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03 Manifestação a contestação Anselmo

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 1ª VARA DO TRABALHO DE FLORIANÓPOLIS/SC – TRT DA 12ª REGIÃO
Processo nº RTOrd. 0000856-08.2017.5.12.0001
ANSELMO DE JESUS, por seu advogado infra-assinado, nos autos do processo da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA que move contra o COMPANHIA MELHORAMENTOS DA CAPITAL – COMCAP, em trâmite nesse r. Juízo, com a devida “venia”, vem, perante V. Exa., apresentar sua manifestação quanto a contestação e documentos juntados pela defesa, nos termos que seguem:
DO MÉRITO
I.: DA IMPUGNAÇÃO DOS DOCUMENTOS DA DEFESA
Impugnam-se os documentos de ID. e091610 - Pág. 27 à Pág. 29, ID. e091610 - pág. 31, tendo em vista que o Reclamado não comprovou se de fato o Reclamante gozou das férias dentre as datas dos referidos documentos.
Impugnam-se os de ID. e091610 - Pág. 30 á Pág. 36, pois o Reclamado não comprovou se os referidos pagamentos chegaram em mãos ou em conta bancária do Reclamante naquelas datas.
Impugna-se, todos os documentos juntados pela ré, bem como sinaliza que não poderão ser juntados novos documentos nos termos do artigo 434 do CPC.
II.:DO INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Alega o Reclamado em sua defesa que detêm o Reclamante cópias de todos os documentos necessários para a instrução da presente reclamatória. Assim esquivando-se da apresentação daqueles.
Pois bem.
Ocorre Excelência que, seguindo a Teoria Arquivística e pertencendo ao empregador o dever de armazenar todos os documentos trabalhistas até ao marco prescricional, e, além disso, sendo o empregado a parte mais frágil desta relação, torna-se leviano o dever do empregador em apresentar tais provas.
Por conta disto, deverá o Reclamado juntas todos os documentos elencados na exordial, para fins de elucidar os pedidos da presente reclamatória. Permanecendo ainda, o Reclamado em inércia na apresentação dos referidos documentos, deverá este Juízo optar pela aplicação da confissão prevista artigo 400 do CPC.
III.:DO ADICIONAL NOTURNO
De forma descabida, sem qualquer fundamento legal e até mesmo de forma totalmente equivocada o Reclamado alega em sua defesa que o Reclamante confunde salário base com remuneração.
Ora Excelência, data vênia, diante de uma relação de emprego há o conceito de onerosidade, podendo-se encontrar uma diversidade de verbas trabalhistas como no caso do Reclamante sendo salário, adicional de insalubridade (Cláusula 62ª da ACT), adicional pelo aumento da carga horária (Cláusula 44ª da ACT), gratificação de coleta (Cláusula 10ª da ACT), gratificação por tempo de serviço (Cláusula 15ª da ACT), prêmio assiduidade e outras. Estas, por sua vez, são de espécie remuneratória.
Dito isso, as verbas remuneratórias são aquelas com a qual se retribui pelo serviço prestado, seja ele intelectual ou que dependa de força física. O importante é que cada atividade possui valor econômico e por isso deve ser recompensada. Portanto, será considerada como verba remuneratória aquela que exprimir o sentido de contraprestação. Só se recebe remuneração se dela antevir um esforço por parte do trabalhador, ou seja, ele age diretamente para “merecer” os valores recebidos. Desta forma, diz-se que remuneração é o gênero do qual outras verbas com o mesmo sentido são as espécies.
Salvo algumas divergências quanto a classificação das verbas, estas podem ser exemplificadas da seguinte maneira: serão consideradas como verbas remuneratórias os adicionais de insalubridade, periculosidade, horas extras, noturnas, de transferências, convencionais, e as gratificações de função, de venda, etc.
Destarte, sabe-se que, o adicional noturno é parcela assegurada ao trabalhador por força de previsão constitucional (artigo 7º, inciso IX, da CF) e de legislação infraconstitucional (artigo 73 da CLT). Tal parcela é calculada com base no “valor da hora normal de trabalho”, o que significa que é composta de todas as parcelas de natureza salarial, e acrescida do adicional noturno de 30% estabelecido na Cláusula 16ª das CCT’s.
GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO. NATUREZA SALARIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A gratificação por tempo de serviço integra o salário para todos os efeitos legais.
Deste modo, não há que se falar em pagamento do adicional noturno sobre o salário base, e sim sobre este acrescido dos valores que a si já foram incorporados pelo Reclamante.
Pugna-se pela procedência!
IV. AUXÍLIO CRECHE
A Reclamada pugna pela improcedência sob a alegação de estar prescrita a pretensão do Reclamante, e, além disso, colaciona DIVERSAS jurisprudências que não lhe cabem ao presente caso.
Não merece razão.
Ao Reclamante é devido o percebimento de referida verba, parcelas vencidas, tendo em vista onão pagamento,naquela época.
Pois preconiza a cláusula 22º da CCT:
CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA - AUXÍLIO-CRECHE
A EMPRESA pagará às empregadas, ou aos empregados que tenham a guarda legalmente comprovada dos filhos, para cada filho menor de 84 (oitenta e quatro) meses, a importância de 30% (trinta por cento) sobre o piso salarial, a título de auxílio creche.
Parágrafo único - O pagamento será efetuado e discriminado no contracheque do salário do mês.
Esmiuçando a referida cláusula, denota-se que aos empregados, sendo do sexo masculino ou feminino, com filhos menores de 84 meses, lhes serão devido o percentual acima precitado. A luz de uma interpretação que deverá ser considerada, existindo um “crédito” devido ao Reclamante já que possuí filho, e não tendo o Reclamante recebido naquela época o valor estipulado em acordo coletivo, entende-se que poderá então ser cobrado dentro do marco prescricional com fulcro no artigo 7º, inciso XXIX da CF, pois trata-se de verba trabalhista insatisfeita.
Ademais, a guarda de filhos naturais tão aventada na contestação é a regra. A sua perda, consiste exceção, por meio da qual cabe ao Reclamado demonstrar a sua extinção.
Deste modo, de 28-05-2007 (nascimento filha Reclamante) a 28-06-2012 (prescrição quinquenal pela propositura da reclamação), calcula-se 61 meses, sendo então devidos ao Reclamante a partir da data da prescrição quinquenal 24 meses a título de auxílio creche.
V.:FÉRIAS
O Reclamado não logrou êxito em comprovar o efetivo pagamento das férias, vez que os documentos juntados por ele, remetem somente a suposta saída dos valores e ao que se destinava, sem a comprovação de que referida quantia tenha chego efetivamente a conta do Reclamante.
Procedente, portanto, o pleito inicial.
VI.:DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Concernente aos honorários advocatícios, não há o que se falar, pois a vista do artigo 791 do estatuto consolidado não veda o princípio da sucumbência. 
Destarte, a regra do artigo 791 da CLT, respeitadas as opiniões em contrário, na prática e efetivamente, a parte nunca exerce o “iuspostulandi”, notadamente, nos casos mais complexos, como no caso “sub judice”.
É de se considerar que nas causas trabalhistas contra grandes empresas, como no caso, o desfecho da lide sempre se dá nas últimas instâncias. Indaga-se: o leigo, por mais instruído que seja, teria condições de fazer uso do “iuspostulandi” nas diversas instâncias. Levar ou acompanhar a causa aos Tribunais, perpetrando recursos, que para serem ao menos processados exigem refinada técnica, que, até para os profissionais do direito, apresenta dificuldade?
Obviamente, sob esse prisma, falar em “iuspostulandi”, é o mesmo que admitir a utopia! À propósito, o artigo 133 da Constituição Federal, estabelece que:
O advogado é indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
Ora, a ressalva feita no dispositivo constitucional encimado (nos limites da lei.), não serve de argumentos para tornar dispensável a atuação do advogado, como dizem alguns, invocando o artigo 791 do estatuto consolidado, porque, neste dispositivo não se verifica qualquer delimitação do advogado nos processos trabalhistas, razão porque o inconformismo do Reclamado não deve prosperar. 
Portanto, concernente aos honorários advocatícios,não há que se falar que não são devidos, pois a vista do artigo 791 do Estatuto Consolidado não veda o princípio da sucumbência.
VII.:DOS REQUERIMENTOS FINAIS
No mais, para evitar tautologia, reitera-se “in totum” os termos da inicial, mormente a total procedência da reclamação.
Termos em que, pede deferimento.
Florianópolis/SC, 21 de agosto de 2017.
BRUNO DAL-BÓ PAMPLONA
OAB/SC 30.099
5
Rua Conselheiro Mafra, n. 758, conjunto 1003, Edifício Kosmos, Centro, Florianópolis/SC – CEP 88.010-102. Tel.: (48) 3024-3309;E-mail:pehadvogados@gmail.com; Site:www.peh.adv.br

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