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FACULDADE GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA [ 1 ] DOENÇAS BENIGNAS DO FÍGADO LUCAS MA GALH ÃES DE OLIVEIRA – FAG OC – 2018/2 ABSCESSO HEPÁTICO PIOGÊNICO ® Definição: São encontrados após obstrução e infecção da árvore biliar e associados a doenças de base como o câncer, doenças do cólon e diabetes. Os indivíduos de meia-idade e idosos são os mais acometidos. Em muitos pacientes não se consegue identificar a causa do abscesso, o que leva a pensar na ocorrência de um episódio de bacteremia ou doença oculta do trato biliar. ® Epidemiologia: - Pacientes entre 50 e 60 anos - Mais comum em diabéticos e portadores de neoplasias - Antigamente a apendicite era a causa mais comum ® As bactérias podem alcançar o fígado por diferentes vias: - Trato Biliar – Colangite – Mais frequente - Sistema Porta – Pileflebite Séptica (secundária) - Artéria Hepática – Bacteremia - Infecção Direta – Foco séptico adjacente ou ferida penetrante - Iatrogênica – Biópsia ou embolização hepática ® Os abscessos piogênicos são geralmente polimicrobianos (sendo a E. coli encontrada em até 2/3 dos casos; Organismos anaeróbios também são frequentes). ® Os abscessos secundários à infecção da árvore biliar são geralmente múltiplos, predominam no lobo direito e têm como principais causas o calculo biliar, o câncer, a colangite esclerosante e a doença de Caroli. ® Raramente a etiologia é atribuída a um fungo ou micobactéria (possibilidades em imunossuprimidos). ® Clínica: Quadro insidioso, com febre intermitente, dor abdominal difusa (às vezes no hipocôndrio direito - QSD) e leucocitose com desvio à esquerda, se instalado por mais de duas semanas. - Astenia, anorexia e perda de peso também podem ocorrer. - Em metade dos casos, nota-se hepatomegalia ao exame clínico. - Manifestações pulmonares incluem derrame pleural, atelectasia e pneumonia. - Pode haver comprometimento do diafragma, tosse ou dispneia. - Quadro crônico normalmente associado a abscesso criptogênico. - RX de tórax anormais em 50% dos casos, RX de abdome raramente ajuda. ® Existem formas de apresentação aguda, decorrentes de processos abdominais graves como colangite supurativa ou peritonite Nesses casos, geralmente estão presentes múltiplos abscessos hepáticos, e pode haver icterícia, acompanhada de pileflebite (tromboflebite da veia porta) e sepse. ® Diagnostico: O exame de escolha é a Tomografia Computadorizada, com sensibilidade superior a 95%. Entretanto, devido ao seu menor custo e maior facilidade de realização na maioria dos serviços, a ultrassonografia (US) costuma ser o primeiro exame solicitado para investigação diagnostica. - RX de abdome pode evidenciar gás intra-hepático ou na veia porta, elevação da hemicúpula diafragmática direita e derrame pleural ipsilateral. - As hemoculturas são positivas em 50-60% dos casos, sendo metade dos casos de etiologia polimicrobiana. - A cultura do aspirado do abscesso é positiva em 90% dos pacientes. - Entre os achados laboratoriais, são encontradas anormalidades da bioquímica hepática, principalmente elevação da fosfatase alcalina, hiperbilirrubinemia leve, VHS elevado e leucocitose com desvio à esquerda. Nos casos mais insidiosos, pode estar presente uma anemia de doença crônica. ® Tratamento: É baseado na antibioticoterapia venosa e procedimento de drenagem. - A terapia antimicrobiana deve visar gram- negativos e anaeróbios (beta-lactâmicos + inibidor da betalactamase – Ex.: AMOXI + CLAVULANATO; ou terapia combinada associando cefalosporina de terceira geração ou quinolona com metronidazol). - A vantagem da utilização do metronidazol, é a sua eficácia, também, nos abscessos hepáticos amebianos, o principal diagnóstico diferencial. - A duração mínima da terapia deve ser de 4-6 semanas. ® A drenagem percutânea do abscesso, guiada por US ou TC, deve ser realizada em todos os casos, exceto nos pacientes com múltiplos abscessos pequenos. ® A drenagem cirúrgica raramente é necessária, sendo indicada em casos de drenagem percutânea ineficaz. ® Diagnostico Diferencial: - Abscesso Amebiano → Antibiótico - Cisto Esquinocócico → Cirurgia ABSCESSO HEPÁTICO AMEBIANO ® Definição: A amebíase acomete cerca de 1-10% da população mundial, particularmente em países em desenvolvimento. Os cistos permanecem intactos na passagem pelo estomago e intestino delgado e seu rompimento ocorre apenas no intestino grosso. A seguir, as amebas invadem a mucosa intestinal alcançando o sistema porta e o fígado, onde se multiplicam e bloqueiam os pequenos ramos intra-hepáticos da veia porta. Existe destruição do parênquima hepático (liberação de enzimas proteolíticas). - O período latente entre a infecção intestinal e a formação do abscesso pode ser prolongado. - Os fatores determinantes mais implicados nesse contexto seriam a virulência do parasito e a resistência do hospedeiro. FACULDADE GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA [ 2 ] - A maioria dos pacientes com abscesso amebiano não apresenta simultaneamente amebíase intestinal, nem mesmo clínica pregressa. ® Epidemiologia: A doença hepática predomina em homens jovens (relação 10:1). Etilismo pesado também é fator de risco. ® Clínica: A maioria dos pacientes apresenta-se com quadro subagudo de febre e dor no hipocôndrio direito. Hepatomegalia dolorosa e alterações pulmonares na base direita também são frequentes (derrame pleural, atelectasia, empiema e hemidiafragma direito elevado. - A presença de um abscesso único localizado na área súpero-anterior do lobo direito do fígado é a regra. - Icterícia é um achado incomum. - Apenas 10% dos pacientes com abscesso amebiano têm disenteria amebiana. Somente 15% apresentam exame de fezes positivo para cistos. ® Diagnóstico: A sorologia para ameba é um teste de alta sensibilidade (99%). Logo, uma sorologia positiva é indicio fidedigno de infecção recente pelo parasita, assim como um resultado negativo essencialmente afasta tal hipótese. - O hepatograma revela aumento discreto de fosfatase alcalina, com pouca ou nenhuma alteração das aminotransferases, geralmente sem hiperbilirrubinemia. - Costuma haver leucocitose com desvio à esquerda (sem eosinofilia) e aumento de marcadores inflamatórios como a VHS. - A US é o método mais utilizado para o diagnostico e acompanhamento da progressão da lesão durante o tratamento, porem a tomografia computadorizada possui maior sensibilidade quando estão presentes pequenos abscessos. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL CLÍNICA AMEBIANO PIOGÊNICO Idade 20 – 40 anos > 50 anos Homem:Mulher 10:1 1,5:1 Influência Endêmica Sim Não Diabetes Incomum Mais Comum Icterícia Incomum Comum Bilirrubina Elevada Incomum Comum Hemocultura + Não Comum Sorologia Amebiana Positiva Negativa COMO DIFERENCIAR ABSCESSO AMEBIANO DE PIOGÊNICO? A positividade dos quatro dados abaixo praticamente AFASTA abscesso amebiano, sendo forte preditivo para abscesso piogênico: → Idade > 50 anos → Achados pulmonares ao exame físico → Abscessos múltiplos → Sorologias para ameba negativas ® Complicações: - Ruptura: O abscesso pode se romper para o peritônio, pulmão e raramente para o pericárdio. A ruptura intraperitoneal resulta em peritonite aguda, enquanto pneumonite, abscesso pulmonar e empiema são as apresentações da ruptura pulmonar. A ruptura para pericárdio leva à pericardite amebiana. - Infecção Secundária do Abscesso: A piora do estado geral, associada ao aumento da febre e leucocitose, é o indicio clinico dessa complicação. A aspiração geralmente se torna necessáriapara isolamento do organismo causador. ® Tratamento: - Metronidazol (750mg 3x/dia) por 7-10 dias. - Um amebicida intestinal é necessário para tratar empiricamente as formas luminais, mesmo quando o exame de fezes é negativo para cistos de ameba. - A aspiração do abscesso não é feita de rotina, mas pode ser necessária se houver dúvida diagnóstica, risco iminente de ruptura (abscessos > 5 cm, principalmente se localizados no lobo esquerdo), ausência de resposta após 3-5 dias de metronidazol, suspeita ou certeza de infecção secundária do abscesso. ® O material aspirado de um abscesso hepático amebiano possui o clássico aspecto de “pasta de anchova”, um líquido proteináceo e acelular, de cor amarronzada, constituído predominantemente por hepatócitos necrosados. CISTO HIDÁTICO ® Definição: Não é propriamente um abscesso, se trata de um diagnóstico diferencial dos abscessos hepáticos piogênico e amebiano. ® Causado pelo Echinococcus granulosus, esta patologia, também conhecida com equinococose, é adquirida através da ingesta de parasitos oriundos de fezes de cães. O parasito atinge o fígado, após ser absorvido, onde começa a crescer em forma de cisto. ® Epidemiologia: Áreas rurais onde existe a criação de ovelhas sãos os locais mais prevalentes para equinococose. ® Clínica: Quadro clínico arrastado, incluindo dor abdominal, náusea e hepatomegalia, sem febre. - Os cistos podem sofre infecção bacteriana secundária, ou mesmo se romper, causando anafilaxia. - Não há achados laboratoriais de inflamação. Eosinofilia não é a regra. ® Diagnóstico: Dado a partir do aspecto sonográfico do cisto, usualmente septado ou com debris e com parede calcificada. - A sorologia para E. granulosus, pelo método de ELISA, tem sido usada no diagnóstico. - Devido ao alto risco de complicações (rotura e anafilaxia; infecção secundária), o tratamento é eminentemente cirúrgico, exceto em cistos pequenos e pacientes com risco cirúrgico proibitivo. - Albendazol em altas doses (400mg 2x/dia), por tempo prolongado (3 meses), deve ser prescrito em todos os casos. NÃO INCLUI NO RESUMO: Adenoma Hepático; Hiperplasia Nodular Focal; e Hemangiomas.
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