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Teologia Bíblica - Os Livros Proféticos Posteriores

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Teologia Bíblica
Movimento 
Profético 
 
 Cleuza S. Nogueira
Teologia Bíblica – Os Livros Proféticos Posteriores
Apresentação
Este E-book é baseado na obra de A. Gelin. - Introdução à Bíblia. 
Elaboramos este E-book para tornar a riqueza deste material mais acessível, 
não só do ponto de vista econômico, mas também da compreensão do texto. 
Procuramos tornar a leitura mais fluente e facilitar assim, o estudo dos 
iniciantes do aprendizado da Teologia Bíblica.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
Capítulo 1
Os Profetas
I - Dados Históricos
1. Etimologias e Denominações:
nabi
Em hebraico a denominação corrente do profeta é nabi, que representa uma forma 
nominal em qatil, em que se classificam ordinariamente os adjetivos de sentido 
passivo mashiah (ungido) nazir (consagrado) 'ani (pobre).
A origem do termo é incerta. Baseados na raiz arcaica da palavra nb', uns a 
traduzem, primeiramente, como o transporte extático que faria o profeta, e depois, 
devido à mudança no sentido da palavra, nabi seria aquele que fala com veemência e 
sob o influxo de uma potência superior, para anunciar coisas inacessíveis aos mortais.
Outros apelam para uma raiz nb' (falar) caída também em desuso, mas que se 
encontra nas línguas semíticas vizinhas. Nabi seria então “o que fala” (Jr 15, 19), ou 
melhor, “aquele que é feito orador” (pela divindade). 
É difícil escolher entre as duas hipóteses. Há textos em que o termo não traduz senão 
a idéia de “porta-voz” (Êx 4.17 e 7.1), outros em que traduz um transporte em 
delírio que se apossa de um indivíduo sob o império de uma força exterior (1 Rs 
18.28-29). Albright (¹) apela para uma terceira explicação, mais simples e mais 
plausível, vinculando nabi ao acádico nabu, que dá o sentido de “chamar”. O nabi 
seria, portanto, “o chamado (por Deus)”.
__________________
(¹) W.F. Albright, from the Stone Age to Christanity, Baltimore 1946, págs. 231-232.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
ro'eh – Além do termo nabi, encontra-se em hebraico: ro'eh (vidente) que era 
corrente no tempo de Samuel, “o vidente” por excelência (1 Samuel 9. 11; 18.19).
A partícula “pro” que entra na composição da palavra grega “prophètès” (tradução 
grega dos setenta) não é o “pro” temporal (dizer de antemão), mas antes o “pro” 
substitutivo (dizer no lugar de; por analogia de prostatès). Assim o profeta seria o 
porta-voz ou o arauto de alguém; o termo grego nos indicaria mais um pregador do 
que um previsor, um adivinho. Ainda há quem pense num “pro” local: o profeta 
seria “o que fala diante (de uma multidão)”, aquele que proclama, o anunciador.
2. História do Movimento Profético 
O profetismo Israelita
A notícia de 1 Sm 9.9, que faz confluir duas denominações, a de vidente e a de nabi, 
inclina contudo a pensar que o profeta clássico saiu, por um engrandecimento 
espiritual admirável, destas figuras solitárias de videntes: o Samuel da fonte J (1 Sm 
9.7) ao qual se ia consultar para negócios de ordem privada e ao qual se 
recompensava; ou Aías de Silo, que é consultado pela mulher de Jeroboão I para um 
assunto doméstico (1 Rs 14, 1-16). 
Samuel marca uma vertente. A mais antiga fonte de sua história faz ver nele mais do 
que um adivinho: o sustentáculo do puro javismo e o fundador da teocracia real. Ele 
inaugura a linha dos grandes profetas.
O que são, pois, os profetas clássicos? São os “perturbadores de Israel”, os guias 
espirituais da teocracia, os mantenedores da Aliança, os fundadores do futuro. . 
Homens de uma mensagem → (dabar), homens de espírito (espirituais) → (ruah), 
estes homens inspirados são avançados para seu tempo; eles pressentem a religião de 
amanhã que ligam àquela de ontem. Eles são os confidentes e os porta-vozes de um 
Deus que se revela na história. Eles vibram uníssonos com o “phatos” de um Deus 
vivo; têm horror a tudo o que é atenuação da palavra de Deus: casuística, diplomacia, 
não fazem parte do seu estilo, quando se trata da palavra de Deus.
Enfim, a percepção e a libertação de sua mensagem são favorecidas pelas 
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
reviravoltas da história e o clima catastrófico em que se encontram seus temas de 
pregação. O fenômeno profético está no coração do Antigo Testamento.
Distinguem-se os profetas oradores e os profetas escritores; mas a aparição destes 
últimos no século VII é um fato acidental. O livro não teve outro sentido senão o de 
prolongar a pregação; os profetas puramente oradores continuam depois de Amós: 
Jonas (2 Rs 14.25), Urias (Jr 26.20-23), Holda (2Rs 22.14-25). 
De Samuel a Amós
Só se pode aqui esboçar a história do movimento profético de Samuel a Amós.
Davi se apoia sobre dois representantes da ideia teocrática, herdeiros de Samuel: 
Natã (2 Sm 1-17;12.1-15; 1 Rs 1-2) e Gad ( 1 Sm 22.5; 2 Sm 24). 
Sob Salomão parece constituir-se uma oposição profética que se manifesta em Aías 
de Silo, o anunciador do cisma de 931 (1 Rs 11.29-39). Em suas intervenções 
múltiplas, num e noutro reino, percebe-se uma inspiração comum: eles querem 
manter os valores antigos característicos da *(¹)anfictionia, igualdade e justiça que 
ameaçam a civilização real, paz que destrói a divisão, simplicidade severa do ritual, 
unidade religiosa.
Aías condena a casa de Jeroboão por suas iniciativas cultuais (1 Rs 14.1-19).
Semeias impede Roboão (931-913) de reconquistar o Norte (1 Rs 12.21-24); ratifica 
assim a separação e aconselha as relações fraternas entre os dois reinos.
Sob Jeroboão ainda, um profeta anônimo irá amaldiçoar o altar de Betel (1 Rs 13. 11-
32).
No Norte, Jeú *(²)ben Hanani anuncia o fim do usurpador Baasa (1 Rs 16.1-4, 7-13).
________________
*(¹) anfictionia → Direito que tinha certas cidades da Grécia de enviar um deputado ao Conselho dos 
Anfictiões. Anfictião → representante de cada um dos estados gregos confederados. Os anfictiões reuniam-
se para deliberar sobre os negócios gerais.
*(²) ben → do hebraico, filho. “Jeú filho de Hanani”.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
 O advento dos (*¹)Omridas (885-841) é muito importante para a história do 
movimento profético. Notam-se numerosas intervenções de alcance religioso e 
nacional (1 Rs 20.13ss. 28.35ss.). A intervenção de Micaías bem Yimla é importante 
por sua oposição ao profetismo patenteado (1 Rs 22).
Nota-se também a floração de confrarias de “filhos de profetas”, que não parecem a 
simples reedição dos grupos de entusiastas do tempo de Samuel; aqui se observa um 
andamento mais ousado e uma organização mais real; as confrarias são fixadas em 
Betel, Jericó e Gilgal, e conhecem certa vida em comum (2 Rs 2; 4.38-41; 6.1-7). 
São características dessas confrarias: 
• não tira completamente os adeptos da vida conjugal (2 Rs 4.1); 
• há jovens entre eles (2 Rs 5.22; 9.4); 
• vivia-se pobremente (2 Rs 4.8; 5.26-27; 6.5);
• Os fenômenos extáticos não parecem assinalados. 
• Houve associações espontâneas de defesa javista contra o baalismo 
introduzido pela política.
Elias, campeão de Javé, uniu sua causa à dessas pessoas (1Rs 18.22; 19.10-14); 
Eliseu se misturou a eles e os utilizou. Mas nem um nem outro parece ter saído desse 
meio: Elias vem da Transjordânia e Eliseu herda o espírito de Elias (2 Rs 2.15).
A vocação de Elias é afirmar o javismo exclusivo e moral dos antepassados diante do 
risco de religião naturista, que se acentua em Canaã com a introdução do Melcart de 
Tiro. Elias continua o arauto de um “renascimento”religiosodo qual uma das fontes 
de inspiração é o deserto, em que ele vai reviver a experiência de Moisés (1Rs 19. 1-
18). Outras fontes de inspiração são as reivindicações de ordem social (caso Nabot 
1 Rs 21), as intervenções de ordem política contra Acab e Jezabel. As ameaças ao 
povo, derivam de sua fidelidade a Javé.
• Esta personalidade possante e solitária (1 Rs 19.10) “é uma estaca excepcional na 
história de Israel desde a era mosaica” (Jack). Sua obra político-religiosa é terminada 
por seu discípulo que com os recabitas apóia o pronunciamento sangrento de Jeú, que 
destrona os Omridas (2Rs 10)
_______________________
 (*¹) Trata-se da Dinastia dos Omridas
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
3. Profetas e Profetas
Há primeiramente, ao lado deles,ou diante deles, um profetismo institucional, oficial:
➔ Profetas acompanham o rei em suas mudanças (1 Rs 22);
➔ Recitam no curso das cerimônias do templo seus oráculos de vitória (Sl 60);
➔ Fazem parte dos quadros da nação ( 2 Rs 23.2);
➔ Emitem vaticínios nos átrios dos santos (Jr 28, Ne 6.12) em que um sacerdote é 
encarregado da vigilância (Jr 29.26).
Seu nível espiritual não é forçosamente baixo. Havia um “profetismo médio”. Mas 
eles eram facilmente inclinados, por posição, a identificar em todas as conjunturas a 
causa real com a causa de Javé.
Assim, os profetas de vocação se opuseram frequentemente a eles (Am 7.14) 
Miquéias, Isaias, Jeremias e Ezequiel) antes que Zacarias anunciasse o 
desaparecimento deles (Zc 13.1-6).
 As regras do discernimento dos espíritos dadas pelo Dt 13.1-6; 18.15-22 os visam 
concretamente. Tratá-los indistintamente de falsos profetas seria exagerado. 
Doutra parte, a autoridade dos grandes profetas tende a se estabelecer sobre grupos. 
Nós já encontramos os “filhos de profetas” com Eliseu (2 Rs 2.15;4.38;9.1-3). Is 8.16 
mostra que Isaías formou em torno de si uma sociedade de discípulos.
Nestes grupos privilegiados se conserva e se explora o pensamento dos mestres: é a 
eles que devemos a publicação dos oráculos. É assim que existe uma escola isaiana. 
Pode-se perguntar, enfim, se a ideia da linha profética não é senão uma construção 
artificial. É um fato, porém, que os profetas apelam sem cessar para seus precursores 
(Jr 7.13-25; Zc 7.7) e tira deles seus oráculos. É um fato que Oséias e Miquéias nos 
remetem a Moisés, o homem da Aliança, isto é, de uma religião histórica gravitante 
sobre um ser pessoal, moral e exclusivo. Esta transcendência do javismo é a razão do 
fato profético que já o eloísta prolongou até às origens do povo escolhido. De fato o 
termo nabi teve uma tal aura que não se hesitou em denominar assim Abraão (Gn 
20.7), os patriarcas (sl 104, 105), o pagão Balaão (Nm 22-24:E) e sobretudo Moisés, 
o protótipo dos profetas (Dt 34, 10-12; Ex 12.2:E) Mas é a partir da instalação em 
Canaã que o profeta é considerado como permanente (Dt 18.9-22). A partir daí, a 
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
continuidade profética é assegurada até que a personagem-profeta, no nível do 
Segundo-Isaías, seja messianizada.
II. A Questão Psicológica
1. Os Grandes Profetas foram Extáticos
Os grandes profetas derivariam dos nabis entusiastas e se caracterizariam pelo êxtase. 
“A experiência fundamental de toda a profecia , diz Gunkel, é o êxtase”, entendido 
como “uma exaltação dos movimentos afetivos, ligados a fenômenos secundários 
especiais” (Hölscher).
O problema passa assim, insensivelmente, do plano histórico para o plano 
psicológico. Mas é preciso confessar que a palavra êxtase é pejada de uma 
ambigüidade profunda. A questão de saber se os grandes profetas foram extáticos, 
foi discutida desde a antiguidade. Filon respondia afirmativamente. Josefo 
negativamente. Os montanistas eram pela passividade absoluta dos inspirados; alguns 
pais compararam a profecia com uma lira que o pletro toca, ou como uma flauta que 
o Espírito faz produzir o som que ele quer (11).
Em sentido contrário, muitos exegetas liberais ensinaram que os profetas são 
pensadoresa religiosos, de pensamento coerente e nos quais o êxtase não desempenha 
senão um papel acidental; apresentando seu ensinamento como revelações recebidas 
no curso de visões, eles se teriam adaptado a uma espécie de convenção literária 
(Kuenem, Renan).
Recentes historiadores de religião, ao contrário aproximaram as manifestações da 
inspiração profética dos fenômenos extáticos que conheceram os povos antigos e os 
examinaram do ponto de vista da psiquiatria moderna: G. Hölscher(²), H.Gunkel(³), o 
médico W.Jacobi(4). 
_______________
 (¹) P. DE LABRIOLLE, La crise montaniste, Paris 1913, págs. 558-561.
(²) G.HÖLSCHER, die propheten: Untersuchungen zur Religionszeschichte Israels, Lipsia 1914.
 (³) H.GUNKEL,Die propheten, Gotinga 1917.
(4) W. JACOBI, die Ekstase der alttestamentlichen propheten, Munique 1920.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
Eis, segundo Hölscher, as três características que se revelam nos profetas:
➢ Agitação violenta (Ez6.11; 21.19);
➢ Prostração que se traduz por acessos de afasia (Ez 3.15, 25; 24.27) de paralisia (Ez 
3.25-26) ou de catalepsia (Ez 9.8; 11.13); anestesia nas feridas (Zc 13.6); 
➢ Apagamento da personalidade: o profeta fala como se ele fora o próprio Deus; “atos 
extáticos” realizados em estado de exaltação,verdadeiros reflexos impulsivos (Ez 4.1-
3, etc); palavras impulsivas e breves; glossolalia (Is28. 9-10); alucinações da vista, do 
ouvido (Ez 3.16) e do tato (Is6.6-7); ilusões propriamente distas, isto é, deformações 
de percepções reais (Isaías quando de sua visão inaugural,estará no templo e 
transformará impressões vindas dos sentidos); auto-sugestões (1Rs 3.15) ou 
sugestões (2Rs 6.17) (êxtase provocados).
Uma forte reação contras esta maneira de compreender o êxtase a partir de seus 
caracteres secundários é delineada desde trinta anos atrás.
Em resumo, a teoria do êxtase oscila entre muitas modalidades: uma patológica na 
qual nós não temos que nos deter, sendo o pseudo-êxtase um estado de desagregação 
psicológica, que não poderia explicar nada no caso profético; outra neoplatônica, 
que a define pela abolição do eu e pela absorção em Deus; a terceira que Lindblom 
nomeou “concentration ecstasy, em que a alma se concentra sobre um único objeto e 
perde em consequência sua consciência normal e o funcionamento de seus sentidos 
externos.
Não se pode aplicar a segunda explicação para os grandes profetas. A absorção em 
Deus é uma idéia grega, não semítica; Javé é austero e inacessível. O profeta, doutra 
parte, não faz esforço para se perder em Deus, mas continua intimamente afeito às 
circunstâncias políticas e sociais deste mundo. Ele se caracteriza pela “dabar” 
(mensagem). O êxtase, observa Case (¹), não está na base da vida religiosa do 
profeta, ele é somente ponto de partida histórico e se manteve entre os grandes 
profetas como uma sobrevivência à qual os contemporâneos e o profeta mesmo 
puderam ajuntar uma importância maior ou menor, mas não é mais do que um 
fenômeno acidental.
___________________
(¹) RHPR, 1922, 354.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
Um dos partidários mais resolutos da teoria, A.Lods, reconhece a si mesmo incapaz 
de inteirar-se de todos os fatos: tal estado de alma profética se aproximaria antes, 
segundo ele, da inspiração dos poetas e dos artistas. Alhures alude à coexistência, no 
caso do Apóstolo Paulo, da glossolalia e da vida espiritual mais elevada: esta 
participação ao “entusiasmo” de seu tempoconota sem dúvida entre os profetas um 
dos condicionamentos de sua atividade: ela não se explica naquilo que ela tem de 
essencial.
2. A Consciência Profética 
O testemunho espontâneo da consciência profética 
Jeremias tentou analisá-la com uma precisão muito notável para um semita: ao 
elemento humano, fraco e tímido, se sobrepõe o elemento divino, cheio de domínio e 
de majestade. A revelação divina é apresentada como um impulso irresistível (Jr 20.7 
e 9; Am 3. 3-8) e acompanhada de uma certeza (Jr 15.19) que não se desmente em 
face da morte (Jr 26.12 ss). 
Uma tal consciência supõe um fundo de intimidade e de comunhão entre Deus e o 
profeta. “Desde que verdadeiros e falsos profetas dão provas de uma 'psicologia 
anormal' e que todos prevêm o futuro, a natureza da profecia não se há de definir em 
função destas coisas. Aquilo que é realmente vital, é a relação com o Deus do 
profeta e com sua palavra. . O profeta propriamente dito é um homem que conheceu 
Deus na imediatez da experiência, que se sentiu invencivelmente constrangido a 
emitir aquilo que, na sua convicção profunda, era a palavra divina; um homem cuja 
palavra era no fundo uma revelação da natureza e da vontade de Deus.
Jeremias foi um verdadeiro profeta na medida de sua experiência de Deus, e a 
medida desta experiência era a mesma de sua receptividade e de sua resposta”. 
(H.H.Rowley).
_____________
Nota - A missão profética tinha que sobrepujar todas as coisas. Falava aos homens o que Deus queria e não o 
que as pessoas queriam ouvir.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
Os dois critérios do verdadeiro profeta
“Kô 'amar Yahvé'” - a explicitação normal de uma vocação inicial. É notável como o 
“Assim fala Javé” era comum aos profetas autênticos e aos que nos acostumamos a 
chamar de falsos profetas. A leitura de Jr 28 é bem sugestiva sob este aspecto. 
Ananias era um profeta de Javé, mas jogava com uma concepção muito material e 
mecânica da Aliança. O choque de duas fórmulas introdutórias endossando 
anúncios contrários não podia, é bem evidente, esclarecer o público crente.
Assim, Jeremias apela para dois critérios capazes de autenticar a sua missão: o 
primeiro é a realização dos acontecimentos preditos (28.15-17); o segundo é 
conformidade à doutrina tradicional, proclamando que o verdadeiro profeta anuncia a 
infelicidade (28.7-9), Jeremias implicitamente evoca o fato do pecado, que é a causa 
da infelicidade e que esteve sempre, desde Samuel, Elias e Amós, no primeiro plano 
da mensagem profética.
Ora, o Deuteronômio tinha já dado os dois critérios de que se utiliza Jeremias. 
Primeiramente a realização das profecias (Dt.18. 15-22). Como as profecias eram, 
muitas vezes, a longo prazo, era necessário poder anunciar acontecimentos de 
realização mais imediata para que ela autenticasse a missão do profeta (Jr 28.15-17; 
20.6; 44.29-30; 45.5).
O segundo critério, e o mais importante, residia na doutrina e na vida do profeta (Dt 
13.1-5): elas deviam estar na linha do puro javismo. Santo Agostinho disse certa vez: 
“Fora da unidade, mesmo aquele que faz milagre, não é nada.” Ou como disse 
Pascal: “A doutrina qualifica o milagre”.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
III. Dados Literários
1. Os Gêneros Proféticos
Os profetas servem de formas literárias variadas: parênese, parábola, visão, relato, 
diálogo, oráculo, torá, sapiência, canto, prece, “confissão”, carta, hino. 
 O oráculo
O oráculo é uma declaração solene feita em nome de Deus. Neste sentido geral, 
pode-se encontrá-lo nos lábios dos sacerdotes, sobretudo para as decisões de justiça. 
Entre os profetas, ele diz respeito a um acontecimento feliz ou infeliz que deve 
sobrevir num futuro próximo ou remoto (Jr 19.11; 28.16). Distinguem-se 
ordinariamente os oráculos pela presnça das fórmulas de introdução e conclusão . O 
“Kô 'amar Yahvé” evoca fórmulas similares usadas no Oriente antigo a propósito das 
declarações tidas como feitas pelos deuses (assim em Mari o discurso divino é 
introduzido por Kiam iqbi(m), ou emanente dos soberanos (2 Rs 18.19). É também 
uma fórmula epistolar. O conteúdo da carta é supostamente confiado ao destinatário; 
donde a precisão “E tu dirás” (Jr 8.4).
A declaração é geralmente acompanhada de sua motivação moral: aí se apreende o 
gênio do javismo. O motivo precede a declaração de preferência nos oráculos de 
desventura (Os 9.10-12; 12.12). Ele a segue ordinariamente nos oráculos de ventura, 
em que a atenção é assim atraída sobre a certeza daquilo que é anunciado.
(O oráculo não é necessariamente um vaticínio, isto é, profecia para o futuro, porém 90% refere-se ao futuro).
 A Exortação ( Pode ser que a palavra Admoestação traduza melhor este subtítulo)
A exortação, segundo os críticos atuais, seria um gênero secundário com relação ao 
precedente, mas isto não concerne senão à pré-história literária: Amós contém 
exortações. O tom é então o do pregador que procura convencer: “Escutai...” (Jr 7.2). 
A desventura é apresentada como evitável e a felicidade possível. O apelo ao coração 
é fundamental neste gênero em que sobressai Oséias. Mas é difícil distinguir 
formalmente a exortação profética do sermão sacerdotal, ao qual se ligam as 
parêneses do Deuteronômio.
 Outros Gêneros
Também é preciso assinalar os relatos autobiográficos, pois os profetas se sentiam na 
obrigação de transcrever suas experiências fundamentais ou os incidentes mais 
importantes de sua carreira. Esta maneira de proceder é antiga e se percebe já com 
Miquéias ben yimla (1 Rs 22.17-21). O gênero se tornará puramente literário no nível 
da apocalíptica. As descrições de visões e de sonhos, ocupam um lugar cada vez mais 
absorvente desde o Exílio (Ezequiel, Zacarias); elas se tornarão um processo habitual 
nos apocalipses. A lírica, em particular a imitação dos Salmos penitenciais (Os 6.1s; 
Jr 14, ou hínicos (segundo Isaías) atesta os laços dos profetas com os meios cultuais; 
mas a reflexão sapiencial não falta também (Jr 17.5-11; Ag2.15-19). 
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
 As ações simbólicas
Devemos nos despir da mentalidade ocidental para fazermos uma leitura das ações 
simbólicas. A finalidade das ações simbólicas é encarecer diante do público as 
afirmações dos inspirados, forçando a atenção. É tornar enfática suas afirmações, 
através de ações que exemplificam ou confirmam o que foi profetizado. Jesus mesmo 
utiliza tal processo quando amaldiçoa uma figueira, na véspera de sua Paixão (Mc 
11.12-14). Esta teoria “pedagógica” das ações simbólicas se verifica também no caso 
da jarra partida de Jeremias (19.1-3). Ainda podemos citar: 
→ Aías que rasga seu manto novo (1 Rs 11.29-39); 
→ os cornos de ferro de Sedecias (1 Rs 22. 10-12); 
→ Joás que lança uma flecha e fere o solo (2 Rs 13.14-19); 
→ Neemias que agita seu manto (Ne 5.12-13); 
→ Agabos que liga as próprias mãos e pés (At 21.10-13)
→ Em alguns dentre eles, é a própria vida pessoal que se torna símbolo e sinal do 
futuro que eles anunciam: assim, a vida conjugal de Oséias. É que eles pensam 
empenhar a si mesmos inteiramente em suas mensagens. Isaías diz: *“Eis que eu e 
meus filhos que Deus me deu, somos sinais e presságios em Israel” (8.18).
2. A Literatura Profética 
Os profetas se preocuparam em escrever para produzir mais impressão sobre o povo 
(Jr 36); e também para que pudesse verificar mais tarde suas predições (Is 30.8). É 
preciso conceber a primeira literatura profética a circular em folhas volantes. O 
trabalho complexo da edição se faz nos círculos de discípulos que ajuntaram 
elementos, fragmentos de coleção e, finalmente, arrumaram o material, segundoum 
plano que se deve examinar, em cada livro.
Quando se examina a composição dos livros proféticos, é preciso neles distinguir três 
espécies de elementos de base: 
 O material oracular, cujos elementos são frequentemente ligados por “palavras 
-colchetes” ou por afinidade de assuntos;
 As passagens biográficas (Er Berichten), por ex. (Os 1; Is 7).
 As passagens autobiográficas (Ich Berichten),por ex. (Os.3; Is.6).
Encontram-se estes elementos em Amós, Oséias, Isaías, Jeremias,. Não se encontra 
senão o primeiro (Oráculos) em Joel, Naum, Sofonias e Zacarias. 9-14. Em Miquéias 
e Habacuque encontram-se, além do primeiro (oráculos), vestígios do terceiro (Ich 
 Berichten) (Miq 3.1; Hb 1.2-2, 4). Quanto a Ageu, ele está em Er Bericht, mas sem 
dúvida, artificialmente, tendo o profeta dado a seus dizeres uma forma objetiva e 
mais solene. Deve-se observar que na apocalíptica somente os dois últimos 
permanecem (sobretudo o terceiro).
* Grifo meu.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
IV. Importância do Profetismo
Mesmo os incrédulos não escondem sua admiração pelo que os profetas trouxeram 
para o patrimônio da humanidade. Retoma-se de boa mente o tema de Renan sobre as 
três civilizações “providenciais”:
• A Grécia, a serviço da razão; 
• Roma que fez progredir o direito; e
• Jerusalém que assegura o advento da consciência e da justiça.
As opiniões ou suposições “leigas” são abundantes sobre este último ponto. Os 
profetas são anexados ao socialismo (K. Marx., G. Le bom); interpreta-se livremente 
o messianismo como uma teoria de progresso e se pensa que os profetas estendem a 
mão aos enciclopedistas (H. Berr).
É preciso superar estas maneiras de ver, restituindo os profetas ao movimento 
espiritual do qual eles foram a alma. Toda teoria que os isola é falsa na sua ótica. Os 
profetas são antes de tudo testemunhas do espiritual: sua função em outros domínios 
(social ou político) não é senão acidental como incidência consequente de sua ação 
religiosa e moral. Tal é o centro luminoso ao qual sempre se deve voltar para avaliar 
sua grandeza sem igual.
1. Sob o Ponto de Vista Religioso
Lugar dos Profetas na Revelação
Eles se situam no coração do Antigo Testamento. Em continuação com uma tradição 
da qual são os herdeiros, asseguram sua existência e seu desenvolvimento entre os 
século IX e o século IV, para transmiti-la enriquecida ao judaísmo. Eles vivem do 
dado essencial fixado nos tempos mosaicos: o monoteísmo moral. Esta revelação 
primordial, eles a sabem explorar com uma fidelidade criadora, e a vivem antes de 
tudo, porque são místicos e a religião toma em suas almas este caráter de 
autenticidade e calor que a torna irradiante junto de seus contemporâneo, e que até 
hoje nos enleva.
Digamos melhor: estes arautos da fé, estes homens do Espírito estão de acordo nas 
mensagens que Deus transmite pela sua boca. Eles as “encarnam” ao mesmo tempo 
que as formulam, e estas mensagens sucessivas, ao mesmo tempo dom de Deus e 
descoberta destes que Ele escolheu; são aprofundamentos e orientações. Estas 
mensagens, que se devem ler com sua lentidão e suas repetições, consideradas 
concretamente na história agitada de Israel, marcam a ascensão segura da vedadeira 
religião para o ideal cristão.
É admirável pensar que os profetas foram as testemunhas e os artesãos deste 
catecumenato da humanidade, os guias autorizados desta marcha espiritual, e que 
eles tenham revelado e comentado o desígnio de Deus na história. Inserem-se num 
lugar de escol neste imenso sinal de credibilidade, que é o Antigo Testamento. Se há 
com efeito um prodígio que permanece inabalável, é como o exprimia Blondel, “a 
pureza miraculosa da fé, obtida e preservada no único Senhor e Criador; o fervor da 
esperança do Messias”.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
Contribuição Teológica
O contingente teológico dos profetas é imenso. A eles se deve o fato de ter-se melhor 
conhecimento de Deus em sua unidade, sua espiritualidade, sua transcendência, sua 
onipotência, sua justiça, sua bondade, sua proximidade. Eles discerniram os 
mistérios do pecado e da graça, precisaram a natureza da sanção. Marcaram o 
progresso do “personalismo”, evocaram e esperaram a comunidade da salvação,, 
escrevendo como que a pré-história da Igreja.
Apesar dos erros e das impotências de seu tempo, eles marcharam às apalpadelas em 
direção de Cristo, termo da história e Perfeição que eles não puderam senão 
vislumbrar.
Eles se situaram nas fontes da moralidade; mostraram que a moral era assunto do 
coração.
Estas palavras de Miquéias (6.8) definem a ótica profética. Aquilo que Javé quer é a 
justiça (Amós); o amor (Oséias), a fé (Isaías); a conversão do coração (Jeremias); a 
moral se interioriza.
Os profetas foram os denunciadores do pecado. Eles talvez tenham sido tentados 
muitas vezes a descrever em cores sombrias seus contemporâneos. A pintura é negra 
em Jeremias (13.23) e Ezequiel. Mas é a partir daí que estes dois profetas são levados 
a descobrir entre a graça de Deus e a renovação moral do homem relações que seus 
predecessores não tinham suspeitado: Javé, segundo Jeremias 24.7; 32.39 dará um 
coração novo aos israelitas (cf. Ez 36.26 s). Vê-se que em definitivo o otimismo dos 
profetas tem uma base sobrenatural. Eles acreditaram no triunfo da justiça e da 
moralidade neste mundo, porque tal é o desígnio de Deus e porque Deus tem o poder 
de fazê-lo triunfar; e eles começaram a realizar em si este ideal.
Os Profetas e o Culto
Sob o ponto de vista do culto e dos ritos, os profetas retificaram também o pendor de 
Israel para uma concepção automática e formalista. Eles impregnaram o culto de 
moral. Não se lerá neles uma condenação absoluta do ritualismo, como o queria a 
escola liberal (Skinner, 1922). Miqueias 6.8 quer convencer que o culto não é o 
elemento essencial da verdadeira religião. Se isto é expresso muitas vezes de forma 
abrupta e um pouco paradoxal, é que nós nos encontramos diante do gênero literário 
“Fizeram-te conhecer, ó homem, aquilo que é bom
e aquilo que Javé pede de ti;
nada mais que praticar a justiça, 
amar a bondade
e caminhar humildemente com teu Deus”.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
da sentença, cuja lei da hipérbole o próprio evangelho respeitou (Mt 5.30;6.3). com o 
auxílio desse princípio se interpretará as passagens da Amós 5.24-25; Jr 7.21-23 que 
parece se referir ao enunciado do decálogo de Ex 20 e Os 6.6.
 “Eu quero amor e não o sacrifício,
 o conhecimento de Deus antes que os holocaustos”.
A escola escandinava, há uns 30 anos, reagiu contra a escola liberal e supôs laços 
estreitos entre os profetas e o culto. S. Mowinckel foi o iniciador desta verdadeira 
revolução nos seus estudos sobre os salmos(¹). A presença de trechos oraculares no 
saltério (Sl 60, 75, 82, 110) e inversamente, a presença de liturgias na literatura 
profética (Hb 3; Jl 1-2; Os 6.1s; Jr14) Indicariam, segundo ele, que os profetas 
pertenciam a guildes cultuais e tinham uma função permanente no cerimonial do 
Templo. Passagens como Jr 20.1;29.6;35.4; Ne 6.14; Zc 13.2-6 seriam sugestivas a 
este respeito. Ver-se iam assim, emergir os profetas cultuais: Ageu, Zacarias, Joel. 
A fusão se daria com os nabis , exaltados do tempo de Samuel, espécie de religioso 
dos santuários antigos; e os guildes de levitas postos em cena pelo cronista seriam, 
em seu papel de nabis (1 Cr 25.1-3); 2 Cr 20. 14s), uma sobrevivências das 
antigas associações de profetas. A ideia de Mowinckel foi retomada , não sem 
exagero, por P. Humbert, que considera o livro de Habacuc como o libreto de 
uma liturgia, praticada no templo de Jerusalém por voltade 602 e dirigida em 
grande parte contra o rei Joaquim (²).
Esta reação crítica, malgrado seus exageros, se revelou salutar. Se é difícil anexar os 
grandes profetas a associações cultuais, será, desde então, não menos difícil 
transformá-los em opositores radicais do culto como tal.
2. Sob o ponto de vista social 
Se os profetas se voltaram para o passado, foi para atingir um ideal melhor 
salvaguardado, segundo lhes parecia, na sociedade mais simples que Israel das 
origens; não foi porém para reviver este passado superado. Eles bem assimilaram a 
civilização rural, urbana e real. A religião aceita os quadros de vida e tenta melhorá-
los. 
Os profetas foram reformadores sociais porque eram crentes. Eles visaram, como os 
legisladores, construir uma sociedade humana digna do povo de Deus. Os direitos 
fundamentais do homem encontraram neles seus melhores defensores: direito às 
garantias pessoais (salário), à pequena propriedade, a um governo humano. Eles 
promoveram um ideal de igualdade e de fraternidade. Se se quer chamá-los de 
revolucionários, é preciso dizer que eles o foram, agindo sobre o íntimo do homem... 
Suas violências não eram senão a outra face de seu otimismo. Seus arroubos de 
pregadores e a emoção tão verdadeira com que denunciavam os abusos de seu tempo.
Enfim, como gente voltada para o futuro, esperavam que Deus mesmo realizasse esta 
sociedade com que sonhavam: é a razão profunda de seu otimismo. Eles contavam 
com Deus para instaurar na sociedade de amanhã o clima verdadeiramente humano 
em que pudesse viver os filhos de Deus (Zc. 8; Is 11.6-9; 19.23-25).
(¹) Kultprophetie und prophetische Psalmen, Christiania.III. 1923
(²)Problèmes du livre d'Habaquq, Neuchàtel, 1944.
Teologia Bíblica – Movimento Profético 
3. Sob o ponto de vista nacional
Com seu lugar marcado na teocracia de Israel, os profetas tinham uma palavra a dizer 
sobre a política. Porque na época em que o povo de Deus possuía estrutura de Estado 
(de Davi a Sedecias) os profetas foram os conselheiros religiosos deste Estado, de 
seu rei e de seus funcionários. O pensamento profético era de que não houvesse 
compromissos com alianças estrangeiras. Estas últimas, a seus olhos, acarretavam 
complicações internacionais e guerras. Mais imediatamente elas ofereciam um perigo 
de sincretismo religioso, porque seladas o mais das vezes com matrimônios, 
introduziam mulheres pagãs no palácio do rei.
A teocracia real não evoluiu segundo a vontade dos profetas. Um dos maiores entres 
eles, Jeremias, fez o processo sistemático de todos os seus elementos (o rei, 
Jerusalém, o Estado, o povo, o Templo). Ele passou por antipatriota. Havia, da parte 
de seus contemporâneos, um desconhecimento profundo de seu papel de profeta; ele 
visava manter valores religiosos. A instituição real, no curso dos séculos, se tinha 
verificado incapaz de o promovê-los.; donde as críticas dos profetas, sua expectativa 
de um Rei Messias no futuro, o modo com eles facilitaram depois do exílio a 
instauração de uma teocracia menos nacionalmente estruturada., que constituiu uma 
etapa importante na marcha de Israel para o Reino de Deus.
4. Os Profetas e Cristo 
Para Cristo, os profetas preparam um povo. Eles delinearam além disto sua figura de 
modo maravilhoso. Cristo mesmo não se compreende se nós o isolamos da 
perspectiva deles. Jesus aceitou ser confundido com um dentre eles vindo novamente 
sobre a terra (Mt 16.14); ele tomou suas atitudes que eles, se fidelidade e de crítica, 
diante da religião nacional (sábado, dízimos, pureza, lei, casuística dos rabinos); 
deles adotou a língua vigorosa (Mt 23)e as maneiras que forçavam a atençao (Mc 
11.13 s); viu sua missão à luz deles (Lc 4 17-21; Mt 23. 29-38 ). No dia da 
transfiguração, Moisés e Elias, a seu lado, são como o resumo do cortejo profético do 
Antigo Testamento... Ele é o profeta por excelência, reformador supremo cuja 
mensagem evangélica deu à história sua direção definitiva (At 3.22-26; 7.37). 
“Depois de ter, por muitas vezes e sob variadas formas, 
falado outrora aos Pais pelos profetas, 
Deus, nestes dias que são os últimos, nos falou pelo Filho...” (Hb 1.1-2)
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Conclusão
As mudanças limitaram-se ao acréscimo de algumas anotações minhas em sala de 
aula, em forma de notas de rodapé, na supressão de algumas citações de obras inacessíveis 
à maior parte de nossos estudantes de teologia, na troca de alguns termos, por expressões 
mais coloquiais visando melhor compreensão por parte dos alunos e na disposição do texto, 
para uma leitura mais fluente.
Procurei ser fiel ao sentido que o autor quis dar ao texto.
Nas próximas apostilas estudaremos detalhadamente cada profeta, a partir do século 
VIII.
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ANEXO
Profetas e Reis de Israel (Reino Unido)
Reis
Saul Davi Salomão
1051(ou 1043)-1011 (40anos) 1011-971 (40 anos) 971-931 (40 anos) 
Reino Dividido
Reino de Israel (Reino do Norte)
REIS DE ISRAEL 
Jeroboão
931-910
Nadabe
910-909
Baasa
909-886
Onri
885-874 Acabe
874-853
Acazias
853-852
Jeorão 
(Jorão)
852-841
Jeú
841-814
Jeoacaz
814-798Ela Zinri
886
Tibni
885-880
931-910 910-909 909-886 885-874 874-863 853-852 852-841 841-814 814-798
Reino de Judá (Reino do Sul)
REIS DE JUDÁ
Roboão
931-913
Abias (Abião)
913-911
Asa
911-870
Josafá
873-848
Jorão
853-841
Rainha Atalia
841-835
Joás (Jeoás)
835-796
931-913 913-911 911-870 873-848 853-841 841-835 835-796
Profetas: 
Samuel, Natã e Gade
Profeta: 
Samuel
Profeta:
Aías
Profetas:
Aías – 931-906
Ido - 921-902
ELIAS – 876-852 ELISEU – 852-796
Jeú - 891- 865 Micaías
Profeta:
Semaías
931-901
Profetas:
Azarias – 900-875
Hanani - 895-870
Profetas:
Jaaziel – 865-835; Eliezer
Obadias – 841-825; Joel 825-809
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