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DISLIPIDEMIA – DISTÚRBIO DOS LIPÍDEOS Marcela Rezende, 24.08.17 LIPÍDEOS – Introdução: Ácido graxo: Cadeias saturadas, mono ou poli insaturados Triacilglicerídeos: Forma de armazenamento Fosfolipídeos: Constituintes estruturais da membrana celular Colesterol: Precursor de hormônios esteroides, ácidos biliares, vitamina D, constituinte de membrana (garante sua fluidez) Como são insolúveis em água, devem ser: Transportados na corrente sanguínea pela albumina transporta os lipídeos em forma de ácido graxo. Transportados pelas lipoproteínas, formando as micelas transporta os lipídeos nas demais formas. MICELAS: No centro ficam os TG e os éster de colesterol (apolar) A borda é constituída por uma monocamada de fosfolipídeos com colesterol livre e apolipoproteínas (polar) * O colesterol é composto por 4 anéis de carbono e, como possui uma hidroxila livre, é anfipático = ou seja, ele faz ligação de Hidrogênio com a água. Na forma de éster de colesterol, essa hidroxila não está livre, impedindo a ligação do colesterol com outro composto. * Apoproteína: fração proteica das lipoproteínas formada de alfa-hélice, o que permite com que parte tenha partes apolares e outras partes polares ou seja, pode interagir com os dois meios. Funções: é reconhecida por receptores, participa da ativação enzimática e estrutural. Exemplos: ApoA – 1: ativa a enzima LCAT ou seja, atua como um cofator. Apo B-100: liga no receptor de LDL promovendo a remoção dessa lipoproteína da circulação. LIPOPROTEÍNAS: micelas de lipídeos – formadas, em sua parte proteica, pelas apoproteínas. Classes: Quilomícrons: maiores e menos densas, ricas em triglicerídeos (de origem intestinal) Triacilglicerol VLDL: densidade muito baixa, origem hepática LDL: densidade baixa, ricas em colesterolColesterol HDL: densidade alta, mais pobre em colesterol IDL, Lp (a) intermédio entre o VLDL e o LDL O que vai diferenciar essas lipoproteínas são as quantidades entre triacilgliceróis, colesterol, fosfolipídeos e proteínas em sua constituição essa diferenciação determina sua função, ou seja, de acordo com sua constituição, a lipoproteína terá uma função. HDL: mais proteína em sua constituição VLDL: mais tracilgliceróis LDL: mais colesterol QL: mais TG Quanto maior for o teor de gorduras, mais baixo for o teor de proteínas mais baixa a densidade.Densidade Quanto maior for o teor de proteínas, mais baixo será o de gorduras maior densidade. Metabolismo das lipoproteínas: Realizado por 3 tipos de transportes: Transporte de lipídeos de origem alimentar ou exógena Transporte de lipídeos de origem hepática ou endógena Transporte de colesterol - Metabolismo dos QUILOMÍCRONS 1. Via exógena: O quilomícron é responsável pelo transporte de triacilglicerídeos de forma exógena. Após a ingestão de algum alimento gorduroso, o Quilomícron é formado no intestino é formado pela proteína B-48 (proteína feita a partir da B-100). O quilomícron vai para a circulação, chegando nessa circulação ainda em sua forma imatura, ou seja rico em triglicerídeos. Dessa forma, esse quilomícron imaturo, precisa da atuação do HDL. Na circulação, o HDL envia/doa para o quilomícron as apoproteínas C e E a apoproteína C é importante pois ativa a lipase. A lipase é ativada pela Apo- C no tecido extra-hepático (ex:muscular, adiposo..) No endotélio a lipase quebra o triacilglicerol em Ácido graxo + 3 Glicerol O quilomícron, então, fica pobre em triacilglicerol, já que esse foi quebrado, e fica em sua forma remanescente. * O quilomícron perde a afinidade pelas apoproteínas C e A, devolvendo-as para o HDL, quando fica pobre em triacilglicerol, ficando em sua forma remanescente. O ácido graxo formado vai pros tecidos, a partir da albumina, e é utilizado para obtenção de energia (dos demais tecidos) ou para armazenamento no fígado. 2. Via endógena: O quilomícron remanescente é pobre em triacilglicerol, então é enviado pro fígado, que o metaboliza. O fígado pode “receber” os quilomícrons pois possui receptores para a apoproteína E, única apoproteína que sobrou no quilomícron. O fígado tirou os quilomícrons remanescentes da circulação. - Metabolismo do HDL: 3. Transporte de colesterol: O HDL é produzido tanto no fígado e no intestino possui apoproteína A-1 em sua forma. Vai pros tecidos pegando o colesterol a proteína ABC-1 tira o colesterol de dentro da célula e o entrega para o HDL ao ativar a proteína LCAT. A proteína LCAT esterifica o colesterol = transforma ele em apolar = garante com que o colesterol fique no centro do HDL. * A ativação da LCAT depende da presença da apoproteína A-1 HDL leva o colesterol esterificado para o fígado para que ele seja metabolizado a proteína SR-B1 transporta o colesterol de dentro do HDL para o fígado Nesse contexto, o HDL deixa de ser HDL pois perde colesterol sobra a apoproteína A-1 vai pro fígado e intestino para receber mais colesterol e adquirir sua forma de HDL vai pros tecidos pegar colesterol... o ciclo reinicia. PTEC: presente no plasma faz a transferência do éster de colesterol. Realiza um intercâmbio entre colesterol e TG: tira o TG do LDL e o transfere para o HDL & pega o colesterol do HDL e entrega pro LDL. HDL é considerado bom colesterol pois tira o colesterol dos tecidos do corpo e o leva para o fígado, onde ele pode ser transformado em sais biliares. - Metabolismo do VLDL & LDL: 2. Via endógena: O fígado pega o triacilglicerol e entrega para o VLDL, que é sintetizado pelo corpo. O VLDL libera a gordura, que vai pro corpo. O IDL remanescente pode ter 2 destinos: pode ir pro fígado ser metabolizado ou pode formar o LDL (que leva o colesterol até os tecidos) LDL tem receptores em todas as células do corpo, as quais vão o captar da circulação sanguínea para dentro de si. O VLDL é formado pela proteína B-100 O HDL doa a as apoproteínas C e E lipase ativada quebra o triacilglicerol VLDL fica pobre em triaciglicerol VLDL fica em sua forma remanescente ou IDL (sinônimos) perde afinidade pela Apo-C. O IDL remanescente pode ter 2 destinos: cerca de 50% vai pro fígado, ser metabolizado. Os outros 50%, perdem a Apo-E, sendo formado LDL (que leva o colesterol até os tecidos) As nossas células possuem receptores para o LDL, já que elas podem se ligar à proteína B-100 o LDL é fagocitado pela célula ocorre a fusão das membranas. Reciclagem de receptor: o receptor de membrana da proteína B-100 entra na célula junto com o LDL. Para que esse receptor não seja desperdiçado, ele é enviado para membrana da célula novamente, para auxiliar na constituição ou são armazenados em forma de gotículas. Proteína HMG-CoA: sintetiza colesterol no corpo. Portanto, o colesterol produzido pelo corpo e o colesterol trazido pelo LDL é metabolizado no fígado, onde ocorre a formação de sais biliares. Quando o fígado forma muitos sais biliares, ele inibe o HMG-CoA. Ou seja, uma pessoa com colesterol alto não necessariamente é culpa de sua alimentação. O problema pode ser que sua proteína HMG-CoA está produzindo muito colesterol. Resumo: Os nossos lipídios exógenos são transportados através dos quilomícrons, onde vão para os capilares sofrer ação das lipases liberando TG, formando quilomícron remanescente para ser metabolizado no fígado. O excesso de lipídio formado no fígado, vai, através do VLDL, para da circulação, onde sofre ação da lipase, liberando seu TG, que vai ser quebrado em ácido graxo e glicerídeos. O ácido graxo vai para os tecidos, formando o VLDL residual (ou IDL). O IDL pode ir para o fígado para ser metabolizado ou pode dar origem ao LDL. O LDL leva o colesterol para o tecido e o HDL tira esse colesterol dos tecidos. PATOLOGIAS – DISTÚRBIOS DOS LIPÍDEOS Considerações iniciais: A principal implicação patológica das dislipidemias é a atorosclerose e a doença arterial coronariana (DAC). Embora os TGs tenham uma mínima contribuição para a composição do ateroma (3 a 4% do material lipídico),a tendência atual é considerar a hipertrigliceridemia um fator de risco para a DAC. Obs.: sabe-se que o colesterol é um fator de risco fundamental para a aterogênese e que todas as lipoproteínas plasmáticas contém colesterol. Entretanto, estudos comprovam que o aumento dos quilomícrons não causa a aterosclerose, enquanto o aumento dos outros, exceto do HDL – que em qualquer circunstância não vai causar aterosclerose – causa. Os quilomícrons não são aterogênicos pois pacientes com hiperquilomicronemia familiar não apresentam aterosclerose prematura. A Lp(a) é uma lipoproteína semelhante ao LDL, mas apresenta, além da Apo B-100, uma outra apoproteína (a), que é capaz de mudar o metabolismo dessa lipoproteína e, consequentemente, aumenta o risco de doença arterial coronariana. Classificação laboratorial: Os valores de referência permitem a identificação de algumas patologias. Hipercolesterolemia isolada: elevação de colesterol >160mg/dL Hipertrigliceridemia isolada: elevação de TG >150mg/dl Hiperlipidemia mista: elevação do colesterol (>160mg/dL )e do TG (>150mg/dl) HDL-C baixo: HDL baixo <40mg/dL (homens) e <50mg/dL (mulheres) o baixo HDL pode vir ou não acompanhado de aumento de LDL ou TG. Dislipidemias primárias: possui causas genéticas (monogênicas ou poligênicas) Classificação de Fredrickson (OMS): Tipo I: aumento do QM Tipo IIa: aumento do LDL Tipo do IIb: aumento do LDL e do VLDL Tipo III: aumento do IDL Tipo IV: aumento de VLDL Tipo V: aumento do VLDL e Quilomícrons Hipercolesterolemia familiar: Causada por uma mutação de gene pode ser originada por mais de 150 mutações diferentes do gene do receptor de LDL Deve ser cogitada sempre que o LDL-C estiver > 190mg/dL Apresenta excesso de LDL na circulação por as células receberem muito colesterol, este fica acumulado nas células e, possivelmente, nas artérias = formando a xantelasma, placa de ateroma. Xantelasma acúmulo perto dos olhos. Xantomas acúmulo em outras partes do corpo, principalmente em tendão. Doenças cardíaca coronária: deposição de colesterol na coronária problemas. Dislipidemias secundárias: possui causa secundária uma doença pode estar afetando o metabolismo de um lipídeo. Dislipidemia secundária a doença: ex. Diabetes, hipotireoidismo causam o aumento do LDL. Solução: controlar a doença que pode estar causando, por exemplo, aumento do LDL. Deve focar em tratar a causa primária, não a secundária; já que a primaria que está provocando o acontecimento da secundária. Dislipidemia secundária a medicamentos: ex. Estou tomando algum medicamento que causa aumento do VLDL enquanto eu não parar de tomar esse medicamento, não adianta eu querer diminuir meu VLDL de alguma outra forma. Problema: algum paciente pode não sobreviver sem tomar esse medicamento. Dislipidemia secundária a hábitos de vida inadequados: ex. Obesidade altera diretamente o metabolismo e a quantidade de colesterol no corpo pessoas obesas tendem a ter o colesterol alto. Tabagismo diminui o HDL pode ter acumulo de colesterol nas artérias, por exemplo, e causar aterosclerose. Consumo de bebidas alcóolicas moderadas vai aumentar o HDL e os TG. Determinações laboratoriais: Perfil lipídico: Colesterol total (CT) Triglicerídeos (TG) HDL-C LDL-C Lipoproteína – Lp (a): Associada à ocorrência de eventos cardiovasculares. O nível plasmático é, em grande parte, determinado geneticamente. Não há provas de que a diminuição dos níveis diminui o risco de aterosclerose. Homocisteína (HCY): Aminoácido formado do metabolismo da metionina. Elevações associadas à disfunção endotelial, trombose e maior gravidade de aterosclerose. Não há evidencias de que níveis elevados sejam fator de risco isolado. Indivíduos com dislipidemia devem ser submetidos à mudança do estilo de vida: dieta e atividade física. Entretanto, algumas vezes, o estado é avançado e é necessário um tratamento farmacológico: Medicamento à base das vastatinas: inibe a enzima HMG-CoA que produz colesterol diminui [colesterol] na célula célula fica com pouca [colesterol] em seu interior, então é estimulada a produzir receptor de LDL, que vai pra superfície da célula e capta LDL (e, consequentemente, colesterol) diminui a [LDL] no sangue. Ainda, como efeito, a secreção de VLDL é diminuída pelo baixo colesterol. Fibrato: aumenta a ação da lipoproteína lipase tira o TG e, consequentemente, o VLDL da circulação. FIBRATO VASTATINAS
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