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Seção 3 penal1

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Prévia do material em texto

EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
E FAMILIAR CONTRA A MULHER DA COMARCA DE RONDONÓPOLIS/MT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo n° 
 
 
 
 
GABRIEL MATOS, filho de ........... e , nascido em 00/00/0000, portador da 
Cédula de Identidade Civil RG nº........., inscrito no CPF sob nº , brasileiro, 
casado, residente e domiciliado na Rua......, nº....., bairro , cidade de 
Rondonópolis vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar 
 
 
 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO 
 
com fulcro nos artigos 396 e 396-A do Código de processo Penal, às acusações 
que lhe são imputadas na denúncia pelo Ministério Público. Para tanto expõe e 
requer: 
Em decorrência da peça vestibular, firmada pelo ilustre representante do Ministério 
Público, o acusado está sendo processado como incurso nas sanções do 
Artigo 147 - Ameaça, do Código Penal, requerendo a Absolvição Sumária, do 
artigo 397, inciso III do Código de Processo Penal. 
 
 
 
I– DOS FATOS 
 
 
 
No dia 03 de março de 2018, por volta das 20h00min, no bar Mendes, 
situado na Avenida Amazonas n.º 310, nesta Comarca, o denunciado ameaçou 
causar mal injusto e grave contra Maria, sua esposa e companheira há 12 
(doze) anos. 
 
Isso porque, conforme consta dos autos de investigação em anexo, 
na data e local dos fatos, o denunciado teria encontrado sua esposa 
acompanhada de um sujeito desconhecido. Questionada sobre sua identidade, 
a vítima revelou ao denunciado que seria Marcos, sujeito com o qual mantinha 
um relacionamento extraconjungal há 8 (oito) meses. Ainda, a vítima também 
revelou ao acusado que desejava se separar. 
 
Surpreendido com tais revelações, o denunciado disse em alto e bom 
tom que “jamais aceitaria a separação”, causando à vítima fundado temor de mal 
injusto e grave, afinal, segundo informações repassadas pela própria vítima 
aos policiais, o denunciado estaria bastante irritado com toda aquela situação 
(termos de depoimentos de fls. 07/09). 
 
Após a ameaça, o acusado evadiu o local. Entretanto, por volta das 
23h00min do mesmo dia, a vítima, acompanhada por Policiais Militares, 
encontraram o acusado quando ele se encontrava em sua residência. E, neste 
momento, foi imediatamente autuado em flagrante. 
 
II – DO DIREITO 
 
Ademais, os dispositivos enunciados acima são corolários do princípio constitucional 
da presunção de inocência e do devido processo legal, estabelecidos, 
respectivamente, no art. 5º, LIV e LVII, ambos da Constituição Federal de 1988. 
Da leitura da peça acusatória em cotejo com o conjunto probatório produzido na fase 
policial, verifica-se que a edição do decreto absolutório é medida que se impõe, 
conforme se demonstrará. 
II.1 – Preliminarmente 
 
II.1.a – Da inépcia da denúncia – Art. 335, I, do Código de Processo Penal. 
Primeiramente, cumpre salientar que a denúncia oferecida pelo Ministério Público 
padece de flagrante inépcia. 
O Código de Processo Penal, traz em seu artigo 564, inciso III, alínea e inciso IV a 
nulidade absoluta por falta de formalidade essencial do ato: 
“Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
............. 
III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes; 
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando 
presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; 
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato”. 
A jurisprudência existente com relação ao acima mencionado: 
APELAÇÃO CRIMINAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. 
NULIDADE DO PROCESSO. INVESTIGAÇÕES REALIZADAS 
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. TITULAR DA 
AÇÃO PENAL PÚBLICA. TEORIA DOS PODERES 
IMPLÍCITOS. INOCORRÊNCIA. NULIDADE DA SENTENÇA. 
ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO SEM A JUNTADA DE 
CARTA PRECATÓRIA. INOCORRÊNCIA. INTELIGÊNCIA DO 
ARTIGO 222 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 
NULIDADE DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 
REALIZADA SEM A PRESENÇA DO RÉU. OCORRÊNCIA. 
CERCEAMENTO DE DEFESA CONFIGURADO. 1. Na esteira 
dos recentes precedentes do Supremo Tribunal Federal e 
Superior Tribunal de Justiça, o Ministério Público, titular da 
ação penal pública que é, pode realizar investigações 
preliminares, colhendo elementos probatórios 
indispensáveis a legitimar o oferecimento de eventual ação 
penal. 2. A Teoria dos Poderes Implícitos consubstancia a 
ampliação dos poderes investigatórios do Ministério 
Público e a desnecessidade de inquérito policial. 3. O 
inquérito policial é peça meramente informativa, não 
constituindo pressuposto indispensável à formação da 
opinio delicti. 4. A realização da audiência de instrução e 
julgamento antes da devolução da carta precatória expedida 
para oitiva da testemunha de defesa não configura 
nulidade, vez que o artigo 222 do Código de Processo 
Penal é claro ao prever que além de a expedição da 
precatória não suspender a instrução criminal, findo o 
prazo marcado, poderá ocorrer regularmente o julgamento. 
5. Observar a defesa técnica, sem, contudo, permitir a 
autodefesa, garantindo-se ao acusado seu direito de 
presença na audiência, gera nulidade absoluta, já que 
evidente o prejuízo causado, nos termos do artigo 564, 
inciso III, e do Código de Processo Penal. 6. A participação 
do réu na instrução criminal é direito público subjetivo 
deste e legitima a própria jurisdição, que deve ser imparcial, 
justa e legal, com observância das garantias 
constitucionais da ampla defesa, do contraditório e do 
devido processo legal. 
(TJ-MG - APR: 10439140029786001 MG, Relator: Maria Luíza 
de Marilac, Data de Julgamento: 12/05/2015, Câmaras 
Criminais / 3ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 
22/05/2015) 
 
Por fim Eminente Relator e Ínclitos Julgadores, para encerrar essa preliminar, a 
Defesa requer a nulidade de todos os atos realizados após a audiência. 
Caso não seja esse o entendimento de Vossas Excelências, em homenagem ao 
princípio da eventualidade, passa-se a demonstrar o conteúdo abaixo descrito. 
 
II.2 – No Mérito 
 
II.2.a – Da ausência de tipicidade – Art. 397, III, do Código de Processo Penal. 
À denúncia o Ministério Público imputou ao acusado a prática do delito de ameaça, 
conforme previsto no art. 147 do Código Penal. 
Da lição da doutrina tem-se que 
O crime de ameaça consiste na promessa feito pelo sujeito ativo de um 
mal injusto e grave feita a alguém, violando sua liberdade psíquica. O malameaçado 
deve ser injusto e grave. 
(...) 
A ameaça para constituir o crime tem que ser idônea, séria e concreta, capaz de 
efetivamente impingir medo à vítima.[2] 
Nota-se, portanto, que o crime de ameaça contempla elementares que não foram 
preenchidas no caso em debate: resta ausente a seriedade do mal prometido, capaz 
de influir negativamente no ânimo da ofendida, causando-lhe temor e receio de que a 
promessa venha a ser cumprida. 
É o que leciona Guilherme de Souza Nucci sobre o tema: 
Inexiste ameaça quando o mal anunciado é improvável, isto é, liga-se a crendices, 
sortilégios e fatos impossíveis. Por outro lado, é indispensável que o ofendido 
efetivamente se sinta ameaçado, acreditando que algo de mal lhe pode acontecer; 
por pior que seja a intimidação, se ela não for levada a sério pelo destinatário, de 
modo a abalar-lhe a tranquilidade de espírito e a sensação de segurança e liberdade, 
não se pode ter por configurada a infração penal. Afinal, o bem jurídico protegido não 
foi abalado. O fato de o crime ser formal, necessitando somente de a ameaça 
ser proferida, chegando ao conhecimento da vítima para se concretizar, não 
afasta a imprescindibilidade do destinatário sentir-se, realmente, 
temeroso.[3] (sem destaques no original) 
 
II.2 – Ausência de Justa Causa 
A justa causa como condição da ação penal aparece como um dos 
instrumentosimprescindíveis ao Estado para evitar o adensamento das lides 
penais viciadas por falta de provas ou indícios, assim reza o artigo 395 e seus 
incisos do Código de Processo Penal. 
 
A denúncia oferecida, não fornece todos os elementos básicos para a 
sua aceitação, visto a fragilidade probatória e a ausência de dolo, como restará 
demonstrado a seguir. 
 
A denúncia oferecida pela Douta Representante do Ministério Público 
não merece prosperar, tendo em vista que os fatos não se coadunam com a 
verdade real dos fatos. 
 
O delito de ameaça não restou configurado em suas elementares. Nesse 
sentido, Guilherme de Souza Nucci acerca da figura típica em debate: 
 
Elemento subjetivo: 
 
Em uma discussão, quando os ânimos estão alterados, é possível que 
as pessoas troquem ameaças sem qualquer concretude, isto é, são palavras 
lançadas a esmo, como forma de desabafo ou bravata, que não correspondem à 
vontade de preencher o tipo penal. 
 
Excelência, para justificar a condenação pelo crime previsto no 
artigo 147 do Código Penal, é necessário que a ameaça seja idônea, sem qualquer 
animosidade entre a vítima e o acusado, vejamos: 
 
APELAÇÃO. AMEAÇA. DÚVIDA QUANTO AO ELEMENTO 
SUBJETIVO 
DO TIPO. ABSOLVIÇÃO. Ameaça consiste no dito: "a vida é 
uma só e é fácil de se tirar", desprovida de seriedade e 
em contexto conturbado, com animosidade e altercações, 
não enseja um substrato probatório sério a dar suporte a 
um juízo de condenação. Precedentes do STF. RECURSO 
PROVIDO. (Apelação Crime Nº 70050576313, Terceira 
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nereu 
José Giacomolli, Julgado em 22/11/2012) 
 
Nesse sentido, restou demonstrada a fragilidade das alegações feitas 
pela suposta vítima e pela testemunha, sendo que conviveram durantes 12 (doze) 
anos de casados e a vítima estava com uma relação extraconjugal há 8(oito) 
meses. Ainda, a vitima também revelou ao acusado que queria se separar. 
Desse modo, resta à dúvida sobre tal ocorrência, o que enseja sua 
absolvição. 
 
Vejamos o entendimento do Tribunal de Justiça de Minas Gerais: 
 
O crime de ameaça à mulher deve ser levado a sério e sancionado com 
eficácia e efetividade, mas é preciso cautela quanto a isso, por que muitos podem 
ser julgados como culpados, uma vez que, não são. 
 
É pacífico o entendimento dos Tribunais no que se refere ao “princípio 
do in dubio pro reo”. Vejamos: 
 
APELAÇÃO CRIME. AMEAÇA. ARTIGO 147 DO CP. 
INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. SENTENÇA 
CONDENATÓRIA REFORMADA. Ausente 
prova segura e conclusiva acerca da efetiva ocorrência do fato 
descrito na denúncia e de sua conformação típica, impositiva a 
absolvição do réu, tudo em observância ao princípio da 
prevalência de seu interesse - in dubio pro reo. A ameaça é 
delito formal que não exige resultado naturalístico, e sua 
comprovação se dá pela prova oral colhida, a qual, na 
espécie, não é suficiente para ensejar a condenação. 
RECURSO PROVIDO. (Recurso Crime Nº 71004640371, 
Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Cristina 
Pereira Gonzales, Julgado em 27/01/2014). 
 
II. 4 Ofensas mútuas com ânimos alterados – Ausência de dolo 
– Atipicidade de conduta 
 
Com clareza, percebe-se que o contexto, narrado na denúncia, ocorrera 
quando ambos estavam com ânimos alterados. E isso, sem qualquer dúvida, afasta 
a lucidez das palavras e, via de consequência, a vontade de praticar o ato 
delituoso. 
 
Das lições do professor Guilherme de Souza Nucci, extraímos a 
seguinte passagem: 
 
“Em uma discussão, quando os ânimos estão alterados, é 
possível que as pessoas troquem ameaças sem qualquer 
concretude, isto é, são palavras lançadas a esmo, como forma 
de desabafo ou bravata, que não correspondem à vontade de 
preencher o tipo penal. “ 
 
De toda conveniência salientar o seguinte julgado: 
APELAÇÃO. MPM. ART. 223 E 298, AMBOS DO CPM. 
GESTO DE PEGAR PEDRA E JOGÁ-LA NA MESA. ATITUDE 
DE DESABAFO EMOCIONAL. DOLO DE AMEAÇAR NÃO 
CARACTERIZADO. DESACATO. AUSÊNCIA DE INTENÇÃO 
DE OFENDER A DIGNIDADE, DECORO OU DEPRIMIR 
AUTORIDADE. NÃO CARACTERIZADO. 
APELAÇÃO NÃO PROVIDA.I. Militar que, em estado de 
cólera, após discussão com superior, pega uma pedra e joga 
em uma mesa, não comete o crime de ameaça, sendo o gesto 
característico de um desabafo emocional. II. A conduta de não 
acatar prontamente determinações da superior durante uma 
discussão, a realizando apenas com a intervenção de 
terceiros, só pode ser considerada desacato se configurado o 
dolo do subordinado em deprimir a autoridade da oficial ou 
atingir-lhe o decoro ou a dignidade. III. Caracterizado que o 
desrespeito ao superior se deu em face de profundo assomo 
emocional, potencializado por uso de medicação para 
tratamento psiquiátrico, fragiliza a formulação de um juízo 
positivo acerca do dolo de desacatar. Apelo desprovido. 
Decisão unânime. (STM; APL 221-25.2012.7.01.0201; RJ; 
Tribunal Pleno; Rel. Min. José Coelho Ferreira; DJSTM 
26/02/2016) 
 
APELAÇÃO CRIMINAL. PRELIMINAR. INAPLICABILIDADE 
DA LEI MARIA DA PENHA. HIPOSSUFICIÊNCIA E 
VULNERABILIDADE PRESUMIDAS. PRELIMINAR 
REJEITADA. NULIDADE PROCESSUAL POR OFENSA AO 
ARTIGO 16 DA LEI Nº 11.340/06. RETRATAÇÃO 
POSTERIOR AO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. 
AUDIÊNCIA NÃO OBRIGATÓRIA. PRELIMINAR 
REJEITADA. MÉRITO. EXISTÊNCIA DO FATO 
COMPROVADA. PLEITO AFASTADO. ATIPICIDADE DA 
CONDUTA. AMEAÇA PROFERIDA EM MOMENTO DE 
EXALTAÇÃO. AUSÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO. 
ABSOLVIÇÃO NECESSÁRIA. RECURSO CONHECIDO E 
PROVIDO. 
 
Preliminar de inaplicabilidade da Lei nº 11.340/06: 
 
1. Não há necessidade de comprovação da vulnerabilidade ou 
hipossuficiência da mulher, já que esta é presumida na Lei Maria da penha, sendo 
suficiente para sua incidência que a relação entre as partes seja íntima e a mulher 
oprimida nesse vínculo afetivo. 
 
2. Preliminar rejeitada. Preliminar de nulidade por desrespeito ao 
artigo 16 da Lei nº 11.340/06: 
 
1. A audiência prevista no artigo 16, da Lei nº 11.340/06 não é de 
natureza obrigatória, estando sua realização condicionada a manifestação da 
vítima, antes da denúncia, de retratar-se, o que não se observa na espécie. 
2. Preliminar rejeitada. Mérito: 1. As provas dos autos são claras no 
sentido de que o apelante teve discussão acalorada com a vítima, chegando a 
proferir palavras interpretadas pelo juiz sentenciante como suficientes para 
qualificá-lo como incurso no delito de ameaça, sendo certa a existência do fato. 
 
2. A conduta típica do delito de ameaça consiste em anunciar mal grave 
e injusto, o qual seja capaz de amedrontar a vítima. Pressupõe dolo específico de 
incutir medo, de modo que quando os ânimos estão alterados, não raro, são 
proferidas ameaças sem concretude, incapazes de configurar o tipo penal. 
 
3. A frase tida como caracterizadora do crime de ameaça não é capaz 
de configurar o delito em apreço, visto que foi genérica e proferida em momento de 
fúria efêmera. 
 
4. As provas reforçam que o acusado não era pessoa agressiva, e que 
tal fato foi isolado em sua vida, portanto, ainda que a discussão tenha passado dos 
limites, e as palavras proferidas sejam reprováveis, estas não são capazes de 
configurar o ilícito penal previsto no artigo 147 do Código Penal. 
 
5. Recurso conhecido e provido. (TJES; APL 0003688- 
54.2013.8.08.0021; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Ewerton Schwab Pinto 
Junior; Julg. 16/12/2015; DJES 22/01/2016) 
 
APELAÇÃO. COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO. 
AMEAÇA PROFERIDA EM PROFUNDO ESTADO DE 
CÓLERA. AUSÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO. 
ABSOLVIÇÃO. NECESSIDADE. RECURSO 
PROVIDO. No delito de coação do curso do processo, a 
ameaça precisa seridônea e séria, não se configurando o 
crime quando proferida em momento de cólera, revolta ou ira. 
(TJMG; APCR 1.0267.11.000023-4/001; Rel. Des. Alexandre 
Victor de Carvalho; Julg. 14/10/2014; DJEMG 20/10/2014) 
 
Desse modo, por mais esse motivo não assiste razão ao Ministério 
Público. 
 
II.5 Pretensa ameaça de mal presente 
 
Outra situação fática descrita na denúncia afasta por completo o suposto 
crime de ameaça, no caso uma ameaça atual e não futura. 
Veja que há a seguinte passagem: “… jamais aceitaria a separação.” 
 
Percebe-se, desse modo, que o suposto mal era de realização naquele 
momento do quadro narrado. É dizer, inexistiu qualquer promessa de mal futuro. 
 
Diante do acontecido, fazia 8 (oito) meses que Maria mantinha um 
relacionamento extraconjugal com Marcos. Ainda, a vitima também revelou ao 
acusado que desejava se separar. 
 
Portanto, o que foi falado foi em um momento de raiva, tendo em vista a 
não aceitação do divórcio. 
 
Assim, tem-se que: 
 
PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 
CRIME DE AMEAÇA. AUSÊNCIA DE ÂNIMO CALMO E 
REFLETIDO. PRÉVIA DISCUSSÃO ENTRE OS 
ENVOLVIDOS. NÃO CONFIGURAÇÃO DO 
DELITO. RECURSO PROVIDO. Para a configuração do delito 
tipificado no artigo 147, do CP, é indispensável que a ameaça 
seja proferida pelo autor com ânimo calmo e refletido, o que 
não ocorre quando os dizeres são proferidos logo após grave 
discussão, em que o réu fora agredido com socos e chutes pelo 
filho da vítima. Recurso provido. V.V.:APELAÇÃO CRIMINAL. 
AMEAÇA EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 
PRELIMINAR. AUDIÊNCIA PRELIMINAR PREVISTA NO ART. 
16. DESNECESSIDADE. MÉRITO. PROVAS SUFICIENTES. 
CONDENAÇÃO 
MANTIDA. 1. A audiência preliminar prevista no art. 16 da Lei 
nº 11.340/06 só deve ser designada quando a vítima manifestar 
desinteresse em prosseguir com a ação penal, antes do 
recebimento da denúncia. Assim não ocorrendo, inexiste 
nulidade, sobretudo quando presente a representação. 2. A 
palavra da vítima, aliada aos depoimentos de testemunhas 
presenciais, forma arcabouço probatório suficiente da 
materialidade e autoria da lesão corporal, devendo ser mantida 
a condenação. 3. Demonstrado que a promessa de um mal 
futuro e injusto foi suficiente para impor temor à vítima, resta 
configurado o crime de ameaça, não havendo que se falar em 
atipicidade da conduta, por falta de dolo específico, mormente 
se restar demonstrado que o réu compreendia perfeitamente o 
caráter ilícito de seus atos. 4. Ânimo calmo e refletido não 
constitui requisito do elemento subjetivo do delito de ameaça. 
5. Recurso não provido. (TJMG; APCR 1.0024.12.318002-
8/001; Rel. Des. Corrêa Carmargo; Julg. 10/03/2015; DJEMG 
18/03/2015) 
 
Com a mesma sorte de entendimento, leciona Cezar Roberto 
Bitencourt, verbo ad verbum: 
 
Caso não seja este o entendimento deste Douto Juiz, a absolvição ainda 
é medida que se impõe conforme o artigo 386, inciso VI, do Código de Processo 
Penal e assim aplicado o princípio. “Só a ameaça de mal futuro, mas de realização 
próxima, caracterizará o crime, e não a que se exaure no próprio ato; ou seja, se o 
mal concretizar-se no mesmo instante da ameaça, altera-se a sua natureza, e o 
crime será outro, e não este. Por outro lado, não o caracteriza a ameaça de mal 
para futuro remoto ou inverossímil, isso é, inconcretizável. “ (BITENCOURT, Cezar 
Roberto. Tratado de direito penal. 11ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, vol. 2, p. 408) 
 
Bem adverte André Estefam que prepondera, na doutrina e na 
jurisprudência, a linha de entendimento aqui lançada, in verbis: 
 
“Significa, no contexto do art. 147 do CP, um mal que possa ser 
cumprido em tempo breve. Discute-se nos tribunais, se a promessa de inflição de 
mal presente (isto é, no exato momento) configura crime. Prepondera o 
entendimento negativo, ao argumento de que o mal deve ser sempre futuro. “ 
(ESTEFAM, André. Direito penal. 2ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, vol. 2, p., 308) 
 
Por esse norte, não há que se falar no crime de ameaça, maiormente 
quando a denúncia descreve um quadro fático de mal atual, ou seja, ocorrido na 
ocasião do desfecho do pretenso delito. 
 
III – DO PEDIDO 
 
REQUERIMENTO DE PROVA 
 
Protesta o denunciado pela produção de todas as provas em direito admitio 
especial, prova documental e testemunhal 
 
 1- xxx, endereço 
 2- xxx, endereço 
 
 
PEDIDOS 
 
· Preliminarmente, requer seja declarada a nulidade absoluta do processo, 
pela inépcia da denúncia. Alternativamente, a denúncia deve ser rejeitada por 
ausência de justa causa, em atenção ao art. 395, III do CPP. 
· No mérito, requer-se a absolvição sumária do acusado, com fundamento no 
art. 397, III do CPP, uma vez que o fato narrado na denúncia não constitui crime. 
 
 
Diante do exposto requer seja anulada ab initio a 
 
presente ação penal ou, caso não seja esse o entendimento de 
Vossa Excelência, que seja decretada a absolvição sumária, com 
fulcro no artigo 397 do CPP esteja presente: 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A e parágrafos, 
deste Código, o juiz absolver sumariamente o acusado quando verificar: 
 
I - a existência manifesta de causa de excludente da ilicitude do fato; 
 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do 
agente, salvo inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV – extinta a punibilidade doa agente 
ou ainda, se não acolhido o pedido de 
 
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do Acusado, em face da atipicidade da 
conduta delitiva. 
 
Ante o exposto, está o denunciado Gabriel Matos como incurso nas 
iras do artigo 147, “caput” do Código Penal, pelo que requer o Ministério 
Público seja recebida a presente denúncia, com a consequente citação do réu 
para apresentar defesa no prazo legal, designando-se em seguida audiência de 
instrução, para que ao final seja condenado pela prática do crime de ameaça. 
 
Apresenta-se o competente rol de testemunhas, requerendo sua 
intimação para oitiva em juízo: 
 
Nesses Termos, 
pede deferimento. 
 
 
Rondonópolis, 12 de abril de 2018. 
Advogado 
OAB n°

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