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Winnicott e o debate com áreas afins

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Universidade Católica de Pernambuco
Aluno(a): Karolayne de Luna Barros
Disciplina: Psicologia do bebê e da criança
Prof.º: Carlos Brito
Síntese do capítulo 1: “Winnicott e o debate com as áreas afins”
Recife
2018
	Donald Winnicott, em sua obra, travou debates ferrenhos com a pediatria, psiquiatria e com a psicanálise tradicional. A começar pelo conceito de saúde, no qual, ele apregoou que não se trata apenas da ausência de doenças ou do funcionamento perfeito do organismo, pois essa não é a primazia do “sentir-se vivo”. Além de que, ele estabelece a impossibilidade da separação entre o físico e o psíquico. A crítica à pediatria se dá por esse motivo, já que, na maioria das vezes o pediatra dá importância ao físico em detrimento do psíquico. Diante disso, Winnicott aconselha os profissionais dessa área a serem analíticos quanto as possíveis motivações psicológicas. Em sua prática pediátrica, constatou que o sofrimento psíquico pode vir a acontecer precocemente, ainda nas primeiras semanas de vida, em bebês saudáveis. 
A partir disso, ele se distanciou de Freud ao desconsiderar o complexo de Édipo como estruturante central do sujeito, renunciando também toda inclinação determinista e naturalista que poderia herdar dessa psicanálise e consequentemente ocasionando uma mudança de paradigma da mesma, de acordo com Thomas Khun. Vale ressaltar que, para Winnicott, o aspecto ambiental é tão importante quanto o processo interno, ou seja, o bebê é afetado pelo ambiente na mesma medida que possui estados emocionais interiorizados. Tal ambiente faz parte da construção da constituição do eu do sujeito, podendo facilitar ou impedir o amadurecimento pessoal. Entretanto, a psicologia acadêmica equivocou-se quanto ao papel do ambiente de maneira reducionista, tomando o ser humano como mero produto do meio, estipulando assim, que a etiologia dos distúrbios mentais se achava nos traumas. Ao invés de, assim como Winnicott, se atentar para análise do fator externo tanto como sendo bom ou mau. 
Ademais, outra preocupação de Winnicott foi quanto à consolidação de uma psiquiatria infantil desarraigada da psiquiatria de adultos, com intervenções e métodos próprios valorizando a infância, sob a orientação da teoria do amadurecimento pessoal. Esse foi o pontapé inicial para a conquista de um lugar de estudo da psicose em bebês (infans), já que, até então, a psiquiatria só lidava com a criança que já falava. Winnicott também revolucionou a concepção da época sobre distúrbios mentais em crianças, que eram vistos como mera patologia, deficiência mental ou distúrbios de caráter. Entretanto, ele afirma a importância de considerar, primeiramente, o distúrbio como inteiramente psicológico e passível de intervenção e cura, que não é uma doença hereditária qualquer ou um desiquilíbrio das forças pulsionais simplesmente. 
Para esse teórico, é indispensável o interesse pela pessoa, por sua história e singularidade, ao invés de, como de costume da psiquiatria, visar apenas o tratamento da doença. Por fim, Winnicott pode ser considerado um psicanalista fenomenológico, cuja epistemologia difere da psicanálise de Freud, M. Klein, Bion, Lacan, entre outros. A partir desse modelo pós-metafísico, Winnicott foi o responsável por estudar os sofrimentos humanos como característicos da própria existência humana, abandonando o caráter “patologizador” que vigorava em seu tempo e preocupando-se prioritariamente pelo sentido do ser. Para ele, a base dos processos psicóticos na infância seria a desintegração da relação de unidade do bebê com a mãe.

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