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Análise de Crédito e Cobrança 1ª edição 2017 Análise de Crédito e Cobrança 5 3 Unidade 5 Processo de Análise Cadastral Para iniciar seus estudos Em continuidade aos nossos estudos na disciplina de Análise de Crédito e Cobrança, veremos nessa unidade os processos de análise mencionados nos objetivos, tanto com pessoas físicas quanto pessoas jurídicas. Objetivos de Aprendizagem • Conhecer sobre os processos de Análise Cadastral, Idoneidade, Financeira, Relacionamento, Patrimonial, Sensibilidade e Limite de Crédito. 4 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral 5.1 Introdução A definição do risco de crédito parte de uma análise bem elaborada, baseada em políticas definidas de princípios técnicos consolidados, de informações cadastrais fidedignas e da experiência do gerente. Relembrando o que estudamos nas unidades anteriores, o risco de crédito deve atender a três objetivos, segundo Assaf Neto (2011, p. 136): • cobrir todas as despesas administrativas e de pessoal alocadas ao crédito; • cobrir o risco de crédito determinada pela inadimplência esperada (provisão para devedores duvidosos); • remunerar os acionistas pelo capital aplicado. Repassado o conhecimento, faremos as análises separadamente para as pessoas físicas e jurídicas. 5.2 Pessoas físicas 5.2.1Análise cadastral A pasta cadastral (convencional ou magnética) de um cliente tem por objetivo agrupar e guardar as informações (e os documentos) relativos a ele, necessários para o gestor de crédito analisar e decidir sobre propostas de negó- cios (SILVA, 2000). Tanto na pasta cadastral em meio físico quanto no meio magnético, os documentos devem estar separados pelo tema, pela constância com que são acessados e classificados por ordem cronológica, o que facilitam suas análi- ses. Segundo a Resolução do Banco Central do Brasil nº 2.025/93 e alterações, artigo 1, inciso I, letra a, que disciplina as normas para contas correntes dos depositantes, é obrigatória a apresentação das seguintes qualificações: Pessoas físicas: nome completo, filiação, nacionalidade, data e local do nascimento, sexo, estado civil, nome do cônjuge, se casado, profissão, documento de identificação (tipo, número, data de emissão e órgão expedidor) e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF (BRASIL, 1993). Rege ainda que as informações que, decorridos cinco anos de sua elaboração, as informações poderão ser micro- filmadas. 5.2.2 Idoneidade Nesta avaliação das empresas, são verificadas informações das restrições existentes no mercado financeiro em instituições que realizam essas atividades, tais como a Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Relembrando a Unidade 4, a idoneidade revela o Caráter do devedor na vontade de pagar suas obrigações. 5 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral Há necessidade de uma pesquisa minuciosa, pois, em caso de restrições significativas, o crédito poderá ser negado sem qualquer outra análise subsequente. A Resolução nº 2.025/93, artigo no 10, ainda estabelece que É facultada à instituição financeira a abertura, manutenção ou encerramento de conta de depó- sitos à vista cujo titular figure ou tenha figurado no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fun- dos (CCF) (BRASIL, 1993). De acordo com Santos (2000, p. 48), são elencados quatro classificações em decorrência da avaliação da idonei- dade: I. Sem restritivos: as informações encontradas não apontam restrições de crédito ao consultado. II. Alerta: correspondem a informações de baixa relevância que não impedem a concessão de crédito, mas exigem uma avaliação de crédito mais rígida. Exemplo: devolução de um cheque sem fundo nos período de 120 dias. III. Restritivo: são encontradas restrições que, em sua grande maioria, demonstram o descum- primento de suas obrigações frente aos bancos e às demais instituições de crédito. Embora de relevância negativa para o avaliador de crédito, podem ser construídas alternativas para a con- cessão de crédito, tais como a inclusão de uma garantia real ou de um aval com sustentação financeira. Exemplo: diversos cheques devolvidos por insuficiência de saldo e títulos protestados. IV. Impeditivo: informações de decisões legais ou normativos internos das instituições financei- ras que impedem a concessão do crédito. 5.2.2 Análise Financeira e patrimonial A capacidade de pagamento do cliente está diretamente vinculada ao seu rendimento auferido. Para a con- cessão de crédito, faz-se necessária a comprovação documental, periodicidade e recebimento e, sobretudo, a continuidade de ganho. O Imposto de Renda de Pessoas Físicas ( IRPF) é o documento mais usual para comprovar a renda do cliente, con- forme exemplificado na Figura 5.1 a seguir: Figura 5.1 - Exemplo de rendimentos tributáveis Fonte: Programa da Receita Federal – IRPF (2016). 6 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral Note que o rendimento recebido de pessoa jurídica de R$ 153.560,55 equivale a um período de 12 meses. A análise financeira terá como premissa o rendimento mensal, então teremos que dividir pelo número de meses para alcançar o resultado almejado: • Renda mensal = Renda anual ÷ 12 meses Renda mensal= R$ 153.560,55÷12= R$ 12.796,71 Encontrado o valor médio, cabem outras considerações a respeito: a primeira, por se tratar de uma média, é que podem haver períodos em que o cliente não obtenha renda, a chamada sazonalidade e a avaliação deve contem- plar esse risco, até para efeito nos vencimentos das parcelas. De acordo com Winger; Frasca (1995 apud SANTOS, 2000), para realização da análise de crédito, o ideal seria que todos os tomadores fornecessem informações confiáveis quanto à composição de seus ativos, passivos, receitas e despesas. Com base nessas informações, os bancos podem determinar mais precisamente a renda líquida de seus clientes e a probabilidade de recebimento futuro do empréstimo. Portanto, em nossos estudos, propomos a construção de um balanço patrimonial e demonstração de resultados para pessoas físicas para facilitar o entendimento. O Balanço Patrimonial é composto por: • Ativos: bens e direitos. • Passivos: obrigações. • Patrimônio líquido (resultado líquido): ativo – passivo. Interpretado de uma outra forma, o grupo do Passivo é tratado como origem dos recursos, dividindo-se em capi- tal próprio (capital dos acionistas) e capital de terceiros (empréstimos bancários, financiamentos etc.). Já o Ativo é o grupo das aplicações de recursos que geram a receita das empresas. Graficamente, eles estão representados conforme a Figura 5.2 a seguir: Graficamente, está assim representado: Figura 5.2 - Representação origens e aplicações de resultados para pessoas físicas. Fonte: Adaptada de Marion (2012). 7 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral Santos (2000) sugere um balanço patrimonial e demonstração de resultado hipotético, conforme demonstrado pelas Figuras 5.3 e 5.4: Figura 5.3 - Representação do balanço patrimonial - pessoas físicas. ATIVOS PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Ativos circulantes Passivos circulantes Dinheiro disponível e/ou conta- corrente Crediário com lojas Dinheiro em aplicações financeiras Empréstimos bancários Salários a receber Mensalidade escolar Outros Planos de saúde Ativos conversíveis + de 12 meses Aluguel residencial Contas a receber Impostos e taxas Ativos em investimentos Outros Bens alimentícios Passivos amortizáveis + 12 meses Vestuário Financiamentos imobiliários Móveis e utensílios Financiamentos de veículos Veículos Outros Ações de empresas Patrimônio líquido Outros ativos TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E PL Fonte:Santos (2000, p. 52). 8 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral Figura 5.4- Representação Demonstração do Resultado do Exercício - Pessoas Físicas FONTES GERADORAS DE RECEITA FONTES GERADORAS DE DESPESAS Receitas com: Despesas com: Atividade assalariada Alimentação Aluguel de Imóveis Aluguel da moradia Aplicações financeiras Educação Pensões Saúde Heranças Lazer Seguros Aquisição de bens e serviços Atividade autônoma, liberal e/ou empresarial Empréstimos bancários Saldo líquido mMensal = total das receitas - total das despesas Fonte: Santos (2000, p.52) Tendo por base o modelo de balanço patrimonial e demonstração do resultado, apresentamos o exemplo do cliente Rolando A. Terra na Figura 5.5. Balanço patrimonial levantado em 31.12.X7, em reais: 5.5 - Balanço Patrimonial do Rolando A. Terra Fonte: Adaptada de Santos (2000). 5.6 – Demonstração de Resultado do Rolando A. Terra Fonte: Adaptada de Santos (2000). 9 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral Concluímos ao analisar as demonstrações: • O cliente possui recursos em curto prazo para cumprir com as obrigações em curto prazo. • Ativo circulante - Passivo circulante = R$ 18.500,00 - R$ 4.869,00 = R$ 13.631,00. • Patrimônio líquido positivo de R$ 162.631,00, sendo o Ativo superior ao Passivo. • Possui diversas fontes de renda. • Possui mais receitas que despesas, conseguindo fazer poupança. Em resumo, após as análises acima, visualizamos que o cliente se apresenta em condições patrimoniais, financei- ras e econômicas favoráveis para uma concessão de crédito. 5.3 Pessoas jurídicas Passando a analisar as pessoas jurídicas, alguns itens verificados se repetem, mas se tratando de operações mais complexas com valores mais significativos de empresas, os procedimentos de análises devem ser diferenciados. Então, vamos lá! 5.3.1 Análise cadastral São analisados os seguintes documentos dos sócios da empresa e situação legal, conforme Santos (2000, p. 64): • Contrato social/Estatuto da empresa. • Declaração de Imposto de Renda da empresa e dos sócios. • Comprovantes de identificação dos sócios (são os mesmos solicitados para análise de pessoas físicas). A metodologia de arquivamento da documentação é assim indicada pela Resolução do Banco Central do Brasil, nº 2.025/93: b) Pessoas jurídicas: razão social, atividade principal, forma e data de constituição, documentos, contendo as informações referidas na alínea anterior, que qualifiquem e autorizem os represen- tantes, mandatários ou prepostos a movimentar a conta, número de inscrição no Cadastro Nacio- nal de Pessoa Jurídica – CNPJ e atos constitutivos, devidamente registrados, na forma da lei, na autoridade competente; (Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000.) II - endereços residencial e comercial completos; (Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000.) III - número do telefone e código DDD; IV - fontes de referência consultadas; V - data da abertura da conta e respectivo número; VI - assinatura do depositante. 10 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral Parágrafo 1º Se a conta de depósitos for titulada por menor ou por pessoa incapaz, além de sua qualificação, também deverá ser identificado o responsável que o assistir ou o representar. Parágrafo 2º Nos casos de isenção de CPF e de CNPJ previstos na legislação em vigor, deverá esse fato ser registrado no campo da ficha-proposta destinado a essas informações (Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000.) Art. 2º A ficha-proposta relativa a conta de depósitos à vista deverá conter, ainda, cláusulas tra- tando, entre outros, dos seguintes assuntos: I - saldo exigido para manutenção da conta (Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000); II - condições estipuladas para fornecimento de talonário de cheques; III - (Revogado pela Reso- lução nº 2.303, de 25/7/1996); IV - obrigatoriedade de comunicação, devidamente formalizada pelo depositante, sobre qualquer alteração nos dados cadastrais e nos documentos referidos no art. 1º desta Resolução (Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000); V - inclusão do nome do depositante no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), nos termos da regulamentação em vigor, no caso de emissão de cheques sem fundos, com a devolução dos cheques em poder do depositante à instituição financeira (Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000); VI - informação de que os cheques liquidados, uma vez microfilmados, poderão ser destruídos (Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000); VII - procedimentos a serem observados com vistas ao encerramento da conta de depósitos, res- peitado o disposto no art. 12 desta Resolução (Incluído pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000). Parágrafo único. (Revogado pela Resolução nº 2.303, de 25/7/1996.) Art. 3º As informações constantes da ficha-proposta, bem como os elementos de identificação e localização do proponente, devem ser conferidos à vista de documentação competente, obser- vada a responsabilidade da instituição pela verificação acerca da exatidão das informações pres- tadas (BRASIL, 1993). As informações acima correspondem à abertura de conta-corrente, entretanto os bancos exigem que, para rea- lizar operações de crédito, é necessária abertura de conta. 11 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral Além disso, há necessidade de informações complementares da empresa tomadora de crédito para uma avalia- ção do risco de crédito mais contundente, conforme quadro apresentado na Figura 5.7: Figura: 5.7 - Checklist de risco Informações da empresa Situação 1 Situação 2 Carteira de clientes Diversificada Concentrada Carteira de fornecedores Diversificada Concentrada Imóvel operacional Próprio Alugado Sucessão administrativa Em andamento/finalizado Não existe Produto / Serviço 1a necessidade 2a necessidade Concorrência Flexível Agressiva Localização Próxima aos clientes Distante Localização Próxima aos fornecedores Distante Dívida bancária Estável ou declinante Em elevação Histórico do crédito Pagamentos pontuais Atrasos Fonte: Santos (2000, p. 67). O quadro acima esclarece os pontos de menor ou maior risco para cada um dos itens elencados. Ao fim da aná- lise, que corresponde a marcar a situação efetiva naquele momento, verifica-se quanto o cliente poderá oferecer de risco à operação de crédito. 5.3.2 Análise de idoneidade Para não sermos repetitivos, as análises de restrições cadastrais e as classificações de “sem restritivos”, “alerta”, ”restritivo” ou “impeditivo” são as mesmas aplicadas para as pessoas físicas. 12 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral 5.3.3 Análise contábil e financeira Silva (2000, p. 175) revela que as demonstrações financeiras constituem-se em uma das grandes fontes de infor- mações para a decisão de crédito. Como exemplo, para melhor entendimento, apresentamos um modelo para fixação da estrutura contábil nas Figuras 5.8 e 5.9: Figura 5.8 - Exemplo de balanço patrimonial Fonte: Elaborada pelos autores (2017). Figura 5.9 - Exemplo de demonstração de resultado do exercício. Fonte: Elaborada pelos autores (2017). 13 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral O procedimento de análise das demonstrações contábeis possui várias metodologias, de acordo com os objeti- vos a serem alcançados (SILVA, 2014): Diferenças absolutas Consiste em comparar, entre mesmas contas contábeis ou grupos contábeis, as diferenças em reais (números absolutos) relacionando períodos diferentes. Esta análise é normalmente a primeira a ser realizada e não há a prerrogativade estender para todas as contas do balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício. Com esta metodologia é possível identificar as diferenças mais significativas por meio da “comparação entre duas situações de cada vez, mediante a apuração das diferenças absolutas entre os valores monetários de uma mesma conta ou de um mesmo grupo, de uma data para outra” (BRAGA, 2006 apud SILVA, 2014). Análise horizontal A análise horizontal, chamada também de análise de tendências, é efetuada partindo da evolução percentual de uma conta ou de um grupo ao longo de vários períodos. Ela é aplicada em grupos/contas do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício. De acordo com Silva (2014), permite descobrir e avaliar a estrutura e composição de itens das demonstrações e a sua evolução no tempo, evidenciando os caminhos até então trilhados pela empresa, servindo para construção de uma séria histórica, o que é fundamental para ajudar no estudo de tendências e na construção de cenários. O critério de cálculo é realizado considerando o ano mais distante como base de comparação (100%) para os demais. Cada conta ou grupo deverá ser aplicada a seguinte metodologia de cálculo: Análise vertical A análise vertical é uma ferramenta de análise muito relevante, pois é possível mensurar a representatividade de um grupo/conta contábil em relação ao total do ativo ou passivo no balanço patrimonial. Ela tem utilidade na demonstração do resultado do exercício para verificação da representatividade nas contas de receitas e despesas. Segundo Silva (2014), ela também é denominada de análise de estrutura das demonstrações e serve para estabelecer tendências, revelando ainda os seus efeitos e, em algumas demons- trações, é ainda possível descobrir algumas causas primárias das variações. No balanço patrimonial, deve-se dividir o saldo de cada rubrica/grupo pelo total do ativo ou passivo, de acordo com respectivo evento e multiplicando por cem, resultando na participação de cada rubrica/grupo em relação ao total. O mesmo ocorre com relação as rubricas/grupos da demonstração do resultado do exercício (Figuras 5.10 e 5.11). 14 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral Figura 5.10 - Exemplo de análise horizontal e vertical do balanço patrimonial. Fonte: Adaptada de Silva (2014). Figura 5.11 - Exemplo de análise horizontal e vertical do balanço patrimonial. Fonte: Adaptada de Silva (2014). No balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício, notamos as análises horizontais e verticais do exercício de 20x1 até 20x3, com suas variações das contas/grupos ao longo do tempo em percentuais. 5.3.4 Análise sensibilidade de crédito Corresponde à análise das medidas realizadas pelos tomadores e credores de crédito pela exposição ao risco de mercado nos quais estão expostos. O objetivo nas instituições financeiras é monitorar as operações de crédito no que tange ao aumento/diminuição de risco frente às situações macroeconômicas. 15 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral A análise de sensibilidade deve apresentar informações quantitativas e qualitativas sobre os riscos de mercado, devendo apresentar minimamente os seguintes elementos, conforme o Pronunciamento Técnico Contábil CPC 40 (R1): Divulgação qualitativa 33. Para cada tipo de risco decorrente de instrumentos financeiros, a entidade deve divulgar: (a) a exposição ao risco e como ele surge; (b) seus objetivos, políticas e processos para gerenciar os riscos e os métodos utilizados para mensurar o risco; (c) quaisquer alterações em (a) ou (b) do período anterior. Divulgação quantitativa 34. Para cada tipo de risco decorrente de instrumentos financeiros, a entidade deve divulgar: (a) sumário de dados quantitativos sobre sua exposição aos riscos ao término do período de reporte. Essa divulgação deve estar baseada nas informações fornecidas internamente ao pessoal chave da administração da entidade, por exemplo, o conselho de administração da entidade ou o seu presidente executivo; 35. Se os dados quantitativos divulgados ao término do período de reporte não forem repre- sentativos da exposição ao risco da entidade durante o período, a entidade deve fornecer infor- mações adicionais que sejam representativas. Tendo essas informações para análise, os gestores de crédito avaliam as condições de crédito a serem conce- didas, como taxas de juros, prazos e garantidas das operações. Por exemplo, quanto maior for o risco levantado nessas análises, provavelmente maior serão os juros praticados pela instituição financeira. 5.3.5 Análise limite de crédito Geralmente uma análise de crédito praticada com base em políticas estruturadas estabelece o limite que cada operação e tomador podem liberar. Silva (2000, p. 365; 367) diz que existem três que orientam a fixação dos limites: 1. necessidades dos clientes; 2. risco de crédito que o cliente representa; 3. política de crédito do banco. Esses requisitos estabelecem os limites que a instituição financeira proporá aos seus clientes, considerando que os itens não são excludentes, devendo ser tratados conjuntamente. A determinação do limite de crédito passa ainda por três grupos básicos: a. Legais O limite de crédito deve seguir normativos e regulamentações pelas autoridades monetárias no que tange, por exemplo, questões cadastrais, idoneidade do cliente e concentração de crédito por cliente. 16 Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral b. Politicas de crédito As políticas de crédito estabelecem as regras estruturais de concessão de crédito, definindo-se a abrangência dos limites de crédito. Apresentamos detalhadamente na Unidade 3 - Ciclo de Crédito – Concessão o conceito e a aplicação das políticas de crédito. c. Técnicos Neste item, o limite de crédito é estabelecido em parâmetros objetivos apresentados pelos clientes nas infor- mações cadastrais. Considerando as informações contábeis, uma forma de calcular o limite é estabelecer um percentual sobre o patrimônio líquido da empresa. Por exemplo, na Figura 5.10 são apresentados os saldos do patrimônio líquido dos exercícios, sendo que utiliza- remos o de 31.12.X3 de R$ 318.011,00. Ainda segundo Silva (2000, p. 373), podem ser aplicados os seguintes percentuais sobre o patrimônio líquido, de acordo com a capacidade de solvência em categorias de clientes: A – Ótima 25% do PL B – Boa 20% do PL C – Regular 15% do PL D – Duvidosa 5% do PL E – Péssima 0% do PL Continuando no exemplo, a análise técnica apurou um índice de solvência considerado “Boa – com percentual de 20%”. Consequentemente, aplica-se o valor do PL ao último ano analisado (31.12.X3) de R$ 318.011,00. Logo, o cálculo do limite de crédito para esse exemplo, é: Patrimônio líquido= R$ 318.011,00 Percentual PL= 20% Portanto, R$ 318.011 x 20% = R$ 63.602,20 = limite de crédito. Por esse critério, o limite de crédito a ser concedido ao cliente é de R$ 63.602,20. 17 Considerações finais Encerra mais uma unidade de Análise de Crédito e Cobrança. Vimos as análises cadastrais, de idoneidade, financeira e patrimonial de uma con- cessão de crédito. Que os dados e as informações devem constar da ficha cadastral e serão utilizados para a análise de crédito. Assim como que a análise de risco da operação de concessão de crédito precisa passar por algumas fases durante o processo, como: • Análise cadastral: refere-se ao processo de análise dos dados de identificação dos clientes. Deve haver, por parte da empresa, uma checagem rigorosa. • Análise de idoneidade: levantamento e análise de informações relacionadas ao mercado de crédito junto aos órgãos de serviço de proteção ao crédito. • Análise financeira: trata-se de análiseda renda total do cliente e da compatibilidade com a linha de crédito pretendida. Analisa-se o fator de risco para a empresa. • Análise de relacionamento: informações extraídas do histórico do relacionamento do cliente com outras empresas. Quando o cliente já é conhecido e bom pagador, agiliza-se o processo. • Análise patrimonial: utilizada para a avaliação das garantias que os clientes podem oferecer às empresas. • Análise de sensibilidade: realizada pelos tomadores e credores de crédito pela exposição ao risco de mercado nos quais estão expostos. • Limite de crédito: praticado com base em políticas estruturadas, estabelece o limite que cada operação e tomador podem liberar. Referências bibliográficas 18 BRASIL. Banco Central do Brasil. Resolução nº 2.025, de 24 de novem- bro de 1993 e atualizações. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/ normativos/res/1993/pdf/res_2025_v5_L.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2017. BRASIL. Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 4 (R1). Disponí- vel em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronuncia- mentos/ Pronunciamento ?Id=71>. Acesso em: 24 de fevereiro de 2017. MARION, J. C. Análise das Demonstrações Contábeis. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SANTOS, J. O. dos. Análise de Crédito: Empresas e Pessoas Físicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. SILVA, A. A. da. Estrutura, Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2014. SILVA, J. P. da. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.