio, e sim 
posterior à propositura da ação. Nesse sentido têm entendido os 
Tribunais. Desta forma, a parte insatisfeita com a recursa nas negociações 
coletivas ajuizaria o Dissídio Coletivo, facultando-se à outra, em 
contestação concordar ou não com a via acolhida para a solução do 
conflito coletivo. 
Há quem entenda ainda que o poder normativo foi extinto nos dissídios de 
natureza econômica bilaterais, mas continua nos casos de greve de 
serviços essenciais, quando uma das partes poderá, independentemente 
da vontade da outra, interpor a ação coletiva. A interpretação decorre do 
art. 114, § 3º. 
 
A última tese seria que a exigência de acordo para o ajuizamento de ação 
coletiva seria inconstitucional por ferir o art. 5º, XXXV da Constituição 
Federal. Pendente de ADIn. 
 
GREVE 
 
Greve: é a cessação coletiva e voluntária do trabalho, decidida por 
sindicatos de trabalhadores assalariados de modo a obter ou manter 
benefícios ou para protestar contra algo. 
 
 
A palavra “greve” vem do francês “grève”, com o mesmo sentido de que 
provem a “Place de Grève”, em París, na margem do rio Sena, lugar de 
embarque e desembarque de navios onde vários gravetos eram trazidos 
pelo rio Sena. O termo “grève” significa “terreno plano composto de 
cascalho ou areia a margem do mar ou do rio”. 
 
Na “Place de Grève” os trabalhadores se encontravam debatiam e 
deliberavam sobre os interesses do grupo. Alguns empregadores também 
compareciam quando queriam contratar trabalhadores. 
Histórico 
 
Nas civilizações antigas já se viam rebeliões de escravos e na idade média 
dos servos. 
 
A Revolução Francesa e Industrial propiciaram o nascimento das greves 
em face das revoltas originadas pelas condições desumanas em que eram 
executados os trabalhos. 
 
Lei Chapelier (1791) proibia qualquer forma de agrupamento profissional 
para defesa de interesses coletivos. 
 
Código Penal de Napoleão (1810) punia com prisão e multa greve dos 
trabalhadores. 
A Encíclica Rerum Novarum afirma o sindicalismo como forma de defesa 
contra a opressão do patrão. Entretanto se manifestou contra o direito de 
greve, eis que segundo o Papa Leão XIII, os grevistas eram elementos 
perniciosos que poderiam corromper os bons trabalhadores e ameaçar os 
patrões na perda de sua propriedade privada. 
 
 
O Tratado de Versailles, através da OIT pregava que o trabalho não e 
mercadoria e buscavam a valorização humana da pessoa do trabalhador. 
Brasil 
 
O Código Penal de 1890 proibia a greve. 
 
A Constituição Federal de 1934 proibiu a greve. 
 
A Constituição Federal de 1937, em seu art. 139, considerava a greve e o 
lockout como recursos antissociais, nocivos ao trabalho e ao capital e 
incompatível com os superiores interesses de produção nacional. 
 
O art. 723 da CLT (REVOGADO) previa sanções aos trabalhadores que 
abandonassem o serviço coletivamente sem prévia autorização do 
Tribunal. 
 
A Constituição Federal de 1946 reconheceu o direito de greve, conforme 
lei, mudando radicalmente o paradigma. 
A Constituição Federal 1967 previa o direito a greve aos trabalhadores, 
salvo nos serviços públicos e em atividades esseciais e a Emenda 
Constitucional 1969 manteve a mesma orientação. 
 
 A Constituição Federal de 1988 assegura o direito à greve. 
 Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores 
decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que 
devam por meio dele defender. 
 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o 
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. 
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. 
 
Lei 7.783/89 
Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores 
decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que 
devam por meio dele defender. 
Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida 
nesta Lei. 
 
Natureza jurídica 
Para Alice Monteiro de Barros trata-se de direito potestativo coletivo. 
 
Para Mauricio Godinho Delgado: greve “é um direito fundamental de 
caráter coletivo, resultante da autonomia privada coletiva inerente às 
sociedades democráticas”. Assim sua natureza jurídica seria de direito 
fundamental. 
 
Para Vólia Bomfim Cassar “é direito potestativo, porque exercido de 
acordo com a oportunidade e conveniência do grupo. Coletivo, pois, é no 
grupo que o exercício do direito de greve alcançará seu objetivo final. E 
um superdireito porque reconhecido constitucionalmente como direito 
fundamental. Portanto, greve é um direito potestativo fundamental 
coletivo.” 
 
Finalidade 
 
Instrumento de autotutela, demonstração de força, por instrumento de 
pressão e barganha para se obter um acordo favorável aos próprios 
interesses. 
 
Segundo Segadas Viana é uma demonstração de força e união da classe 
trabalhadora, de natureza violenta, mas controlada, “compreendida e 
consentida”. 
 
 
Justifica-se pela necessidade social de se balancear a questão da 
hipossuficiência tanto financeira quanto política dos trabalhadores em 
face do poder econômico do patrão (Vólia). 
Suspensão do contrato de trabalho 
Durante o período de greve os contratos de trabalho permanecem 
suspensos, isto é, seus efeitos ficam absolutamente paralisados. 
 
Lei 7.783/89 
Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em 
greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações 
obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, 
laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. 
 
Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a 
greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na 
ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14. 
 
 
Requisitos 
 
insatisfação 
provocação do sindicato 
convocação de assembleia 
deliberação (quórum) 
pauta de reivindicações 
tentativa de negociação diretamente com o patrão 
negociação frustrada 
nova assembleia 
deliberação pela greve 
comunicação no prazo legal ao sindicato da categoria econômica, ao 
empregador e à comunidade se for o caso 
greve. 
 
OJ 11 (SDC – TST) - Greve. Imprescindibilidade de tentativa direta e 
pacífica da solução do conflito. Etapa negocial prévia. (Inserida em 
27.03.1998) 
É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta 
e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto. 
 
Lei 7.783/89 
Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos 
via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho. 
Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores 
diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 
48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. 
 
Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades 
sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a 
decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 
(setenta e duas) horas da paralisação. 
 
Legitimidade 
O trabalhador é o titular do direito à greve. Ao trabalhador compete 
decidir sobre a oportunidade e conveniência e os interesses que, por meio 
da greve devem ser defendidos. 
O trabalhador não pode deflagrar greve diretamente, mas apenas através 
do sindicato, federação ou confederação. 
 
(CF) Art. 8º (...) 
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas 
de trabalho; 
 
Na falta de dessas entidades os trabalhadores poderão constituir comissão 
de negociação para prosseguimento do procedimento de negociação e 
greve se for o caso. 
Quanto as entidades representantes dos trabalhadores se recusam a 
assumir as negociações, entende-se que também é caso de comissão de 
trabalhadores negociarem. 
 
Lei 7.783/89 
 
Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do 
seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria 
e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestaçãode serviços. 
 
§ 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de 
convocação e o quorum para a deliberação, tanto da deflagração quanto 
da cessação da greve. 
 
§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembleia geral dos trabalhadores 
interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo 
comissão de negociação. 
 
Art. 617 (CLT) Os empregados de uma ou mais empresas que decidirem 
celebrar Acordo Coletivo de Trabalho com as respectivas empresas darão 
ciência de sua resolução, por escrito, ao Sindicato representativo da 
categoria profissional, que terá o prazo de 8 (oito) dias para assumir a 
direção dos entendimentos entre os interessados, devendo igual 
procedimento ser observado pelas empresas interessadas com relação ao 
Sindicato da respectiva categoria econômica. (Redação dada pelo Decreto-
lei nº 229, de 28-02-67, DOU 28-02-67) 
 
§ 1º - Expirado o prazo de 8 (oito) dias sem que o Sindicato tenha-se 
desincumbido do encargo recebido, poderão os interessados dar 
conhecimento do fato à Federação a que estiver vinculado o Sindicato e, 
em falta dessa, à correspondente Confederação, para que, no mesmo 
prazo, assuma a direção dos entendimentos. Esgotado esse prazo, 
poderão os interessados prosseguir diretamente na negociação coletiva 
até final. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28-02-67, DOU 28-02-
67) 
 
Restrições ao direito de greve 
 
A greve não é um direito ilimitado. 
 
As restrições encontram-se na Constituição Federal e na própria Lei 
7.783/89. 
 
(CF) Art. 9 (...) 
 
1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o 
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. 
 
Lei 7.783/89 
Art 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: 
 
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de 
energia elétrica, gás e combustíveis; 
II - assistência médica e hospitalar; 
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; 
IV - funerários; 
V - transporte coletivo; 
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; 
VII - telecomunicações; 
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e 
materiais nucleares; 
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; 
X - controle de tráfego aéreo; 
XI compensação bancária. 
 
Greve abusiva ou ilícita 
Greve a expressão ato ilegal e abusivo foram equiparados pelo art. 187 do 
Código Civil 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou 
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
 
Considera-se ato abusivo a ocupação ameaçadora de estabelecimentos, 
setores ou da empresa; sabotagem ou boicote aos serviços da empresa e 
associados; piquete obstativo ou depredatório do patrimônio do 
empregador, permanecer em greve depois do acordo, agressão contra 
colegas de trabalho ou superior hierárquico, desrespeitar prazos 
condições e regras determinadas pela Lei 7.783/89 
 
Lei 7.783/89 
Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas 
contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a 
celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. 
 
Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa 
não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: 
I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; 
II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento 
imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho 
 
 
1 - Acordo coletivo. Descumprimento. Existência de ação própria. 
Abusividade da greve deflagrada para substituí-la. (Inserida em 
27.03.1998. Cancelada - DJ 22.06.2004) 
O ordenamento legal vigente assegura a via da ação de cumprimento para 
as hipóteses de inobservância de norma coletiva em vigor, razão pela qual 
é abusivo o movimento grevista deflagrado em substituição ao meio 
pacífico próprio para a solução do conflito. 
 
 
10 - Greve abusiva não gera efeitos. (Inserida em 27.03.1998) 
É incompatível com a declaração de abusividade de movimento grevista o 
estabelecimento de quaisquer vantagens ou garantias a seus partícipes, 
que assumiram os riscos inerentes à utilização do instrumento de pressão 
máximo. 
 
11 - Greve. Imprescindibilidade de tentativa direta e pacífica da solução do 
conflito. Etapa negocial prévia. (Inserida em 27.03.1998) 
É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta 
e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto. 
 
38 - Greve. Serviços essenciais. Garantia das necessidades inadiáveis da 
população usuária. Fator determinante da qualificação jurídica do 
movimento. (Inserida em 07.12.1998) 
É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo 
essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das 
necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei 
nº 7.783/89. 
 
Greve dos servidores públicos 
 
Há restrição constitucional ao direito de greve do servidor público, eis que 
o art. 37, VI e VII da Constituição Federal determina que o direito de greve 
do servidor será exercido nos termos e definidos por lei específica 
(Emenda Constitucional 19/98). Essa norma é de eficácia limitada, então 
para o exercício de greve, havia dependência da existência da referida lei 
específica. 
 
Nos julgamentos de Mandado de Injunção nº 670/ES e nº 712/PA, o 
Supremo Tribunal Federal reconheceu expressamente o direito de greve 
do servidor público, sob o argumento de que a omissão legislativa (mais 
de 19 anos) não poderia impedir o exercício de um direito assegurado 
constitucionalmente. 
 
Assim, passou-se a aplicar ao servidor público a Lei 7.783/89, com as 
devidas adaptações. 
 
CONSTITUCIONAL. GARANTIA DA SEGURANÇA INTERNA, ORDEM PÚBLICA 
E PAZ SOCIAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DOS ART. 9º, § 1º, ART. 37, 
VII, E ART. 144, DA CF. VEDAÇÃO ABSOLUTA AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE 
GREVE AOS SERVIDORES PÚBLICOS INTEGRANTES DAS CARREIRAS DE 
SEGURANÇA PÚBLICA. 1.A atividade policial é carreira de Estado 
imprescindível a manutenção da normalidade democrática, sendo 
impossível sua complementação ou substituição pela atividade privada. A 
carreira policial é o braço armado do Estado, responsável pela garantia da 
segurança interna, ordem pública e paz social. E o Estado não faz greve. O 
Estado em greve é anárquico. A Constituição Federal não permite. 
2.Aparente colisão de direitos. Prevalência do interesse público e social na 
manutenção da segurança interna, da ordem pública e da paz social sobre 
o interesse individual de determinada categoria de servidores públicos. 
Impossibilidade absoluta do exercício do direito de greve às carreiras 
policiais. Interpretação teleológica do texto constitucional, em especial 
dos artigos 9º, § 1º, 37, VII e 144. 3.Recurso provido, com afirmação de 
tese de repercussão geral: “1 - O exercício do direito de greve, sob 
qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os 
servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. 
2 - É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada 
pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do 
art. 165 do Código de Processo Civil, para vocalização dos interesses da 
categoria. 
(STF - ARE: 654432 GO - GOIÁS, Relator: Min. EDSON FACHIN, Data de 
Julgamento: 05/04/2017, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-114 11-
06-2018)

Outros materiais