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Direito Coletivo e Direito Sindical Os autores que adotam a denominação “Direito Sindical” afirmam ser o sindicato a figura de maior destaque neste ramo do direito. Relações coletiva de trabalho não se restringem ao sindicato, assim parte da doutrina adota a expressão “Direito Coletivo do Trabalho”. Natureza jurídica e autonomia Direito Coletivo do Trabalho possui autonomia em relação aos demais ramos do direito, inclusive Direito do Trabalho (minoritaria). O Direito do Trabalho, como ramo dotado de autonomia científica, possui como um de seus setores o Direito Coletivo do Trabalho, com peculiaridades próprias, mas sem se desvincular do Direito do Trabalho. a) Não há autonomia jurisdicional, pois a Justiça do Trabalho decide tanto controvérsias envolvendo Direito Individual do Trabalho, quanto Direito Coletivo do Trabalho. b) a natureza jurídica do Direito Coletivo do Trabalho é de segmento ou setor do Direito do Trabalho, o qual possui autonomia científica. Conceito O Direito Coletivo do Trabalho pode ser conceituado como segmento do Direito do Trabalho que regula a organização sindical, a negociação coletiva e os instrumentos normativos decorrentes, a representação dos trabalhadores na empresa e a greve. (G.F.Barbosa). Para Maurício Godinho Delgado: Direito Coletivo do Trabalho é o conjunto de regras, princípios e institutos regulatórios das relações entre os seres coletivos trabalhistas: de um lado, os obreiros, representados pelas entidades sindicais, e, de outro, os seres coletivos empresariais, atuando quer isoladamente, quer através de seus sindicatos”, identificando, desde logo, os sindicatos e os próprios empregadores como sujeitos. (Adalberto Martins). ORIGEM E EVOLUÇÃO O Direito Coletivo do Trabalho surgiu após a Revolução Industrial do século XVIII; Desaparecimento das corporações de ofício; Surgimento da “chamada questão social”; É possível identificar três fases distintas do Direito Coletivo do Trabalho: a- a fase da proibição; b- a fase da tolerância; c- a fase do reconhecimento. Fase da proibição: França, por força da Lei Le Chapelier, de 1791, que proibia a coalização de trabalhadores; Revolução Francesa (1789); Código Penal de Napoleão (1810) que tipificou como crime a associação de trabalhadores, o que inviabilizava a organização sindical. Fase de tolerância: início no ano de 1824, na Grã-Bretanha, quando foram revogadas as leis que proibiam as associações de trabalhadores (seguido por outros países europeus e Estados Unidos da América). Fase de reconhecimento: Trade Unions Act (1871) na Inglaterra, Waldeck- Rousseau (1884) na França e ao Clayton Act (1914) nos Estados Unidos, à Constituição do México (1917) e à Constituição de Weimar, da Alemanha (1919), onde se verifica o reconhecimento do movimento sindical pelos Estados. Evolução no Brasil A Constituição imperial de 1824, no art. 179, inciso XXV, estabelecia a abolição das corporações de ofício. Instituições assistenciais: “Liga Operária de Socorros Mútuos”, “Liga de Resistência dos Trabalhadores em Madeira”, “Liga de Resistência das Costureiras”, no início do século XX. A Constituição 1891, art. 72, § 8º “A todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente e sem armas; não podendo intervir a polícia senão para manter a ordem pública”. Em 1907 surge o primeiro sindicato urbano, que criou sociedades corporativas, facultando a qualquer trabalhador, inclusive de profissões liberais, a associação a sindicatos, com objetivos de estudo e defesa dos interesses da sua profissão e de seus membros. O Decreto 19.770 de 19 de março de 1931, conhecido como a “Lei dos Sindicatos”, estabeleceu a distinção entre sindicato de empregados e sindicato de empregadores, exigindo o reconhecimento do Ministério do Trabalho para aquisição de personalidade jurídica, bem como instituiu o sindicato único para cada profissão da mesma região. A Constituição de 1937, seguindo o regime corporativista, previa no art. 138: “A associação profissional ou sindical é livre. Somente, porém, o sindicato regulamente reconhecido pelo Estado tem o direito de representação legal dos que participarem da categoria de produção para que foi constituído, e de defender-lhes os direitos perante o Estado e as outras associações profissionais, estipular contratos coletivos de trabalho obrigatórios para todos os seus associados, impor-lhes contribuições e exercer em relação a eles funções delegadas de Poder Público” PRINCÍPIOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO princípios próprios. 1- Liberdade sindical: a) veda a intervenção do Estado na criação ou funcionamento do sindicato; b) liberdade de fundação, organização, filiação, administração e atuação dos entes sindicais; A liberdade sindical é regulada pela Convenção 87 da OIT, embora ainda não ratificada pelo Brasil. Autonomia coletiva privada Trata-se do poder de que são titulares os atores sociais, inseridos nas relações coletivas, possibilitando a criação de normas que regulem os conflitos laborais, ao mesmos tempo em que estabelecem condições de trabalho (Gustavo Felipe Barbosa Garcia in Curso de Direito do Trabalho). O direito positivo não é de responsabilidade exclusiva do Estado. Os sindicatos negociam com a finalidade de criarem, alterarem ou suprimirem direitos trabalhistas normalmente de caráter privado, que irão vincular as partes atingidas pelo convênio resultante da negociação coletiva. (Vólia Bomfim Cassar in Direito do Trabalho). 3- Princípio da adequação setorial negociada Indica as possibilidades e os limites que devem ser observados pelas normas coletivas, decorrentes de negociação coletiva de trabalho. Referidos instrumentos coletivos podem estabelecer direitos mais benéficos aos empregados, conforme os princípio da norma mais favorável, adotado pelo art. 7º, caput, da Constituição Federal. O objetivo da negociação coletiva é o de adequar as relações trabalhistas à realidade enfrentada pelos interessados, que e modifica a cada dia, a depender da base territorial, empresa e época. Busca a harmonia temporária dos interesses antagônicos. O grupo deve avaliar, em cada caso, o quanto aquela coletividade deve ceder para não perder seus empregos ou ganhos de forma coletiva. As normas coletivas que atuam na relação trabalhista devam garantir equilíbrio entre empregador e empregado e salvaguardar garantias e direitos mínimos do trabalhador nas relações empregatícias. Art. 611 – A, § 2º da CLT: “A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negócio jurídico.” Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: - olhar a CLT Art 611 B – olhar a CLT Princípio da preponderância do interesse coletivo sobre o individual O interesse da maioria prevalece sobre o interesse da minoria. princípio da solidariedade social da coletividade conjugado com o da democracia interna, pois a solução é tomada no interesse do grupo de acordo como que lhe for, naquele momento melhor. A solução tomada em nome da coletividade e seus efeitos poderão repercutir no campo social, econômico e político do país. A negociação não se preocupa com o indivíduo e sim com a coletividade. Princípio da boa-fé entre os negociantes Os sindicatos devem agir no interesse da categoria e não no interesse próprio. O direito à informação deve ser garantido aos negociantes, para que os trabalhadores tenham a exata noção da contabilidade da empresa e os empregadores, dos reais problemas enfrentados pelos empregados. Princípio da intervenção obrigatória dos sindicatos Para a validade da negociação coletiva a lei (art. 8, III e VIda Constituição Federal c/c art. 611 da CLT) exige a intervenção obrigatória dos sindicatos, salvo rara exceções como nos casos de ausência de sindicato da categoria ou recursa nas negociações. ORGANIZAÇÃO SINDICAL NA CF DE 1988 A organização sindical estabelecida na Constituição Federal DE 1988 adota o princípio da liberdade sindical, com certas restrições. Art. 8º, inc. I da Constituição Federal: veda e interferência e intervenção do Estado na organização sindical. Art. 8º, inc. V da Constituição Federal: ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato. Sistema da unicidade sindical, art. 8º, inciso II: e vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa da categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores e empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um município. O sistema sindical é organizados em categorias, o que não afasta a presença de categorias diferenciadas (art. 511, § 3º da CLT). UNICIDADE SINDICAL e PLURALIDADE SINDICAL Unicidade sindical Sistema no qual a lei exige que apenas um ente sindical seja representativo de determinada categoria, em certo espaço territorial. Conceito de Wilson de Campos Batalha: “a unicidade sindical implica na existência de uma única entidade representativa da mesma categoria em determinada base territorial. Vantagem: possibilidade de união maciça de vontades e a maior coalizão e solidez dos interessados, tanto na tomada de deliberações como na colocação de reivindicações perante a categoria contraposta. Desvantagem: artificialismo da vontade dos atores sociais interessados, porquanto imposta por lei; o cerceamento do direito de liberdade na constituição de sindicatos, não restando opções para a criação de nova organização sindical; intervencionismo exacerbado por parte do Estado. Pluralidade sindical facultada a criação, simultânea ou não, numa mesma base territorial, de mais de um sindicato representativo de trabalhadores ou de empresários da mesma profissão. Desvantagem: dispersão da força do sindicato dificultando a ação eficaz e conjunta dos membros do grupo ou da categoria especialmente a profissional. O sistema brasileiro, ainda que seja de unicidade sindical, admite o desmembramento ou dissociação da categoria, dando origem a categoria específicas, seja quanto à atividade econômica, seja quanto à área territorial de atuação. SOLUÇÕES ADEQUADAS DE CONFLITOS: A palavra “conflito” vem do latim conflictus que significa lutar, combater, indicando posições antagônicas entre as partes. Conflito tem conotação de controvérsia, divergência. Podem ser individuais ou coletivo. Conflito coletivo de trabalho: Conflitos econômicos: quando versarem sobre salários e vantagens econômicas em sentido amplo. Conflitos sociais: quando tiverem por objeto medidas sociais para os trabalhadores. Conflitos jurídicos ou de direito: interpretação e/ou aplicação de normas jurídicas pré-existentes. As novas condições de vida, consistentes na globalização, processos tecnológicos, automação, expressiva competitividade do mercado, necessidade de redução dos custos, acarretam forte insatisfação social da classe trabalhadora e empresarial, desaguando em sucessivas batalhas em face dos interesses antagônicos. Nesse contexto, surge o conflito coletivo de trabalho, onde cada grupo pretende defender seus próprios interesses. Segundo Américo Plá Rodriguez, há seis formas básicas de solução dos conflitos coletivos: a) Ajuste direto: quando há o entendimento direto entre o patrão e os operários, sem a participação de terceiros, como ocorre com o acordo coletivo de trabalho. Investigação: as partes lançam mão de um perito para analisar e apresentar parecer técnico sobre a questão, de forma que as partes possam com justiça, fixar as novas condições de trabalho. Conciliação: pressupõe a participação de um terceiro na negociação coletiva, que pode ser um particular ou algum órgão do Estado. O terceiro tenta aproximar os pontos de vista das partes, na tentativa de buscar concessões mútuas para compor o litígio voluntariamente. d) Mediação: Intervenção de um terceiro que formula recomendações, conselhos e faz indicações das melhores soluções, sempre na tentativa de ajudar a partes a resolverem voluntariamente o conflito. e) Arbitragem: as partes convencionam submeter o litígio à solução de um terceiro por elas eleito. Este árbitro formulará laudo que será respeitado pelas partes. O árbitro pode ser técnico, perito o leigo e a arbitragem pode ser jurídica ou por equidade. f) Decisão judicial ou jurisdição: é a submissão do litígio à jurisdição estatal que solucionará o conflito através de uma sentença coletiva (sentença normativa). Outras forma de divisão: Autodefesa: greve, lockout, boicotagem, sabotagem, piquetes obstativos. Com essas medidas a parte tenta impor, pela força, seu ponto de vista, sua reivindicação. Autocomposição: forma de composição voluntária, onde as partes fazem concessões recíprocas, mesmo que sob a intervenção de um terceiro (conciliação ou mediação). Heterocomposição: é a solução obtida pela imposição de terceiro estranho à relação (arbitragem ou decisão judicial). AUTODEFESA OU AUTOTUTELA Nas fases primitivas da civilização a autotutela se dava quando aquele que pretendia alguma coisa de outrem o impedia de obtê-la e, para tanto, utilizava da própria força e, por si mesmo, obtinha a satisfação de sua pretensão. Vencia o mais forte. Traços característicos da autotutela: ausência de juiz distinto das partes; imposição da decisão por uma das partes à outra. Espécies de autotutela: Sabotagem: à a destruição ou deterioração sorrateira dos produtos, das mercadorias, da matéria prima ou dos instrumentos de trabalho. Pode vir com a greve ou não. Atualmente é usada através da “greve tartaruga”. Dependendo do ato praticado pode configurar crime contra o patrimônio do empregador. Picketing: impedimento por parte de grevistas de que outros trabalhadores assumam seus postos de trabalho no dia de greve. Visam a impedir ação de outros trabalhadores que tentam furar a greve. É considerado recurso antissocial: impede direito de ir e vir, enseja justa causa. Boicotagem: é ato de difamação de uma pessoa para impedir que outras celebrem contrato ou estabeleçam relações com ela. Sujeita a penalidades legais criminais e justa causa. d) Greve: é a suspensão total ou parcial de trabalho, de forma pacífica e temporária. Finalidade de reivindicar melhoria de condições de trabalho. Deve respeitar procedimentos legais. Lei 7.783/89. A greve é reconhecida pela Constituição Federal art. 9º. e) Lockout: é uma espécie de greve patronal. Fechamento da empresa para impedir o trabalho de seus empregados. Finalidade é a de inibir e impedir o trabalho de seus empregados. Muitas vezes a finalidade é impedir a reunião de trabalhadores. É proibido por lei: art. 722 da CLT c/c art. 17 da Lei 7.783/89. Segundo Maurício Godinho Delgado: “Locaute é a paralisação provisória das atividades da empresa, estabelecimento ou seu setor, realizada por determinação empresarial, com o objetivo de exercer pressões sobre os trabalhadores, frustrando negociação coletiva ou dificultando o atendimento e reivindicações coletivas obreiras.” AUTOCOMPOSIÇÃO Ocorre quando as partes ou uma delas abrem mão do interesse ou parte deles para chegarem a uma solução. São três as formas de autocomposição: Desistência: renúncia à pretensão; Submissão: renúncia à resistência oferecida à pretensão; Transação: concessões recíprocas. Há divergência na doutrina quanto à autocomposição e a participação de um terceiro. Para alguns, só é autocomposição se não houver participação de terceiros, ou seja, as partes chegam à solução dos conflitos por si mesmas.Para outros, há autocomposição mesmo quando há inclusão de um conciliador ou mediador. – entendimento majoritário Mediação Na mediação, existe proposta de terceiro, mas as partes não estão obrigadas a aceitar. Embora haja entendimento de que a mediação é uma forma de autocomposição, trata-se na verdade de heterocomposição. BUSCAR CONCEITO A mediação pode ocorrer no âmbito da Delegacia Regional do Trabalho, atualmente Superintendência Regional do Trabalho), podendo ser realizada também pelo Ministério Público do Trabalho. A Lei 10.101/2000, prevê que a participação nos lucros e resultados pode ser fixada por meio de mediação. O Ato 168/2016 da Presidência do TST instituiu procedimento de mediação e conciliação pré-processual em dissídio coletivo a ser conduzido e processado no âmbito da Vice-Presidência do Tribunal Superior do Trabalho. Art. 1º Fica instituído por meio do presente ato o procedimento de mediação e conciliação pré-processual em dissídios coletivos, a ser conduzido e processado no âmbito da Vice-Presidência do Tribunal Superior do Trabalho. Art. 5º Recebido o pedido de mediação e conciliação pré-processual, a Vice-Presidência do Tribunal poderá designar audiência e encaminhar o feito à Secretaria-Geral Judiciária, que providenciará a notificação das partes acerca do dia, hora e local da audiência de mediação, conforme pauta previamente estabelecida. § 1º As audiências de conciliação serão realizadas na sede do Tribunal Superior do Trabalho, sob a condução do Ministro Vice-Presidente do Tribunal. HETEROCOMPOSIÇÃO A heterocomposição caracteriza-se pela intervenção de um terceiro na disputa entre dois ou mais sujeitos, podendo decidir a questão ou aconselhar as partes para que cheguem a uma solução. As principais espécies de heterocomposição são: Arbitragem Conciliação Mediação Arbitragem A arbitragem é tratada pela Lei 9.307/96: importante instrumento para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponível entre pessoas capazes. Art. 1º Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. Os árbitros são escolhidos pelas partes sempre em número ímpar e fazem papel de juiz de direito e de fato. A sentença que proferir tem a mesma força de um título executivo judicial e tem requisitos similares ao da sentença judicial (relatório, fundamentação, dispositivo). Apesar de fazer coisa julgada, a sentença arbitral não pode ser desconstituída por ação rescisórias, mas sim por ação anulatória (art. 33 da Lei 9.307/96). A arbitragem é forma alternativa de solução de conflitos de interesses onde estes são resolvidos pela participação de uma terceira pessoa, qual seja, o árbitro, tendo sido esta modalidade de resolução e solução de conflito pactuada pelas próprias partes, através da confecção de uma cláusula compromissória ou do compromisso arbitral, onde voluntariamente, os contratantes avençam que eventual conflito entre os mesmos deverá ser solucionado através da arbitragem, desde que os direitos em jogo sejam patrimoniais e disponíveis. Cláusula compromissória: é um pacto em que se estabelece que, na eventualidade de uma divergência futura entre os interessados na execução do negócio principal, estes deverão lançar mão do juízo arbitral. A cláusula compromissória transfere a solução de futuros e eventuais conflitos para a arbitragem, logo, é feita antes da existência da lide, enquanto no compromisso arbitral as partes submetem a lide (o conflito) atual ao julgamento do árbitro, logo o compromisso é ajustado durante a controvérsia. Compromisso arbitral: é o acordo bilateral em que as partes interessadas submetem suas controvérsias jurídicas à decisão de árbitros, comprometendo-se a acatar a decisão. Pode ser judicial ou extrajudicial. Em se tratando de opção feita pelas partes, a exclusão da lide da apreciação do Poder Judiciário não afronta a garantia de acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV da Constituição Federal). Em se tratando de arbitragem obrigatória, há inconstitucionalidade, eis que estaria impondo a alguém a submissão prévia da lide a um meio de solução extrajudicial não escolhido pelas partes. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA Instituída pela Lei 9.958/2000. Veio como tentativa de descongestionar o Poder Judiciário Trabalhista. A doutrina majoritária entendeu como meio de impedir o acesso à justiça do trabalhador, configurando flagrante ofensa ao art. 5º, XXXV da Constituição Federal. O Supremo Tribunal Federal Entendeu que sendo facultativa a instituição das CCPs a propositura de ação trabalhista perante a Justiça do Trabalho independe de prévia passagem pelas referidas comissões. Art. 625-A - As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho. Parágrafo único - As Comissões referidas no caput deste artigo poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical. Art. 625-D - Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria. (vide ADI nº 2139) Decisão Final ADI 2139 A Comissão de Conciliação Prévia constitui meio legítimo, mas não obrigatório de solução de conflitos, permanecendo o acesso à justiça resguardado para todos os que venham a ajuizar demanda diretamente ao órgão judiciário competente. SÚMULA Nº 2 TRT 2ª REGIÃO COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EXTINÇÃO DE PROCESSO. (RA nº 08/2002 - DJE 12/11/02, 19/11/2002, 10/12/2002 e 13/12/2002) O comparecimento perante a Comissão de Conciliação Prévia é uma faculdade assegurada ao obreiro, objetivando a obtenção de um título executivo extrajudicial, conforme previsto pelo artigo 625-E, parágrafo único da CLT, mas não constitui condição da ação, nem tampouco pressuposto processual na reclamatória trabalhista, diante do comando emergente do artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal. Art. 625-E - Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia às partes.(vide ADI nº 2139) Parágrafo único - O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas. Art. 625-B (...) § 1º - É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei. § 2º - O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade. SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO Constituição Federal – CAP. VI O conceito fundamental de meio ambiente é extraído do art. 225 da Constituição Federal: Art. 225. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.” O estudo do meio ambiente do trabalho envolve considerar as seguintes normas constitucionais: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III – dignidade da pessoa humana; IV – valor social do trabalho e da livre iniciativa; Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Artigo alterado pela Emenda Constitucional nº 90, de 15/09/2015 - DOU 16/09/2015) Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) Bem como os Tratados Internacionais: Convenções da OIT. Convenção 148. Contaminação do Ar, Ruídos e Vibrações; Convenção 155. Segurança e Saúde dos Trabalhadores; Convenção 161. Serviços de Saúde no Trabalho; Convenção 170. Segurança no Trabalho com produtos químicos. As normas relativas à segurança e medicina do trabalho: CLT, Título II, Capítulo V (art. 154 a 223) Lei 6.514/977 e Portaria 3.214/78 e respectivas Normas Regulamentares Tratados internacionais A concepção moderna de meio ambiente do trabalho está relacionada com os direitos humanos, notadamente direito à vida, à segurança e à saúde, que são corolários dos princípios da dignidade da pessoa humana, superando a doutrina quanto à estrita observância de normas técnicas expedidas pelo antigo Ministério do Trabalho INSALUBRIDADE O Decreto 1.313/1891 - primeira norma estatal de caráter tutelar trabalhista. - Proibiu o trabalho de menores de 18 anos em depósitos de carvão, fábrica de ácidos, de algodão-pólvora, de nitroglicerina, de fulminatos de manipulações diretas de fumo, chumbo e fósforo, tarefas conhecidas como insalubre e/ou perigosas. Constituição Federal de 1934: foi a primeira a externar preocupação com o trabalho de menores e proibiu o trabalho de menores de 18 anos em “indústrias insalubres”. A definição de atividade insalubre pode ser encontrada no art. 189 da CLT: - Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos “O trabalho insalubre é aquele que afeta ou causa danos à saúde, provoca doenças, ou seja é o trabalho não salubre, não saudável. Muitas enfermidades estão diretamente relacionadas e outras são agravadas pela profissão do trabalhador ou as condições em que o serviço é prestado, o que possibilita o nexo causal entre o trabalho e doenças” Sebastião Geraldo de Oliveira in Proteção jurídica à saúde do Trabalhador. Enquadramento: inclusão no quadro de atividades e operações insalubres do Ministério do Trabalho Avaliação quantitativa e qualitativa dos riscos inerentes à atividade, nos termos da NR 15 e seus 14 anexos, da Portaria 3.214/1978. Avaliação quantitativa: limites de tolerância. A NR 15 estabelece que o limite de tolerância é “a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral” Avaliação qualitativa: disciplinadas nos Anexos 7, 8, 9 e 10 da NR 15, segundo os quais a insalubridade é comprovada mediante inspeção realizada pelo perito no local de trabalho, e não foram fixados limites de segurança. Agente agressivo exposição (Portaria 3.211/89): - permanente - intermitente - eventual eventualidade afasta a caracterização da insalubridade. Art. 194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. Há situações em que a insalubridade é inerente à própria atividade, independentemente da avaliação qualitativa ou quantitativa. Exemplos: Atividades hiperbáricas (trabalho sob ar comprimido), túnel de ar comprimido; com contato com agentes químicos (arsênio, carvão, chumbo, cromo, fósforo, mercúrio, silicatos, substâncias cancerígenas, hidrocarbonetos; trabalho em hospitais, ambulatórios, postos de vacinação). Os serviços cujo risco é inerente à função jamais poderá ser realizado por menores de 18 anos. Súmula n. 460 do STF: “para efeito de adicional de insalubridade, a perícia judicial, em reclamação trabalhista, não dispensa o enquadramento da atividade entre as insalubres, que é ato de competência do Ministério do Trabalho e Previdência Social”, atual Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia. Ou seja: não serão consideradas atividades insalubres as atividades que não estiverem mencionadas nos anexos da NR – 15, da Portaria 3.214/1978. A NR- 15 relaciona os agentes insalubres que podem ser divididos em 3 blocos: Agente físicos: ruído, calor, radiações, frio, vibrações, umidade; Agentes químicos: poeira, gases, vapores, névoas e fumo; Agentes biológicos: micro-organismos, vírus e bactérias. Art. 192 da CLT: 40% (quarenta por cento do salário mínimo) – grau máximo 20% (vinte por cento do salário mínimo) – grau médio 10% (dez por cento do salário mínimo) – grau mínimo Súmula Vinculante n. 4 - Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. (Divulgada em 08/05/2008 e publicada no DJe do STF de 09/05/2008) MONETIZAÇÃO Com relação aos menores, impõe-se observar a relação de atividades de que trata o art. 405, I da CLT e que deve ser revista bienalmente, a teor do art. 441 da CLT. ART 394 A – OLHAR CLT O agente atua instantaneamente! Efeitos danosos imediatos (perda de membro, lesão, morte). Lei 2.573/1955 contemplou empregados que trabalhavam em contato permanente com inflamáveis. E explosivos? Lei 5.880/1973 – Explosivos. Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas inflamáveis, explosivos ou energia elétrica roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial (Lei 12.470/2012) São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta (Lei 12.997/2014) Portaria 458/2018 anula a portaria que anulava os efeitos da Portaria 1565/2014 Radiações ionizantes § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido Art. 194 - o direito ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessa com a eliminação do risco A regulamentação das condições de periculosidade em face do explosivos e inflamáveis encontram-se nos Anexos 1 e 2 da NR 16 da Portaria 3.214/78. Portaria 3.393/1987, posteriormente substituída pela Portaria GM/TEM 518/2003 MENORES E AGENTES NOCIVOS A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a proibir trabalho periculoso aos menores, antes disso a lei apenas proibia o trabalho nas “industrias insalubres”. XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. O art.405, I da CLT dispõe que : Art. 405 - Ao menor não será permitido o trabalho: I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres, constantes de quadro para esse fim aprovado pela Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho; Na verdade, as atividades consideradas insalubres ou perigosas ao menos de 18 anos são aquelas que integram as piores formas de trabalho infantil, conforme previstas na Convenção 182 da OIT. todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, tais como a venda e tráfico de crianças, a servidão por dívida e a condição de servo, e o trabalho forçado ou obrigatório de crianças para serem utilizadas em conflitos armados: b) a utilização, o recrutamento ou a oferta de crianças para a prostituição, a produção de pornografia ou atuações pornográficas; c) a utilização, recrutamento ou a oferta de crianças para a realização de atividades ilícitas, em particular a produção e o tráfico de entorpecentes, tais como definidos nos tratados internacionais pertinentes e; d) o trabalho que, por sua natureza ou pelas condições em que é realizado, e suscetível de prejudicar a saúde, a segurança ou a moral das crianças. O art. 193, § 2º dispõe que “O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido.” art. 5º, § 2º da Constituição Federal: os direitos e garantias expressos na Constituição Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adorados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. A Convenção 155 da OIT, segurança e saúde dos trabalhadores e do meio ambiente de trabalho de 1981 prevê que devem ser levados em consideração os riscos para a saúde decorrentes da exposição simultânea a diversas substâncias ou agentes. Ou seja, as normas internacionais admitem recebimento simultâneo dos adicionais de insalubridade e periculosidade. Súmula 191 - Adicional de periculosidade. Incidência. Base de cálculo. (Res. 13/1983, DJ 09.11.1983. Nova redação - Res. nº 121/2003, DJ 19.11.2003 - Redação alterada pela Res. nº 214/2016, DeJT 30/11/2016. Cancelada a parte final da antiga redação e inseridos o itens II e III) I – O adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário básico e não sobre este acrescido de outros adicionais. II – O adicional de periculosidade do empregado eletricitário, contratado sob a égide da Lei nº 7.369/1985, deve ser calculado sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial. Não é válida norma coletiva mediante a qual se determina a incidência do referido adicional sobre o salário básico. III - A alteração da base de cálculo do adicional de periculosidade do eletricitário promovida pela Lei nº 12.740/2012 atinge somente contrato de trabalho firmado a partir de sua vigência, de modo que, nesse caso, o cálculo será realizado exclusivamente sobre o salário básico, conforme determina o § 1º do art. 193 da CLT. Nos termos do art. 19 da Lei 8.213/91, considera-se que acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Consideram-se acidente do trabalho , as seguintes entidades mórbidas (art. 20) I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. § 1º Não são consideradas como doença do trabalho: a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; c) a que não produza incapacidade laborativa; d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. § 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. O art. 21: Acidente de trabalho por equiparação: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (Revogado pela Medida Provisória nº 905, de 2019) § 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. § 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior. Questões: Quais as hipóteses previstas para o pagamento de adicional de periculosidade? Quais os valores pagos quando fica caracterizada a insalubridade? Hipóteses e base de cálculo. Em quais hipótese a mulher pode trabalhar em atividade insalubre? Quais as normas que disciplinam o trabalho do menor, no que se refere ao trabalho em condições insalubres ou perigosas? O que se considera acidente de trabalho? Sílvio é empregado da sociedade empresária Onda Azul Ltda. e, em determinado dia, no horário de almoço, ao se dirigir a um restaurante para fazer sua refeição, foi atropelado por um veículo, sofrendo lesões que o afastaram do serviço por 30 dias, inclusive com recebimento de benefício previdenciário. Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. A O fato não caracteriza acidente do trabalho, porque não aconteceu na empresa nem em deslocamento a serviço. B O fato caracteriza acidente do trabalho, e, ao retornar, Sílvio tem garantia no emprego de 12 meses. C A Lei é omissa a respeito, daí porque caberá ao juiz, no caso concreto, dizer se o evento foi acidente de trabalho. D A empresa será obrigada a ressarcir o empregado, porque tem o dever de fornecer alimentação. NEGOCIAÇÃO COLETIVA Conceito de negociação: forma primária de um interessado obter daquele que tem interesse contraposto umasolução que atenda aos dois. As partes buscam aproximar seus entendimentos, discutindo e rediscutindo o assunto, sempre com a finalidade de resolver as questões. (Vólia Bomfim Cassar). A negociação é, portanto, o conjunto de técnicas que leva as partes a uma solução pacífica, normalmente transacionada. A negociação coletiva tem como função; criação; modificação; supressão de condições de trabalho; função normativa ou flexibilizadora; composição de conflitos. Tem função política, econômica e social. Função política: é forma de diálogo entre grupos antagônicos, capazes de desequilibrar a estrutura política em que o Estado se desenvolve. O Estado tem interesse que a luta de classes se resolva pacificamente e com isso valoriza as ações destes interlocutores sociais quando espontaneamente resolvem o conflito. Função econômica: através da normas são distribuídas riquezas que ordenam a economia. Pode também ter caráter de concessões quando há necessidade de adaptação ao quadro social da empresa à realidade socioeconômica do país, reduzindo custos operacionais e funcionais para sua sobrevivência (redução de salário e flexibilização). Função social: caracterizada pela participação dos trabalhadores nas decisões empresariais, seja para harmonia do ambiente social de trabalho seja para a criação de novas e boas condições de trabalho, o que resolve inúmeras questões sociais. Negociação coletiva e princípio da legalidade O art. 611 – A da CLT, dispõe que a convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando entre outros, dispuserem sobre as matérias exemplificativamente arroladas em seus incisos. Art. 8º, inc. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; A depender da negociação, a norma feriria o princípio da legalidade, quando o acordo ou convenção afrontarem normas legais imperativas eliminando ou reduzindo direitos trabalhistas de ordem pública. Negociação coletiva e princípio da proteção A exigência de aplicação da norma mais favorável ao empregado, na verdade, decorre do princípio da proteção, inerente ao Direito do Trabalho. O princípio da proteção engloba três vertentes: in dubio pro operario aplicação da norma mais favorável condição mais benéfica Assim, apenas nas situações especificamente excepcionadas na Constituição Federal (art. 7º, incisos VI, XIII e XIV) é que se pode admitir a flexibilização in pejus, possibilitando a aplicação das regras menos benéficas ao trabalhador. Mesmo nesse caso, exige-se que a medida seja justificada e demonstrada a sua adequação à proteção do trabalhador, notadamente do emprego, em que pese o disposto no art. 611, § 2º da CLT, segundo o qual: § 2° A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negócio jurídico. Procedimento da negociação coletiva Sindicatos e empresas, inclusive as que não tenham representação sindical, quando provocadas, não podem se recusar à negociação coletiva, na forma do art. 616 da CLT. Art. 616 - Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou profissionais e as empresas, inclusive as que não tenham representação sindical, quando provocados, não podem recusar-se à negociação coletiva. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28-02-67, DOU 28-02-67) O procedimento da negociação coletiva é disciplinado pela CLT da seguinte forma: Em caso de acordo coletivo, o primeiro passo é a provocação de uma das partes, por insatisfeita, reivindicando vantagens para o grupo; Notificação do sindicato que terá oito dias para dizer se assume ou não a negociação (art. 617 da CLT); Para todos os casos: assembleia sindical, devidamente convocada, para autorizar a diretoria a iniciar as negociações (art. 612 da CLT); d. notificação da parte contrária para iniciar os debates e discussões a respeito das propostas; e. a parte contrária é obrigada a negociar (art. 616 CLT), sob pena de um terceiro intervir nas negociações; f. chegando a parte a um consenso, será reduzida a termo uma minuta das cláusulas negociadas (art. 613 da CLT); g. nova assembleia para aprovação das cláusulas ajustadas; h. o documento final é redigido com todo os requisitos contidos nos art. 613 e 614 da CLT; i. depósito do documento no Departamento Nacional do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho nos demais casos, no prazo de oito dias de sua assinatura (art. 614 da CLT); j. publicidade da norma coletiva, de forma visível, na sede dos sindicatos e das empresas, dentro de cinco dias do depósito; k. início da vigência três dias após o depósito. Convenção e acordo coletivo de trabalho Acordo coletivo de trabalho é o negócio jurídico extrajudicial efetuado entre sindicato dos empregados e uma ou mais empresas, onde se estabelecem condições de trabalho, obrigando as partes acordantes dentro do período de vigência predeterminado e na base territorial da categoria – Art. 611, § 1º da CLT. São comandos abstratos, gerais, impessoais, em face disso, convenção coletiva de trabalho (CCT) e acordo coletivo de trabalho (ACT) se assemelham à lei. Segundo Carnelutti esses instrumentos normativos tem corpo de contrato e alma de lei. Art. 611, § 1º - É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 2.693, de 23/12/55, DOU 29/12/55 e alterado pelo Decreto-lei nº 229, de 28/02/67, DOU 28/02/67). Convenção coletiva de trabalho é um negócio jurídico extrajudicial pactuado entre o sindicato dos empregados e o sindicado dos empregadores, estabelecendo condições de trabalho para toda a categoria. Também tem vigência temporária e aplicação apenas na base territorial dos respectivos sindicatos – art. 611, caput da CLT. Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais do trabalho. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28-02- 67, DOU 28-02-67) De acordo com o art. 614, § 3º da CLT, o prazo de duração do acordo e da convenção coletiva de trabalho será de 2 (dois) anos. Tem direito de negociar coletivamente: trabalhadores urbanos, rurais e avulsos. A Emenda Constitucional 72/2013 estendeu aos empregados domésticos as convenções e os acordos coletivos. Prorrogação, revisão, denúncia e revogação Art. 615 - O processo de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação total ou parcial de Convenção ou Acordo ficará subordinado, em qualquer caso, à aprovação de Assembleia Geral dos Sindicatos convenentes ou partes acordantes, com observância do disposto no art. 612. Prorrogação: é o processo pelo qual o prazo de vigência da convenção ou do acordo coletivo é estendido, mantendo as mesmas condições da norma prorrogada. § 3° Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade. (Parágrafo alterado pela Lei n° 13.467/2017 - DOU 14/07/2017). Revisão: é o processo em que os interessados pactuam a alteração total ou parcial da norma coletiva ainda durante sua vigência. Pode ser para conceder condições mais favoráveis ou não. Denúncia: ocorre quando uma das parte notifica a outra deque não vai mais cumprir a norma coletiva. Só extinguirá a obrigação de cumprimento da norma coletiva se a outra parte concordar com a denúncia. Segundo Amauri Mascaro Nascimento, se a outra parte não concordar com a denúncia, os efeitos são suspensivos até as parte renegociarem, sob pena de o conflito ser decidido por um terceiro (mediador, arbitragem, conciliador ou jurisdição). Revogação: ocorre quando as partes, de comum acordo, decidem desfazer total ou parcialmente o ajustado na norma coletiva. Enquanto a denúncia é unilateral, a revogação é bilateral. Efeito das cláusulas coletivas sobre os contratos de trabalho As cláusulas coletivas aplicam-se a todos os membros da categoria, associados e não associados - art. 611 da CLT. Enquanto vigentes, as partes estão obrigadas da cumpri-las. Após o término de vigência dos instrumentos normativos, os empregadores estão obrigados a cumpri-las? Art. 614 (...) § 3° Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade. (Parágrafo alterado pela Lei n° 13.467/2017 - DOU 14/07/2017) Maurício Godinho denomina de “tese da aderência limitada pelo prazo”, segundo a qual, extinta a vigência da norma coletiva, os empregadores poderão suprimir as benesses concedidas Conflito entre acordo e convenção coletiva de trabalho Antes da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), havendo conflito entre acordo coletivo e convenção coletiva de trabalho deveria ser aplicada a norma mais favorável ao trabalhador. Após a Lei 13.467/2017, o art. 620 da CLT foi alterado expressamente para determinar expressamente a prevalência do acordo coletivo de trabalho sobre a convenção coletiva: Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. (Artigo alterado pela Lei n° 13.467/2017 - DOU 14/07/2017) Trata-se de exceção ao princípio da prevalência do princípio da norma mais favorável. Demonstra a intenção flexibilizadora do legislador. Dissídio coletivo e greve Poder normativo da Justiça do Trabalho Montesquieu: Funções estatais de cada um dos três poderes: Legislativo: poder de legislar Executivo: chefia do governo e prática de atos de administração Judiciário: atuação no caso concreto: julgar A Constituição Federal, para que cada poder possa de fato funcionar, destinou a eles funções atípicas, cabendo a cada um deles também poderes de poderes de legislar, administrar e julgar. Poder Normativo da Justiça do Trabalho: consiste na competência legislativa conferida constitucionalmente para a solução dos conflitos coletivos de trabalho. A primeira Carta Política que conferiu esse poder à Justiça do Trabalho foi a de 1946, a qual no seu art. 123, § 2º estabelecia que: A lei especificará os casos em que as decisões, nos dissídios coletivos, poderão estabelecer normas e condições de trabalho. A mesma redação se manteve nas Constituições de 1967 e de 1969 (Emenda à Constituição). Corporativismo de origem italiana: fundamento na colaboração e não na luta de classes para o desenvolvimento do Estado. Assim, também na Itália, nas relações trabalhistas, a solução do conflito coletivo se dava através do Poder Judiciário, o qual passou a ser fundamental para harmonizar capital e trabalho, de forma que o trabalhador pudesse ser inserido como fator essencial ao desenvolvimento da empresa. O Brasil se inspirou na Carta del Lavoro (italiana 1927). A Constituição Federal de 1988 manteve o Poder Normativo da Justiça do Trabalho: Art. 114, § 2ª: Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção do trabalho. (grifo nosso). (ANTIGA REDAÇÃO) Os Tribunais confirmaram a manutenção desse poder, mas limitou às questões não julgadas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal – A Sumula 190 do TST dispõe: 190 - Poder normativo do TST. Condições de trabalho. Inconstitucionalidade. Decisões contrárias ao STF (Res. 12/1983, DJ 09.11.1983) Ao julgar ou homologar ação coletiva ou acordo nela havido, o Tribunal Superior do Trabalho exerce o poder normativo constitucional, não podendo criar ou homologar condições de trabalho que o Supremo Tribunal Federal julgue iterativamente inconstitucionais. Através do RE 19.799911.9 de 24/09/1996, o Supremo Tribunal Federal reduziu a amplitude do poder normativo da Justiça do Trabalho ao decidir que a Justiça do Trabalho “(...) pode criar obrigações para as partes envolvidas no dissídio desde que atue no vazio deixado pelo legislador e não se sobreponha ou contrarie a legislação em vigor, sendo-lhe vedado estabelecer normas e condições vedadas pela Constituição ou dispor sobre matéria cuja disciplina seja reservada pela Constituição ao domínio da lei formal.” Segundo Vólia Bomfim Cassar, “Da forma como foi concebido até a EC nº 45/2004 o poder normativo era a forma que o Judiciário dispunha de fazer, através dos julgamentos por equidade feitos nos dissídios coletivos de natureza econômica, o preenchimento da lacunas normativas, pacificando o conflito coletivo. Com o poder normativo, a Justiça do Trabalho pode completar ou suplementar o ordenamento jurídico, permitindo a adaptação das normas cogentes a peculiaridades regionais, empresariais ou profissionais, para adaptá-las aos métodos de trabalho. O Brasil é um país desigualmente desenvolvido convivendo com regiões desenvolvidas. A Emenda Constitucional n. 45/2004 Alterou a redação do § 2º e acrescentou o § 3º ao art. 114 que passou a ter a seguinte redação: § 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Inciso alterado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004) § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98 e alterado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004) A expressão “estabelecer normas e condições” foi retirada da relação. A intenção do projeto foi o de restringir o poder normativo da Justiça do Trabalho. Através da Emenda Constitucional 45/2004 foi incluída a exigência “de comum acordo” para o ajuizamento de dissídio de natureza econômica e foi e incluída a expressão “decidir o conflito”, no lugar de “estabelecer normas” de trabalho. Assim, criou um requisito de procedibilidade para o ajuizamento do dissídio de natureza econômica: concordância da parte dissidente. Com essa medida a ação coletiva de natureza econômica passou a ser bilateral, isto é, interposta de comum acordo. Esta exigência equiparou o procedimento a uma arbitragem judicial voluntária. Muitos entendem que a alteração foi salutar por eliminar o viés normativo-legislativo atípico do Judiciário e diminuir a intervenção estatal nas relações de trabalho, incentivando os agentes sociais à composição fora do judiciário. Alegam que partes se mostravam pouco dispostas à negociação, porque se acomodavam na solução paternalista da Justiça do Trabalho, enfraquecendo os sindicatos. Há quem entenda ainda pela total extinção do poder normativo em face da expressão “decidir”, ao invés da anterior, “estabelecer normas e condições” de trabalho. Há argumento de que o consentimentonão precisa ser prévio, e sim posterior à propositura da ação. Nesse sentido têm entendido os Tribunais. Desta forma, a parte insatisfeita com a recursa nas negociações coletivas ajuizaria o Dissídio Coletivo, facultando-se à outra, em contestação concordar ou não com a via acolhida para a solução do conflito coletivo. Há quem entenda ainda que o poder normativo foi extinto nos dissídios de natureza econômica bilaterais, mas continua nos casos de greve de serviços essenciais, quando uma das partes poderá, independentemente da vontade da outra, interpor a ação coletiva. A interpretação decorre do art. 114, § 3º. A última tese seria que a exigência de acordo para o ajuizamento de ação coletiva seria inconstitucional por ferir o art. 5º, XXXV da Constituição Federal. Pendente de ADIn. GREVE Greve: é a cessação coletiva e voluntária do trabalho, decidida por sindicatos de trabalhadores assalariados de modo a obter ou manter benefícios ou para protestar contra algo. A palavra “greve” vem do francês “grève”, com o mesmo sentido de que provem a “Place de Grève”, em París, na margem do rio Sena, lugar de embarque e desembarque de navios onde vários gravetos eram trazidos pelo rio Sena. O termo “grève” significa “terreno plano composto de cascalho ou areia a margem do mar ou do rio”. Na “Place de Grève” os trabalhadores se encontravam debatiam e deliberavam sobre os interesses do grupo. Alguns empregadores também compareciam quando queriam contratar trabalhadores. Histórico Nas civilizações antigas já se viam rebeliões de escravos e na idade média dos servos. A Revolução Francesa e Industrial propiciaram o nascimento das greves em face das revoltas originadas pelas condições desumanas em que eram executados os trabalhos. Lei Chapelier (1791) proibia qualquer forma de agrupamento profissional para defesa de interesses coletivos. Código Penal de Napoleão (1810) punia com prisão e multa greve dos trabalhadores. A Encíclica Rerum Novarum afirma o sindicalismo como forma de defesa contra a opressão do patrão. Entretanto se manifestou contra o direito de greve, eis que segundo o Papa Leão XIII, os grevistas eram elementos perniciosos que poderiam corromper os bons trabalhadores e ameaçar os patrões na perda de sua propriedade privada. O Tratado de Versailles, através da OIT pregava que o trabalho não e mercadoria e buscavam a valorização humana da pessoa do trabalhador. Brasil O Código Penal de 1890 proibia a greve. A Constituição Federal de 1934 proibiu a greve. A Constituição Federal de 1937, em seu art. 139, considerava a greve e o lockout como recursos antissociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompatível com os superiores interesses de produção nacional. O art. 723 da CLT (REVOGADO) previa sanções aos trabalhadores que abandonassem o serviço coletivamente sem prévia autorização do Tribunal. A Constituição Federal de 1946 reconheceu o direito de greve, conforme lei, mudando radicalmente o paradigma. A Constituição Federal 1967 previa o direito a greve aos trabalhadores, salvo nos serviços públicos e em atividades esseciais e a Emenda Constitucional 1969 manteve a mesma orientação. A Constituição Federal de 1988 assegura o direito à greve. Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. Lei 7.783/89 Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei. Natureza jurídica Para Alice Monteiro de Barros trata-se de direito potestativo coletivo. Para Mauricio Godinho Delgado: greve “é um direito fundamental de caráter coletivo, resultante da autonomia privada coletiva inerente às sociedades democráticas”. Assim sua natureza jurídica seria de direito fundamental. Para Vólia Bomfim Cassar “é direito potestativo, porque exercido de acordo com a oportunidade e conveniência do grupo. Coletivo, pois, é no grupo que o exercício do direito de greve alcançará seu objetivo final. E um superdireito porque reconhecido constitucionalmente como direito fundamental. Portanto, greve é um direito potestativo fundamental coletivo.” Finalidade Instrumento de autotutela, demonstração de força, por instrumento de pressão e barganha para se obter um acordo favorável aos próprios interesses. Segundo Segadas Viana é uma demonstração de força e união da classe trabalhadora, de natureza violenta, mas controlada, “compreendida e consentida”. Justifica-se pela necessidade social de se balancear a questão da hipossuficiência tanto financeira quanto política dos trabalhadores em face do poder econômico do patrão (Vólia). Suspensão do contrato de trabalho Durante o período de greve os contratos de trabalho permanecem suspensos, isto é, seus efeitos ficam absolutamente paralisados. Lei 7.783/89 Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14. Requisitos insatisfação provocação do sindicato convocação de assembleia deliberação (quórum) pauta de reivindicações tentativa de negociação diretamente com o patrão negociação frustrada nova assembleia deliberação pela greve comunicação no prazo legal ao sindicato da categoria econômica, ao empregador e à comunidade se for o caso greve. OJ 11 (SDC – TST) - Greve. Imprescindibilidade de tentativa direta e pacífica da solução do conflito. Etapa negocial prévia. (Inserida em 27.03.1998) É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto. Lei 7.783/89 Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho. Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. Legitimidade O trabalhador é o titular do direito à greve. Ao trabalhador compete decidir sobre a oportunidade e conveniência e os interesses que, por meio da greve devem ser defendidos. O trabalhador não pode deflagrar greve diretamente, mas apenas através do sindicato, federação ou confederação. (CF) Art. 8º (...) VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; Na falta de dessas entidades os trabalhadores poderão constituir comissão de negociação para prosseguimento do procedimento de negociação e greve se for o caso. Quanto as entidades representantes dos trabalhadores se recusam a assumir as negociações, entende-se que também é caso de comissão de trabalhadores negociarem. Lei 7.783/89 Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestaçãode serviços. § 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quorum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve. § 2º Na falta de entidade sindical, a assembleia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação. Art. 617 (CLT) Os empregados de uma ou mais empresas que decidirem celebrar Acordo Coletivo de Trabalho com as respectivas empresas darão ciência de sua resolução, por escrito, ao Sindicato representativo da categoria profissional, que terá o prazo de 8 (oito) dias para assumir a direção dos entendimentos entre os interessados, devendo igual procedimento ser observado pelas empresas interessadas com relação ao Sindicato da respectiva categoria econômica. (Redação dada pelo Decreto- lei nº 229, de 28-02-67, DOU 28-02-67) § 1º - Expirado o prazo de 8 (oito) dias sem que o Sindicato tenha-se desincumbido do encargo recebido, poderão os interessados dar conhecimento do fato à Federação a que estiver vinculado o Sindicato e, em falta dessa, à correspondente Confederação, para que, no mesmo prazo, assuma a direção dos entendimentos. Esgotado esse prazo, poderão os interessados prosseguir diretamente na negociação coletiva até final. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28-02-67, DOU 28-02- 67) Restrições ao direito de greve A greve não é um direito ilimitado. As restrições encontram-se na Constituição Federal e na própria Lei 7.783/89. (CF) Art. 9 (...) 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Lei 7.783/89 Art 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária. Greve abusiva ou ilícita Greve a expressão ato ilegal e abusivo foram equiparados pelo art. 187 do Código Civil Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê- lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Considera-se ato abusivo a ocupação ameaçadora de estabelecimentos, setores ou da empresa; sabotagem ou boicote aos serviços da empresa e associados; piquete obstativo ou depredatório do patrimônio do empregador, permanecer em greve depois do acordo, agressão contra colegas de trabalho ou superior hierárquico, desrespeitar prazos condições e regras determinadas pela Lei 7.783/89 Lei 7.783/89 Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho 1 - Acordo coletivo. Descumprimento. Existência de ação própria. Abusividade da greve deflagrada para substituí-la. (Inserida em 27.03.1998. Cancelada - DJ 22.06.2004) O ordenamento legal vigente assegura a via da ação de cumprimento para as hipóteses de inobservância de norma coletiva em vigor, razão pela qual é abusivo o movimento grevista deflagrado em substituição ao meio pacífico próprio para a solução do conflito. 10 - Greve abusiva não gera efeitos. (Inserida em 27.03.1998) É incompatível com a declaração de abusividade de movimento grevista o estabelecimento de quaisquer vantagens ou garantias a seus partícipes, que assumiram os riscos inerentes à utilização do instrumento de pressão máximo. 11 - Greve. Imprescindibilidade de tentativa direta e pacífica da solução do conflito. Etapa negocial prévia. (Inserida em 27.03.1998) É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto. 38 - Greve. Serviços essenciais. Garantia das necessidades inadiáveis da população usuária. Fator determinante da qualificação jurídica do movimento. (Inserida em 07.12.1998) É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89. Greve dos servidores públicos Há restrição constitucional ao direito de greve do servidor público, eis que o art. 37, VI e VII da Constituição Federal determina que o direito de greve do servidor será exercido nos termos e definidos por lei específica (Emenda Constitucional 19/98). Essa norma é de eficácia limitada, então para o exercício de greve, havia dependência da existência da referida lei específica. Nos julgamentos de Mandado de Injunção nº 670/ES e nº 712/PA, o Supremo Tribunal Federal reconheceu expressamente o direito de greve do servidor público, sob o argumento de que a omissão legislativa (mais de 19 anos) não poderia impedir o exercício de um direito assegurado constitucionalmente. Assim, passou-se a aplicar ao servidor público a Lei 7.783/89, com as devidas adaptações. CONSTITUCIONAL. GARANTIA DA SEGURANÇA INTERNA, ORDEM PÚBLICA E PAZ SOCIAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DOS ART. 9º, § 1º, ART. 37, VII, E ART. 144, DA CF. VEDAÇÃO ABSOLUTA AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE AOS SERVIDORES PÚBLICOS INTEGRANTES DAS CARREIRAS DE SEGURANÇA PÚBLICA. 1.A atividade policial é carreira de Estado imprescindível a manutenção da normalidade democrática, sendo impossível sua complementação ou substituição pela atividade privada. A carreira policial é o braço armado do Estado, responsável pela garantia da segurança interna, ordem pública e paz social. E o Estado não faz greve. O Estado em greve é anárquico. A Constituição Federal não permite. 2.Aparente colisão de direitos. Prevalência do interesse público e social na manutenção da segurança interna, da ordem pública e da paz social sobre o interesse individual de determinada categoria de servidores públicos. Impossibilidade absoluta do exercício do direito de greve às carreiras policiais. Interpretação teleológica do texto constitucional, em especial dos artigos 9º, § 1º, 37, VII e 144. 3.Recurso provido, com afirmação de tese de repercussão geral: “1 - O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. 2 - É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do Código de Processo Civil, para vocalização dos interesses da categoria. (STF - ARE: 654432 GO - GOIÁS, Relator: Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 05/04/2017, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-114 11- 06-2018)
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