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Análise de Crédito 
e Cobrança
1ª edição
2017
Análise de Crédito 
e Cobrança
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Unidade 5
Processo de Análise Cadastral
Para iniciar seus estudos
Em continuidade aos nossos estudos na disciplina de Análise de Crédito e 
Cobrança, veremos nessa unidade os processos de análise mencionados 
nos objetivos, tanto com pessoas físicas quanto pessoas jurídicas.
Objetivos de Aprendizagem
•	 Conhecer sobre os processos de Análise Cadastral, Idoneidade, 
Financeira, Relacionamento, Patrimonial, Sensibilidade e Limite 
de Crédito.
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Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral
5.1 Introdução
A	definição	do	risco	de	crédito	parte	de	uma	análise	bem	elaborada,	baseada	em	políticas	definidas	de	princípios	
técnicos	consolidados,	de	informações	cadastrais	fidedignas	e	da	experiência	do	gerente.
Relembrando	o	que	estudamos	nas	unidades	anteriores,	o	risco	de	crédito	deve	atender	a	três	objetivos,	segundo	
Assaf Neto (2011, p. 136):
•	 cobrir todas as despesas administrativas e de pessoal alocadas ao crédito;
•	 cobrir	o	risco	de	crédito	determinada	pela	inadimplência	esperada	(provisão	para	devedores	duvidosos);
•	 remunerar os acionistas pelo capital aplicado.
Repassado o conhecimento, faremos as análises separadamente para as pessoas físicas e jurídicas.
5.2 Pessoas físicas
5.2.1Análise cadastral
A pasta cadastral (convencional ou magnética) de um cliente tem por objetivo agrupar e guardar as informações 
(e os documentos) relativos a ele, necessários para o gestor de crédito analisar e decidir sobre propostas de negó-
cios (SILVA, 2000).
Tanto na pasta cadastral em meio físico quanto no meio magnético, os documentos devem estar separados pelo 
tema,	pela	constância	com	que	são	acessados	e	classificados	por	ordem	cronológica,	o	que	facilitam	suas	análi-
ses. 
Segundo a Resolução do Banco Central do Brasil nº 2.025/93 e alterações, artigo 1, inciso I, letra a, que disciplina 
as	normas	para	contas	correntes	dos	depositantes,	é	obrigatória	a	apresentação	das	seguintes	qualificações:
Pessoas	físicas:	nome	completo,	filiação,	nacionalidade,	data	e	local	do	nascimento,	sexo,	estado	
civil,	nome	do	cônjuge,	se	casado,	profissão,	documento	de	identificação	(tipo,	número,	data	de	
emissão	e	órgão	expedidor)	e	número	de	inscrição	no	Cadastro	de	Pessoas	Físicas	-	CPF	(BRASIL,	
1993).
Rege ainda que as informações que, decorridos cinco anos de sua elaboração, as informações poderão ser micro-
filmadas.
5.2.2 Idoneidade
Nesta	avaliação	das	empresas,	são	verificadas	informações	das	restrições	existentes	no	mercado	financeiro	em	
instituições que realizam essas atividades, tais como a Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos) e o Serviço 
de Proteção ao Crédito (SPC). Relembrando a Unidade 4, a idoneidade revela o Caráter do devedor na vontade de 
pagar suas obrigações.
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Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral
Há	 necessidade	 de	 uma	 pesquisa	minuciosa,	 pois,	 em	 caso	 de	 restrições	 significativas,	 o	 crédito	 poderá	 ser	
negado sem qualquer outra análise subsequente.
A Resolução nº 2.025/93, artigo no 10, ainda estabelece que 
É	facultada	à	instituição	financeira	a	abertura,	manutenção	ou	encerramento	de	conta	de	depó-
sitos	à	vista	cujo	titular	figure	ou	tenha	figurado	no	Cadastro	de	Emitentes	de	Cheques	sem	Fun-
dos (CCF) (BRASIL, 1993).
De	acordo	com	Santos	(2000,	p.	48),	são	elencados	quatro	classificações	em	decorrência	da	avaliação	da	idonei-
dade:
I. Sem restritivos: as informações encontradas não apontam restrições de crédito ao consultado.
II. Alerta: correspondem	a	 informações	de	baixa	relevância	que	não	impedem	a	concessão	de	
crédito,	mas	exigem	uma	avaliação	de	crédito	mais	rígida.	Exemplo:	devolução	de	um	cheque	sem	
fundo nos período de 120 dias.
III. Restritivo: são encontradas restrições que, em sua grande maioria, demonstram o descum-
primento de suas obrigações frente aos bancos e às demais instituições de crédito. Embora de 
relevância negativa para o avaliador de crédito, podem ser construídas alternativas para a con-
cessão de crédito, tais como a inclusão de uma garantia real ou de um aval com sustentação 
financeira.	Exemplo:	diversos	cheques	devolvidos	por	insuficiência	de	saldo	e	títulos	protestados.
IV. Impeditivo: informações	de	decisões	legais	ou	normativos	internos	das	instituições	financei-
ras que impedem a concessão do crédito.
5.2.2 Análise Financeira e patrimonial
A capacidade de pagamento do cliente está diretamente vinculada ao seu rendimento auferido. Para a con-
cessão de crédito, faz-se necessária a comprovação documental, periodicidade e recebimento e, sobretudo, a 
continuidade de ganho.
O Imposto de Renda de Pessoas Físicas ( IRPF) é o documento mais usual para comprovar a renda do cliente, con-
forme	exemplificado	na	Figura	5.1	a	seguir:
Figura	5.1	-	Exemplo	de	rendimentos	tributáveis	
Fonte: Programa da Receita Federal – IRPF (2016).
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Note que o rendimento recebido de pessoa jurídica de R$ 153.560,55 equivale a um período de 12 meses. A 
análise	financeira	terá	como	premissa	o	rendimento	mensal,	então	teremos	que	dividir	pelo	número	de	meses	
para alcançar o resultado almejado:
•	 Renda mensal = Renda anual ÷ 12 meses 
Renda mensal= R$ 153.560,55÷12= R$ 12.796,71
Encontrado o valor médio, cabem outras considerações a respeito: a primeira, por se tratar de uma média, é que 
podem haver períodos em que o cliente não obtenha renda, a chamada sazonalidade e a avaliação deve contem-
plar esse risco, até para efeito nos vencimentos das parcelas.
De acordo com Winger; Frasca (1995 apud SANTOS, 2000), para realização da análise de crédito, o ideal seria que 
todos	os	tomadores	fornecessem	informações	confiáveis	quanto	à	composição	de	seus	ativos,	passivos,	receitas	
e despesas. Com base nessas informações, os bancos podem determinar mais precisamente a renda líquida de 
seus clientes e a probabilidade de recebimento futuro do empréstimo. 
Portanto, em nossos estudos, propomos a construção de um balanço patrimonial e demonstração de resultados 
para pessoas físicas para facilitar o entendimento.
O Balanço Patrimonial é composto por:
•	 Ativos: bens e direitos.
•	 Passivos: obrigações.
•	 Patrimônio líquido (resultado líquido): ativo – passivo.
Interpretado de uma outra forma, o grupo do Passivo é tratado como origem dos recursos, dividindo-se em capi-
tal	próprio	(capital	dos	acionistas)	e	capital	de	terceiros	(empréstimos	bancários,	financiamentos	etc.).	Já	o	Ativo	
é	o	grupo	das	aplicações	de	recursos	que	geram	a	receita	das	empresas.	Graficamente,	eles	estão	representados	
conforme a Figura 5.2 a seguir: 
Graficamente,	está	assim	representado:
Figura 5.2 - Representação origens e aplicações de resultados para pessoas físicas.
Fonte: Adaptada de Marion (2012).
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Santos (2000) sugere um balanço patrimonial e demonstração de resultado hipotético, conforme demonstrado 
pelas Figuras 5.3 e 5.4:
Figura 5.3 - Representação do balanço patrimonial - pessoas físicas.
ATIVOS PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ativos circulantes Passivos circulantes
 Dinheiro disponível e/ou conta- corrente Crediário com lojas
	Dinheiro	em	aplicações	financeiras Empréstimos bancários
Salários a receber Mensalidade escolar
Outros Planos	de	saúde
Ativos conversíveis + de 12 meses Aluguel residencial
Contas a receber Impostos	e	taxas
Ativos em investimentos Outros
Bens alimentícios Passivos amortizáveis + 12 meses
Vestuário Financiamentos imobiliários
Móveis e utensílios Financiamentos de veículos
Veículos Outros
Ações de empresas Patrimônio líquido
Outros ativos
TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E PL
Fonte:Santos (2000, p. 52).
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Figura	5.4-	Representação	Demonstração	do	Resultado	do	Exercício	-	Pessoas	Físicas
FONTES GERADORAS DE RECEITA FONTES GERADORAS DE DESPESAS
Receitas com: Despesas com:
Atividade assalariada Alimentação
Aluguel de Imóveis Aluguel da moradia
Aplicações	financeiras Educação
Pensões Saúde
Heranças Lazer
Seguros Aquisição de bens e serviços
Atividade autônoma, liberal e/ou empresarial Empréstimos bancários
Saldo líquido mMensal = total das receitas - total das despesas
Fonte: Santos (2000, p.52)
Tendo	por	base	o	modelo	de	balanço	patrimonial	e	demonstração	do	resultado,	apresentamos	o	exemplo	do	
cliente Rolando A. Terra na Figura 5.5.
Balanço patrimonial levantado em 31.12.X7, em reais:
5.5 - Balanço Patrimonial do Rolando A. Terra
Fonte: Adaptada de Santos (2000).
5.6 – Demonstração de Resultado do Rolando A. Terra
Fonte: Adaptada de Santos (2000).
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Concluímos ao analisar as demonstrações:
•	 O cliente possui recursos em curto prazo para cumprir com as obrigações em curto prazo.
•	 Ativo circulante - Passivo circulante = R$ 18.500,00 - R$ 4.869,00 = R$ 13.631,00.
•	 Patrimônio líquido positivo de R$ 162.631,00, sendo o Ativo superior ao Passivo.
•	 Possui diversas fontes de renda.
•	 Possui mais receitas que despesas, conseguindo fazer poupança.
Em	resumo,	após	as	análises	acima,	visualizamos	que	o	cliente	se	apresenta	em	condições	patrimoniais,	financei-
ras e econômicas favoráveis para uma concessão de crédito.
5.3 Pessoas jurídicas
Passando	a	analisar	as	pessoas	jurídicas,	alguns	itens	verificados	se	repetem,	mas	se	tratando	de	operações	mais	
complexas	com	valores	mais	significativos	de	empresas,	os	procedimentos	de	análises	devem	ser	diferenciados.	
Então, vamos lá!
5.3.1 Análise cadastral
São analisados os seguintes documentos dos sócios da empresa e situação legal, conforme Santos (2000, p. 64):
•	 Contrato social/Estatuto da empresa.
•	 Declaração de Imposto de Renda da empresa e dos sócios.
•	 Comprovantes	de	identificação	dos	sócios	(são	os	mesmos	solicitados	para	análise	de	pessoas	físicas).
A metodologia de arquivamento da documentação é assim indicada pela Resolução do Banco Central do Brasil, 
nº 2.025/93:
b) Pessoas jurídicas: razão social, atividade principal, forma e data de constituição, documentos, 
contendo	as	informações	referidas	na	alínea	anterior,	que	qualifiquem	e	autorizem	os	represen-
tantes,	mandatários	ou	prepostos	a	movimentar	a	conta,	número	de	inscrição	no	Cadastro	Nacio-
nal	de	Pessoa	Jurídica	–	CNPJ	e	atos	constitutivos,	devidamente	registrados,	na	forma	da	lei,	na	
autoridade competente; (Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000.) 
II - endereços residencial e comercial completos; (Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 
28/6/2000.)
	III	-	número	do	telefone	e	código	DDD;	
IV	-	fontes	de	referência	consultadas;	
V	-	data	da	abertura	da	conta	e	respectivo	número;	
VI - assinatura do depositante. 
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Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral
Parágrafo 1º Se a conta de depósitos for titulada por menor ou por pessoa incapaz, além de sua 
qualificação,	também	deverá	ser	identificado	o	responsável	que	o	assistir	ou	o	representar.	
Parágrafo	2º	Nos	casos	de	isenção	de	CPF	e	de	CNPJ	previstos	na	legislação	em	vigor,	deverá	esse	
fato	ser	 registrado	no	campo	da	ficha-proposta	destinado	a	essas	 informações	 (Redação	dada	
pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000.) 
Art.	2º	A	ficha-proposta	relativa	a	conta	de	depósitos	à	vista	deverá	conter,	ainda,	cláusulas	tra-
tando, entre outros, dos seguintes assuntos: 
I	-	saldo	exigido	para	manutenção	da	conta	(Redação	dada	pela	Resolução	nº	2.747,	de	28/6/2000);	
II - condições estipuladas para fornecimento de talonário de cheques; III - (Revogado pela Reso-
lução nº 2.303, de 25/7/1996);
IV - obrigatoriedade de comunicação, devidamente formalizada pelo depositante, sobre qualquer 
alteração nos dados cadastrais e nos documentos referidos no art. 1º desta Resolução (Redação 
dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000); 
V - inclusão do nome do depositante no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), 
nos termos da regulamentação em vigor, no caso de emissão de cheques sem fundos, com a 
devolução	dos	 cheques	 em	poder	 do	 depositante	 à	 instituição	 financeira	 (Redação	dada	pela	
Resolução nº 2.747, de 28/6/2000); 
VI	-	 informação	de	que	os	cheques	liquidados,	uma	vez	microfilmados,	poderão	ser	destruídos	
(Redação dada pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000); 
VII - procedimentos a serem observados com vistas ao encerramento da conta de depósitos, res-
peitado o disposto no art. 12 desta Resolução (Incluído pela Resolução nº 2.747, de 28/6/2000). 
Parágrafo	único.	(Revogado	pela	Resolução	nº	2.303,	de	25/7/1996.)	
Art.	3º	As	informações	constantes	da	ficha-proposta,	bem	como	os	elementos	de	identificação	e	
localização do proponente, devem ser conferidos à vista de documentação competente, obser-
vada	a	responsabilidade	da	instituição	pela	verificação	acerca	da	exatidão	das	informações	pres-
tadas (BRASIL, 1993).
As	informações	acima	correspondem	à	abertura	de	conta-corrente,	entretanto	os	bancos	exigem	que,	para	rea-
lizar operações de crédito, é necessária abertura de conta.
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Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral
Além disso, há necessidade de informações complementares da empresa tomadora de crédito para uma avalia-
ção do risco de crédito mais contundente, conforme quadro apresentado na Figura 5.7: 
Figura: 5.7 - Checklist de risco
Informações da empresa Situação 1 Situação 2
Carteira de clientes Diversificada Concentrada
Carteira de fornecedores Diversificada Concentrada
Imóvel operacional Próprio Alugado
Sucessão administrativa Em	andamento/finalizado Não	existe
Produto / Serviço 1a necessidade 2a necessidade
Concorrência Flexível Agressiva
Localização Próxima	aos	clientes Distante
Localização Próxima	aos	fornecedores Distante
Dívida bancária Estável ou declinante Em elevação
Histórico do crédito Pagamentos pontuais Atrasos
Fonte: Santos (2000, p. 67).
O	quadro	acima	esclarece	os	pontos	de	menor	ou	maior	risco	para	cada	um	dos	itens	elencados.	Ao	fim	da	aná-
lise,	que	corresponde	a	marcar	a	situação	efetiva	naquele	momento,	verifica-se	quanto	o	cliente	poderá	oferecer	
de risco à operação de crédito.
5.3.2 Análise de idoneidade
Para	não	sermos	repetitivos,	as	análises	de	restrições	cadastrais	e	as	classificações	de	“sem	restritivos”,	“alerta”,	
”restritivo”	ou	“impeditivo”	são	as	mesmas	aplicadas	para	as	pessoas	físicas.
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Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral
5.3.3 Análise contábil e financeira
Silva	(2000,	p.	175)	revela	que	as	demonstrações	financeiras	constituem-se	em	uma	das	grandes	fontes	de	infor-
mações para a decisão de crédito.
Como	exemplo,	para	melhor	entendimento,	apresentamos	um	modelo	para	fixação	da	estrutura	contábil	nas	
Figuras 5.8 e 5.9: 
Figura	5.8	-	Exemplo	de	balanço	patrimonial
Fonte: Elaborada pelos autores (2017).
Figura	5.9	-	Exemplo	de	demonstração	de	resultado	do	exercício.
Fonte: Elaborada pelos autores (2017).
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Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral
O procedimento de análise das demonstrações contábeis possui várias metodologias, de acordo com os objeti-
vos a serem alcançados (SILVA, 2014): 
Diferenças absolutas
Consiste	em	comparar,	entre	mesmas	contas	contábeis	ou	grupos	contábeis,	as	diferenças	em	reais	(números	
absolutos) relacionando períodos diferentes.
Esta análise é normalmente a primeira a ser realizada e não há a prerrogativade estender para todas as contas do 
balanço	patrimonial	e	demonstração	do	resultado	do	exercício.
Com	esta	metodologia	é	possível	 identificar	as	diferenças	mais	 significativas	por	meio	da	 “comparação	entre	
duas situações de cada vez, mediante a apuração das diferenças absolutas entre os valores monetários de uma 
mesma	conta	ou	de	um	mesmo	grupo,	de	uma	data	para	outra”	(BRAGA,	2006	apud	SILVA,	2014).
Análise horizontal
A	análise	horizontal,	chamada	também	de	análise	de	tendências,	é	efetuada	partindo	da	evolução	percentual	de	
uma conta ou de um grupo ao longo de vários períodos. Ela é aplicada em grupos/contas do balanço patrimonial 
e	da	demonstração	do	resultado	do	exercício.
De acordo com Silva (2014), permite descobrir e avaliar a estrutura e composição de itens das demonstrações e a 
sua evolução no tempo, evidenciando os caminhos até então trilhados pela empresa, servindo para construção 
de	uma	séria	histórica,	o	que	é	fundamental	para	ajudar	no	estudo	de	tendências	e	na	construção	de	cenários.
O critério de cálculo é realizado considerando o ano mais distante como base de comparação (100%) para os 
demais. Cada conta ou grupo deverá ser aplicada a seguinte metodologia de cálculo:
Análise vertical
A análise vertical é uma ferramenta de análise muito relevante, pois é possível mensurar a representatividade de 
um grupo/conta contábil em relação ao total do ativo ou passivo no balanço patrimonial. Ela tem utilidade na 
demonstração	do	resultado	do	exercício	para	verificação	da	representatividade	nas	contas	de	receitas	e	despesas.
Segundo Silva (2014), ela também é denominada de análise de estrutura das demonstrações 
e	serve	para	estabelecer	tendências,	revelando	ainda	os	seus	efeitos	e,	em	algumas	demons-
trações, é ainda possível descobrir algumas causas primárias das variações. 
No balanço patrimonial, deve-se dividir o saldo de cada rubrica/grupo pelo total do ativo ou passivo, de acordo 
com respectivo evento e multiplicando por cem, resultando na participação de cada rubrica/grupo em relação ao 
total.	O	mesmo	ocorre	com	relação	as	rubricas/grupos	da	demonstração	do	resultado	do	exercício	(Figuras	5.10	
e 5.11).
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Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral
Figura	5.10	-	Exemplo	de	análise	horizontal	e	vertical	do	balanço	patrimonial.
Fonte: Adaptada de Silva (2014).
Figura	5.11	-	Exemplo	de	análise	horizontal	e	vertical	do	balanço	patrimonial.
Fonte: Adaptada de Silva (2014).
No	balanço	patrimonial	e	demonstração	do	resultado	do	exercício,	notamos	as	análises	horizontais	e	verticais	do	
exercício	de	20x1	até	20x3,	com	suas	variações	das	contas/grupos	ao	longo	do	tempo	em	percentuais.	
5.3.4 Análise sensibilidade de crédito
Corresponde	à	análise	das	medidas	realizadas	pelos	tomadores	e	credores	de	crédito	pela	exposição	ao	risco	de	
mercado	nos	quais	estão	expostos.
O	objetivo	nas	instituições	financeiras	é	monitorar	as	operações	de	crédito	no	que	tange	ao	aumento/diminuição	
de risco frente às situações macroeconômicas.
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Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral
A análise de sensibilidade deve apresentar informações quantitativas e qualitativas sobre os riscos de mercado, 
devendo apresentar minimamente os seguintes elementos, conforme o Pronunciamento Técnico Contábil CPC 
40 (R1):
Divulgação qualitativa
33.	 Para	cada	tipo	de	risco	decorrente	de	instrumentos	financeiros,	a	entidade	deve	divulgar:
(a)	 a	exposição	ao	risco	e	como	ele	surge;
(b) seus objetivos, políticas e processos para gerenciar os riscos e os métodos utilizados para 
mensurar o risco;
(c) quaisquer alterações em (a) ou (b) do período anterior. 
Divulgação quantitativa
34.	 Para	cada	tipo	de	risco	decorrente	de	instrumentos	financeiros,	a	entidade	deve	divulgar:
(a)	 sumário	de	dados	quantitativos	sobre	sua	exposição	aos	riscos	ao	término	do	período	de	
reporte. Essa divulgação deve estar baseada nas informações fornecidas internamente ao pessoal 
chave	da	administração	da	entidade,	por	exemplo,	o	conselho	de	administração	da	entidade	ou	o	
seu	presidente	executivo;
35. Se os dados quantitativos divulgados ao término do período de reporte não forem repre-
sentativos	da	exposição	ao	risco	da	entidade	durante	o	período,	a	entidade	deve	fornecer	infor-
mações adicionais que sejam representativas.
Tendo essas informações para análise, os gestores de crédito avaliam as condições de crédito a serem conce-
didas,	como	taxas	de	juros,	prazos	e	garantidas	das	operações.	Por	exemplo,	quanto	maior	for	o	risco	levantado	
nessas	análises,	provavelmente	maior	serão	os	juros	praticados	pela	instituição	financeira.	
5.3.5 Análise limite de crédito
Geralmente uma análise de crédito praticada com base em políticas estruturadas estabelece o limite que cada 
operação e tomador podem liberar.
Silva	(2000,	p.	365;	367)	diz	que	existem	três	que	orientam	a	fixação	dos	limites:
1. necessidades dos clientes;
2. risco de crédito que o cliente representa;
3. política de crédito do banco.
Esses	requisitos	estabelecem	os	limites	que	a	instituição	financeira	proporá	aos	seus	clientes,	considerando	que	
os	itens	não	são	excludentes,	devendo	ser	tratados	conjuntamente.
A	determinação	do	limite	de	crédito	passa	ainda	por	três	grupos	básicos:	
a. Legais
O limite de crédito deve seguir normativos e regulamentações pelas autoridades monetárias no que tange, por 
exemplo,	questões	cadastrais,	idoneidade	do	cliente	e	concentração	de	crédito	por	cliente.
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Análise de Crédito e Cobrança | Unidade 5 - Processo de Análise Cadastral
b. Politicas de crédito
As	políticas	de	crédito	estabelecem	as	regras	estruturais	de	concessão	de	crédito,	definindo-se	a	abrangência	
dos limites de crédito. Apresentamos detalhadamente na Unidade 3 - Ciclo de Crédito – Concessão o conceito e 
a aplicação das políticas de crédito.
c. Técnicos
Neste item, o limite de crédito é estabelecido em parâmetros objetivos apresentados pelos clientes nas infor-
mações cadastrais. Considerando as informações contábeis, uma forma de calcular o limite é estabelecer um 
percentual sobre o patrimônio líquido da empresa.
Por	exemplo,	na	Figura	5.10	são	apresentados	os	saldos	do	patrimônio	líquido	dos	exercícios,	sendo	que	utiliza-
remos o de 31.12.X3 de R$ 318.011,00. Ainda segundo Silva (2000, p. 373), podem ser aplicados os seguintes 
percentuais	sobre	o	patrimônio	líquido,	de	acordo	com	a	capacidade	de	solvência	em	categorias	de	clientes:
A – Ótima 25% do PL
B – Boa 20% do PL
C – Regular 15% do PL
D – Duvidosa 5% do PL
E – Péssima 0% do PL
Continuando	no	exemplo,	a	análise	técnica	apurou	um	índice	de	solvência	considerado	“Boa	–	com	percentual	
de	20%”.	Consequentemente,	aplica-se	o	valor	do	PL	ao	último	ano	analisado	(31.12.X3)	de	R$	318.011,00.		
Logo,	o	cálculo	do	limite	de	crédito	para	esse	exemplo,	é:
Patrimônio líquido= R$ 318.011,00
Percentual PL= 20%
Portanto,	R$	318.011	x	20%	=	R$	63.602,20	=	limite	de	crédito.
Por esse critério, o limite de crédito a ser concedido ao cliente é de R$ 63.602,20.
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Considerações	finais
Encerra mais uma unidade de Análise de Crédito e Cobrança. Vimos as 
análises	cadastrais,	de	idoneidade,	financeira	e	patrimonial	de	uma	con-
cessão	de	crédito.	Que	os	dados	e	as	informações	devem	constar	da	ficha	
cadastral e serão utilizados para a análise de crédito. Assim como que a 
análise de risco da operação de concessão de crédito precisa passar por 
algumas fases durante o processo, como:
•	 Análise cadastral: refere-se ao processo de análise dos dados de 
identificação	dos	clientes.	Deve	haver,	por	parte	da	empresa,	uma	
checagem rigorosa.
•	 Análise de idoneidade: levantamento e análise de informações 
relacionadas ao mercado de crédito junto aos órgãos de serviço 
de proteção ao crédito.
•	 Análise financeira: trata-se de análiseda renda total do cliente e 
da compatibilidade com a linha de crédito pretendida. Analisa-se 
o fator de risco para a empresa.
•	 Análise de relacionamento:	 informações	extraídas	do	histórico	
do relacionamento do cliente com outras empresas. Quando o 
cliente já é conhecido e bom pagador, agiliza-se o processo.
•	 Análise patrimonial: utilizada para a avaliação das garantias que 
os clientes podem oferecer às empresas.
•	 Análise de sensibilidade: realizada pelos tomadores e credores 
de	 crédito	 pela	 exposição	 ao	 risco	 de	mercado	 nos	 quais	 estão	
expostos.
•	 Limite de crédito: praticado com base em políticas estruturadas, 
estabelece o limite que cada operação e tomador podem liberar.
Referências	bibliográficas
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