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Maria Beatriz Machado UROLOGIA – AULA 08 – TRAUMA GENITOURINARIO 1. TRAUMA RENAL 1.1. CASO CLINICO 1 F.A.P, 30 anos, masculino, procedente de SP. HPMA: Há 2 horas caiu de uma banqueta, quando comemorava a vitória do seu candidato a presidente do país. Enquanto pulava, cai batendo a região lombar no próprio banquinho. EXAME FÍSICO: Consciente, orientado, Glasgow 15, descorado 2/4, PA de 100 x 80 mmHg, FC de 120 batimentos/minuto Tórax com murmúrio vesicular presente e simétrico Abdomen: Plano, flácido, doloroso à palpação de flanco direito, sem sinais de irritação peritoneal, com escoriação da região lombar direita, estável e sem sinal de fratura. Membros: Escoriações sem sinais de fratura Urina com hematúria macroscópica 1.2. INCIDÊNCIA Apenas 10% dos traumas abdominais Mecanismos do trauma: TRAUMA ABDOMINAL PENETRANTE – 10% Tiros e facadas. TRAUMA ABDOMINAL FECHADO – 90% Pancada/batida na região lombar, abdominal, etc.. Associação com lesão em outros órgãos é frequente em 75% dos traumas fechados OBS: Lembrar que o ponto superior do rim está logo abaixo a última costela, e quando quebra um osso, ele se torna uma lâmina. Portanto, em fraturas de costela, pode ser que rasgue o ponto superior do rim. 1.3. DIAGNÓSTICO Hematúria: Principal sintoma de trauma urinário Mais importante indicador de lesão, e é um sinal precoce. Presente em 90% dos casos Sua intensidade NÃO tem relação com a gravidade do trauma Sinais: Hematomas das regiões lombares e flancos Fratura de arcos costais (11 e 12) e vértebras lombares Indicações do estudo radiológico: Traumatismo penetrante (flanco ou abdome) com ou sem hematúria Traumatismo fechado: Criança: todos Adultos: Hematúria macroscópica OU hematúria microscópica e PA < 90 mmHg Lesões por desaceleração O melhor exame para avaliar trauma renal é: UROTOMOGRAFIA 1.4. CLASSIFICAÇÃO GRAU I: Equimose na cápsula renal GRAU II: Lesão pequena no córtex GRAU III: Lesão que vai até o meio dos cálices, sem lesão da via excretora. GRAU IV: Lesão que vai até o meio dos cálices, com lesão da via excretora. GRAU V: Lesão de artéria e veia renal OU avulsão de uma parte do rim. OBS: O rim fica fora do saco peritoneal (retroperitoneal) OBS: Nos traumas renais, tenta fazer tratamento conservador Não mexer o máximo que puder. Só mexe em último caso, se realmente precisar. Maria Beatriz Machado 1.5. TRATAMENTO 1.5.1. CONSERVADOR – IMPORTANTE!!! PROVA!!! O que deve fazer? O paciente vai chegar, vai ser feito acesso venoso, reposição de cristaloides.. Se houver suspeita de trauma renal, vai pedir a urotomografia (se for indicado Lembrar dos critérios). Conduta: Repouso absoluto Reposição volêmica Controle clínico Controle laboratorial Pede hemoglobina e hematócrito de entrada, e depois deve fazer de novo para comparar. Se o paciente piorar, pode ser indicação cirúrgica. Controle radiológico Ponderar antibioticoterapia 1.5.2. CIRÚRGICO Indicações relativas: Extravasamento de contraste Trombose arterial Seguimento desvitalizado Estadiamento Incompleto 2. TRAUMA URETERAL A maior parte dos traumas ureterais tem causa IATROGÊNICA 2.1. ETIOLOGIA Iatrogênica – 80% A maioria é causada por ginecologistas Externas – 20% Armas de fogo 2.2. QUADRO CLÍNICO Pode ser: Lesão - Extravasamento de urina para a cavidade: Peritonite Pessoa tomou uma facada nas costas que rasgou o ureter e o peritônio posterior, e assim sai urina para a cavidade peritoneal (porque houve comunicação). Lesão - Extravasamento de urina retroperitoneal: Tumoração e dor local Pessoa que tomou uma “estiletada” nas costas que rasgou o ureter, mas não rasgou o peritônio posterior, rasgando somente o retroperitônio. De dentro do ureter vai sair urina, que ficará retida no retroperitônio (pode sair pelo corte). Ligadura/Obstrução: Dor lombar ipsilateral Paciente foi fazer uma cesárea/histerectomia, e no processo foi feita uma ligadura inadvertida do ureter. Isso vai causar cólica renal. Fístula urinária: Após procedimento cirúrgico. Saída de urina pela cicatriz Pode ocorrer também pela “estiletada” como dito acima (lesão – extravasamento de urina retroperitoneal). 2.3. DIAGNÓSTICO Urotomografia Na prova coloca esse! Urografia Excretora - Single Shot OBS: Se houver suspeita de fístula, deve fazer dosagem de creatinina do líquido. 2.4. TRATAMENTO Cateter ureteral (duplo J): É feita quando ocorre lesão parcial do ureter (não secciona ele todo); Aqui deixa mais tempo (pelo menos 45 dias). Cirurgia aberta: É feita quando uma parte se solta totalmente da outra. Depois de feita também deve colocar o cateter duplo J. Procedimento depende do local da lesão Extensão de segmento lesado/perdido Maria Beatriz Machado 3. TRAUMA DE BEXIGA 3.1. ETIOLOGIA Incomum porque fica protegida pelo anel pélvio Acontece em 1,6% dos traumas abdominais fechados Pode ser intraperitoneal ou extraperitoneal O peritônio repousa em cima da bexiga. Se tiver um trauma alto, pode rasgar o peritônio e comunicar. Se tiver trauma baixo é mais difícil disso ocorrer. 3.2. INTRAPERITONEAL 38% dos casos Explosão da cúpula vesical Quando está com a bexiga cheia e há um trauma na região superior (trauma alto), a maior parte das vezes explode a cúpula, e assim vai ter comunicação no peritônio, extravasando urina para a cavidade peritoneal (peritonite). 3.3. EXTRAPERITONEAL 55% dos casos 85% associada à fratura de bacia (lesão pelas espículas ósseas) 5 a 10% das fraturas de bacia tem lesão de bexiga. Nesses casos começa a vazar urina para dentro da cavidade pélvica (extraperitoneal) Esse paciente terá hematúria, dor pélvica, oligúria.. 3.4. QUADRO CLÍNICO Hematúria macroscópica Sempre que houver fratura de bacia e hematúria associada: Suspeitar! Dor suprapúbica (pélvica) Incapacidade de urinar (anúria) ou baixo volume urinário (oligúria) Grandes lesões perineais Distensão abdominal Íleo paralítico 3.5. DIAGNÓSTICO Melhor exame para avaliar bexiga: CISTOGRAFIA Sinal da chama: Nos traumas intraperitoneais vai haver extravasamento de contraste para a cavidade peritoneal (para cima) fazendo esse sinal. 3.6. TRATAMENTO 3.6.1. EXTRAPERITONEAL – TRATAMENTO CONSERVADOR Sondagem vesical por 10 dias Para cicatrizar. Antibioticoprofilaxia (devido a sonda) Tratamento cirúrgico é opção de exceção 3.6.2. INTRAPERITONEAL Cirurgia e reparo Porque está tendo urina e sangue na cavidade peritoneal. 4. TRAUMA URETRAL Uretra posterior: uretra prostática e uretra membranosa Uretra anterior: uretra bulbar e uretra peniana ` 4.1. URETRA POSTERIOR A maior causa de trauma na uretra posterior é IATROGÊNICA Causada por sonda. Fraturas de Bacia Traumas de alta energia 4.2. URETRA ANTERIOR Trauma Perineal: “Trauma a cavaleiro” Quando cai e bate o períneo em uma superfície dura. Iatrogênica Maria Beatriz Machado 4.3. QUADRO CLÍNICO Uretrorragia = Sangue no meato uretral Principal sintoma – IMPORTANTE!!! PROVA!!! Hematoma de escroto ou perineal Próstata elevada ou deslocada (não palpável ao toque retal) Retenção urinária aguda (globo vesical), incapacidade de esvaziamento. 4.4. DIAGNÓSTICO Melhor exame para avaliar uretra: URETROGRAFIA RETRÓGRADA 4.5. TRATAMENTO Se for lesão parcial e conseguir colocar uma sonda vesical: Paciente está tratado (vai cicatrizar ao redor dela). Se nãoconseguir colocar a sonda vesical, deve fazer cistostomia (sonda suprapúbica): Deixa até desinchar, parar de sangrar.. Demora cerca de 3 ou 4 meses para que isso ocorra, e depois faz uretroplastia. 5. TRAUMA DE PÊNIS Temos duas partes no pênis: Corpo cavernoso Onde enche de sangue e provoca a ereção; Temos duas bandas no corpo cavernoso, e elas se comunicam. Corpo esponjoso Contém glande e uretra. OBS: Quando “quebra” o pênis, o que sofre fratura é o corpo cavernoso. 5.1. ETIOLOGIA Relação sexual A fratura de pênis ocorre muito durante a relação sexual, na posição “coqueirinho”. Autopunição Ferimentos penetrantes Mordidas de animais 5.2. QUADRO CLÍNICO Equimose/Hematoma volumosos restritos à Fáscia de Buck Essa fáscia sai da coroa peniana e vai até a base do pênis. Quando quebra o cavernoso o sangue começa a vazar, mas é contido por essa fáscia, e por isso o pênis começa a inchar. Perda súbita de ereção 10 a 15% tem lesão de uretra associado: Uretrorragia 5.3. DIAGNÓSTICO 5.3.1. CLÍNICO Não necessita exames complementares Quando há uretrorragia: Uretrografia 5.4. TRATAMENTO O tratamento é cirúrgico.
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