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LIBRAS – LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS Aula 4 LIBRAS: aspectos lingüísticos I Como já vimos, as línguas de sinais apresentam também variedades regionais (dialetos), como acontecem com as línguas orais. A LIBRAS se caracteriza por apresentar uma dimensão espacial e corporal, os sinais são realizados no espaço neutro à frente do corpo ou no próprio corpo. Nessa aula, veremos os parâmetros (Kozlowski, 2000). Como qualquer língua, a língua de sinais tem suas próprias regras linguísticas. As LIBRAS têm sua estrutura gramatical organizada a partir de alguns parâmetros que estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos. 1- PARÂMETROS E SINAIS Na língua oral têm-se os articuladores (lábios, língua, dentes, palato duro, véu palatino e mandíbula) para produzir a fala, já na língua de sinais os articuladores primários são as mãos. Assim, um sinal pode ser articulado com uma ou duas mãos, tanto com a direita como com a esquerda. Os sinais articulados com uma mão são produzidos pela mão dominante e sinais articulados com as duas mãos estão relacionados ao tipo de interação entre as mãos. No entanto, essa mudança não é distintiva. Segundo Brito (1995), O sinal é formado a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: a) Configuração das mãos (CM): Refere-se às formas das mãos, que podem ser datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante(mão direita para os destros), ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais MÃOS, APRENDER, SÁBADO, DESODORANTE-SPRAY têm a mesma configuração demão; Fonte: FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico : Livro do Professor. Tanya A. Felipe de Souza e Myrna Salerno Monteiro. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. b) Ponto de articulação (PA) Trata-se do lugar onde a mão está predominante configurada. É possível tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até à cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Veja os exemplos abaixo: Os sinais TRABALHAR, BRINCAR e PAQUERA são feitos no espaço neutro. Os sinais ESQUECER, APRENDER e DECORAR são realizados na testa. Fonte: FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico : Livro do Professor. Tanya A. Felipe de Souza e Myrna Salerno Monteiro. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. c) Movimento (M) Os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima tem movimento, com exceção de RIR, CHORAR e CONHECER, mas AJOELHAR e EM-PÉ não tem movimento; Fonte: FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico : Livro do Professor. Tanya A. Felipe de Souza e Myrna Salerno Monteiro. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. d) Orientação Os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar idéia de oposição, contrário ou concordância número-pessoal. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR, ABRIR-PORTA e FECHAR-PORTA: Fonte: FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico : Livro do Professor. Tanya A. Felipe de Souza e Myrna Salerno Monteiro. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. e) Expressão facial e/ou corporal Além dos quatro parâmetros, diversos sinais têm também a expressão facial e/ou corporal, que ajuda a diferenciar de outros sinais. Os sinais como: ALEGRE e TRISTE: Fonte: FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico : Livro do Professor. Tanya A. Felipe de Souza e Myrna Salerno Monteiro. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. Existem sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL. Há ainda sinais em necessitam dos sons e das expressões faciais para complementam os traços manuais, como os sinais HELICÓPTERO e MOTO. Fonte: FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico : Livro do Professor. Tanya A. Felipe de Souza e Myrna Salerno Monteiro. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. Ao combinar esses quatro ou cinco parâmetros, formamos o sinal. Usar a LIBRAS é falar com as mãos, que consiste em combinar esses elementos que formam as palavras, que por sua vez, formam as frases em um contexto. 2- SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO EM LIBRAS A escrita na LIBRAS é dotada por uma convenção, mas como em qualquer língua escrita/oral exigem um período de estudo para serem aprendidos. Nessa aula, mostraremos resumidamente o "Sistema de notação em palavras". Com o objetivo de representar de uma forma linear uma língua tridimensional, já que é uma língua gestual visual, as convenções que serão mostradas abaixo foram elaboradas. Dessa forma, segundo Felipe (2006) a Libras obedece as seguintes convenções: a) Os sinais da LIBRAS serão representados por itens lexicais da Língua Portuguesa (LP) em letras maiúsculas. Exemplos: CASA, ESTUDAR, CRIANÇA. b) Quando um sinal é traduzido por duas ou mais palavras da língua portuguesa, é necessário utilizar as palavras correspondentes separadas por hífen. Exemplos: c)O símbolo separará um sinal composto, ou seja, formado por dois ou mais sinais, que será representado por duas ou mais palavras. c) O alfabeto manual (veremos com detalhes na próxima aula), a datilologia, é usada para expressar nome de pessoas, de locais e palavras que não têm um sinal, está representada pela palavra separada, letra por letra por hífen: d) Refere-se a um sinal soletrado, que se remete a uma palavra da língua portuguesa. Essa palavra passou a pertencer à Libras e é expressa pelo alfabeto manual agregando movimento próprio da Libras. É representado pela soletração ou parte da soletração do sinal em itálico. e) Na LIBRAS, não há desinências para gêneros (masculino e feminino) e número (plural). O sinal @ representa estas marcas de gêneros e números. Exemplos: AMIG@ "amiga(s) ou amigo(s)" , FRI@ "fria(s) ou frio(s)", MUIT@ "muita(s) ou muito(s)", TOD@, "toda(s) ou todo(s)", EL@ "ela(s), ele(s)", ME@ "minha(s) ou meu(s)" f) Quanto aos traços não-manuais (já ditos anteriormente): as expressões facial e corporal são realizadas simultaneamente com um sinal. Serão representadas acima do sinal ao qual está acrescentando alguma idéia, que pode ser em relação ao: 1- tipo de frase: interrogativa ou (... i ... ), negativa ou (... neg ...) Também são usados os sinais de pontuação utilizados na escrita das línguas orais- auditivas, ou seja: !, ? e ?!. 2- Advérbio de modo ou um intensificador: muito; rapidamente; "espantado"; g) Quanto aos verbos que possuem concordância de gênero (pessoa, coisa, animal, veículo), usamos os classificadores. Serão representados com o tipo de classificador em subscrito. h) Pode-se marcar o plural pela repetição ou alongamento do sinal. Será representada por uma cruz no lado direto acima do sinal que está sendo repetido: i) Um sinal feito somente com uma das mãos ou dois sinais estão sendo feitos pelas duas mãos simultaneamente. Serão representados um abaixodo outro com indicação da mão correspondente: direita (md) e esquerda (me): Bibliografia BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingüística e Filologia, 1995. MOURA, M. C.; LODI, A. C.; HARRISON, K. M. A história e Educação: o surdo, a oralidade e o uso de sinais. In: LOPES FILHO, O. C. (Ed.). O tratado de fonoaudiologia. 2. ed. Ribeirão Preto, SP: Tecmed, 2005. v. 2, p. 341-364. STROBEL, K. L.; FERNANDES, S. Aspectos lingüísticos da LIBRAS.Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Educação Especial. Curitiba: SEED/SUED/DEE.1998. http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/curso_de_libras_-_graciele.pdf FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico : Livro do Professor. Tanya A. Felipe de Souza e Myrna Salerno Monteiro. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.
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