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cetoanalogos insuficiencia renal

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Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia
Print version ISSN 0102-0935
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. vol.54 no.5 Belo Horizonte Oct. 2002
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-09352002000500015 
COMUNICAÇÃO
[Communication]
 
Uso de cetoanálogo na terapia da insuficiência renal canina
[Use of keto analogues in therapy of the renal failure in dogs]
 
J.C.C. Veado, J. Oliveira, J.M.C. Menezes, P.T.C. Guimarães
Escola de Veterinária da UFMG 
Caixa Postal 567 
30123-970 – Belo Horizonte, MG
 
Recebido para publicação em 17 de setembro de 2001 
Recebido para publicação, após modificações, em 25 de março de 2002 
E-mail: cambraia@vet.ufmg.br
 
 
A insuficiência renal é uma patologia relativamente comum na espécie canina. Caracteriza-se principalmente pela perda das funções excretora e concentradora dos rins. A diminuição da capacidade reguladora renal leva ao aparecimento de sinais clínicos, que refletem a progressão da doença e, em casos avançados, podem desencadear severas crises urêmicas, que necessitam de tratamento intensivo imediato (Osborne et al., 1972; Grauer & Lane, 1997; Polzin et al., 1997).
O tratamento para o paciente portador de insuficiência renal deve-se basear na manutenção de fluxo e perfusão sangüínea renais, com apoio de fluidoterapia (Osborne et al., 1972; Grauer & Lane, 1997; Polzin et al., 1997), em medicamentos que controlam as conseqüências da azotemia e de outros acúmulos (Walser, 1975; Walser et al., 1999), em drogas que amenizem efeitos colaterais da incapacidade de filtração e excreção renais (Grauer & Lane, 1997; Polzin et al., 1997), na terapia nutricional e na hemodiálise, quando possível (Techan et al., 1998; Pollock et al., 1996; Romero et al., 1998). Com base nesses conhecimentos, muitas mudanças foram propostas para a terapia do doente renal com o objetivo de melhorar a qualidade e o tempo de sobrevida do paciente.
Aspecto importante da terapia é o suporte nutricional que há anos vem sendo estudado em medicina humana e atualmente tem sido considerado como ponto chave no controle da insuficiência renal canina (Brown, 1994).
O uso de cetoanálogos tem sido proposto nos protocolos de tratamento das insuficiências renais baseado na terapia nutricional, isto é, emprego de -cetoácidos de aminoácidos, cadeias carbônicas simples isentas do grupo amina. Esses compostos, ao mesmo tempo em que captam o nitrogênio da circulação, são transformados em aminoácidos correspondentes, em geral essenciais. Assim, os cetoanálogos servem de complemento nutricional ao fornecerem aminoácidos de alto valor biológico, permitindo que as dietas possam conter menor teor de proteínas, e diminuem os teores de uréia sérica (Walser, 1975; Walser et al., 1993; Pollock et al., 1996; Romero et al., 1998).
O presente trabalho descreve o caso de uma cadela da raça Labrador com dois anos de idade, 20 quilogramas de peso e alimentada com ração comercial1. Portadora de leishmaniose estava sendo submetida ao tratamento com aplicações de alopurinol. Após 15 dias do início do tratamento, o animal não havia apresentado melhora do quadro clínico, revelando sinais de insuficiência renal aguda, evidenciada pela azotemia e pela uremia. Decidiu-se pela sua internação quando passou a receber fluidoterapia endovenosa e glucantime, para o tratamento da leishmaniose. O protocolo de terapia nutricional foi então instituído, reduzindo-se os teores de proteína na dieta para cerca de 2g/kg, tendo como base energética o carboidrato, e administrando-se um composto de aminoácidos essenciais e cetoanálogos2.
A Tab. 1 apresenta os resultados dos exames de uréia e creatinina séricas realizados durante o tratamento. Pode-se observar redução dos níveis desses catabólitos já aos três dias após o início da administração do composto de cetoanálogos via oral, na dose de um tablete para cada 5kg de peso. Houve melhora do estado geral, retorno do apetite, da disposição e do ganho de peso, favorecendo o tratamento da patologia primária. O composto de aminoácidos essenciais e cetoanálogosfoi administrado durante 76 dias e, mesmo após o término de sua administração, os níveis de uréia e creatinina mantiveram-se dentro de valores toleráveis.
 
 
Conclui-se que a associação de aminoácidos essenciais e cetoanálogos contribui para o tratamento da insuficiência renal.
Palavras-chave: Cão, insuficiência renal, cetoanálogos, cetoácidos, terapia nutricional, leishmaniose.

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