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Contestação em Ação Indenizatória

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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO 
Evandro Peters 
Lilian Weiss 
Rayssa Neuburger 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTESTAÇÃO 
Processo Civil I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MAFRA 
2018 
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX 
VARA CÍVIL DO FORO DA COMARCA DE MAFRA – ESTADO DE 
SANTA CATARINA. 
 
PROC. 50004586-58.2018.11 
MÓVEIS BEM BOM LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no 
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ sob nº XXXX, com sede na rua 
Frederico Heyse, nº 2011, Mafra – SC, por seu advogado infra-assinado, com 
endereço na Avenida XXX, nos autos da Ação Indenizatória por danos materiais 
e morais, proposta por ELIZEU TOPOROSKI, vem à presença de Vossa 
Excelência apresentar defesa, na forma de CONTESTAÇÃO, com fulcro no 
artigo 335, do Novo Código de Processo Civil, e nos fatos e fundamentos 
aduzidos abaixo. 
 
1. DOS VERDADEIROS FATOS 
 
No dia 30/05/2018, ELIZEU TOPOROSKI exerceu a compra, na loja 
MÓVEIS BEM BOM LTDA, deu uma televisão Sansung, modelo 4K, tensão 
220v, no valor de R$ 2.249,00 (dois mil duzentos e quarenta e nove reais) 
conforme nota fiscal de número 014755 em anexo. 
 O produto foi entregue em sua residência no dia 11/06/2018, onde o 
mesmo recebeu e assinou a nota fiscal confirmando a entrega do produto 
condizente com o seu pedido. 
 O exequente alega que recebeu produto diverso do combinado (ainda 
assim aceitando no momento do ato de assinatura da nota fiscal) e que realizou 
uma confraternização com amigos para assistir a uma partida de futebol. Alega, 
ainda, que a televisão não funcionou no decorrer da partida e por conta disso 
acredita ter sofrido danos morais em decorrência de suposto constrangimento. 
 
2. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA 
 
2.1 DA RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR E DA CULPA 
CONCORRENTE 
 
No tocante do fato de que ao receber e assinar a nota fiscal, presume-se 
que o exequente tenha verificado a veracidade do produto comprado e que, 
dessa forma, tudo ocorreu como o previsto. Visto que o mesmo argumenta que 
recebeu um produto diverso do qual ele comprou e mesmo assim se absteve de 
imediatamente informar tal fato, o exequente incide em erro contribuindo para 
que a fruição do produto seja realizada de maneira inadequada. Com relação ao 
caso temos em vista as palavras de Alberto do Amaral Junior: 
“o concurso de culpa do consumidor lesado produz, como 
consequência, a redução do montante a ser pago a título de 
ressarcimento”. 
Também o magistrado Paulo de Tarso Vieira Sanseverino: 
“Culpa concorrente do ofendido deverá ser valorada no momento da 
fixação do valor da indenização”, concluindo em seguida que tanto na 
indenização por danos materiais quanto por danos morais, “o juiz, no 
momento do arbitramento, deverá valorar a culpa concorrente do 
consumidor como uma das circunstâncias mais expressivas para a 
fixação do montante indenizatório”. 
Tendo isso em vista, é adequada a aceitação de que a responsabilidade pelos 
danos causados não é de inteira responsabilidade do fornecedor. 
 
2.2 DA GARANTIA 
 
No contrato de compra foi citado a disponibilidade da garantia para futuros 
danos que eventualmente poderiam acontecer, ao assinar o contrato o 
exequente ficou ciente dessa possibilidade, assim não sendo viável a parte 
exequente fazer um pedido de indenização maior do que o próprio valor do 
produto. 
O art.24 do CDC salienta: 
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo 
expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor. 
 E dessa forma, cumprindo com as devidas obrigações contratuais, será oferecido 
assistência para a verificação do problema ocorrido com o produto ou, em último caso, 
a troca do aparelho, sendo incoerente o pedido do dobro do valor do produto realizado 
pela exequente. 
 
2.3 DO ÔNUS DA PROVA 
 
 Assim assevera o CPC em seu artigo 373: 
O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
Não assiste razão aos recorrentes, eis que, dá análise do caso, conclui-
se que os demandantes não se desincumbiram do ônus de comprovar, ainda 
que minimamente, os fatos alegados na inicial, conforme preceitua o art. 333, I, 
Código de Processo Civil. Ademais, não há qualquer outro elemento que permita 
concluir que, de fato, não houve a correta entrega do produto, tendo em vista 
que não trouxeram aos autos fotografias do eventual produto que lhe foi entregue 
em desacordo com o adquirido. 
 
2.4 DOS DANOS MORAIS 
 
Para a aplicabilidade de Danos Morais deve ser analisado 
cuidadosamente se o caso concreto provoca sofrimento psicológico maior que 
meros aborrecimentos do dia a dia, como o caso imposto que se tratou de um 
caso cotidiano onde ao firmar o contrato de compra já vinculado com a garantia 
do produto o comprador já sabe dos riscos de possível deterioração que o 
produto pode ter. 
Como Sílvio de Salvo Venosa cita em sua obra Responsabilidade Civil: 
‘’ não é qualquer aborrecimento do dia a dia que justifica a indenização 
por dano moral. Deve-se ter como base, o comportamento do ser 
humano médio, que é um meio termo entre a pessoa extremamente 
sensível que se aborrece com qualquer contratempo cotidiano e a 
pessoa completamente fria que não altera seu humor ou seu 
comportamento com os aborrecimentos diários da vida.’’ 
Nesse sentido se pode entender que nem todo ser humano se comporta 
do mesmo modo, o que para um se trata de um fato totalmente traumático para 
outro pode não ser, assim fazendo com que os danos morais não possuam 
uma fórmula concreta para a fixação, e que não possui condições para avaliar 
monetariamente o dano moral sofrido, já que não é de conhecimento a vida 
privada e condições mentais do requerente, não se sabendo se é de estresse 
fácil com qualquer tipo de situações cotidianas, como foi o caso da situação 
que está sendo abordada nos autos. 
 
2.5 DA JUSTIÇA GRATUITA 
A parte autora trabalha como professor universitário auferindo renda 
superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), portanto tendo perfeitas condições de 
arcar com os valores demandados no processo e honorários advocatícios. 
 
3. DOS REQUERIMENTOS 
 
Ante o exposto, requer: 
a) a condenação do autor no ônus da sucumbência, em 10% do valor da 
causa, nos termos do art. 85, § do CPC/2015; 
b) subsidiariamente, na remota hipótese de procedência do pedido principal, 
seja afastado os danos morais pleiteados; 
c) que o exequente comprove pelos meios legais a real entrega de produto 
diverso e demais alegações; 
d) o oferecimento das garantias contratuais (conserto ou troca) 
e) a opção pela realização da audiência de conciliação; 
f) o afastamento da justiça gratuita quanto ao exequente em razão de suas 
suficientes condições financeiras;

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