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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE BRASÍLIA - DF PROCESSO Nº: 171171/21 MIL CHEQUES RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO LTDA. , pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no CNPJ sob o nº xxxxxxxx, com sede na Rua ..., nº ..., Bairro ..., Cidade de Brasília/DF, por sua advogada que esta subscreve, com endereço profissional na Rua, nº, Bairro, Cidade, onde deverá receber intimações (procuração em anexo), vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 847 da CLT, apresentar CONTESTAÇÃO, nos termos da Reclamação Trabalhista que lhe move FLÁVIO BOLSINHAS, já qualificado, consubstanciado nos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I – DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA Em síntese, alega o reclamante ter iniciado na empresa no dia 08/11/2013, na função de auxiliar administrativo para trabalhar na sede da Reclamada, o qual foi dispensado por justa causa em 26/12/2018, em razão de tentar vender para os clientes da empresa e pessoas cobradas nas ligações por ele efetuadas os chocolates caseiros feitos por seu irmão Charles. Alega que sua jornada de trabalho era das 15h às 24h de segunda a sexta-feira, sem intervalo regular para alimentação e que recebia menos que seu colega de trabalho Com base nisso, ajuizou reclamação trabalhista pleiteando: a) Adicional de transferência de 25%; b) Recebimento de horas extras (inversão do ônus probatório); c) Integração das parcelas referentes a assistência médica e odontológica, fundamento de que era salário indireto ; e d) Reconhecimento de que o veículo fornecido configurava salário utilidades. No entanto, não existe razão ao Reclamante, pelo que será exposto adiante. II - PRELIMINARMENTE DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL Com base na reforma trabalhista ocorrida em 2017 através da Lei 13.467/2017, as iniciais devem obrigatoriamente ter seus pedidos liquidados, ou seja, apresentação exata do valor pretendido, conforme dispõe o artigo 840, §1º da CLT: Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. Desta forma, considerando que a petição inicial deixou de apresentar os cálculos discriminados de todas as verbas pleiteadas, não sendo apresentado pedido certo e determinado, requer seja reconhecido a inépcia da petição inicial, conforme precedentes do tema: PEDIDO GENÉRICO DE INCOPORAÇAO. INVIABILIDADE DE ACOLHIMENTO. Não basta à parte formular genericamente pedido de ‘incorporação’ do vale alimentação e do adicional de insalubridade, sem declinar em quais parcelas do contrato pretender ver integrados tais títulos, uma vez que não cabe ao juízo decidir a respeito, inclusive sob pena de decidir aquém da pretensão. (TRT-4-RO: 00201914820185040471, Data de Julgamento: 23/04/2019, 11ª Turma). DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. PEDIDO CERTO E DETERMINADO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. ART. 840 DA CLT. (...). No processo do trabalho o pedido deve ser certo e determinado, além de indicar o valor correspondente, na forma do art. 840 da CLT, sendo que sua inobservância importará na extinção do pedido sem resolução do mérito (§3º), o que equivale à extinção processual por inépcia. (TRT-1, 0100079- 72.2018.5.01.0205 – DEJT 2019-03-23, Rel. DALVA AMELIA DE OLIVEIRA MUNOZ CORREIA, julgado em 19/03/2019). Além do mais, realizar pedidos de forma tão genéricas, dificulta o devido processo legal e a ampla defesa, ficando já suscitada a violação ao artigo 5º, II, LIV e LV da Constituição Federal. Portanto, diante da ausência do pedido certo e determinado, requer a extinção do processo sem resolução do mérito por inépcia da inicial com base no artigo 840, §3º da CLT. DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL Conforme consta nos autos, o Reclamante foi admitido em 08/11/2013, prestando serviços junto a Reclamada até a data de sua demissão por justa causa, no dia 26/12/2018. O artigo 7º inciso XXIX da Constituição Federal, prevê a prescrição nas relações trabalhistas, tanto no que se relaciona ao prazo para a ação, bem como para a cobrança dos créditos trabalhistas. Deste modo, não há de se incorporar no pleito a análise das verbas trabalhistas que ultrapassem o período de 5 (cinco) anos contados da data do ajuizamento da ação, como prevê a Súmula nº. 308, Tribunal Superior do Trabalho: “I- Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, as anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato. (ex-OJ SDI-1 204) (Res. TST 129/05, DJ 20.04.2005)". Requer, portanto, o reconhecimento da prescrição quinquenal dos pedidos anteriores a 21/01/2016, extinguindo o processo com resolução do mérito. DO SIGILO Nos termos do artigo 22 da Resolução CSJT nº 241/2019, informa que a presente contestação foi protocolada sob a proteção do sigilo, pelos seguintes fundamentos: A contestação apresenta informações sigilosas que se enquadram nos termos do artigo 770, caput da CLT e dos artigos 189, I e 773, parágrafo único do Código de Processo Civil, quais sejam: Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social, e realizar -se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; Art. 773. O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias ao cumprimento da ordem de entrega de documentos e dados. Parágrafo único. Quando, em decorrência do disposto neste artigo, o juízo receber dados sigilosos para os fins da execução, o juiz adotará as medidas necessárias para assegurar a confidencialidade. Requer, portanto, seja mantido sigilo até a audiência, fase prevista em lei para a apresentação no processo, nos termos do artigo 847 da CLT, para que somente neste momento, se não houver acordo, seja dada publicidade a viabilizar o contraditório, nos termos do artigo 22, §5º da Resolução CSJT nº 241/2019. Razões pelas quais, motivado o pedido de sigilo. III - DO MÉRITO DAS HORAS EXTRAS Acerca do tema, é importante esclarecer que a reclamada, através do alvará de funcionamento anexo, comprova que a sociedade funcionava no horário comercial das 08h às 18h, sendo assim, impossível a alegação do reclamante quanto a realização de sua jornada de trabalho até as 24h, além do mais, através de testemunhas, a reclamada pretende comprovar que o reclamante exercia sua função no período das 15h às 18h. Não obstante, é dispensável à reclamada apresentar o registro de ponto, uma vez que a sociedade possui menos de 20 colaboradores, conforme dispõe o artigo 74, § da CLT. Portanto, não há o que falar em hora extra, uma vez que o reclamante exercia suas atividades no período das 15h às 18h. DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL Veja Excelência, para que o reclamante faça jus a equiparação salarial, é necessário que os requisitos presentes no artigo 461, §1º da CLT sejam preenchidos, vejamos: Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade § 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica,entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos. Nota-se que um dos requisitos é necessário que o empregado e o paradigma tenham trabalhado na mesma função não superior a 2 anos, o que não ocorreu, pois, na data da admissão do reclamante, o funcionário André exercia a função desde 18/05/2010 08/11/2013, contabilizando assim, mais de 3 anos na função de auxiliar administrativo. Sendo assim, o pedido de equiparação salarial deve ser negado, uma vez que não preenche um dos requisitos impostos pela legislação. DO VALE REFEIÇÃO A respeito do tema, o reclamante pleiteia pelo pagamento de vale refeição na inicial. É sabido que este direito não é assegurado pela legislação, desta maneira, o empregador não está obrigado por lei, ao pagamento do benefício em caso de não existir acordo coletivo ou convenção coletiva. Neste caso Excelência, a reclamante nos últimos 10 (dez) anos não foram firmados quaisquer acordos ou convenções coletivas da categoria sindical representante das partes, por tanto, não deve a reclamada não deve nenhum valor de vale refeição ao reclamante. DA PERICULOSIDADE A alegação do reclamante acerca do tema é infundada e deve ser desprovida, pois conforme o artigo 193, I e II da CLT, as atividades exercidas pelo reclamante não caracteriza como atividade perigosa, vejamos: Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial . Ora, o fato narrado não condiz com o que a lei determina, portanto, pleiteia pelo desacolhimento do pedido do reclamante do adicional de periculosidade. DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA Requer-se o pagamento dos honorários sucumbenciais, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido, ou não sendo possível mensura-lo, sobre o valor atualizado da causa conforme artigo 791- A da CLT. IV - DOS PEDIDOS Diante todo o exposto, requer: a) Sejam julgados improcedentes em todos os termos os pedidos contidos na inicial; b) O recebimento da presente Contestação, acolhendo as preliminares suscitadas, com a extinção do processo em resolução de mérito; c) Caso seja julgado procedente a prescrição, ser reconhecido os valores anteriores à data de 21/01/2016; d) A condenação do reclamante ao pagamento das custas processuais e honorários sucumbenciais e, caso haja perícia, dos honorários periciais; e) A produção de provas por todos os meios admitidos em direito, especialmente pelo depoimento pessoal do reclamante sob pena de confissão, oitiva de testemunhas, sem prejuízo de outras provas que se fizerem necessárias. Termos em que, Pede deferimento. São Paulo, data. Advogada – OAB/SP nº xxxxx
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