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Processo Penal


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Citação:
A. Conceito: Chamamento do réu a juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento da ação, imputando-lhe a prática de um crime, bem como lhe oferecendo a oportunidade de se defender pessoalmente e através de defesa técnica. A citação está vinculada com os princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. 
B. Efeito: Angulariza a relação jurídica processual. O processo completa a sua formação quando realizada a citação do acusado (art. 363, caput, CPP). 
	No processo penal, o recebimento da denúncia ou da queixa é que promove a interrupção da prescrição (art. 117, I, CP) e implica no ajuizamento da ação penal. Já no processo civil, na vigência do CPC de 1973, a prescrição era interrompida pela citação válida (art. 219, caput, CPC/1973) e na vigência do CPC de 2015, a prescrição passou a ser interrompida pelo despacho que ordena a citação, retroagindo à data de propositura da ação (art. 240, §1º, CPC/2015). 
C. Espécies: 
1) Citação por mandado ou pessoal (arts. 351 a 357, CPP): 
	É a regra geral da citação no processo penal. É modalidade de citação pessoal ou real, aquela feita por oficial de justiça – por mandado, precatória, requisição, rogatória ou carta de ordem), assim, não pode ser feita na pessoa do procurador. Contudo, se o réu for inimputável e essa circunstância já for conhecida, é possível a citação por meio da pessoa do procurador, em analogia ao que dispõe o art. 245, §5º, do CPC/2015. 
	A citação por mandado ou pessoal é efetivada quando o oficial de justiça dá ciência pessoalmente ao acusado do conteúdo da acusação, colhendo o seu ciente. O oficial de justiça é um servidor público, assim, goza de fé pública, motivo pelo qual a sua certidão aposta no mandado de citação presume-se verdadeira. 
	A citação por mandado é feita quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado (art. 351, CPP). 
Para o cumprimento do mandado de citação, é preciso que ela preencha requisitos intrínsecos e requisitos extrínsecos. 
Requisitos intrínsecos (art. 352, CPP) = I - O nome do juiz; II - O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; III - O nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; IV - A residência do réu, se for conhecida; V - O fim para que é feita a citação; VI - O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; VII - A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. 
Requisitos extrínsecos (art. 357, CPP) = I – Leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação; II – Declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa.
A citação por carta precatória é feita quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, desde que o réu esteja em lugar sabido, do contrário a citação é feita por edital (art. 353, CPP). 
São requisitos da carta precatória, indicar (art. 354, CPP): I – O juiz deprecado e o juiz deprecante; II – A sede da jurisdição de um e de outro; III – O fim para que é feita a citação, com todas as especificações; IV – O juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer. 
A carta precatória é cumprida da seguinte forma (art. 335, caput, CPP): recebida a carta precatória através de citação por mandado do juiz deprecado (quem recebe), ele lança o seu cumpra-se, devendo o oficial de justiça efetivar o seu cumprimento. Após o cumprimento da carta, ela é imediatamente devolvida ao juízo deprecante (quem manda), independentemente de traslado e sem maiores formalidades. 
Se for verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação (§1º). Trata-se de citação por carta precatória itinerante, atendendo o princípio da economia processual, já que não há necessidade de retorno ao juízo deprecante. Contudo, certificado pelo oficial de justiça do juízo deprecado que o réu se oculta para não ser citado, não poderá realizar a citação por hora certa, a precatória será imediatamente devolvida ao juízo deprecante, para que se providencial tal modalidade de citação, de acordo com o art. 362 do CPP (§2º). 
Nucci defende que o princípio da economia processual que tem como objetivo ganhar tempo no processo permite a citação de alguém em comarca contígua, dispensando-se a expedição de carta precatória. 
Havendo urgência, a precatória conterá em resumo os requisitos enumerados no art. 354 do CPP, podendo ser expedida por via telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará (art. 356, CPP). No entanto, não se admite no processo penal a citação (em qualquer modalidade) por meio eletrônico, de acordo com o art. 6º da Lei 11.419/2006. 
Assim, mesmo com a reforma no Código de Processo Penal em 2008, continua não sendo possível, no processo penal, citação por correio, por e-mail ou por telefone. O art. 265 do CPC/2015 permite expressamente o envio pelo Tribunal de carta de ordem ou carta precatória pelo telefone, logo, por analogia pode-se até admitir tal modalidade de citação por meio de precatória no processo penal, desde que o juízo deprecado certifique a sua origem. 
	A citação por carta rogatória é feita se o acusado estiver no estrangeiro ou em sede de embaixada ou consulado, em lugar sabido, do contrário a citação é feita por edital, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento (art. 368, CPP). 
	O cumprimento da carga rogatória ocorre da seguinte forma: o juiz deve encaminhá-la ao Ministério da Justiça, que, por sua vez, procede a sua remessa ao Ministério das Relações Exteriores, o qual finalmente destina a rogatória ao Estado estrangeiro (na hipótese do art. 368 do CPP) ou à sede diplomática (na hipótese do art. 369 do CPP). A remessa da carta rogatória (assim como da carta de ordem e da precatória) pode ser feita por meio eletrônico (art. 7º, Lei 11.419/2006). 
	A respeito da carta rogatória, a Lei 11.900/09 permitiu o interrogatório do réu por meio virtual (art. 185, §§2º a 9º, CPP), tem-se que a sua expedição é medida excepcional, somente possível quando a parte interessada demonstrar a necessidade da diligência, arcando tal parte com os custos do envio. Assim, as cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos do envio (art. 222-A, CPP). 
Importante! Nulidade: A citação guarda estreito vínculo com os princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, assim, considera-se que a falta de citação opera a nulidade absoluta no processo penal. Já a citação deficiente ou incompleta provoca a nulidade relativa do feito. Em qualquer caso, o ato que decreta a nulidade da citação é chamado de circundução (a citação é circunduta).
Obs.: No processo penal, a falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la (art. 570, CPP). O STF já decidiu que em determinado processo, a nulidade referente à ausência de citação seria relativa, visto que o réu teria comparecido espontaneamente à audiência de interrogatório – pelo princípio da convalidação, a nulidade teria sido sanada (INF 613 do STF).
Atenção: Em face dos direitos colocados em jogo no processo penal, entende-se que a citação e a intimação podem ser feitas a qualquer dia e hora, sem qualquer limitação (exceto à noite se o réu estiver em sua casa, por força da garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio – art. 5º, XI, CF/88), mesmo no período de férias, em domingos e dias feriados (art. 797, CPP), ao contrário do que ocorre no processo civil, em que há hipóteses de limitação previstas no art. 244 do CPC/2014. 
Lembrete: A partir do advento da Lei 11.719/08 que alterou a redaçãodo art. 306, caput, do CPP, no procedimento comum ordinário, a citação passou a ser efetivada para oportunizar ao réu o oferecimento da resposta escrita à acusação, no prazo de 10 dias, e não mais para comparecer à audiência de interrogatório, como vigia no sistema anterior. 
2) Citação do militar (art. 358, CPP):
	É feita por intermédio do chefe do respectivo serviço. O juiz deve encaminhar requisição, por ofício, ao superior hierárquico, o qual a encaminhará ao acusado no momento correto. O ofício deve atender os requisitos intrínsecos do art. 352 do CPP, para que não haja prejuízo a defesa. Se o réu permanecer definitivamente em outra comarca, o ofício deve ser expedido mediante carta precatória. Em seguida, o superior hierárquico deve oficiar em resposta ao juiz, comunicando-lhe que o réu tomou conhecimento da citação. 
	De acordo com Nucci, tal procedimento visa resguardar a intangibilidade do quartel, a hierarquia e a disciplina, evitando-se que o oficial de justiça ingresse nas dependências militares à procura do réu. 
3) Citação do funcionário público (art. 359, CPP):
	Antes do advento da Lei 11.719/09, a citação do funcionário pública ocorria por meio de notificação e de ofício requisitório ao seu superior hierárquico, comunicando (e não solicitando, como ocorre na citação militar) o dia e a hora do interrogatório. Contudo, feita a modificação, determinou-se que no procedimento comum ordinário, a citação fosse realizada para oportunizar ao réu o oferecimento da resposta escrita à acusação, no prazo de 10 dias, não mais para comparecimento à audiência de interrogatório. Por conta disso, pelo menos para a citação, não é mais necessário o ofício requisitório.
	Portanto, para a citação de funcionário público atualmente basta a notificação feita à ele (réu) e ao chefe de sua repartição. Se o funcionário púbico estiver fora da comarca, o juiz deve expedir carta precatória. 
	O ofício requisitório torna-se obrigatório apenas para a intimação do réu para o comparecimento ao interrogatório. Nesta hipótese, se faltar um dos dois atos (notificação do réu e ofício requisitório), não está o funcionário público obrigado a comparecer ao ato, nem pode padecer das consequências de sua ausência. Esse procedimento de intimação do réu visa não causar prejuízo ao andamento do serviço público. 
4. Citação do réu preso (art. 360, CPP):
	Até 2003 a citação do réu preso ocorria através de requisição, o que violava os princípios do contraditório e da ampla defesa, pois, muitas vezes, ele não tinha ciência da acusação e também não tinha tempo suficiente para preparar a sua defesa. Reconhecendo essas falhas, a Lei 10.792/03 alterou o art. 360 do CPP, exigindo-se que a citação seja sempre pessoal (por mandado), nos mesmos moldes da citação do réu solto. O réu deverá receber cópia da denúncia, podendo se preparar a tempo para elaborar adequadamente a sua defesa. 
	Assim, como agora a citação é para apresentar resposta escrita à acusação, no prazo de 10 dias, não mais comparecimento a interrogatório (art. 396, CPP), entende-se que não há mais necessidade de requisição para efetivar a sua citação. Essa requisição só é necessária na intimação para comparecimento à audiência de instrução e julgamento. 
5. Citação por edital (arts. 361 a 366, CPP):
	Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de quinze dias (arts. 361 e 363, §1º, CPP). Para que possa ser utilizada no processo penal, exige-se que o réu seja procurado por todos os meios possíveis e ainda assim não seja encontrado. Trata-se de modalidade de citação ficta ou presumida, pois não realizada pessoalmente, presumindo-se que o réu dela tomou conhecimento. 
	A citação por edital é feita publicando-se o edital de citação em jornal de grande circulação, na imprensa oficial ou afixando-se este edital no átrio do fórum (art. 365, § único, CPP). O prazo de publicação do edital é de 15 dias, que é chamado de prazo de dilação, tempo que deve correr entre a publicação do edital e a data em que se considera efetivado o ato processual. Por conta desse prazo, entende-se que a citação por edital é um ato complexo, que só se encerra com a publicação edital e com o decurso do prazo de dilação estipulado neste último. Ex.: Se for fixada um prazo de 5 dias para a prática de um ato processual, o termo inicial desse prazo só ocorrerá após a dilação constante do edital. 
O STF entende que é suficiente a afixação do edital no átrio do fórum, publicando-se pela imprensa oficial (diário oficial), onde houver. Não é necessário, portanto, a publicação em imprensa comum. 
	Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, devem ser seguidos os termos do procedimento comum ordinário previsto nos arts. 394 (instrução criminal) e seguintes do CPP, com base no art. 363, §4º, do CPP. 
	 Os requisitos do edital de citação são indicar (art. 365, CPP): I – O nome do juiz que o determinar; II – o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo; III – O fim para que é feita a citação; IV – O juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; V – O prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação. 
O STF entende que no edital é suficiente que conste a menção ao dispositivo da lei penal em que se encontra incurso o réu, não se exigindo a transcrição da denúncia ou queixa ou o resumo dos fatos em que se baseia -> Súmula 366 do STF. Isso não viola os princípios da ampla defesa e do contraditório.
O STF entende que é nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição -> Súmula 351 do STF. 
Não cabe a citação por edital no procedimento do Juizado Especial Criminal (JECRIM), de acordo com o art. 66, § único, Lei 9.099/95. Não sendo o réu encontrado para ser citado, o juiz deverá remeter os autos à justiça Criminal Comum, em que será adotado o procedimento sumário (art. 538, CPP), sendo então possível a citação por edital. E ainda, embora não haja vedação expressa a esse respeito, a doutrina majoritária vem entendendo que também não cabe no Juizado Especial Criminal (JECRIM) a citação por hora certa, justamente por ausência de previsão legal. 
Obs.: Antes do advento da Lei 11.719/08, o art. 363 do CPP afirmava que cabia a citação por edital: I - se o réu estivesse em local inacessível, em virtude de epidemia, de guerra ou por outro motivo de força maior; ou II- quando incerta a pessoa que tiver de ser citada (inciso II). Com o surgimento do referido diploma legal, o CPP passou a utilizar uma expressão mais genérica para identificar a hipótese de cabimento da citação por edital: réu não for encontrado para ser citado (arts. 361 e 363, §1º, CPP). No entanto, as hipóteses antes mencionadas ainda servem de baliza para a correta interpretação da expressão genética vigente. Assim, pode ser entendido como inacessível, por exemplo, determinado lugar em que a ponte da única entrada da cidade caiu em virtude de tempestades ou ainda uma favela dominada por traficantes. Com relação à incerteza da pessoa que tiver de ser citada, não se permite dúvida quanto à individualização do acusado, que é requisito obrigatório para o oferecimento da peca inicial de acusação (art. 41, CPP), mas apenas incerteza de localização, por ter o agente delitivo vida itinerante, como ocorre com os integrantes do movimento sem-terra ou dos sem-teto. 
6) Citação por hora certa (art. 362, CPP):
A citação por hora certa passou a ser expressamente permitida no processo penal brasileiro com o advento da Lei 11.719/09, que deu nova redação ao art. 362 do CPP. Trata-se modalidade de citação ficta ou presumida. Será cabível quando o réu se oculta para não ser citado, diferente da hipótese de citação por edital, na qual se exige que o réu não tenha sido encontrado. 
Ela deve ser feita de acordo com o procedimento previsto no processo civil, ou seja, nosarts. 252 a 254 do CPC/2015. 
No CPC de 1973, o oficial de justiça deveria procurar o réu por três vezes e, ao mesmo tempo, certificar que ele estava se ocultando para não ser citado. Em seguida, o oficial de justiça deveria comunicar a um parente ou a um vizinho de que ele retornaria no dia seguinte (ou em outro dia, o mais breve possível, mas que deveria ficar marcado), com hora fixada, para citar o réu. Não comparecendo o réu e o oficial certificando novamente que a ausência se deu para que ele não fosse citado, entendia-se que havia sido concluída a citação, sendo que o oficial deveria entregar contrafé a um familiar ou a um vizinho que poderia comunicá-lo. Posteriormente, o escrivão deveria encaminhar ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe ciência de tudo. 
Já o CPC de 2015 exige que o oficial de justiça procure o citando sem êxito por apenas duas vezes (e não mais três), após estará autorizado a proceder a citação por hora certa (art. 252, caput, CPC/2015). Além disso, nos condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput deste artigo (intimação de qualquer pessoa da família ou, na falta, de qualquer vizinho) feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento da correspondência (art. 252, § único, CPC/2015). 
Se efetivada a citação por hora certa e ainda assim não comparecer o réu, o juiz deverá nomear defensor dativo para representa-lo, em respeito ao princípio da ampla defesa (art. 363, § único, CPP). O feito deverá prosseguir regularmente com a presença deste defensor, não sendo hipótese de suspensão, como ocorre com a citação por edital (art. 366, CPP). 
Qual o entendimento do STF sobre o assunto? O Plenário do STF decidiu que a citação por hora certa não ofende os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Prevista no art. 362 do CPP nos casos em que se verifique que o réu se oculta para não ser citado, é modalidade de citação ficta, não sendo o acusado comunicado pessoalmente da imputação que lhe foi formulada. No entanto, ela não compromete o exercício pleno da defesa, até porque qualquer réu sempre terá direito à defesa técnica (indisponível), ainda que através de defensor dativo. Além disso, não reconhecer a constitucionalidade desta espécie de citação seria uma forma de premiar a má-fé processual do acusado. Não foi decidido se a citação por hora certa seria cabível no Juizado Especial Criminal (e não há qualquer previsão na Lei 9.099/95 a esse respeito), tendo sido reconhecida a repercussão geral da matéria (STF, RE nº 635145). 
D) Suspensão do processo (art. 366, CPP):
	Por constituir modalidade de citação ficta, a citação por edital não garante que o acusado efetivamente tome conhecimento da sua existência. Dessa forma, caso houvesse o prosseguimento do feito sem que o réu tivesse pleno conhecimento da imputação da qual responde, seriam violados os princípios do contraditório e da ampla defesa. 
	A Lei 9.271/96 alterou a redação do art. 366, caput, do CPP, determinando que se o réu, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, não poderá ser julgado, ficando suspensos o processo e o curso do prazo prescricional. Haverá aqui crise de instância. A suspensão do feito só se opera após o prazo de dilação do edital (após o prazo fixado para o comparecimento do réu), por isso que a citação por edital é um ato complexo. 
	Ocorre que a Lei 9.271/96 tem natureza híbrida ou mista, eis que dela derivam conteúdos processual (suspensão condicional do processo) e material (suspensão do curso do prazo prescricional). Para o conteúdo processual da norma, há aplicação imediata (art. 2º, CPP), já para o conteúdo material da norma teria aplicabilidade apenas para os fatos praticados durante a sua vigência, não sendo possível aplicação retroativa, pois isso prejudicaria o réu. 
Na época, surgiu questionamento na doutrina se o dispositivo deveria ser aplicado aos processos em andamento para casos em que o crime foi cometido antes da entrada em vigor. Prevaleceu o entendimento de que não seria possível a cisão da Lei 9.271/96 e não seria possível a aplicação do art. 366 do CPP para os crimes cometidos antes da vigência da citada lei, sob pena de se permitir a retroação da lei penal em prejuízo do acusado (Nestor Távora, STF e STJ). 
O entendimento doutrinário majoritário é que o curso do prazo prescricional fica suspenso pelo próprio prazo prescricional da pretensão punitiva previsto para aquele crime, findo o qual voltará a correr normalmente. Do contrário, estaria sendo criada hipótese de crime imprescritível não prevista pela Constituição Federal. Neste sentido, foi editada a Súmula 415 do STJ: “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada”. 
O art. 366, caput, do CPP, permite que o juiz determina a produção antecipada de provas e a prisão preventiva do réu. 
Quanto à produção antecipada de provas, ela somente pode ser feita se a prova for perecível, devendo o magistrado analisar a urgência na sua produção antecipada. Não basta a simples menção à existência de uma prova testemunhal para que seja demonstrada essa urgência. Assim, faz-se urgente colher o depoimento de uma criança que testemunhou o crime, pois seu crescimento alterará a versão dos fatos ou de alguém que seja portador de alguma doença terminal, mas não se afigure urgente ouvir uma testemunha que disse na fase policial que apenas ouviu falar que o réu é culpado. De acordo com a Súmula 455 do STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo”. Esse também é o entendimento do STF (INF 806 do STF). 
sss
Intimação: